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Significado de Levítico 18:19-30

Deus continua a proibir as práticas que não abençoariam a Seu povo. Deus promove caminhos para levá-los à harmonia com Ele e uns com os outros.

Deus ordena ao povo: Não te chegarás a uma mulher para lhe descobrires a nudez, enquanto for impura em virtude da sua menstruação. Este comando proibia a intimidade sexual, incluindo as relações sexuais com qualquer mulher durante seu ciclo menstrual. Em vez de ser uma proibição moral, este mandamento falava da impureza ritual ao se aproximarem de Deus no tabernáculo ou templo.

Levítico 15 é uma combinação da purificação do homem que demonstre fluidos seminais e da mulher com descarga menstrual. O sêmen e o sangue são fluidos que dão vida e a sustentam. A bioquímica do século 21 ainda não compreendeu completamente como. Deus criou esses fluidos corporais para a propagação e sustentabilidade da vida. Levítico 15:24 diz: "Se um homem se deitar com ela e a sua impureza estiver sobre ele, será imundo sete dias; e toda a cama sobre que ele se deitar será imunda". Levítico 15:31 nos mostra o raciocínio de Deus por trás deste mandamento, dizendo: "Assim, separareis os filhos de Israel da sua imundícia, para que não morram na sua imundícia, quando contaminarem o meu tabernáculo que está no meio deles".

A Bíblia diz que há vida no sangue (Gênesis 9:4, Levítico 17:14). Pelo fato de a vida estar no sangue, ela é também a única coisa que Deus aceita como cobertura para os pecados (Levítico 17:11, Hebreus 9:22). As leis de separação relativas a uma mulher durante a menstruação podem ser vistas sob a perspectiva de uma sociedade que considera o sangue como tendo propriedades espirituais e físicas sagradas.

Deus, então, repete o sexto dos Dez Mandamentos: "Não adulterarás". Ele diz aqui em Levítico 18:19: Não te chegarás a uma mulher para lhe descobrires a nudez, enquanto for impura em virtude da sua menstruação. Aqui, o texto usa a relação sexual (literalmente "semear") em vez de descobrir a nudez. Levítico 18:18 mostra que os termos são sinônimos, já que "descobrir a nudez" é equiparado ao casamento com a irmã da esposa.

Deus poderia mudar os termos aqui como um prelúdio para as proibições das relações sexuais fora das relações familiares e até mesmo fora das relações humanas. Além da harmonia familiar, as comunidades em Israel deveriam buscar a harmonia com seus vizinhos. Honrar o casamento e a família eram maneiras fundamentais de conseguirem isso. Uma criança nascida a partir de um caso de adultério pode ser criada como filho do verdadeiro marido, o que pode levar a criança a se casar com um irmão ou outro parente proibido mais tarde na idade adulta, por desconhecer suas conexões familiares.

O rei Davi tentou fazer Urias se deitar com sua esposa para esconder o fato de que ela estava grávida dele (2 Samuel 11:8-13). Os Dez Mandamentos culminam com uma proibição da cobiça. O adultério pode ser considerado um subconjunto da inveja, ou seja, o homem demonstraria insatisfação com a própria esposa e buscaria intimidade com a esposa de outro homem.

Deus, agora, se dirige à santidade das crianças. As crianças deveriam ser honradas e protegidas, não exploradas. Deus ordena: Não darás nenhum de teus filhos para os fazeres passar pelo fogo a Moloque, nem profanarás o nome de teu Deus; eu sou Jeová. Os cananeus adoravam a Moloque e realizavam sacrifícios de crianças a esse falso deus. Sabemos pelos antigos escritos fenícios (cananeus) que um casal pagão que não pudesse ter filhos pediria a Moloque para ter um filho. Se a mulher realmente concebesse, em determinado momento ela seria obrigada a devolver a criança de volta a Moloque.

Encontramos duas maneiras pelas quais os cananeus devolviam a criança a Moloque. A primeira era fazer a criança passar pelo fogo (Deuteronômio 18:10, 2 Reis 23:10, Jeremias 32:35). O Talmud registra uma compreensão do primeiro século de como isso era feito: "Acenderam-se duas grandes piras uma oposta à outra e fizeram a criança passar a pé entre as duas piras" (Sinédrio 64b). Esta primeira forma preservava a vida da criança.

O segundo método era o sacrifício da criança. Uma grande estátua oca de bronze receberia fogo dentro dela e a criança seria colocada nas mãos estendidas do ídolo em chamas como sacrifício. Em Cartago, uma cidade no norte da África fundada por cananeus, chamados de fenícios, arqueólogos descobriram centenas desses centros de sacrifício ao lado de grandes cemitérios infantis.

