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Significado de Joel 3:1-3
Joel 3 (capítulo 4 da Bíblia hebraica) continua a descrever os eventos futuros para além da invasão babilônica imediata. Isso deixa claro que a devastação que Israel estava prestes a suportar não o eliminaria por inteiro. A nação santa acabaria prevalecendo.
Joel 3 descreve a batalha final na qual o Deus Sussserano reuniria as nações gentias para julgamento e restauraria a sorte de Judá e Jerusalém. O SENHOR começa com o tema da restauração e o apresenta com a frase “Eis aí”. A partícula “eis” é frequentemente usada para se descrever um evento que está prestes a ocorrer. Serve para centrar a atenção na afirmação a seguir. O narrador usa o termo “eis” para se concentrar em um evento surpreendente para seus ouvintes.
O evento inesperado pode ser imediato, urgente. Por exemplo, o SENHOR diz ao profeta Ezequiel: "Filho do homem, eis que estou prestes a tirar de ti o desejo dos teus olhos com um golpe..." (Ezequiel 24:16). Neste caso, o evento surpreendente foi a morte da esposa de Ezequiel naquela mesma noite. Por outro lado, a partícula “eis” pode ser usada para descrever um evento distante, como no caso aqui em Joel. Em ambos os casos, ela remete o leitor a algo importante e dramático.
A partícula “eis” é seguida pela frase “naqueles dias e naquela época”. Esta fórmula conecta os acontecimentos ao tempo em que o SENHOR "derramaria" Seu "Espírito" sobre todos os habitantes de Judá (Joel 2:28-29). Este derramamento do Espírito de Deus ocorreria no fim dos tempos, não nos dias de Joel. A frase serve para intensificar a verdade sobre o que Deus faria. Dito de outra forma, no futuro, o SENHOR não apenas "derramaria" Seu "Espírito" sobre Judá, mas também restauraria a sorte de Judá e Jerusalém.
Restaurar a sorte significa literalmente "trazer uma virada", ou seja, restaurar o bem-estar. Implica uma reversão do infortúnio. Isso significa que Jerusalém e Judá ganhariam de volta o que haviam perdido durante as quatro invasões de gafanhotos que representavam as nações gentias (Joel 1:4). Deus restauraria a fertilidade dos campos de Judá e compensaria Seu povo por suas perdas (Joel 2:21-27).
A restauração do povo escolhido de Deus é mesclada com o julgamento das nações gentias. O SENHOR declara: Reunirei todas as nações e as levarei ao vale de Josafá. O nome “Josafá” significa "Javé julgará" e por isso se encaixa bem no contexto. O vale é chamado de "o vale da decisão", aludindo ao lugar do veredito final de Deus sobre as nações gentias (Joel 3:12-14).
Não parece haver um consenso sobre a que vale se refere Joel. A Bíblia não parece se referir a um vale chamado Josafá. Alguns o identificam com o Vale do Kidron, a leste de Jerusalém, apontando para a tradição cristã primitiva, notadamente trazida por Jerônimo. Outros preferem o vale de Hinom, ao sul de Jerusalém. Independentemente da localização precisa do vale, ele deve ser visto em termos de seu significado. Qualquer um deles se referiria a um vale perto próximo a Jerusalém, onde o SENHOR entraria em juízo com as nações gentias. Neste caso, o vale de Josafá é um jogo de palavras que descreve o que acontecerá ali; Josafá significa "Javé julgará".
A razão pela qual Deus julgará as nações gentias é para vingar Seu povo escolhido: Em nome do Meu povo e da Minha herança, Israel. Deus diz que restauraria a sorte de Judá e Jerusalém, falando ao público imediato abordado por Joel. É provável que, na época da profecia de Joel, o reino do norte de Israel não existisse mais, tendo sido derrotado e levado ao exílio pelos assírios. Como povo de Deus e descendentes de Jacó, Judá e Jerusalém também levam o nome de Israel. Deus diz que entraria em julgamento contra as nações em nome de Seu povo e Sua herança. Assim, isso provavelmente signifique que, no futuro, todo o Israel seria restaurado, não apenas Judá. A nação de Judá incluía duas tribos, as tribos de Judá e Benjamim. Sabemos por outras partes das Escrituras que todas as tribos de Israel serão reunidas de volta à terra no fim dos tempos (Amós 9:14-15; Apocalipse 7:1-8, Ezequiel 38:1-14).
O termo "povo" ["ʿām" em hebraico] fala do relacionamento de aliança de Deus com Judá. Ele os chamou de Meu povo, deixando claro a quem eles pertenciam. Esse relacionamento de aliança colocava Judá (e Israel) em uma posição de intimidade com Deus. É por isso que Deus se refere a Israel como Seus filhos (Deuteronômio 1:3), Seu escolhido (Deuteronômio 7:6) e Sua esposa (Ezequiel 16:32). Israel foi designado para servir em uma função sacerdotal entre as nações, levando-as ao conhecimento do Senhor e, por meio de seu testemunho, trazê-las a Deus. Por meio de Jesus, o filho de Davi, as nações podem ser enxertadas na oliveira, Israel, e receber as grandes bênçãos do relacionamento de aliança de Deus (Romanos 11:17, Efésios 2:11-13).
