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Significado de Oséias 8:11–14

O SENHOR pronúncia juízo sobre Israel por ter oferecido rituais de sacrifício a Ele, porém ignorando Suas leis de aliança. A nação seria disciplinada por ter abandonado o pacto de aliança, de acordo com os termos do acordo.

Nesta acusação final do capítulo 8, o SENHOR pronuncia julgamento sobre Israel por sua adoração hipócrita e sua falsa devoção a Ele. Ele declara: Desde que Efraim multiplicou altares pelo pecado, eles se tornaram altares de pecado para ele (v. 11). Efraim era a maior tribo do reino do norte, por isso é frequentemente usado como sinônimo do reino do norte. Efraim era o segundo filho de José e tornou-se uma tribo junto com o filho mais velho de José, Manassés (Gênesis 48:5).

O termo Efraim, que significa "duplamente fecundo" (Gênesis 41:52), é usado ironicamente para o reino de Israel, por ter-se tornado completamente infrutífero. No v. 8, Oséias retrata a falta de fecundidade de Israel, comparando-a a uma embarcação que não tem mais uso.

A palavra traduzida como “pecado” na frase “Desde que Efraim multiplicou altares pelo pecado, eles se tornaram altares de pecado para ele” é "ḥaṭṭā'" em hebraico. "Hatta" também pode ser traduzido como "ofertas pelo pecado" (Êxodo 29:36; Levítico 4:8, 20). Assim, parece que Israel/Efraim multiplicaram altares para oferecer sacrifícios ao Senhor por seus pecados. Porém, aqueles altares projetados para ofertas pelo pecado foram transformados em altares de pecado para eles. Isso provavelmente significa que os altares originalmente construídos para adorar ao Deus da aliança de Israel, Javé, agora estavam sendo usados para a adoração de ídolos pagãos. O pronome “ele” aqui se refere a Efraim, que significa o reino do norte, Israel. Os altares que Efraim construiu tornaram-se altares para o pecado.

O povo deveria vir e oferecer sacrifícios pelo pecado, mas seu ato de oferecer sacrifícios havia se tornado pecaminoso. Isso ocorreu porque eles realizavam o ato do sacrifício, porém não ouviam nem obedeciam às leis da aliança de Deus. Essas eram as leis dadas por Deus, às quais o povo havia prometido seguir (Êxodo 19:8). As leis foram estabelecidas para o bem de Israel (Deuteronômio 10:13). Porém, Israel aparentemente não acreditava que era para o seu bem, porque não prestava atenção às palavras de Deus.

O SENHOR declara: Embora eu tenha escrito dez mil preceitos da Minha lei, eles são considerados uma coisa estranha (v. 12). Israel não estava prestando atenção às leis de Deus. Suas leis eram como uma coisa estranha, algo tão desconhecido que nem sequer a reconheciam. Eles faziam só sacrifícios porque queriam que Deus fizesse algo por eles, mas os sacrifícios deveriam lembrá-los de seguir às lei da aliança. Assim, uma vez que haviam ignorado às leis da aliança, Deus deixa claro que seus sacrifícios não lhes fariam bem. Deus não desejava ser apaziguado. Deus desejava que Israel O seguisse, para que pudessem alcançar os grandes benefícios dos preceitos da Sua lei.

O termo lei ("Torá" em hebraico) refere-se ao corpo de ensinamentos que o SENHOR deu a Israel no Monte Sinai por meio de Seu servo Moisés (Deuteronômio 1:5). A expressão “dez mil preceitos” é a tradução de um único termo que significa "miríades". A palavra “preceitos” está implícita. A lei/Torá incluía muitas instruções. O problema não era a falta de instrução. O problema era que as pessoas não estavam prestando atenção a nenhuma delas. As instruções eram tão negligenciadas que soavam como algo estranho. Isso infere que Israel havia mergulhado na cultura pagã das nações vizinhas (Oséias 8:8), de modo que a ideia de criar e viver em uma cultura de amor de uns para com os outros soava como uma coisa estranha. (Buscar o melhor para o outro? E eu? Por que eu faria isso?)

O Deus Susserano deu Sua preciosa lei (o "ensino" ou "Torá") a Seu povo do pacto para que eles aprendessem a viver de uma maneira saudável (Deuteronômio 10:13). Isso os levaria a grandes bênçãos (Deuteronômio 28:1-14). Uma sociedade com uma cultura de verdade, respeito mútuo e amor ao próximo naturalmente prosperará. Este tipo de cultura social resulta em criatividade, inovação e produtividade.

