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Significado de Lucas 15:3-7
A parábola trata de um pastor que deixa noventa e nove de suas ovelhas no aprisco e sai em busca daquela que estava perdida, demonstrando alegria ao encontrá-la. Jesus, então, diz a Seus adversários que há mais alegria no céu quando um pecador se arrepende do que noventa e nove pessoas justas que não precisam de arrependimento.
Os relatos paralelos do Evangelho para essa parábola e ensinamento são encontrados em Mateus 18:11-14.
Em resposta às calúnias dos fariseus contra a proximidade de Jesus aos cobradores de impostos e pecadores (Lucas 15:1-2), o Mestre lhes conta três parábolas.
A primeira parábola que Ele lhes conta é a "Parábola da Ovelha Perdida."
Ele começa com uma pergunta retórica: Quem entre vós, se tem cem ovelhas e perde uma delas, não deixa as noventa e nove no aprisco e vai atrás daquela que está perdida até encontrá-la?
A resposta esperada para Sua pergunta retórica era: "Nenhuma". Não haveria alguém que não deixasse noventa e nove ovelhas em segurança para buscas uma que estivesse perdida. Todos eles procurariam pela única ovelha perdida.
O pastoreio era uma ocupação comum no mundo agrícola antigo. Este era, particularmente, o caso dos israelitas. Alguns dos maiores ancestrais dos judeus foram pastores: Abraão (Gênesis 13:2); Israel (também chamado Jacó) (Gênesis 48:15); Moisés (Êxodo 3:1); e o rei Davi (1 Samuel 16:11). Os pastores cuidavam das ovelhas, protegendo-as dos animais selvagens e movendo-as do aprisco para o pasto, onde houvesse alimento e água. Os pastores lucravam vendendo a lã das ovelhas, usada para se fazer roupas, cobertores e outros ítens.
Nesta breve parábola, lemos que o pastor possuía um rebanho de cem ovelhas. Ele levou seu rebanho para o aprisco, onde as ovelhas poderiam estar seguras e com muita grama para comer e água para beber. Ao contar o seu rebanho, ele nota que havia apenas noventa e nove. Uma de suas ovelhas estava desaparecida. Naturalmente, pelo fato de o rebanho estar seguro e provido, o pastor os deixa e vai atrás daquela ovelha perdido. Ele provavelmente refaz seu caminho enquanto procurava por sua ovelha perdida, até encontrá-la.
Jesus descreve o que o pastor faz ao encontrar a ovelha perdida: Ele a coloca sobre seus ombros, regozijando-se. Em outras palavras, ele a traz de volta e fica repleto de alegria por recuperá-la. O regozijo do pastor era uma resposta natural.
Jesus termina a breve parábola descrevendo o que o pastor faz ao voltar para casa:
E quando chega a casa, chama os seus amigos e os seus vizinhos, dizendo-lhes: 'Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha que estava perdida!'
O pastor faz uma festa para comemorar com os amigos e vizinhos. Ele os convida a celebrar e se alegrar com ele. Ele deseja compartilhar sua felicidade com eles. Sua felicidade era proveniente de ter encontrado sua ovelha perdida que havia sido recuperada.
Jesus, então, explica aos fariseus e escribas a lição de Sua parábola:
Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
Jesus, que havia vindo do céu, assegura-lhes que o regozijo do pastor era comparável à resposta dos céus quando um pecador se arrependia. Além de trazer uma lição imediata a Seu público, vemos alguns detalhes fascinantes sobre o céu, incluindo:
Israel como Ovelhas e Jesus como Pastor
Dentro dos limites da parábola de Jesus, as ovelhas representam os membros da nação/família, Israel. As ovelhas eram os israelitas (judeus membros do povo escolhido de Deus) e/ou possivelmente os judeus fiéis que esperavam pela promessa do Messias de Deus. O homem que sai para procurar a ovelha é pastor. Jesus não afirma explicitamente ser Ele o pastor nesta versão da parábola. Porém, isso é facilmente inferido a partir do contexto em que a parábola é contada. Jesus estava literalmente andando pela Judéia e Galiléia convidando os pecadores ao arrependimento, assim como o pastor havia saído em busca de sua ovelha perdida.
Além disso, na versão de Mateus, Jesus afirma explicitamente ser o Pastor ao se identificar como o Filho do Homem:
"Porque o Filho do Homem veio salvar o que estava perdido" (Mateus 18:11).
No Evangelho de João, Jesus também diz: "Eu sou o Bom Pastor" (João 10:11) ao descrever a Si mesmo, Sua missão e as ovelhas como membros de Sua família eterna (João 10:1-30).
