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Significado de Habacuque 3:16-19

Habacuque fica atemorizado ao ouvir o relato sobre como o SENHOR usaria a Babilônia para disciplinar ao povo de Judá. Apesar de seu medo, ele é tomado de alegria ao colocar sua confiança em Deus e esperar pacientemente na salvação do Seu povo.

Depois de Habacuque compartilhar o relatório sobre a iminente disciplina do Senhor a Judá através da invasão dos babilônicos, ele descreve os efeitos temíveis que isso produz dentro dele. Seu temor desencadeia três sintomas fisiológicos. O primeiro sintoma do medo de Habacuque afeta suas partes internas: Ouvi e minhas partes internas tremeram. O verbo “ouvir” ["shema" em hebraico] significava ouvir atentamente e responder adequadamente (Deuteronômio 6:4). A expressão “partes internas” significava "estômago". O profeta prestara muita atenção à mensagem que Deus lhe havia revelado. Ele a ouviu e a aceitou. Como resultado, ele responde com tremor e sua barriga se contorce de medo após conhecer a informação sonre o iminente desastre dentro da experiência de ouvir a Deus.

O segundo sintoma causado pelo medo do profeta impacta seus lábios: Ao som, meus lábios tremeram. Os lábios do profeta palpitaram de medo por causa da mensagem impressionante falada pela voz de Deus (Habacuque 2:1). Pelo fato de crer em Deus, Habacuque responde com temor e tremor, sabendo que a mensagem de Deus era verdadeira.

O terceiro sintoma fisiológico produzido pelo medo de Habacuque afeta a seus ossos, a parte mais forte do corpo humano. Ele afirma: A decadência entra nos meus ossos. E no meu lugar eu tremo. A frase “decadência” ou podridão entrando nos ossos de alguém  é encontrada em outros textos bíblicos. Em Provérbios ela é contrastada com um coração pacífico:

"Um coração tranquilo é vida para o corpo, mas paixão é podridão para os ossos" (Provérbios 14:30).

A palavra hebraica traduzida para "podridão" em Provérbios 14:30 é a mesma palavra raiz traduzida como “decadência” na frase de Habacuque. Ou seja, a decadência dos ossos se referia aos efeitos físicos adversos gerados pela ansiedade. Isso explica o tremor e a decadência que entrou nos ossos de Habacuque, descrevendo o tipo de medo que atravessava o âmago de seu ser, como se seus ossos apodrecessem.

No entanto, Habacuque não estava desesperançado, pois ele diz: "Devo esperar tranquilamente pelo dia da angústia, para que surjam as pessoas que nos invadirão. Assim como Habacuque tinha esperança, o mesmo acontece com todos os que recitassem ou cantassem este salmo. O salmo de Habacuque deveria lembrar a todos em Judá sobre a promessa de Deus de redimir a nação, mesmo durante o tempo de aflição adiante.

A reação inicial de Habacuque era de medo, algo que cortava o âmago de seu ser. Porém, ele percebe que focar na ansiedade era contraproducente. A ansiedade não muda o futuro. Assim, Habacuque resolve se afastar da preocupação e, em vez disso, decide escolher a paciência. Ele decide esperar em silêncio até que o julgamento comece, o dia da angústia. Assim, este salmo convida a todos os que lêem/cantam o seu conteúdo a escolher ativamente uma perspectiva de confiança. Em vez permitir que a ansiedade quanto a eventos futuros ganhe espaço, Habacuque resolve esperar pacientemente e, em seguida, confiar em Deus no dia da aflição.

Ao escolher essa perspectiva, Habacuque leva a todos os que cantam seu salmo a deixar de lado a ansiedade e escolher a confiança. Deus está no controle. Escolher a ansiedade não muda o que virá. Porém, confiar em Deus em qualquer circunstância que enfrentemos nos permite viver em paz. Viver tranquilamente.

Parece que o propósito deste salmo era o de lembrar a Habacuque (e outros) que Deus estava no controle. Sua redenção futura era tão certa quanto o iminente julgamento. Assim, Habacuque podia descansar em silêncio, confiando que Deus estaria no controle. Ele escolheu a perspectiva de que Deus estava orquestrando a todos os eventos para o seu bem, mesmo em tempos de grande pressão (Jeremias 29:11, Romanos 8:28).

