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Significado de Joel 2:15-17

Joel exorta a toda a comunidade de Judá a se reunir para um jejum sagrado, na esperança de que o Deus Susserano os perdoasse e restaurasse.

Tendo encorajado o povo de Judá a retornar ao SENHOR, seu Deus, baseado em Seu amor e compaixão inabaláveis (vv. 13-14), Joel convoca uma assembléia solene. Ele emite uma ordem para se tocar a trombeta em Sião, a fim de chamar o povo à adoração e ao arrependimento.

O termo traduzido como “trombeta” é "shofar" na língua hebraica. Refere-se a um instrumento de sopro feito de o chifre de carneiro. No antigo Israel, as trombetas serviam a vários propósitos. Por exemplo, os vigias tocavam a trombeta para sinalizar um perigo iminente, como quando uma nação inimiga se aproximava de Israel (Números 10:9). Os sacerdotes também tocavam a trombeta para os holocaustos e ofertas de paz, bem como para celebrar a festa da Lua Nova (Números 10:10). Nesta passagem, o soar da trombeta servia para chamar o povo de Judá para uma assembléia solene.

O local específico onde o som da trombeta seria ouvido era em Sião. O Monte Sião ficava na parte sudeste da cidade de Jerusalém. Era a alta colina sobre a qual o rei Davi havia construído uma cidadela (2 Samuel 5:7). Era o símbolo da nação de Israel e de sua capital. O alerta deveria ser ouvido em toda a terra, para todo o povo, incluindo seus líderes.

Joel instrui os líderes religiosos de Judá a consagrar um jejum. O verbo traduzido como “consagrar” é "ḳādhēsh" em hebraico. Significa "ser separado" ou "ser santo". Consagrar algo é separá-lo para um propósito especial. Em Êxodo, por exemplo, o SENHOR ordena a Moisés, dizendo: "Falareis a todas as pessoas hábeis que eu dotei do espírito de sabedoria, para que façam as vestes de Arão para consagrá-lo, para que ele me sirva como sacerdote" (Êxodo 28:3). Assim, Arão foi consagrado (separado) para um propósito especial como sumo sacerdote e recebeu roupas especiais para a função. Aqui, nesta passagem de Joel, o povo de Judá deveria consagrar um jejum. Eles deveriam separar tempo e recursos para um jejum.

O jejum significava a abstenção deliberada e temporária de alimentos para fins religiosos. Era um meio de se abrir a Deus, expressar tristeza pelos pecados e redirecionar-se para Deus. O jejum implicava fazer petições a Deus e procurar conhecer Sua vontade. Este processo levava à purificação (Salmo 69:10). O povo de Judá deveria consagrar um jejum para expressar sua tristeza e pedir perdão a Deus.

Além de consagrarem um jejum, os líderes religiosos deveriam proclamar uma assembléia solene. As assembléias solenes eram ocasiões de culto corporativo. Durante tais reuniões, o povo se abstinha de trabalhar e se reunia para as festas definidas, como o sétimo dia da Festa dos Pães Ázimos (Deuteronômio 16:8) ou o oitavo dia da Festa das Tendas (Levítico 23:36; Números 29:352 Crônicas 7:9; Neemias 8:18). Em nossa passagem, a assembléia solene foi convocada de emergencialmente (Joel 1:14). Joel chama o povo de Judá para um jejum sagrado, buscando clamar a Deus com um coração genuíno e implorar Seu favor.

Os líderes religiosos de Judá deveriam reunir o povo e santificar a congregação. O verbo traduzido aqui como “santificar” é o mesmo verbo hebraico "ḳādhēsh" traduzido anteriormente como “consagrar”. Ambos os termos têm a ver com a definição de algo. Joel pede à congregação de Judá que faça preparativos completos para o jejum. Isso significava que eles deveriam abster-se de trabalho, alimentação e relações sexuais. Eles deveriam ser devotados somente a Deus durante o tempo da reunião.

A assembléia solene era para todos os habitantes de Judá. Ninguém ficaria isento da convocação. Joel especifica as várias faixas etárias dentro do país, visando garantir que ninguém ficasse de fora do jejum nacional. Ele convoca os líderes para reunir os anciãos, que se referia aos de idade avançada e/ou aos líderes da nação de Judá, bem como às crianças e aos bebês que ainda mamavam. A presença de idosos e bebês indicava que o chamado de Joel era abrangente e urgente. Implicava que todas as pessoas da comunidade de Judá, independentemente da idade, deveriam participar da assembléia solene.

Da mesma forma, Joel pede ao noivo que saia de seu quarto e a noiva de sua câmara nupcial para participar da convocação nacional. Normalmente, não se esperava que um casal recém-casado participasse das cerimônias. O livro de Deuteronômio determina que o novo marido seja isento do dever militar ou de quaisquer responsabilidades públicas. Ele deveria "ser livre em casa um ano" para "dar felicidade à sua esposa que havia tomado" (Deuteronômio 24:5). No entanto, Joel instrui os recém-casados a deixar seus quartos e se juntar à assembléia solene, porque havia uma emergência nacional, uma necessidade urgente de arrependimento para se evitar a calamidade. A nação de Judá estava sob o julgamento de Deus e, portanto, era importante que cada membro da comunidade judaica clamasse a Deus por perdão e misericórdia.