Há também as passagens do Salmo 23 e Ezequiel 34. Estas são escrituras judaicas que descrevem ao Senhor e ao Messias como Pastor. Jesus alude a ambos os textos nesta parábola. Essas alusões devem ter feito sentido para a mente dos fariseus e escribas — especialmente Ezequiel 34, onde Deus declara que buscaria Suas ovelhas como um pastor.
A metáfora profética relacionado ao pastor no livro de Ezequiel começa com uma repreensão aos líderes de Israel (Ezequiel 34:1-10). Os fariseus e escribas, especialistas nas escrituras, devem ter reconhecido instantaneamente que Jesus estava falando contra eles ao se identificar como o Messias de Deus enviado para encontrar e reunir as ovelhas perdidas de Israel.
Em seguida, ainda no livro de Ezequiel, o Senhor declara que buscaria pessoalmente às Suas ovelhas dispersas:
"Pois assim diz o Senhor Deus: Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei. Assim como um pastor cuida de seu rebanho no dia em que estiver entre suas ovelhas dispersas, assim cuidarei de minhas ovelhas e as libertarei de todos os lugares para os quais foram espalhadas em um dia nublado e sombrio" (Ezequiel 34:11-12)
O Senhor Deus continua a metáfora em Ezequiel:
"Eu os tirarei dos povos e os reunirei dos países e os trarei para sua própria terra; e eu os alimentarei nos montes de Israel, junto aos riachos e em todos os lugares habitados da terra. Eu os alimentarei em um bom pasto, e seu pasto será nas alturas das montanhas de Israel. Lá eles se deitarão em boas pastagens e se alimentarão em pastagens ricas nas montanhas de Israel. Alimentarei o meu rebanho e os levarei ao descanso', declara o Senhor Deus" (Ezequiel 34:13-15).
O Senhor resume a metáfora do pastor em Ezequiel descrevendo um julgamento:
"Buscarei os perdidos, trarei de volta os dispersos, amarrarei os quebrantados e fortalecerei os enfermos; mas o gordo e o forte eu destruirei. Vou alimentá-los com juízo" (Ezequiel 34:11-16).
Parece provável que Jesus, o Messias, estivesse se apoiando nessas imagens em Sua parábola. Se isso for verdade, Jesus estaria sutilmente reivindicando ser o Messias de Israel, pois Ele era o Senhor que, pessoalmente, procurava por Suas ovelhas perdidas, conforme profetizado por Ezequiel.
A Ovelha Perdida
As ovelhas como um todo representavam aos israelitas; portanto, a única ovelha perdida referia-se a um membro de Israel. A ovelha havia se perdido não porque não pertencesse ao rebanho ou não fizesse parte de Israel. Ela se perdeu porque estava separada do grupo à qual pertencia. A ovelha perdida havia sido separada e perdido a bênção de estar na presença do Pastor e do rebanho. Isso é semelhante a como os pecadores e cobradores de impostos haviam rompido seu relacionamento com Deus através de sua desobediência e estavam vivendo fora da comunhão da comunidade religiosa por causa de seu pecado. A ovelha perdida estava isolada em algum lugar ao longo da estrada, longe dos riachos e da grama verde, assim como o pecador perdido não desfrutava das bênçãos da vida em harmonia com Deus e Sua família.
A ovelha perdida simboliza aos pecadores que tiveram sua comunhão com Deus quebrada. O profeta Isaías descreve ao Israel pecador desta maneira:
"Todos nós, como ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho" (Isaías 53:6a).
O apóstolo Pedro usa esta mesma imagem para se referir aos judeus crentes que se voltavam a Jesus como seu Pastor (2 Pedro 2:25).
Encontrar a ovelha perdida representava a restauração daqueles indivíduos que haviam sido separados de volta à comunhão e à comunidade do rebanho ao qual sempre pertenceu. Esta restauração ocorria quando as pessoas se arrependiam. A palavra “arrependimento” é a palavra grega "metanoeo" ou "metanoia", descrevendo, literalmente, uma mudança de perspectiva ou de mente.
A parábola descreve um pecador que pertencia ao aprisco de Israel, mas que vivia em um estado de comunhão quebrada com Deus e seu rebanho por conta de sua desobediência. Ele havia caído das graças da comunidade. Porém, o Bom Pastor veio para buscá-los. Os ensinamentos de Jesus ressoavam nos corações daqueles pecadores excluídos. Seu Evangelho os convidava a se juntar a Ele. Ele os chamava a mudar de perspectiva e segui-Lo. Eles, então, se arrependem e são reunidos ao Pastor e restaurados ao rebanho, onde podem crescer em Seus pastos.
Quando um pecador se arrepende na terra, o céu se alegra. O céu parece celebrar mais do que o pastor com o retorno de uma ovelha perdida, porque um israelita ou crente restaurado é muito mais precioso para Deus do que uma ovelha é para o pastor.