No primeiro capítulo, Habacuque ficou perplexo pelo fato de Deus não julgar a maldade e a injustiça que prevaleciam na terra de Judá. Ele sabia que, na aliança/tratado de Deus com Israel, sua desobediência exigia o julgamento de Deus. Ele pergunta por quanto tempo a situação permaneceria a mesma, antes que Deus interviesse, como havia prometido (Deuteronômio 28:15).

Deus responde à pergunta de Habacuque. Deus lhe diz que Ele era quem controlava o destino das nações. Ele usaria os arrogantes caldeus/babilônicos como seu instrumento para disciplinar ao povo de Judá. Poprém, mais tarde, Ele também julgaria aos caldeus por sua arrogância e ganância.

Habacuque ouve a mensagem de Deus e crê nela. Em seguida, seu discurso muda. Em vez de questionar o que Deus estava fazendo, como havia feito no primeiro capítulo, ele se determina a esperar em silêncio. Ele promete viver em fidelidade enquanto aguardava que Deus restaurasse a justiça em Judá (Habacuque 2:2-5).

Embora o profeta soubesse que a invasão imediata de Judá poderia levar o povo a um estado de desolação e fome, ele não desmaiou. Em vez disso, ele confiou em Deus e decidiu escolher encarar o futuro com confiança. Nesta passagem, vemos Habacuque estabelece um modelo correto a respeito das três coisas às quais controlamos:

  1. Em quem confiamos: Habacuque escolhe confiar em Deus, crer que Sua palavra era verdadeira. Isso inicialmente lhe causou grande ansiedade.
  2. Nossa perspectiva. Habacuque decide escolher a perspectiva de que Deus sabia de tudo e, portanto, esperaria tranquilamente pelo dia da angústia que viria. Ao escolher ativamente essa perspectiva, ele teve paz.
  3. O que fazemos. Neste caso, Habacuque escolhe tomar a atitude de escrever um salmo, que é este capítulo 3. No salmo, ele expressa palavras que reforçam sua confiança em Deus. Além disso, no salmo, ele escolhe a perspectiva de que as ações de julgamento de Deus certamente seriam seguidas de redenção.

Habacuque não apenas confiou no Senhor em meio a tantas incertezas, mas se alegrou Nele. Esta foi uma escolha adicional de perspectiva: escolher ser grato a Deus por sua justiça, pela oportunidade de correção de rotas, sabendo que Deus restauraria a Judá a Seu tempo. As palavras a seguir captam a crença do profeta na palavra de Deus e a confiança na benevolência de Deus para com Israel:

“Ainda que a figueira não deva florescer e não haja frutos nas videiras; ainda que o rendimento da azeitona deva falhar, e os campos não produzam alimento; ainda que o rebanho deva ser cortado do aprisco, e não haja gado nos currais; no entanto, exultarei no SENHOR, regozijar-me-ei no Deus da minha salvação.”

Esta passagem registra o compromisso de Habacuque em escolher confiar em Deus diante das circunstâncias adversas. A antiga sociedade israelita era principalmente agrária. Isso significa que a economia dependia em grande parte de plantações e rebanhos. Assim, a abundância desses produtos agrícolas era uma bênção de Deus (Deuteronômio 8:8). Por outro lado, a perda desses produtos simbolizaria as maldições divinas, como os livros de Oséias e Joel deixam claro (Oséias 2:12; Joel 1:7, etc.). O fracasso das colheitas era parte da consequência para a desobediência de Israel à sua aliança com Deus (Deuteronômio 28:18).

Habacuque sabia que a quebra na safra ou a perda das ovelhas e gado significaria dor e, possivelmente, fome para as pessoas, podendo levar a nação a uma recessão. No entanto, Habacuque se compromete a escolher confiar em Deus diante de tais dificuldades.

