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Significado de Gênesis 12:1-3
Deus chamou Abraão de um mundo pagão para começar uma nova nação. Deus o instruiu a sair de sua terra, de sua parentela e da casa de seu pai. Naquele momento, eles moravam na cidade de Harã; não devemos confundi-lo com o irmão falecido de Abrão, com o mesmo nome. O Pai de Abrão, Terá, os levou para fora de Ur para se estabelecerem em Harã, onde Terá viveu até sua morte. Agora, Deus dá uma nova ordem: Prossiga.
Abrão obedeceu ao chamado de Deus para deixar Harã e ir para a Terra Prometida: Então, Abrão saiu de Harã (Gênesis 12:4a). Abrão obedeceu parcialmente ao chamado de Deus quando deixou Ur; ele deixou sua cidade, mas não a casa de seu pai (Atos 7:2-4). Deus instruiu Abrão a deixar a casa de seu pai enquanto ainda estava em Ur, mas Gênesis afirma que o pai de Abrão, Terá, liderou a expedição (Gênesis 11:31). De acordo com o discurso de Estêvão registrado em Atos diante de uma multidão hostil de líderes judeus bem versados nas Escrituras, Abrão enterrou a seu pai Terá em Harã antes de partir. O fato de a multidão que ouvia o discurso de Estêvão tê-lo apedrejado por ter dito algo com o qual discordavam mostra que sua declaração sobre Abrão ter enterrado a seu pai antes de partir deve ter sido o entendimento geral da época.
Sábios rabínicos, cerca de mil anos depois, observaram que a Escritura afirmava que Terá morreu (em Gênesis 11) antes do novo chamado de Deus e da partida de Abrão de Harã (em Gênesis 12:1-3). Porém, eles também observaram um possível problema com a matemática. Gênesis 11:26 afirma que Terá viveu 70 anos, gerando a Abrão e seus dois irmãos. Gênesis 12:4 afirma que Abraão tinha 75 anos quando deixou Harã, significando que Terá teria 145 anos quando Abrão partiu. Gênesis 11:32 afirma que Terá viveu até os 205 anos, indicando que Terá teria vivido 60 anos após a partida de Abrão. Os sábios judeus concluíram, portanto, que Terá era foi considerado morto para Abrão, o que o liberou para partir de Harã. Também é possível que haja algum mistério na declaração: "Terá viveu setenta anos e se tornou pai de Abrão, Naor e Harã" (Gênesis 11:26). A Escritura lista Abrão primeiro, mas de uma forma que não determina uma ordem cronológica de nascimento. Pode ser que Abrão tenha sido listado primeiro por causa de sua importância e não pela ordem de nascimento. Se isso for verdade, Terá poderia ter 70 anos quando começou a ter filhos, sendo muito mais velho quando teve Abrão, de tal forma que ele, de fato, faleceu antes de Abrão deixar Harã.
Abrão parece ter deixado uma parte de seus parentes e a casa do pai, mas não a todos, já que levou Ló com ele. Assim, Abrão expressa sua fé e obedece em parte a Deus, mas ainda não totalmente. Deus não concederia a terra a Abrão até que ele se separasse de Ló. No entanto, a fé de Abrão em partir para a Terra Prometida é notada em Hebreus como um exemplo a ser seguido. Hebreus 11:8 nos diz que Abrão não sabia para onde estava indo, mas sabia que era a terra que eu (Deus) lhe mostraria. Sua obediência exigia fé em Deus.
Assim, mesmo que a obediência de Abrão tenha sido parcial neste ponto, Deus a honra e continua a trabalhar com ele. No entanto, Deus não muda sua proposição de abençoar Abrão caso ele O obedecesse. A bênção era uma concessão incondicional, porém somente ocorreria quando Abrão deixasse Ló e cumprisse todas as condições requisitadas por Deus.
As promessas de Deus a Abrão se desenrolaram em três etapas. Essas foram as três bênçãos que viriam sobre Abrão pessoalmente: Abrão seria abençoado; Abrão seria uma bênção (ou maldição) sobre aqueles com quem ele interagisse; e Abrão seria um instrumento de Deus para abençoar toda a raça humana. A última promessa apontava para o Senhor Jesus Cristo, descendente de Abrão. Nos versículos 2-3 Deus apresenta sete promessas específicas a Abrão que cumpririam os três estágios:
1) Fazer de Abrão uma grande nação;
2) Abençoá-lo;
3) Tornar grande o seu nome;
4) Fazer dele uma bênção;
5) Abençoar aos que o abençoassem;
6) Amaldiçoar aos que o amaldiçoassem;
7) Todas as famílias da terra seriam abençoadas por meio dele.