Joel, a seguir, instruiu os sacerdotes a como conduzir a assembléia solene. Ele diz: Sacerdotes, ministros do Senhor, chorem entre a varanda e o altar. Os sacerdotes eram aqueles que realizavam serviços religiosos nos antigos Israel e Judá. Eles eram da linhagem de Arão, conforme indicado por Deus (Êxodo 28:41). Eles eram ministros  do SENHOR porque eram responsáveis por oferecer sacrifícios e fazer petições ao SENHOR em nome do povo (Levítico 6:7).

A área entre o alpendre e o altar provavelmente se referia ao alpendre da entrada do templo e ao altar em frente ao templo, onde os sacrifícios eram oferecidos. Esta área era um local de acesso limitado. Somente os sacerdotes podiam entrar além do altar em direção ao templo. Este era o lugar onde os sacerdotes geralmente ficavam para interceder pelo povo através de sacrifícios e orações. Joel os chama para chorar entre a varanda e o altar, que era a área de entrada do templo (Ezequiel 8:16). Os sacerdotes conduziriam, assim, a congregação de Judá em arrependimento (1 Reis 6:3).

Tendo instado os sacerdotes a chorar e implorar o favor de Deus, Joel fornece um modelo de oração a eles. A oração começa com um apelo e termina com uma pergunta. Segundo o profeta, os sacerdotes deviam dizer a Deus: Poupa o teu povo, ó Senhor.

Poupar alguém é olhar com compaixão para ele, permitindo-lhe escapar do perigo. Joel já havia dito ao povo de Judá que Deus era "gracioso, compassivo, lento para se irar e abundante em bondade amorosa” (v. 13). Agora, ele aconselha os sacerdotes a pedir a Deus que poupasse o povo de Judá, isentando-o de ter que passar pelo julgamento que merecia.

Não apenas os sacerdotes devia pedir a Deus que poupasse o povo de Judá, mas também deveriam dizer: Não faças da Tua herança uma reprovação, uma palavra entre as nações.Como Israel, Judá havia sido designado como povo de Deus, já que era uma parte de Israel, consistindo das tribos de Judá e Benjamim. De todas as nações, o Deus Susserano havia escolhido a Israel (incluindo Judá) como Sua posse preciosa, Sua herança exclusiva (Deuteronômio 32:9). Israel (que incluía Judá) era uma nação sacerdotal que mostrava às nações vizinhas que viver em relacionamento amoroso e servir uns aos outros era uma maneira superior de vida. Na cultura das nações pagãs vizinhas os fortes exploravam aos fracos. Na economia da aliança de Deus, os fortes deviam proteger aos fracos e assegurar justiça para todos. Os israelitas tinham o privilégio especial de estar em relacionamento de aliança com o Deus Susserano (Governante), pois receberam a lei de Deus, o que deveria criar comunidades vibrantes e economias robustas. Como vassalos, eles eram obrigados a obedecer ao seu Deus Susserano. O resultado seria o seu próprio bem. No entanto, para obterem os benefícios, eles deviam se autogovernar, deixando de lado seus desejos egoístas e servir uns aos outros.

Infelizmente, Israel e Judá falharam em obedecer ao seu Deus Susserano. É por isso que o profeta Joel exorta a nação de Judá a se reunir para uma assembléia solene, buscando o perdão de Deus e pedindo que Ele os poupasse do julgamento. Caso contrário, eles se tornariam uma zombaria entre as nações, uma piada, ou um provérbio (Deuteronômio 28:37; Salmos 74:10; 79:9-10). As nações vizinhas ridicularizariam Judá caso caíssem sob o julgamento de Deus. Eles zombariam do povo de Deus, levando-os a sofrer vergonha e humilhação. Joel instrui os sacerdotes a orar para que Deus protegesse a Seu próprio nome, poupando Sua herança, o povo e a nação de Israel (incluindo Judá).

O profeta conclui a oração modelo com uma pergunta: Por que entre os povos se diria: 'Onde está o seu Deus?Joel instrui os sacerdotes a pedir perdão a Deus para que as nações pagãs não ridicularizassem o povo de Deus, bem como a seu Deus. Isso é semelhante à oração intercessora de Moisés após o incidente do bezerro de ouro. Deus diz a Moisés que planejava eliminar a nação e recomeçar com a família de Moisés para cumprir Sua promessa a Abraão. Moisés ora a Deus e indica que isso desonraria o nome de Deus entre as nações, na medida em que eles concluiriam que Deus não era suficiente capaz de redimir Seu povo (Êxodo 32:10-14). Essa pergunta fez com que Deus poupasse a Seu povo, por causa de Seu nome, como havia feito antes.

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