A perda das figueiras e das videiras significaria a perda de importantes fontes de alimento e prazer, mas Habacuque se compromete a escolher confiar em Deus, mesmo diante de tal necessidade. A figueira era uma fonte de doçura e alimento nos antigos Israel e Judá. Seus frutos eram consumidos frescos ou secos. Algumas pessoas as cozinhavam com bolos. As videiras eram a fonte das uvas e do vinho.

Da mesma forma, ainda que não houvesse azeite suficiente para acender suas lâmpadas e cozinhar seus alimentos, e até mesmo para ajudar nos processos de cura, Habacuque assume o compromisso de escolher confiar na benevolência de Deus, não obstante. Como isso está escrito em forma de salmo, podemos deduzir que Habacuque entendeu que essa escolha interna era algo que ele precisaria fazer de forma contínua. Ao cantar essas palavras, ele se lembraria da escolha que precisava fazer para moldar sua perspectiva.

Habacuque se compromete a confiar em Deus, mesmo que os campos não produzam alimento. O termo “campos” representava as principais culturas do campo, notadamente o trigo e a cevada. Habacuque vê que um grande momento de carência estava chegando. Este salmo seria um lembrete constante que acalmaria a sua alma: "Quando a dificuldade chegar, confiarei em Deus".

Embora os rebanhos fossem cortados do aprisco, e embora não houvesse gado nos currais, Habacuque, através deste salmo, escolhe confiar em Deus. O aprisco era a casa das ovelhas (2 Samuel 7:8; 1 Crônicas 17:7). Refere-se a um recinto onde os antigos israelitas mantinham suas ovelhas e cabras para evitar que fossem roubadas ou mortas por animais selvagens (1 Samuel 24:3). Os currais referem-se ao lugar onde os animais eram mantidos e alimentados para engorda (Malaquias 4:2).

Na antiga sociedade israelita, o gado vagava (andar) pelos campos quando não estavam sendo usados. Caso contrário, eles eram confinados em currais durante a temporada de inverno e as pessoas traziam comida a eles (Amós 6:4). Ao considerar a iminente invasão babilônica, Habacuque afirma que confiaria em Deus, mesmo que não houvesse mais animais para sustentar.

Habacuque, neste salmo, faz a escolha de exultar no SENHOR, apesar dessas circunstâncias sombrias e situações terríveis. Ele estava escolhendo o júbilo triunfante, independentemente das dificuldades da vida. Ele não estava se recusando a reconhecer a realidade. Ele estava enfrentando a dura realidade da fome ao seu redor. Porém, ele se alegraria de qualquer maneira, porque sabia que Deus trabalharia todas essas coisas para o bem, mesmo que ele não vivesse para vê-lo. Ele confiava no Deus de sua salvação. Neste caso, Habacuque parece expressar a confiança de que Deus o livraria (salvaria) do desespero, porque Deus havia dado esperança a Habacuque ao prometer que Judá seria restaurado. Ele também confiava que Deus acabaria salvando Seu povo de seus inimigos.

Habacuque sabia que sua fonte final de ajuda não repousava nas circunstâncias ou nos bens materiais, mas em seu Senhor, o Deus da aliança de Israel. AQUELA ERA A REALIDADE, PORÉM Habacuque precisava escolher crer em Deus e adotar Sua perspectiva. Parece que, ao escrever este salmo como forma de cantar essas verdades para si mesmo, seria uma parte prática de sua escolha. Este parece ser um excelente exemplo de como fazer escolhas contínuas para a vida. Por causa da perspectiva escolhida por Habacuque, nenhuma circunstância adversa poderia roubar sua alegria. Habacuque havia escolhido uma fonte de alegria confiável e inesgotável: a benevolência suprema do Senhor para com ele e seu povo. Por isso, ele acrescenta uma nota de confiança usando uma metáfora: O Senhor DEUS é a minha força.

O termo traduzido como "Senhor" na frase “o Senhor DEUS é minha força” aqui é "Adonai" em hebraico, que significa "mestre" ou "governante". A palavra hebraica traduzida como DEUS é "Javé", o nome da aliança de Deus (Êxodo 3:14-15). Significa "Aquele que existe". Habacuque usa os dois termos juntos para enfatizar que o SENHOR era seu mestre e seu Deus da aliança. Como tal, Deus era a força de Habacuque, o que significava que Deus era a fonte da estabilidade de Habacuque, e não as circunstâncias. Por causa da confiança de Habacuque no Senhor, ele podia ter alegria, apesar das dificuldades atuais. Isso também estaria disponível a qualquer pessoa que cantasse ou falasse este salmo.