Tal privilégio não se baseia em nenhuma bondade ou mérito de sua parte. Em vez disso, baseia-se no amor e fidelidade do SENHOR (Deuteronômio 7:6-8; 9:4-6). Pelo fato de Deus permanecer fiel às Suas promessas, Ele nunca "falhará" ou "abandonará" a Seu povo. Deus é confiável.
Deus chama Israel de sua herança. O termo “herança” ["naḥălâ" em hebraico] refere-se à porção da terra transferida para um herdeiro após a morte do proprietário (Nm 27:1-11). O termo é usado para a herança de terras, não para herança de bens móveis, como tesouros ou rebanhos (Nm 36:2-9). Um herdeiro bíblico era identificado antes do momento da transferência real de propriedade. E uma vez que o herdeiro fosse identificado, o imóvel geralmente era identificado também. De acordo com o livro de Provérbios, a herança é o dom de um bom pai a seus filhos (Provérbios 13:22). Ao chamar Israel de Sua herança, Deus fornece uma imagem de Seu amor por Israel. Os proprietários não desprezam sua propriedade, mas cuidam, desfrutam e amam seus bens. Deus considera Israel como Sua herança. Eles são Seu parceiro de aliança e Ele é fiel a eles. Portanto, Ele julgará as nações que desprezarem e abusarem de Sua herança. Na verdade, Deus considera Israel como Seu primogênito, elevando a importância da herança de Israel (Êxodo 4:22).
O Deus Susserano deu a terra de Canaã ao Seu povo da aliança como herança (Deuteronômio 12:9). Deus concedeu a terra a Abraão como recompensa por sua obediência (Gênesis 15:18). O versículo 2 fala de Israel como herança de Deus (Deuteronômio 32:9; Jeremias 10:16). Isso mostra que o povo de Judá e Israel pertencia a Deus (Deuteronômio 32:9). Ele os "guardou" "como a pupila do seu olho" (Deuteronômio 32:11). Essa profecia diz que o SENHOR, um dia, julgará as nações gentias por seus maus tratos ao Seu povo escolhido.
O SENHOR, então, delineia alguns crimes específicos pelos quais as nações gentias seriam julgadas: Eles dispersaram Israel entre as nações e dividiram a Minha terra. O verbo “dispersar” ["pāzar" em hebraico] significa "espalhar". Fala de uma invasão militar. As nações gentias invadiram o povo de Deus e os enviaram ao exílio. Eles também dividiram a terra de Deus, apropriando-se dela como se lhes pertencesse. Essa profecia fala no futuro do pretérito, como se já tivesse ocorrido. Na época de Joel, o exílio babilônico ainda estava no futuro. Porém, haveria quatro nações que dispersariam a Israel, como os quatro tipos de gafanhotos (Joel 1:4), começando pela Babilônia. Sabemos que os judeus vivem dispersos pelo mundo há gerações e só começaram a retornar à sua terra natal em 1948.
Além disso, o SENHOR declara que as nações gentias lançaram sortes para o Meu povo. No mundo antigo, o lançamento de sorte era um tipo de adivinhação em que se acreditava que o resultado refletia a vontade divina. Na Bíblia, a prática era usada em uma variedade de circunstâncias, incluindo (1) a alocação da herança tribal na Terra Prometida (Números 26:55-56), (2) a ordem dos sacerdotes e seus deveres (1 Crônicas 24:5-19; Neemias 10:34) e (3) a determinação de um ofensor (Josué 7:14-18; Provérbios 18:18). Em nossa passagem, o lançamento da sorte pode ter sido feito para decidir quem ficaria com os cativos da Judéia (Obadias 1:11). A imagem é do povo de Deus sendo tratado como propriedade.
Não só as nações gentias haviam lançado sorte para o povo de Deus, mas também vendido a seus filhos como escravos. O texto conta que trocaram um menino por uma meretriz e venderam uma menina por vinho para que pudessem beber. Nos tempos antigos, o comércio de escravos era um dos aspectos mais lucrativos da guerra e da invasão de fronteiras. Os cativos eram vendidos a mercenários que os vendiam e os transportavam para longe de sua terra natal. As nações gentias não tinham respeito pelo povo de Deus porque trocavam seus filhos para pagar o preço por sua libertinagem. Esta ilustração indica que as nações gentias não atribuíam nenhum valor real aos cativos judeus. Uma bebida de vinho ou um encontro com uma meretriz era considerado de maior valor do que um menino ou uma menina. Por esta razão, o SENHOR trataria duramente com essas nações quando restaurasse Seu povo.