Deus, primeiro, promete a Abrão que faria dele uma grande nação (grande em número e significado), embora sua esposa, Sarai, fosse estéril. Porém, Deus tem o poder para "abrir" e "fechar" a madre (Gênesis 20:18; 29:31; 30:22; 1 Samuel 1:5-6). Abrão tornou-se o pai de uma grande nação. Essa promessa se cumpre no povo judeu e na nação de Israel através do nascimento de Isaque, filho da velhice de Abraão e Sara (Gênesis 21:1-3).
Deus também diz a Abrão: Eu vos abençoarei. Deus abençoou a Abrão pessoalmente com prosperidade material e espiritual (Deuteronômio 7:13-16). No Antigo Testamento, a riqueza era medida pelo número de animais, metais preciosos, como ouro e prata, e trabalhadores humanos que uma pessoa possuía. 88 vezes no livro de Gênesis e 310 vezes em outras partes do Antigo Testamento a bênção de Deus se manifesta na prosperidade e no bem-estar humanos com vida longa, riqueza, paz, boas colheitas e filhos (por exemplo, Gênesis 24:35-36; Levítico 26:4-13; Deuteronômio 28:3-15).
A terceira das promessas de Deus a Abrão foi que Ele faria seu nome grande. No antigo Oriente Próximo, o nome era algo extremamente importante. Essa promessa de Deus significava que Abrão iria adquirir honra pessoal e se tornaria um homem altamente estimado por seu caráter e reputação. Ironicamente, Abrão recebeu a fama buscada pelos construtores de Babel, que haviam procurado estabelecer a fama sem a obediência a Deus.
A Torre de Babel mostra a loucura dos esforços humanos em obter sabedoria e fama. Abrão seria uma bênção, servindo como o padrão pelo qual uma bênção deveria ser invocada. Em outras palavras, as pessoas diriam: "Que Deus me faça tão abençoado quanto Abrão". A verdadeira bênção vem pela obediência fiel. Nenhuma obrigação foi colocada a Abrão para receber as promessas de Deus, a não ser simplesmente responder à ordem de Deus de sair de onde estava, um ato de lealdade e fé.
A quinta e a sexta promessa de Deus a Abrão foram de que Ele abençoaria aos que o abençoassem e amaldiçoaria aos que o amaldiçoassem. Os que desejassem o bem a Abrão desfrutariam das bênçãos de Deus. Os que o maltratassem, abusassem ou causassem danos a ele incorreriam no desprazer de Deus. Isso pode ser visto como uma promessa de proteção que lembra a proteção de Deus sobre Caim (Gênesis 4:15).
Finalmente, a sétima e última promessa foi a de que em Abrão todas as famílias da terra seriam abençoadas e experimentariam o favor de Deus. Esta promessa é, mais tarde, reafirmada a Isaque e Jacó (Gênesis 22:18, 26:4, 28:14). Sabemos que o Salvador do mundo descendeu de Abraão e, conforme predito pelos profetas judeus que profetizaram Sua vinda, Ele morreu pelos pecados do mundo. Não pode haver dúvida de que essa promessa de bênção para o mundo inteiro já foi cumprida em um grau substancial (João 3:16). É emocionante contemplar que muitas outras bênçãos decorrentes dessa promessa ainda estão por vir.
O apóstolo Paulo cita Gênesis 12:3 no livro de Gálatas, no Novo Testamento, e o aplica aos gentios, que também são abençoados em Abraão por meio de sua fé. Em Gálatas 3:7, Paulo afirma que os gentios que creram em Jesus eram descendentes espirituais de Abraão pela fé. Paulo afirma, ainda, o cumprimento de Gênesis 12:3, citando-o nesta passagem: "A Escritura, prevendo que Deus justificaria aos gentios pela fé, pregou o evangelho de antemão a Abraão, dizendo: 'Todas as nações serão abençoadas em ti'. Assim, os que têm fé são abençoados em Abraão, o crente" (Gálatas 3:8-9). Paulo indica que a expressão "em ti" declarada por Deus a Abraão inclui aos gentios na bênção. O mesmo também vale para a expressão "em Cristo" do Novo Testamento: "Para que, em Cristo Jesus, viesse a bênção de Abraão aos gentios, para que recebêssemos a promessa do Espírito pela fé" (Gálatas 3:14). Portanto, a inclusão dos gentios vem pela fé.