Significado de Gálatas 6:1-2

Paulo mostrou aos Gálatas como as "autoridades" judaicas os estavam levando à loucura e ao pecado. As "autoridades" judaicas promoviam a obediência à lei como o caminho para se ter uma posição correta diante de Deus. Nesta carta, Paulo mostra aos gálatas como a tentativa de ser justificado aos olhos de Deus pela obediência à lei torna a morte de Jesus algo inútil. O resultado real do cumprimento da lei é que a lei produz desobediência nos seres humanos, porque não podemos obedecê-la.

Em vez disso, os crentes podem colocar sua fé em Cristo, que já os justificou diante de Deus. Pelo fato de sermos justificados aos olhos de Deus, podemos viver na liberdade de seguir ao Espírito Santo dentro de nós. Estamos livres de regras e leis para nos tornar justificados aos olhos de Deus. É verdade que ainda temos a nossa velha natureza pecaminosa. No entanto, como crentes, temos o incrível poder do Espírito Santo para vencermos a natureza pecaminosa.

Por causa desse poder, os crentes são capazes de viver pela fé todos os dias. Não é através de rituais religiosos, regras rígidas ou qualquer coisa que façamos por nosso próprio esforço humano que temos essa capacidade. O Espírito Santo nos dá esse poder. Deus nos considera justos por causa da nossa fé em Jesus. Não há necessidade de buscarmos o que já temos. Já somos justificados aos olhos de Deus por causa de Jesus. Agora, somos capacitados a amadurecer em nosso relacionamento com Ele vivendo em Espírito.

Porém, a vida é um esporte coletivo. Embora não queiramos impor regras uns aos outros, devemos encorajar uns aos outros a amadurecer, a deixar de lado a carne e todos os seus resultados tóxicos. Devemos encorajar uns aos outros a andar em Espírito. Por quê? Porque a carne provoca destruição. Destruição de si, dos relacionamentos e dos outros. O amor é fruto do Espírito, como aprendemos no capítulo anterior. Amar é buscar o melhor para os outros. Andar na carne e no pecado é buscar o pior para os outros.

Agora, daqui para frente, Paulo explica aos crentes da Galácia como ter uma igreja saudável. O pecado sempre será uma luta para nós nesta vida, porque a carne guerreia contra o Espírito. Se e quando os membros da igreja pecarem, ou forem pegos em qualquer transgressão, os crentes que são espirituais devem restaurá-los com espírito de gentileza. Os escritores do Novo Testamento constantemente usam palavras familiares para explicar a vida e os relacionamentos da igreja. Aqui, Paulo chama os gálatas de “irmãos”, ou seja, família. Isso porque todos os crentes em Jesus são parte da família de Deus. Isso é algo que Deus concede incondicionalmente a todos os que crêem.

Se alguém da família está pecando, está ferindo-se a si mesmo e a todos os outros, os crentes maduros, que andam no Espírito, devem ajudar o pecador a encontrar o caminho de volta. Paulo escreve: Vós, que sois espirituais. É um pronome no plural. Raramente uma pessoa pega em um pecado responde bem a um indivíduo. O ideal é que vários crentes maduros a procurem. Isso deve ser feito com espírito de gentileza e não de forma dura ou condenatória. Deus é o Juiz, não nós. Para os gálatas, não eram as "autoridades" judaicas. Para nós, não são quaisquer autoridades humanas. Deus é o Juiz de Todos. Nossa correção a outros não deve ser para condená-los, porque Jesus tomou sua condenação. Nossa correção deve ser para buscar o melhor para o pecador. Um espírito de gentileza inclui ter compreensão. Quando cremos na verdade sobre o que Paulo nos diz sobre a carne que ainda reside em cada crente (Gálatas 5, Romanos 6-7), reconhecemos que a carne não possui nada de bom. Ela está em guerra contra o Espírito. Reconhecemos que a carne é nosso primeiro ator dominante (Romanos 7:18, Gálatas 5:17). Não há, portanto, lugar para a arrogância. Todos nós lutamos com nossa natureza carne/pecado.

Qualquer pecado deve ser confessado e o arrependimento deve sempre ser buscado, porém com o objetivo de se restaurar ao crente, não para envergonhá-lo ou expô-lo. Paulo continua explicando como um corpo de crentes deve se comportar. Os gálatas devem olhar para si mesmos como indivíduos, para que também eles não sejam tentados. Cada crente tem a sua carne. Não apenas devemos levar os irmãos pecadores de volta ao caminho, mas devemos ter cuidado para evitarmos nós mesmos a tentação. Não há nada que possamos corrigir nos outros que nossa carne não seja totalmente capaz de fazer.

No capítulo anterior, Paulo apresentou uma lista de ações que são claramente obras da nossa natureza pecaminosa (Gálatas 5:19-21). Através desta lista, os crentes da Galácia poderiam examinar a si mesmos e aos outros. Porém, o exame deve começar por nós mesmos.

Paulo instrui os gálatas a carregar os fardos uns dos outros e, assim, cumprir a lei de Cristo. Toda a carta aos gálatas se opõe firmemente a viver sob a lei do Antigo Testamento como forma de ser justificado. Seguir à lei é escravidão e, na verdade, leva a mais pecado. Procurar ser justificado pela obediência a regras é ter autossuficiência, em vez de confiança do Espírito. Como aprendemos no último capítulo, isso significa andar na carne.

Quando vemos os frutos da carne nos outros, ou outros problemas, nosso trabalho não é condenar, mas ajudar a carregar seus fardos. As leis religiosas judaicas, como praticadas pelas "autoridades" judaicas, tratavam de excluir, condenar e controlar. Talvez com algum humor irônico, Paulo explica que a lei de Cristo significa cuidar uns dos outros. Quaisquer que sejam as tentações ou dificuldades pelas quais qualquer crente esteja passando, o corpo dos crentes deve proteger essa pessoa. Parte do cuidado uns dos outros é perceber que todos temos o mesmo Senhor que nos colocou em Sua família. Todos nós temos o mesmo Espírito. E o Espírito está em guerra contra a carne em cada um de nós. Nada de bom habita em nossa carne. Isso deveria nos levar a ter um entendimento genuíno.

A lei de Cristo é a lei à qual devemos seguir, embora a sigamos pela fé. O que significa carregar os fardos uns dos outros em uma situação pode ser completamente diferente em outra. Não há uma lista fixa. Sabemos o que fazer seguindo ao Espírito enquanto Ele nos conduz à verdade. A lei de Cristo se concentra em buscar o melhor para os outros.

A lei de Cristo é a mensagem de amor pregada por Jesus. Isso nos leva a conviver harmoniosamente uns com os outros. Essas são as famosas palavras de Cristo sobre lei e os profetas: "Amarás a teu próximo como a ti mesmo" (Mateus 22:39b). Paulo também lembra a seus leitores desse princípio em Gálatas 5:14. Viver em Espírito pela fé em Jesus todos os dias e amar ao próximo ao nosso redor tanto quanto amamos a nós mesmos.