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Significado de Tiago 1:9-11

A humildade, ou a capacidade de ver a realidade como ela é, é a mentalidade adequada do crente, seja rico ou pobre.

Tiago, agora, demonstra que sua admoestação para que os crentes se alegrem nas circunstâncias difíceis se aplica a qualquer tipo de situação. Cada estação da vida traz seus próprios desafios. A humildade é uma característica da sabedoria. Tiago culmina sua carta com a seguinte exortação: "Humilhai-vos na presença do Senhor, e Ele vos exaltará" (Tiago 4:10).

A noção bíblica de humildade é a disposição de se enxergar a realidade como ela é. Moisés é tido como o homem mais humilde ou manso de toda a terra (Números 12:3). Moisés era um líder poderoso, com grande comando. Mas, ele entendia e cumpria seu papel, servindo à missão dada a ele por Deus. Moisés via-se a si mesmo e a Deus como ambos eram. Jesus também era manso e humilde. Tiago, a seguir, cobre um vasto espectro de circunstâncias e a atitude correspondente que os crentes deveriam ter em cada uma delas.

Primeiro, o apóstolo fala sobre os irmãos de condições humildes. No contexto do Novo Testamento, os pobres eram humilhados e rebaixado em relação à sua situação financeira. A pobreza de qualquer tipo era, em si mesma, uma provação. Muitos provações são de natureza circunstancial. Neste caso, os irmãos de condições humildes deveriam gloriar-se em sua exaltação. Tiago registra um exemplo categórico sobre como se alegrar na difícil circunstância da pobreza (Tiago 1:2).

Os irmãos pobres deveriam fazer uma escolha de perspectiva. Esta escolha seria a de determinar que as condições humildes eram, na realidade, uma posição elevada na economia de Deus. Os irmãos de condições humildes deveriam se alegrar pelas oportunidades de confiar em Deus, á que tinham nada mais em que confiar no nível terreno. Assim, mesmo que as condições humildes sejam consideradas ruins segundo os padrões do mundo, através dos olhos espirituais os crentes podem enxergar a grande oportunidade de amadurecerem na fé e ascenderem a uma posição de exaltação.

A expressão “condições humildes” traduz uma única palavra grega, cuja raiz é "tapinoo". Uma forma dessa mesma raiz grega também é encontrada em Filipenses 2:8:

"Sendo encontrado na aparência de homem, Ele se humilhou ("tapinoo") tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz" (Filipenses 2:80).

As condições humildes limitam nossas escolhas. Por exemplo, se não temos dinheiro, nosso poder de agir é limitado. Jesus "humilhou-se", colocando-se sob a autoridade de Seu Pai e seguindo à vontade de Seu Pai, até a morte na cruz. É razoável concluir que estar em condições humildes nos treina a nos humilhar diante de Deus, como Jesus se humilhou. Deus tem um padrão de levar Seus escolhidos ao deserto, um lugar de condições humildes, como parte de um tempo de preparação. Abraão, Moisés e Jesus fazem parte deste time. Devemos considerar esses momentos como uma posição exaltada porque neles temos a oportunidade de aprender a habilidade vital e impactante da humildade/mansidão. Jesus diz que os mansos herdarão a terra (Mateus 5:5).

Em seguida, Tiago fala sobre o outro extremo do espectro circunstancial: o rico. O mundo confirma que os ricos venceram na vida. Eles não precisam de mais nada. Porém, o rico também deve escolher ter uma perspectiva enraizada na realidade. O rico deve gloriar-se em sua humilhação, porque ele passará como a flor da erava. A perspectiva do rico deve ser a de escolher ser humilhado, ou rebaixado, reconhecendo o futuro final de sua situação: ele deixará tudo para trás. Esta palavra “humilhação” também é derivada da raiz grega "tapinoo". Ao escolher essa visão realista, até mesmo o rico pode evitar confiar nos bens materiais que desaparecerão e, em vez disso, buscar tesouros duradouros (Apocalipse 3:17-18).

A humildade, em sua essência, significa tomar a visão de Deus sobre um assunto. Ou, dito de outra forma, a humildade significa ver a realidade como ela realmente é. Esta decisão está arraigada na escolha de uma perspectiva verdadeira. Este é o aspecto central da sabedoria e isso vem de Deus através do exercício da fé. Não importa a circunstância, o crente deve enxergar além dela e tomá-la como uma oportunidade de amadurecer na fé. Isto é verdade nas dificuldades, nos vales da vida, bem como no sucesso material, nas montanhas da vida. O princípio, por aplicação, também é verdadeiro para todos os pontos intermediários, ou as planícies da vida. Embora não possamos levar riqueza alguma conosco ao morrermos, os benefícios da fé madura perdurarão para sempre.

Tiago está se dirigindo a pessoas que pertenciam a uma mesma igreja (Tiago 5:14), oferecendo-lhes uma perspectiva de humildade tanto para os pobres quanto para os ricos. A resposta centrada em Cristo dos pobres às circunstâncias adversas era olhar para além do mundo físico e gloriar-se em sua posição exaltada. A posição exaltada aqui provavelmente incluía tanto sua posição em Cristo (ver Efésios 1:3-8; Hebreus 10:14) como sua futura posição no julgamento final, quando Deus irá recompensar aos fiéis (Tiago 1:5, 12). Tiago pode ter em mente as seguintes palavras de Jesus: "Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra" (Mateus 5:5).

