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Significado de Tiago 1:22-25
Tiago usa esses versículos para construir seu ponto de vista em torno de uma parábola, da mesma forma como Jesus comumente ensinava. A parábola contada pelo apóstolo é sobre de um homem que se olha no espelho, mas se comporta de maneira disfuncional. O foco de Tiago está em tirar seus leitores do mero ouvir para o fazer prático e gozar das bênçãos resultantes. A passagem é uma diretriz sobre como as coisas geralmente acontecem quando seguimos ou violamos a sabedoria.
A diretriz aqui é a de que seus leitores sejam cumpridores da palavra e não meros ouvintes. Nesta formulação, Tiago afirma que ouvir e praticar devem estar alinhados na vida do crente. Dito de outra forma, praticar é o resultado esperado para o ouvir. Deve ficar claro que, quando ouvimos uma verdade, a resposta correta é agir de acordo com essa verdade. Claramente, no entanto, Tiago observa um padrão diferente de comportamento (abordado por ele ao longo da carta, porém especialmente em Tiago 2:14-26). O apóstolo fala sobre os crentes que são expostos à verdade, mas se comportam como se nunca a tivessem ouvido. Tiago pode ter sido a inspiração por trás da observação de Winston Churchill de que "os homens tropeçam, por vezes, na verdade, mas a maior parte torna a levantar-se e continua depressa o seu caminho, como se nada tivesse acontecido".
A questão não é a surdez, mas sim o delírio e o engano. Quando alguém sabe que há uma verdade e uma ação a serem tomadas, porém segue em frente sem agir, esta pessoa abraça a uma falsa narrativa interna. Ao fazê-lo, ela se torna apenas ouvinte. Paulo faz uso da mesma mensagem ao advertir os crentes em Colossos:
"Eu digo isso para que não deixeis que ninguém os engane com explicações falsas" (Colossenses 2:4).
Claramente, podemos ser como aqueles que ouvem apenas quando abraçamos argumentos que nos levam a um entendimento distorcido da verdade. Este tipo de ilusão vem de fora de nós (inicialmente) através de pessoas que nos enganam com palavras inteligentes. No entanto, como escolhemos ouvir o que é falso, nos transformamos naqueles que ouvem apenas. Internalizamos a falsidade e escolhemos uma perspectiva desalinhada com a verdade.
Tiago coloca tanto o enganador quanto o enganado na mesma pessoa, o crente. Ele poderia estar falando sobre as pessoas em geral, mas o contexto daqueles que haviam recebido o plantio da palavra nos diz que esta exortação tinha como alvo seu público de irmãos amados. Esses indivíduos não eram simplesmente iludidos, eles eram auto-iludidos. Eles se iludiam confiando em si mesmos e adotando perspectivas carnais, não divinas. Eles não haviam sido libertos da "maldade" do seu velho homem, ou suas concupiscências (Tiago 1:14-15).
Tiago introduz algo sobre o qual discutirá em detalhes no capítulo 2: Ao agirmos em fé, nossa fé amadurece, enquanto a inação infiel nos separa dela. Nesta passagem, ele aborda o absurdo de ouvir a verdade e ignorá-la. O homem da parábola de Tiago olha-se no espelho e, quando se vai, se esquece imediatamente de que tipo de pessoa era.
A parábola fala sobre um homem que olha para seu rosto natural em um espelho, mas se afasta sem qualquer ação corretiva, como se sua aparência fosse exatamente perfeita. A reação normal de alguém que vê seu rosto natural é a de corrigir cabelos bagunçados, bochechas sujas, etc. Esta pessoa, no entanto, sai dali como se não tivesse visto nada. Imagine ter comida nos dentes, vê-la no espelho e depois ir embora e esquecer-se disso, como se estivesse tudo bem.
A questão é que a inação do crente que tem a palavra da verdade em sua vida e que conhece algo que precisa ser corrigido é que ele se engana ao ignorar o que viu. Ele se ilude e diz a si mesmo: "Está tudo bem". Isso o leva a agir de acordo com a ilusão de estar bem, ao invés de viver a verdade que enxergou ("Preciso remover o espinafre dos dentes").