A cultura pagã da exploração e violência exige que as pessoas invistam a maior parte de suas energias para se proteger. Conforme Moisés havia ensinado a Israel, seguir aos caminhos de Deus é um processo simples: crer, falar/pensar, depois fazer (Deuteronômio 30:14). O apóstolo Paulo cita Deuteronômio 30:11-14 para explicar como obter a "justiça baseada na fé" (Romanos 10:6-8). Ele enfatiza o crer e o falar (confessar) no quiasmo “confessar, crer, crer, confessar” em Romanos 10:9-10.

As culturas do amor ao próximo inspiram a colaboração e o investimento comunitário. Porém, para seguir a tal abordagem é preciso fé. Deve-se crer que o caminho de Deus é para nosso bem, ao invés de buscarmos gratificação imediata, que muitas vezes assume a forma de exploração aos outros. Israel não tinha essa fé, eles não estavam gerando justiça, ouo uma vida de harmonia com o projeto original de Deus. No lugar da fé, Israel colocou a observância religiosa. Eles observavam os sacrifícios a Deus (v. 11), mas também sacrificavam às divindades pagãs (Oséias 4:12-13). Eles aparentemente queriam apenas o seu próprio caminho e viam esses sacrifícios como forma de pagamento transacional. Portanto, por essas ofertas sacrificiais de Israel, o SENHOR não se deleitava com eles.

As leis de Deus foram dadas por escrito para garantir que fossem preservadas para Israel e sua posteridade. Assim, os israelitas eram obrigados a aprender as leis, aplicá-las e compartilhá-las com seus filhos (Deuteronômio 6:4-9). No entanto, essa advertência não estava sendo seguida. As leis de Deus eram consideradas estranhas a Israel. Eles agiam como se não estivessem cientes dela.

Como os israelitas ignoravam as leis, seus sacrifícios não agradavam a Deus. Eles deveriam destruir Suas estátuas e fazer com que as pessoas seguissem aos caminhos de Deus. Porém, este elo havia sido rompido. Portanto, Deus declara: Quanto aos Meus dons sacrificiais, eles sacrificam a carne e a comem. Mas o SENHOR não se deleitou com eles (v. 13).

Os sacrifícios eram, em sua maioria, parte de uma festa destinada ao usufruto das famílias. Era como um churrasco moderno. O povo participava da parte da comida e celebração da festa, como Deus pretendia. Porém, eles haviam perdido o significado subjacente, que era o de lembrar ao povo que Deus era seu libertador e havia feito uma aliança com eles, a fim de abençoá-los.

As pessoas aparentemente estavam se concentrando principalmente na parte da comida da cerimônia. Eles esperavam que Deus fizesse o que eles queriam. Porém, este não era o propósito de Deus. Seu propósito era o de que as pessoas entendessem e seguissem aos Seus caminhos, para que fossem abençoadas. Portanto, o SENHOR não se deleitava em seus sacrifícios. Ele eram feitos para apaziguá-Lo, portanto, não funcionavam.

Os sacrifícios oferecidos sem sinceridade de coração não têm nenhum benefício. O salmista Davi afirma essa verdade de forma bastante enfática: "Os sacrifícios de Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás" (Salmo 51:17). O profeta Samuel declarou isso a Saul quando ele desobedeceu à ordem do profeta de esperar até que ele viesse e oferecesse o sacrifício, dizendo:

"O SENHOR tem tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em obedecer à voz do SENHOR? Eis que obedecer é melhor do que o sacrifício, e dar ouvidos do que a gordura dos carneiros" (1 Samuel 15:22).

Quando Jesus veio ao mundo, Ele observou que Deus não se deleitava em sacrifícios, mas sim um corpo para Ele, a fim de "fazer a Sua vontade" (Hebreus 10:5-7). Isso nos passa a imagem do lugar apropriado para o sacrifício. Ele deve ser parte integrante de deixarmos de lado a nós mesmos para servirmos a Deus de todo o coração, fazendo a escolha de amar e servir uns aos outros (Romanos 12:1-2).

Pelo fato de os israelitas haverem rejeitado à lei de Deus, tratando-a como uma coisa estranha, Deus rejeitaria sua adoração hipócrita. Ele se lembraria de sua iniquidade e os castigaria por seus pecados (v. 13). Deus implementaria os termos da aliança que havia feito com Israel e executaria as provisões de punição da aliança (Deuteronômio 28:15-68). Essas disposições eram bastante severas e são explicitadas em detalhes. Porém, parece que Israel estava alheio, já que a lei de Deus havia se tornado para eles uma coisa estranha.

Como em Oséias 7:2, o verbo “lembrar na frase “lembrar sua iniquidade está associado ao relacionamento de aliança de Deus com Israel (Deuteronômio 8:18). Tal aliança prometia bênçãos para a obediência e maldições para a desobediência (Levítico 26; Deuteronômio 28). Isso significa que o Deus Susserano responsabilizaria Israel por sua iniquidade.

