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Significado de Habacuque 3:1–2
No primeiro capítulo, Habacuque reclama com Deus sobre a iniquidade que prevalecia na terra de Judá. Deus diz ao profeta que usaria uma nação perversa chamada "Caldéia" ou "Babilônia" como Seu instrumento para disciplinar ao povo de Judá. Habacuque, então, pergunta por que um Deus Santo usaria um povo ainda mais perverso e injusto para julgar a Judá — Seu povo da aliança. No segundo capítulo, Deus responde ao profeta, assegurando-lhe de que interviria no devido tempo para resgatar a Judá e destruir aos iníquos caldeus por sua arrogância e ganância. Enquanto isso, os justos judeus deveriam viver em fidelidade e integridade.
Habacuque ouve a revelação de Deus. Ele sabia que Deus não estava satisfeito com os atos perversos do povo de Judá e estava prestes a enviá-los ao exílio na Babilônia. Habacuque aceita a mensagem divina. No presente capítulo, ele responde a Deus com uma oração de confiança e louvor - não com outra reclamação. Ele ora para que Deus tivesse compaixão de Seu povo em meio ao exílio, para que pudessem experimentar restauração e avivamento espiritual. Sua oração se assemelha à linguagem poética encontrada no livro dos Salmos.
O capítulo começa dizendo ao leitor que o conteúdo se trata de uma oração. Por definição, “oração” é o discurso humano dirigido a uma divindade. É a conversa genuína da humanidade com Deus. O exemplo bíblico de oração é simplesmente falar de uma maneira conversacional. O adorador se humilha diante de Deus e espera alinhar seus pensamentos com os de Deus, ouvir e alcançar sabedoria de Deus, pedindo a Ele que aja em seu favor. Ele oferece palavras a Deus e confia que Deus ouvirá ao sentimento por Ele expresso (Salmo 34). A oração lembra ao adorador que ele precisa de Deus e depende Dele.
A oração também nos oferece uma excelente oportunidade para alinharmos nossa perspectiva com a verdade, já que Deus é a verdade (João 14:6). Assim, quando alguém ora, essa pessoa assume uma postura de submissão, o que apoia o desenvolvimento de uma atitude de confiança e obediência. É claro que a oração é uma petição; porém, Deus ouve às nossas orações e as responde com base em Seu caráter. O altar de incenso no tabernáculo pode ser visto como uma imagem de oração contínua a Deus, enquanto o incenso subia ao céu.
Em Apocalipse, lemos sobre a imagem das orações sendo armazenadas como incenso celestial (Apocalipse 5:8). Isso pode estar relacionado com as taças da ira de Deus que serão derramadas sobre a terra no tempo de Deus (Apocalipse 15:7; 16:1). Talvez esta seja uma imagem de Deus respondendo às orações por justiça. Ao contrário da oração por justiça de Habacuque, que teria um atraso de tempo bastante curto, outras orações por justiça podem ter um atraso muito maior. Porém, para Deus, um dia é como mil anos e mil anos como um dia (2 Pedro 3:8).
A oração pode ser corporativa ou individual. Em nossa passagem, a oração foi individual, porque o texto credita Habacuque como seu autor, dizendo: Uma oração de Habacuque, o profeta. Esta frase é semelhante ao versículo inicial da profecia de Habacuque (Habacuque 1:1). Em ambos os casos, o leitor descobre que Habacuque era um profeta, enviado por Deus com uma mensagem originada em Deus.
Embora a oração do profeta fosse individual, aparentemente ela foi escrita para um grupo de pessoas, tornando-se parte do culto israelita e cantada de acordo com o Sigionote. O termo sigionote é uma transliteração de uma palavra hebraica cujo significado é incerto. Pelo contexto, podemos inferir que denota um poema musical da tradição judaica, significando um salmo de súplica. O termo sigionote também aparece no título do Salmo 7.
A oração de Habacuque é, principalmente, um exercício usado para conformar sua mente à realidade de Deus. Ela contém apenas uma petição (um pedido formal), no versículo 2. Os versículos restantes fornecem uma oração de meditação enquanto o profeta descreve a grandeza e a bondade de Deus. Talvez esta oração seja um exercício de renovação da mente que levaria o profeta a andar pela fé (Habacuque 2:4). O profeta começa sua oração dirigindo-se a Deus usando Seu nome de aliança, dizendo: Senhor, ouvi o relato sobre Ti.