No entanto, a comparação feita por Jesus aqui é entre um pecador que se arrepende e noventa e nove pessoas justas que não precisam de arrependimento. Jesus diz: Haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende.
Esta comparação pode significar três coisas:
Esta interpretação é a mais direta, mas pode se tornar problemática porque não se encaixa perfeitamente com a mensagem abrangente da Bíblia sobre como Deus recompensa a fidelidade.
Isso ocorre porque a Escritura eleva muito a qualidade da fidelidade, que sabemos ser importante para Deus (2 Timóteo 12-23; Hebreus 10:35-36; Tiago 1:2-4; 2 Pedro 5-8). A Palavra nos diz que aqueles que perseveram e vivem fielmente alcançarão tesouros e recompensas inimagináveis (1 Coríntios 2:9; 2 Coríntios 4:16-17).
Portanto, esta interpretação parece demonstrar que o céu se alegra pelo retorno de um pecador pelo fato de eles também poderem participar da celebração por vir. Os justos têm uma celebração pela frente, porém não agora. A ovelha perdida que retorna ao aprisco é a causa da celebração atual.
"Não há justos, nem mesmo um" (Romanos 3:10). Todos, incluindo os crentes mais fiéis, somos perpetuamente como a proverbial “ovelha perdida”, necessitando ser resgatados dos pecados (1 João 1:8-10). Se este for o caso, Jesus pode estar ensinando que o arrependimento consistente é uma prática necessária para a fidelidade. Ser justo requer o hábito do arrependimento. Cada atitude de arrependimento é motivo de regozijo no céu.
Se foi isso o que Jesus quis dizer, esta afirmação é biblicamente sólida (1 Samuel 15:22; 1 Pedro 5:5b). Porém, para que esta interpretação funcione, devemos ler o comentário de Cristo ao se referir à justiça própria e não à verdadeira justiça. O contexto permite esta terceira interpretação como possibilidade, porém não determina que esta seja a intenção do texto.
Essas três interpretações não são mutuamente exclusivas. É possível que haja uma combinação entre elas na parábola de Jesus.
Todas as representações de arrependimento desta parábola complementam o ensino do apóstolo João em 1 João 1 sobre a confissão, abordando estar na luz/ter comunhão e completar nossa alegria. Em 1 João 1:7-9, Jesus é o agente ativo que cobre o pecado e restaura a comunhão, como o pastor ao reunir o rebanho no aprisco.
"Se dissermos que não temos pecado, estamos nos enganando e a verdade não está em nós" (1 João 1:8).
"Mas se andarmos na Luz como Ele mesmo está na Luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 João 1:7).
"Mas se andarmos na Luz como Ele mesmo está na Luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 João 1:9).
Os fariseus e escribas também eram membros do rebanho de Israel. Eles também deveriam se alegrar toda vez que um pecador se arrependesse e fosse restaurado à harmonia com Deus. Porém, em vez de se alegrarem com o fato de que o arrependimento estava ocorrendo entre os cobradores de impostos e pecadores, eles reclamavam (Lucas 15:2).
Pelo fato de os fariseus e escribas dizerem que não tinham pecado, eles se enganavam a si mesmos e a verdade não estava neles (1 João 1:7). Eles chamavam a Jesus de mentiroso e, por isso, Sua Palavra não estava neles (1 João 1:10).
Porém, se eles confessassem seus pecados, Jesus seria fiel e justo para perdoá-los e purificá-los de toda injustiça (1 João 1:9), restaurando-os à luz, à comunhão e à alegria de estar com o Pastor e Seu rebanho.
Um último ponto relevante sobre esta parábola. Ela inicialmente dizia respeito às ovelhas perdidas de Israel, já que foi exposta dentro do contexto judaico da época em que o Messias apresentava Seu Reino ao povo judeu. Eles terminam rejeitando a oferta. Assim, Deus inaugura a era dos gentios.
Na era do Novo Testamento, podemos aplicar esta parábola para aqueles que passam a fazer parte do Reino do Messias, que atualmente não é deste mundo (João 8:36). Podemos aplicar a imagem da ovelha perdida como representação de qualquer crente que não esteja seguindo a Jesus por um motivo ou outro. Deus sempre irá buscá-los, tentando trazê-los de volta à comunhão com Ele. Quando um crente infiel, um membro da família de Deus, se arrepende de seus caminhos e é trazido de volta à harmonia com Cristo, o céu se alegra. Infere-se que isso diga respeito a alguém que já faça parte de Israel, o povo escolhido de Deus (Deuteronômio 7:7-8).
Jesus, então, passa a reiterar esses pontos aos fariseus em Sua segunda parábola: "A Parábola da Moeda Perdida" (Lucas 15:8-10).