No entanto, os ricos também têm provações na vida. A posse de grandes bens terrenos nos tenta a confiar neles e não em Deus. Uma perspectiva verdadeira é a de que todos os bens terrenos são fugazes. Ter sabedoria significa desfrutar de tais circunstâncias, sem nos apegar ou depositar nossa confiança nelas (1 Timóteo 6:17). Levaremos todos os nossos atos e obras de fé conosco (1 Coríntios 3:11-17). Porém, não podemos levar a nenhum de nossos bens materiais terrenos conosco depois da morte. É evidente que a pobreza, sob qualquer aspecto, é uma grande provação. Tiago, agora, dá mais atenção às provações dos ricos e diz que o teste da prosperidade talvez seja uma prova ainda maior. É mais difícil andar em fé quando não temos nenhuma necessidade imposta a nós pelas circunstâncias.

Se, por um lado, os pobres devem se animar no Senhor e escolher ver suas circunstâncias como um privilégio e uma extensão das bênçãos de Deus, os ricos, por outro lado, são chamados a adotar uma postura de humildade, aceitando a limitação de suas riquezas. Assim como acontece com os pobres, tal atitude também requer a adoção de uma perspectiva eterna. Em ambos os casos, o resultado é viver na realidade, com vistas à eternidade.

Tiago pinta um quadro da prosperidade dos crentes ricos como uma flor da erva que passará. A flor possui uma glória momentânea; em pouco tempo sua glória desaparece. Ricos e pobres deveriam saber que sua flor irá desaparecer e sua beleza será destruída. Esta glória fugaz leva Tiago a afirmar que, da mesma forma, a beleza do seu aspecto desaparecerá. As conquistas e louvores desta vida acabam e desaparecem da memória e da existência.

A conclusão para os ricos, portanto, é ser humildes quanto às suas riquezas. Os pobres deveriam escolher a perspectiva de que as circunstâncias difíceis eram de grande benefício para a maturidade de sua fé. Os ricos deveriam escolher a perspectiva de que suas circunstâncias materiais poderiam se tornar um obstáculo para o amadurecimento de sua fé. Assim, eles deveriam se gloriar nas coisas permanentes, não na prosperidade terrena e passageira.

As verdades apresentadas aqui deveriam ser conhecidas pelos leitores judeus de Tiago por causa de passagens da literatura do Antigo Testamento como estas:

"Não te fatigues para seres rico; dá de mão à tua sabedoria. Queres pôr os teus olhos naquilo que não é? Pois, sem dúvida, as riquezas fazem para si asas, como a águia que voa para o céu" (Provérbios 23:4-5).

"Como nu saiu do ventre de sua mãe, assim nu há de voltar como veio e do seu trabalho não receberá coisa alguma que possa levar na mão" (Eclesiastes 5:15).

Tiago exorta os crentes a buscar uma perspectiva sábia quando se tratasse de suas circunstâncias materiais: Mantenham-se humildes, gloriem-se em saber que, se forem pobres, seu futuro será melhor. Mantenham-se humildes, gloriem-se em saber que, se forem ricos, seu futuro não incluirá suas riquezas materiais.

Por fim, vale ressaltar que a solução de Tiago está focada em uma mentalidade de humildade, ao invés de estar centrada no desafio de se “tornar rico" ou "se livrar das riquezas". A mentalidade de humildade se sobrepõe a qualquer circunstância material.

Até agora, Tiago abordou como administrar duas das três coisas às quais controlamos como seres humanos. Todos os seres humanos podem controlar em quem ou no que confiam; que perspectiva ou atitude adotar; e que ações tomar. Como primeiro passo, Tiago deseja que tenhamos uma perspectiva correta e confiemos que os caminhos de Deus são para o nosso bem. Tendo estabelecido esse alicerce, Tiago logo nos levará a colocar nossa fé em ação. O apóstolo parece contrastar os ricos e os pobres nos versículos 1:9-11 como introdução à preocupações mais profundas sobre o favoritismo na igreja (Tiago 2:1-9) e os maus-tratos dos pobres pelos ricos (Tiago 5:1-6).

Como seres humanos, sempre agimos de forma consistente com nossas perspectivas de vida. A escolha por uma perspectiva verdadeira requer sabedoria. A sabedoria está arraigada na fé. A fé efetiva está enraizada no verdadeiro caráter de Deus. Quando escolhemos crer que Deus realmente tem nosso melhor interesse no coração, independentemente de nossas circunstâncias, e confiamos Nele e em Seus caminhos, independentemente do que o mundo nos diz, temos uma base sólida para obter as maiores realizações na vida (Tiago 1:12). Isso nos dá a base para escolhermos perspectivas que nos levem a nos alegrar em quaisquer circunstâncias. Isso nos dá uma base para enxergar todas as circunstâncias como provações e como oportunidades para amadurecermos nossa fé, o que nos leva às maiores realizações possíveis.

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