Significado de Gálatas 3:1-5

Paulo havia pregado o Evangelho aos gálatas, ensinando-lhes sobre a morte de Cristo. Sua evangelização pública anunciava que Jesus havia sido crucificado. Os gálatas conheciam o Evangelho. Paulo fica chocado pelo fato de eles haverem abandonado essa verdade. É como se tivessem sido enfeitiçados, como se alguém tivesse colocado um feitiço sobre eles e os levado a abandonar a Cristo. Para demonstrar o quão enganados aqueles crentes estavam, Paulo os leva a analisar o raciocínio ilógico no qual eles haviam caído.

Primeiro, Paulo lhes faz uma pergunta simples: Recebestes o Espírito por obras da Lei ou pela fé? A pergunta era retórica e a resposta era óbvia. Não havia sido por obras da Lei (obedecendo à lei de Moisés), mas pela fé em Cristo que os gálatas haviam recebido o Espírito Santo. Isso, por si só, provava que o poder estava no Espírito recebido pela fé, não seguindo às obras da Lei.

Paulo os desafia, apontando que eles haviam começado bem pelo Espírito. Diante disso, ele lhes pergunta: Por que acham que a Lei pode aperfeiçoá-los? A palavra traduzida como "aperfeiçoar" vem do grego “epiteléō”, sendo melhor traduzida como "completo" ou "maduro". A mesma palavra é traduzida como "completa" em 2 Coríntios 8:6: " Então pedimos a Tito que, assim como ele já havia feito um começo, também completasse em vocês esta obra graciosa."

Paulo aponta que quando somos justificados pela fé através do Espírito, este é o nosso novo nascimento. Como qualquer bebê, precisamos crescer para sermos aperfeiçoados como nova criação. Faria sentido para Deus nos fazer novas criaturas pelo poder do Espírito e depois nos fazer crescer pela lei? A palavra grega "teleo" também é traduzida como "completo" ou "maduro"; ao acrescentar o "epi", o grego adiciona uma ênfase, no sentido de ser "totalmente" completo ou maduro. O cerne da questão é: crescemos da mesma forma que nascemos, ou seja, pela fé.

Se o Espírito nos é dado por causa de nossa fé em Cristo, por que pensaríamos em ser aperfeiçoados por outro meio? Grande parte do restante da carta de Paulo será dedicada a exortar-nos a andar no poder do Espírito, a fim de sermos completados, de sermos aperfeiçoados. Parecia que as "autoridades" judaicas estavam, de alguma forma, conectando a conclusão da nossa caminhada de justificação aos olhos de Deus pelo resultado das obras. Paulo enfatiza:

"Somos judeus por natureza e não pecadores entre os gentios; no entanto, sabendo que um homem não é justificado pelas obras da Lei, mas pela fé em Cristo Jesus, até nós cremos em Cristo Jesus, para que possamos ser justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da Lei; porque pelas obras da Lei nenhuma carne será justificada" (Gálatas 2:15-16).

A lei não nos coloca em posição de justiça diante de Deus, somente a fé no verdadeiro Evangelho de Cristo pode fazer isso. É por isso que em Gálatas 2:17 Paulo repreende aos crentes da Galácia por procurarem ser justificados em Cristo seguindo à Lei. Por que vocês buscariam o que já têm? Não faz sentido aos que já são justificados pela fé em Cristo, pelo poder do Espírito, procurar ser justificados por algum outro caminho (como seguir regras religiosas).

Os gálatas sabiam de todas essas coisas — eles haviam sido ensinados por Paulo. Eles foram apresentados a Jesus por Paulo. É por isso que Paulo estava tão chateado (chamando-os de "tolos" várias vezes e até sugerindo que seu comportamento se assemelhava a alguém que havia sido "enfeitiçado"). Paulo ressalta, também, que os gálatas estavam seguindo àqueles mestres de regras religiosas, em vez de seguirem Àquele que lhes havia dado o Espírito e operado milagres entre eles. Os gálatas não apenas haviam recebido o Espírito Santo pela fé, mas também visto milagres realizados por essa mesma fé na mesma mensagem do Evangelho de Cristo. Se os milagres vêm pelo Espírito, isso era uma evidência de que o poder para o aperfeiçoamento em Cristo virá pelo Espírito.