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Significado de Lucas 1:1-4
Os exemplos paralelos do Evangelho para essa passagem estão em Mateus 1:1-17, Marcos 1:1 e João 1:1-18.
O Evangelho de Lucas começa com um prefácio do autor dirigido a um homem identificado por ele como “excelentíssimo Teófilo” (v. 3b).
Quem era Teófilo? Ele não é mencionado em nenhum outro lugar das Escrituras para além das introduções aos livros de Lucas e Atos (Atos 1:1). O nome Teófilo vem de duas palavras gregas: "Theos" (Deus) e "Philo" (amigo). Por isso, significa "amigo de Deus". Ninguém sabe se se tratava de uma pessoa específica, ouo talvez fosse um apelido ou pseudônimo de um oficial romano que também era crente. Ou possivelmente poderia ser um título geral para qualquer amigo de Deus que lesse os relatos de Lucas, qualquer crente em Jesus. Seria semelhante a dizer: "Caro leitor" ou "A Quem Interessar Possa"; porém, com um público-alvo mais específica.
O Evangelho de Lucas, assim como sua sequência - o Livro de Atos - foi escrito por Lucas.
Lucas era crente em Jesus e médico (Colossenses 4:14). Ele provavelmente era um gentio. Por um lado, o nome Lucas era greco-romano, ao contrário de Mateus, Marcos e João, que eram judeus. Além disso, Lucas também não é mencionado por Paulo em sua carta aos Colossenses entre aqueles que “são da circuncisão (isto é, judeus)" como parte dos enviavam saudações (Colossenses 4:10,, 1114), outra indicação de que Lucas era gentio.
Lucas fez parceria com Paulo e o acompanhou no final de sua terceira viagem missionária, juntando-se a ele em Troas (Atos 20:5). Lucas viajou com Paulo enquanto visitava a província romana da Ásia (atual Turquia) a caminho de Jerusalém, onde Paulo foi preso no templo (Atos 21:27 - 23:23). Lucas permaneceu com Paulo durante sua prisão de dois anos em Cesaréia, enquanto aguardava seu julgamento (Atos 23:24 - 26:32). Lucas viajou com Paulo para Roma e estava com ele quando o Livro de Atos chega ao fim (Atos 27:1 - 28:31) (Ver Mapa).
O Evangelho de Lucas conta as boas novas do ministério terreno de Jesus Cristo, o filho de Deus. Sua sequência, Atos, conta as boas novas e os atos do Espírito Santo durante as primeiras décadas da igreja cristã. Os dois livros se encaixam perfeitamente e, quando combinados, representam mais de 25% de todo o Novo Testamento.
Lucas afirma que a razão pela qual ele estava escrevendo seu relato era “para que conheças a verdade das coisas em que foste instruído” (v. 4).
Há três palavras gregas a serem observadas nesta declaração:
Juntando esses três pensamentos, fica claro que o propósito expresso de Lucas ao escrever seu Evangelho era o de dar a Teófilo certeza sobre as coisas que ele havia ouvido sobre a vida e os ensinamentos de Jesus através da forma da palavra escrita.
Lucas é único entre os Evangelhos, na medida em que a fonte primária para seu Evangelho não parece ter sido um dos doze discípulos de Jesus. Mateus e João estavam entre os doze. Pedro parece ter sido o principal patrocinador do Evangelho de Marcos.
De fato, Lucas abre sua carta reconhecendo os esforços evangélicos dos outros:
Tendo muitos empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, como no-los transmitiram os que foram deles testemunhas oculares desde o princípio e ministros da palavra (v.1,2).
Entre os muitos que se comprometeram a compilar um relato das coisas que Jesus realizou e que haviam sido retransmitidas provavelmente estavam os Evangelhos de Mateus e Marcos, bem como quaisquer outros relatos orais da época.