Habacuque usa o termo SENHOR ["Javé" em hebraico"] para enfatizar o relacionamento de aliança de Deus com o povo de Judá. Javé significa "O Existente". Isso enfatizava que todas as coisas tinham sua existência em Deus e Nele todas as coisas subsistem. O profeta ouvira o relato de Deus sobre como Ele lidaria com Judá e a Babilônia. Deus havia deixado claro que usaria os babilônicos/caldeus para disciplinar ao povo de Judá. Porém, Ele também puniria severamente aos caldeus por sua arrogância, idolatria e ganância (Habacuque 2:4-19).
Assim, embora Habacuque tivesse aceitado a mensagem, ele sabia que Deus permaneceria fiel às palavras da aliança estabelecida através da fé de Abraão. Por isso, ele ora ao SENHOR pedindo compaixão e misericórdia.
Ao oferecer sua oração a Deus, Habacuque declara: SENHOR, ouvi o relato sobre Ti e temo. O verbo “ouvir” ("shema" em hebraico) significava ouvir atentamente e responder adequadamente (Deuteronômio 6:4). O profeta havia prestado muita atenção à revelação que Deus lhe dera. Como resultado, ele responde com temor, o que significa que ele colocou seu foco nas consequências de Deus como prioridade sobre outros tipos de medos. Tal temor reverencial fez com que o profeta desse prioridade ao relato que ouvira. Seria natural que o profeta temesse à rejeição dos habitantes de Judá que não desejavam ouvir àquela terrível notícia. Porém, Habacuque entende ser muito mais importante temer ao Deus de Israel do que se preocupar em decepcionar a meros seres humanos.
Assim, Habacuque emite três declarações importantes, pedindo a ajuda de Deus. As duas primeiras afirmações são paralelas entre si e têm a seguinte redação:
Ó SENHOR reaviva a Tua obra no meio dos anos. No meio dos anos torna-a conhecida.
“Reviver” significa restaurar a vida, renovar ou revitalizar. Habacuque orA para que Deus renovasse Sua obra. O termo “obra” refere-se às ações de Deus. Em nosso contexto, refere-se a Suas ações passadas com Seu povo, especialmente os eventos do êxodo, quando Ele livrou ao Seu povo da escravidão no Egito e os conduziu pelo deserto (Deuteronômio 6:12; 8:2). A frase “em meio aos anos” provavelmente se refira ao período entre o anúncio da sentença e sua realização final.
O profeta pede que os feitos maravilhosos de Deus fossem demonstrados mesmo enquanto Israel estivesse sendo julgado no exílio. Habacuque pede a Deus que abençoe Israel mesmo enquanto eles estivessem debaixo do Seu juízo. Ele esperava que Deus tornasse Sua obra conhecida para que toda a Terra pudesse conhecê-la e reconhecer Seu poder supremo. Pode-se ver que uma maneira pela qual Deus responde favoravelmente a essa oração é nos dando os livros da Bíblia diretamente ligados ao período do exílio de Judá. Isso inclui:
Na última declaração, o profeta implora a compaixão de Deus: Na ira, lembrai-vos da misericórdia. O termo “ira” é definido como a resposta de Deus ao pecado humano e à desobediência. No Novo Testamento, diz-se que a ira de Deus é derramada sobre aqueles que buscam a seus próprios caminhos, entregando-os a seus próprios desejos (Romanos 1:24,, 628). Em outras palavras, Deus julga as pessoas dando-lhes o que elas pediram. No caso do julgamento de Judá, Deus estava seguindo às disposições do tratado com o qual eles haviam concordado, exercendo as provisões para desobediência à aliança. Israel deveria ser disciplinado caso explorasse uns aos outros em vez de amar ao próximo como a si mesmos (Deuteronômio 28:36).
O termo para misericórdia é "rakham" na língua hebraica. Refere-se a uma profunda compaixão. É usado no livro de Isaías para falar do amor de uma mãe por seu bebê que amamenta (Isaías 49:15). O apelo do profeta é que Deus pudesse mostrar compaixão ao povo de Judá, como uma mãe faria por seu filho que amamenta, mesmo durante seu exílio debaixo do jugo de um povo estrangeiro. Deus promete fazê-lo no livro de Jeremias. Logo após descrever a terrível destruição que Judá sofreria nas mãos dos babilônicos, Deus declara:
"Porque conheço os planos que tenho para ti', declara o Senhor, 'planos para o bem-estar e não para a calamidade para te dar um futuro e uma esperança' (Jeremias 29:11).