Em Israel, o sacrifícios de crianças eram realizados perto de Jerusalém, no vale do filho de Hinom (Geena, no Novo Testamento, atualmente chamado de "Vale de Hinom") (2 Reis 23:10). No século 1, a tradição judaica adotou o termo Geenna (Vale de Hinom, também chamado de Tofete em Isaías 30:33) como uma alegoria ao julgamento de Deus. A palavra "toph" em hebraico significa “tambores” e há evidências de tambores sendo usados nessas cerimônias horríveis para abafar os gritos das crianças; é provavelmente daí que vem o nome Tofete. Infelizmente, descobrimos que os israelitas em certos momentos adotaram as práticas proibidas do sacrifício de crianças (Salmo 106:35-39).

Deus continua estabelecendo limites para as normas sexuais: Não te deitarás com o homem, como se fosse mulher; é uma abominação. A interpretação literal deste mandamento continuou no primeiro século com o ensino do apóstolo Paulo em Romanos 1:26-27:

"Por isso os entregou Deus a paixões vis; pois as suas mulheres mudaram o uso natural pelo que é contra a natureza. Do mesmo modo, também os homens, deixando o uso natural da mulher, inflamaram-se em sua concupiscência uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu desvario".

O texto é consistente com 1 Coríntios 6, que explica que o pecado sexual é um pecado contra o próprio corpo (1 Coríntios 6:18-20).

Em todos esses casos, Deus não aborda o tema do desejo. A implicação parece ser a de que Deus reconhece que os seres humanos possuem muitos impulsos sexuais; caso contrário, não haveria razão para as proibições. Isso significava que, a qualquer momento, um homem poderia ser sexualmente atraído por sua mãe, irmã, filha ou vizinho masculino ou feminino. Nessas proibições, Deus aborda somente as ações. Deus não diz: "É pecado terem pensamentos impuros". Sabemos que Satanás pode sugerir pensamentos impuros (Efésios 6:16; Mateus 16:23). A ênfase está em conhecermos e meditarmos sobre o que é verdadeiro e melhor para nós, escolhendo caminhar em Espírito. Deus se concentra nas ações, não nos sentimentos ou emoções. Isso pode ser feito caso sigamos ao conselho de Paulo em 2 Coríntios 10:5: "Derrubando raciocínios e toda altura que se levanta contra a ciência de Deus, e levando a cativeiro todo pensamento para a obediência a Cristo".

Em seguida, Deus proíbe a bestialidade: Não te deitarás com algum animal para te contaminares com ele; nem a mulher se porá diante dum animal, para se ajuntar com ele: confusão é. Esta ordem sugere que o sexo entre animais e humanos era parte das culturas antigas do Egito e Canaã. Presumivelmente, o ato de uma mulher se deitar com um animal era parte de algum tipo de exploração sexual da mulher, talvez para o entretenimento dos machos. Nada disso era permitido em Israel. Os homens deveriam se contentar em ter relações sexuais com sua esposa (ou esposas). Eles não deveriam explorar ou abusar de seus filhos ou das mulheres sob seus cuidados. Eles não deviam invejar seus vizinhos e destruir seus casamentos pelo adultério. Ao exercerem tal autocontrole, os homens trariam harmonia a Israel e preparariam o terreno para a bênção prometida, muito da qual seria um subproduto natural de sua obediência.

Deus desejava que Seu povo da aliança fosse santo, separado do resto do mundo dizendo: Não vos contamineis com nenhuma destas coisas, pois com todas elas são contaminadas as nações que eu hei de expulsar de diante de vós. As nações pagãs  haviam oficializado a exploração sexual e a tornado uma ocorrência comum naquelas terras, incorporando-a até mesmo ao culto de seus deuses pagãos. Sua iniquidade levou Deus a julgá-los e expulsá-los (Levítico 18:25; Deuteronômio 9:5). A Terra Prometida, anteriormente a terra de Canaã, era especial para Deus porque Ele a havia prometido como herança a Abraão (Gênesis 12:7). Foi devido à maldade dos cananeus que Deus os estava despojando da terra (Deuteronômio 9:5-6).

Naquele momento, os cananeus ocupavam a terra. E Deus disse: A terra está contaminada; portanto, visito nela as suas iniquidades, e ela vomita os seus habitantes. Na Bíblia, Israel conseguia expulsar os habitantes da terra da promessa após os povos de lá terem abraçado a malignidade. Deus dirá a Israel, antes de entrarem na terra, que se eles seguissem aos caminhos dos cananeus, eles também seriam expulsos da terra (Deuteronômio 28:63).

Este princípio parece aplicar-se apenas à Terra Prometida. Os egípcios nunca foram expulsos de suas terras, embora se comportassem como os cananeus. No entanto, qualquer grupo de pessoas que adote a imoralidade sexual verá sua sociedade se tornar uma sociedade exploradora e essa sociedade se tornará um lugar miserável para se viver; em última instância e inevitavelmente, ela desaparecerá.