Os relatos de Mateus e Marcos foram respectivamente baseados em Mateus e Pedro, testemunhas oculares e servos da palavra desde o início do ministério terreno de Jesus. Acredita-se que um dos Evangelhos, ou ambos, já estavam em circulação antes do relato de Lucas ser escrito (a tradição afirma que o Evangelho de João foi compilado bem mais tarde, quando o último discípulo de Cristo foi exilado na ilha de Patmos).
Além disso, o Evangelho de Lucas parece refletir fortemente tanto o de Mateus quanto o de Marcos quando comparado ao de João, sugerindo que Lucas pegou muitga coisa emprestada de Mateus e Marcos (mas não de João, porque ainda não havia escrito seu Evangelho) durante as investigações para a narrativa evangélica de Lucas.
Lucas diz: “...pareceu-me bem, excelentíssimo Teófilo, dar-te por escrito uma narração em ordem” (v. 3).
Isso significa que, além de confiar nos relatos evangélicos já existentes (ou seja, Mateus e Marcos), Lucas conduziu sua própria pesquisa. Ele investigou tudo cuidadosamente desde o início.
Pode ser que a investigação tenha ocorrido quando Lucas ficou com Paulo durante a prisão de dois anos do apóstolo "nascido prematuramente" (1 Coríntios 15:8) em Cesaréia, na costa da província da Judéia, quando ele conseguiu pesquisar cuidadosamente e escrever seu próprio relato evangélico (Atos 23:23 - 26:1 - especialmente Atos 24:27).
Parece evidente que Lucas entrevistou Maria, a mãe de Jesus, como parte do seu trabalho investigativo. Por exemplo, ao discutir a concepção, o nascimento e a infância de Jesus, Lucas apresenta Maria e relata pensamentos e sentimentos muito íntimos do coração daquela mãe (Lucas 2:19).
Além disso, Lucas afirma ter escrito tudo desde o início, em ordem cronológica. A expressão “ordem” vem da palavra grega καθεξῆς (G2517 - pronuncia-se: "kath-ex-ace"). Significa literalmente "uma coisa após a outra" e descreve uma sucessão de coisas em ordem correta. Lucas é o único escritor evangélico a reivindicar isso para seu relato. Mateus, Marcos e João recontam os eventos da vida de Jesus em ordem cronológica, porém reorganizam a sequência para abordar temas específicos e associar idéias e eventos da vida de Jesus. Apenas Lucas afirma contar seu Evangelho em ordem cronológica consecutiva desde o início.
Todos os quatro Evangelhos começam com uma perspectiva única porque, embora todos contem a mesma história e a mesma mensagem central de Jesus, cada um deles oferece um retrato diferente pelo qual podemos ver e conhecer a pessoa de Jesus.
Mateus retrata Jesus como o Messias, como o segundo profeta Moisés (Deuteronômio 18:15-19) e como o rei-pastor, como Davi (2 Samuel 7:8-17; Ezequiel 34:23, 24).
Marcos retrata Jesus como um operador de milagres dinâmico e divino que servia às pessoas e sofria em seu favor. Em Marcos, vemos Jesus como o Servo e Salvador do mundo.
João enfatiza a divindade de Jesus como a Palavra viva de Deus feita carne (João 1:1, 14).
Lucas enfatiza a humanidade de Jesus como Filho do Homem. Ele detalha as circunstâncias da concepção e nascimento de Jesus (Lucas 1:30-35; 2:1-7). Jesus é a imagem de como Deus na forma humana (Colossenses 2:9).
A igreja tradicionalmente associava diferentes animais para simbolizar essas diferentes perspectivas. O Evangelho de Mateus era simbolizado por um leão, porque Jesus era o Rei, o Filho de Davi, o Leão da tribo de Judá. O Evangelho de Marcos era simbolizado por um boi, porque Jesus era um servo forte. O Evangelho de Lucas era simbolizado por um homem, porque Jesus se tornou ser humano. E o Evangelho de João era simbolizado por uma águia, porque a divindade de Jesus sobrepassava tudo. Observe que esses quatro símbolos (leão, boi, homem e águia) são as mesmas bestas registradas por João cercando o trono celestial de Deus em Apocalipse 4:6-8.