Tiago desejava ver ações baseadas na verdade. Ele desejava que os crentes se mostrassem cumpridores da palavra e não apenas ouvintes. Tiago desejava que os crentes ouvissem, ingerissem e praticassem a palavra. O fato de Tiago exortar os crentes dessa maneira, é claro, significava que os crentes podiam se afastar da palavra, algo que parecia estar acontecendo. Felizmente, a graça de Deus não é condicional. Assim, quando os crentes andam em desobediência à Sua palavra, isso não resulta em sua rejeição como filhos de Deus (Romanos 8:17a; 8:38-39; 5:20-21). No entanto, andar em desobediência produz graves consequências adversas para as recompensas da vida. A experiência adversa é simbolizada por várias formas de morte/separação do que é bom (Tiago 1:14-15). Isso nos leva à perda das bênçãos.
O fato de Tiago desejar que os crentes se provassem cumpridores da palavra deixa claro o envolvimento de escolhas. O processo reflete as escolhas iniciadas por cada pessoa. Quando os crentes nascem de novo, Deus lhes dá uma nova natureza (2 Coríntios 5:17). No entanto, eles ainda possuem sua velha natureza (Romanos 7). Portanto, para se tornarem cumpridores da palavra, eles precisam decidir agir, provando sua fé através de escolhas, um passo de cada vez. Esta ação constante de obediência à palavra é o que leva os crentes a viver um estilo de vida de retidão (Romanos 1:16-17).
Tiago elabora sobre o antídoto para o autoengano, descrevendo a importância de se prestar atenção à lei perfeita, a lei da liberdade e cumpri-la. O que Tiago anteriormente chamou de "palavra da verdade" (Tiago 1:18) e "palavra plantada" (Tiago 1:21) ele chama aqui de lei da liberdade. Em outras palavras, a verdade é a fonte da libertação do "pecado que gera a morte" (Tiago 1:15). O cumprimento da lei da liberdade equivale a ser fiel e praticar a verdade ouvida, isto é, viver a palavra através de uma caminhada de fé.
Isso é compatível com a afirmação do apóstolo Paulo de que o andar por fé resulta no cumprimento da lei:
"...para que a exigência da lei se cumpra em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito" (Romanos 8:4).
Paulo, então, faz a mesma afirmação de Tiago a respeito da vida e da morte como a consequência ou recompensa de nossas escolhas, perspectivas e tomadas de decisão:
"Porque a mente posta na carne é morte, mas a mente posta no Espírito é vida e paz" (Romanos 8:6).
A lei da liberdade, portanto, é a palavra de Deus, que nos liberta de colocarmos nossa mente na carne, algo que nos levará à morte como consequência natural (Tiago 1:15-15; Romanos 1:24,, 2628). A lei da liberdade proporciona a libertação de nossa inclinação interna para a autodestruição quando é acompanhada de três passos:
Os que seguem a essa progressão do ouvir para o praticar da palavra serão abençoados no que fazem.
O resultado de vivermos a palavra da verdade como praticantes, não apenas ouvintes, é que, ao contrário do homem que se olha no esquece e se esquece do que viu, será abençoado no que faz. A bênção está diretamente ligada ao praticante da palavra. A bênção aqui certamente remete à idéia da "coroa da vida" como resultado da bênção aos que "perseveram sob provação" (Tiago 1:12). No entanto, Tiago provavelmente esteja querendo indicar uma categoria mais ampla de bênção. O resto da carta mostra muitas maneiras específicas pelas quais a prática da palavra abençoa ao indivíduo, protegendo-o do mal e produzindo o bem.
Aqui, novamente, Tiago nos fala proverbialmente, lembrando a seus leitores de que o caminho da sabedoria é um caminho de bênçãos pessoais. O princípio da obediência que traz bênçãos é ilustrado na exortação de Paulo aos filhos:
"Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. Honrai a vosso pai e a vossa mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que tudo lhes vá bem e para que vivais muito tempo na terra" (Efésios 6:1-3).
Neste trecho de Efésios, Paulo tem em mente uma bênção muito ampla e, portanto, o apóstolo aponta para uma vida longa como resultado da obediência aos pais. Uma das muitas bênçãos é uma vida longa. Tiago também termina sua carta com uma bênção semelhante: "...aquele que desviar um pecador do erro salvará a sua alma da morte e cobrirá multidão de pecados" (Tiago 5:20). A bênção para aquele que vive a palavra cobre toda a extensão da vida na terra (Tiago 5:20) até a recompensa gloriosa na eternidade (Tiago 1:12).