Como parte do castigo de Israel, eles retornariam ao Egito (v. 13). O nome Egito é usado simbólico, sugerindo que a condição futura de Israel no cativeiro seria semelhante àquela que eles haviam experimentado no Egito, onde não conheciam nada além de trabalho e opressão (Êxodo 1). O destino literal de Israel no exílio nos dias de Oséias seria a Assíria, de acordo com 2 Reis 17:6.

Finalmente, o SENHOR declara a razão pela qual Israel voltaria ao cativeiro: Porque Israel esqueceu o seu Criador e construiu palácios (v. 14).

Sabemos por outras escrituras que esses palácios estavam sendo construídos pelos ricos com base na exploração dos pobres (Amós 3:9, 4:1). Durante os dias de Oséias, Israel estava preocupado em construir palácios, enquanto ignorava seu Criador, Aquele que os havia redimido da escravidão no Egito e escolhido como Sua "posse própria entre todos os povos" da terra (Êxodo 19:5).

Israel não havia seguido aos preceitos de Deus, que exigiam que os fortes protegessem aos fracos e que a justiça fosse feita sem parcialidade. Em vez disso, os fortes exploravam os fracos (coerentes com a cultura pagã que haviam adotado).

O julgamento de Deus também atingiria o reino meridional de Judá, porque, como Israel, Judá multiplicou cidades fortificadas (v. 14), confiando em sua própria força militar e poder, em vez de confiar em Deus.

Por causa da desobediência de Judá, o SENHOR diz: Enviarei fogo sobre suas cidades para que ela consuma suas habitações palacianas (v. 14). O termo “fogo” é usado simbolicamente para o julgamento de Deus sobre Judá (Amós 2:5). O exílio de Judá viria em 586 a.C., quando Jerusalém seria esmagada e cairia nas mãos dos babilônios.

Deus também julgaria a Israel: "No nono ano de Hoshea, o rei da Assíria capturou Samaria e levou Israel para o exílio na Assíria" (2 Reis 17:6). Este evento é datado em 722 a.C.

De acordo com os registros dos reis, cerca de sete anos após a queda de Israel/Samaria para a Assíria, "Senaqueribe, rei da Assíria, enfrentou todas as cidades fortificadas de Judá e as tomou" (2 Reis 18:13). Embora Senaqueribe tenha tomado todas as cidades fortificadas de Judá, Jerusalém foi milagrosamente poupada. Deus lutou por Judá naquela época e libertou Judá, matando 185.000 soldados assírios à noite (2 Reis 19:35-36). Como resultado, Senaqueribe retornou à Assíria, onde foi assassinado por seus próprios filhos (2 Reis 19:37).

Embora o reino meridional de Judá não tenha sido destruído pelo império assírio, como Israel (o reino do norte), o julgamento de Deus chegou a eles durante esse tempo por causa de sua desobediência às leis de Deus. Judá seria destruído e exilado em 586 a.C. pelos babilônios por não ter aprendido com os erros e a derrota de Israel, continuando em sua infidelidade (1 Crônicas 9:1).

Esta passagem mostra como a deserção de Israel os levou à desvalorização e, finalmente, à sua destruição. É um lembrete de que, embora Deus seja gracioso, longânime e misericordioso, Ele é um juiz justo que traz o julgamento no momento apropriado.

Os mesmos princípios se aplicam aos crentes de hoje. Assim como Deus nunca rejeitará a Israel como Seu povo, Deus nunca rejeitará àqueles que se tornam Seus filhos pela fé (João 3:14-16). No entanto, assim como Israel tinha uma herança e poderiam alcançar as bênçãos de Deus ou desperdiçá-las, assim é com os crentes do Novo Testamento. Israel tinha uma escolha contínua entre seguir aos caminhos de Deus, que levam à vida, ou aos caminhos pagãos que levam à morte (Deuteronômio 30:15-20).

Da mesma forma, os crentes do Novo Testamento têm a escolha contínua de seguir ao Espírito ou à carne. Seguir ao Espírito leva a uma experiência de vida; à carne, leva a uma experiência de morte:

"Porque aquele que semeia à própria carne colherá da corrupção, mas aquele que semeia ao Espírito colherá do Espírito a vida eterna" (Gálatas 6:8).

Portanto, Paulo exorta aos crentes do Novo Testamento a serem firmes e seguirem aos estatutos de Deus, andando em Seus caminhos e amando uns aos outros como amamos a nós mesmos. Ao fazermos isso, produzimos vida e benefícios, bem como grandes recompensas na era por vir:

"Não desanimemos em fazer o bem, pois no devido tempo colheremos se não nos cansarmos. Então, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todas as pessoas e, especialmente, àqueles que são da família da fé" (Gálatas 6:9-10).

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