Tendo dito que o SENHOR era a sua força, Habacuque vai mais longe e descreve o nível de força fornecido por Deus: Ele [Deus]  fez os meus pés como os pés da corça e me faz andar em lugares altos. O termo “corça” refere-se a um cervo fêmea. De acordo com o livro de Deuteronômio, este animal era cerimonialmente limpo e, portanto, disponível para alimentação (Deuteronômio 14:5). Uma das características da corça é a segurança que lhe permitia escalar montanhas rochosas sem cair (Salmo 18:33).

Ao subir aos lugares altos, a corça colocava as patas traseiras exatamente onde estavam suas patas dianteiras, para que não caísse. Da mesma forma, Deus protegeria e fortaleceria a Seus filhos, evitando que caíssem diante das crises da vida. Habacuque reconhece sua dependência de Deus e estava pronto para enfrentar os desafios de sua época, porque o SENHOR era sua força. Ao criar essa imagem mental, Habacuque lembra a si mesmo de que confiaria em Deus, não nas circunstâncias.

Isso indicaria pelo menos duas coisas. Primeiro, precisamos de lembretes constantes de que devemos escolher confiar em Deus ao invés de confirar nas circunstâncias. As circunstâncias são voláteis e estão em constante mudança. Não há estabilidade nas circunstâncias. Porém, se colocarmos nossa confiança em Deus, em Sua benevolência para conosco, não importa as circunstâncias difíceis pelas quais possamos enfrentar, teremos os pés da corça. Andaremos em lugares altos sem medo de cair.

O profeta concluiu com uma nota musical relacionada à execução da canção na adoração pública. Ele diz que a música havia sido feita para o diretor do coral e seria executada com instrumentos de cordas. Este adendo se relaciona ao título do livro (v. 1). O título diz ao leitor que a canção é uma oração de súplica ("sigionote"). O adendo diz ao leitor que a canção deveria ser acompanhada por instrumentos de cordas.

Em resumo, o livro de Habacuque trata das incertezas do profeta em relação à santidade e à justiça de Deus à luz de um mundo permeado pela iniquidade e injustiça. Preso em uma sociedade corrupta, a fé de Habacuque vacilou de modo que ele questionou a Deus sobre Sua demora em julgar o mal. Deus respondeu ao profeta e disse-lhe que não estava sendo passivo, que o julgamento era certo. Deus usaria os caldeus para disciplinar ao povo de Judá.

Ao ouvir que Deus usaria os maus babilônicos para castigar a Judá, Habacuque pediu novamente para saber por que Ele usaria uma nação tão má como Seu instrumento de disciplina. Deus disse ao profeta que Ele controlava o destino das nações. Embora Ele usasse aos caldeus para disciplinar Seu povo do pacto, Ele acabaria por destruí-los por conta de sua arrogância e ganância.

O profeta ouviu e aceitou o relato de Deus. Ele, então, escreveu um salmo registrado no capítulo 3. Impelido pela oração, ele lembrou as ações de Deus no passado, especialmente como Deus havia libertado o povo de Israel das mãos dos egípcios e os conduzido em segurança para a Terra Prometida. Ele contou sobre a provisão de Deus e a certeza de que Deus faria isso novamente no futuro. Habacuque (e qualquer um que recitasse o salmo) jurou confiar no Senhor, apesar da convulsão social de sua época.

Na sociedade atual, onde a maldade e a injustiça prevalecem, os crentes podem encontrar encorajamento e conforto na obra literária de Habacuque. Em meio a tempos difíceis, as pessoas chamadas a uma vida de fé e fidelidade serão abençoadas ao se entregar a seu Redentor em absoluta confiança. Que o SENHOR, através deste livro, fortaleça a todos os cristãos que, como Habacuque, estão perplexos com as circunstâncias da vida!

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