Deus desejava que Seu povo do pacto tivesse uma vida abundante, alcançando suas recompensas, e os encoraja a guardar Seus estatutos e juízos. Andar nos estatutos e juízos de Deus é o caminho para obtermos os maiores benefícios disponíveis nesta vida. Deus conhece o caminho para as melhores bênçãos e o apresenta a nós para que possamos alcançá-las. Porém, esta é uma escolha binária. Não podemos obedecer a Deus ao mesmo tempo em que seguimos aos caminhos do mundo e suas concupiscências. Assim, Deus combina ordena que guardemos Seus estatutos e juízos e que não cometamos nenhuma dessas abominações. Obedecer a Deus é andar em Seus caminhos e evitar os caminhos pagãos.

Esta advertência aplicava-se a todos os habitantes de Israel. Ninguém estaria isento. Tais práticas pagãs abomináveis não seriam permitidas nem ao nativo, nem ao estrangeiro. Deus acrescenta uma nota: (porque todas estas abominações cometeram os homens da terra, que foram antes de vós, e a terra está contaminada). Isso parece ser enfatizado por meio da repetição, já que Deus afirma essa mesma coisa dois versículos antes, em Levítico 18:25, que a terra estava cheia de maldade. O ponto era: "Não façam o que vocês vêem ao seu redor".

A razão para tais proibições serema aplicadas a todos os habitantes era para que a terra não os vomitasse, como vomitou as nações antes deles (Ver Levítico 20:22-24 e Salmo 106:40-41). Os cananeus foram expulsos pelas mãos dos israelitas sob o comando de Josué. É claro que, se Israel seguisse aos caminhos pagãos, eles também seriam expulsos da terra.

O exílio foi a forma como a terra expulsou aos israelitas. No entanto, como a aliança de Deus com o povo judeu era irrevogável (Romanos 11:29), Ele sempre lhes fornecia um caminho para retornarem depois que o exílio servia a Seus propósitos. O profeta Jeremias declara que o exílio babilônico duraria 70 anos para que a terra pudesse desfrutar de seus sábados (2 Crônicas 36:21). Pelo fato de Deus ter estabelecido Israel como luz para as nações, Ele inclui o nativo e o estrangeiro entre vós, mostrando que isso se aplicava a israelitas e não-israelitas, ou seja, qualquer pessoa que residisse nos limites de Israel.

Deus afirma: Todo o que cometer alguma destas abominações, sim, aqueles que a cometerem, serão cortados dentre o seu povo. A tradição judaica interpreta o termo “cortado” (em hebraico, "kareth") como morte ou separação decretada ou ordenada por Deus, não por tribunais humanos. Essa tradição diz que o “corte” poderia acontecer de duas maneiras. A primeira maneira era nesta vida; o culpado experimentaria uma morte física precoce, ou morreria sem descendência. Como exemplo, Gênesis 9:11 usa o termo "kareth" para descrever aqueles que morreram diante do julgamento de Deus no dilúvio.

A próximo maneira era baseada em versículos como Gênesis 25:8, que diz que Abraão morreu e foi "reunido a seu povo”. Isso nos leva à segunda interpretação: a separação espiritual ou morte eterna após a morte, ou seja, separação do seu povo na próxima era. A implicação de Abraão ser "reunido a seu povo" inferia a presença de parentes na próxima vida; assim, a pessoa poderia ser separada de seu povo na próxima vida.

O termo hebraico "povo" na frase é a forma plural da palavra "nephesh", significando "alma", indicando que tanto homens quanto mulheres estavam sujeitos a serem cortados por esses pecados.

Deus conclui: Portanto, guardareis o meu mandamento, para que não caiais em alguns destes abomináveis costumes, que antes de vós foram seguidos, e para que vos não contamineis com eles: eu sou Jeová.

Este capítulo é um alerta da parte de Deus. O alerta tinha o objetivo de evitar que o povo copiasse o comportamento visto ao seu redor. Deus proíbe Israel de copiar os abomináveis costumes pagãos, incluindo o sacrifício de crianças. Se eles praticassem tais coisas, Israel se contaminaria.

Ao concluir esta admoestação para que o povo obedecesse a Seus mandamentos com a declaração “Eu sou Jeová”, ou literalmente "Eu sou Javé, o Todo-poderoso", Deus estava dizendo a Seu povo duas coisas:

  1. Eu sou Aquele que irá corrigi-los quando vocês se desviarem, como um pai castiga a seu filho (Hebreus 12:6). Se vocês continuarem a viver em pecado, Eu os entregarei à sua natureza pecaminosa (Romanos 1:24).
  1. Eu sou Aquele que os recompensará grandemente pela obediência às Minhas instruções nesta vida e no mundo vindouro (Hebreus 11:6).
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