Os retratos dos quatro Evangelhos a respeito de Jesus são diferentes. Todos são verdadeiros.
Esses diferentes retratos de Jesus em cada Evangelho são adaptados para retratá-Lo com precisão ao público primário de cada Evangelho.
Mateus parece ter escrito principalmente para os judeus. Seu relato é repleto de muitas alusões e referências às Escrituras e à cultura judaica ao apresentar Jesus como o tão esperado Profeta e Rei Messiânico.
João escreveu a todos, inclusive aos não crentes. Ele escreveu "para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (João 20:31). Seu relato se concentra em milagres especiais e afirmações feitas por Jesus que demonstravam Sua divindade.
Marcos (proveniente por causa de Pedro) parece ter escrito principalmente para os gentios romanos. Os romanos estavam mais preocupados com o desempenho, o dever e os resultados do que com a filosofia. Consequentemente, seu relato é repleto de ação orientado para resultados. Em um esforço para atrair seu público, o Evangelho de Marcos destaca os feitos e realizações de Jesus com explicações mínimas e, muitas vezes, sem ensinamentos prolongados.
Lucas parece ter escrito principalmente para gentios gregos. Os gregos estavam preocupados com a filosofia, particularmente com a noção sobre o homem e a sociedade ideais. Lucas apresenta Jesus como Ele era - o homem perfeito. Ao contrário dos romanos, os gregos gostavam dos detalhes. Ele queriam saber tudo. Lucas inclui cuidadosamente detalhes sobre a vida biológica de Jesus, como Seu nascimento, infância e fragilidades corporais, revelando toda a essência de Sua humanidade.
Dois assuntos críticos aos gregos eram a filosofia e história.
Os gregos, de mentalidade filosófica, buscavam a "boa vida". Para este fim, Lucas compartilha os ensinamentos de Jesus (Lucas 10:41, 42) e Suas parábolas (Lucas 10:30-36; 15:11-32; 16:19-31; 18:10-14) não encontrados nos outros Evangelhos, resultando no florescimento humano. Ao apontar fragilidades como a fome, a sede, o cansaço, etc., Lucas demonstra a virtude e a dedicação heróica de Jesus e a solidez dos princípios por Ele ensinados.
A precisão histórica e a manutenção adequada de registros eram imperativas para os gregos. Dentro da tradição ocidental, a "ciência" da história, com sua citação de datas e sequenciamento adequado de eventos, era em grande parte criada (Heródoto) e desenvolvida (Tucídides, Xenofonte) pelos gregos. O termo "história" vem dos gregos. Originalmente, significava "pesquisa".
Para que um relato histórico fosse crível, os gregos exigiam que os fatos fossem verificados por fontes adequadas e colocados em sua ordem correta.
Lucas investigou tudo cuidadosamente desde o início, e se baseou nos relatos de testemunhas oculares para escrever seu registro histórico em ordem a respeito de Jesus.
A abordagem de Lucas ajudou os gregos, que eram pensadores críticos, a entender que a vida milagrosa e os ensinamentos vivificantes de Jesus não eram um estranho mito judaico, mas eventos históricos reais com consequências reais e profundas. Ao explicar quando e como as coisas realmente aconteceram, o Evangelho de Lucas fazia sentido para os gregos e os ajudava a acreditar que aquelas coisas realmente tinham acontecido.
O registro meticuloso de Lucas nos permite fazer o mesmo. Seus registros precisos se sustentam na história. Eles ajudam a demonstrar e provar que Jesus era uma figura real e histórica, não um personagem mítico criado ao longo do tempo.
Lucas investigou e escreveu seu relato evangélico “para que possas saber a verdade exata” (ou seja, ter certeza) “sobre as coisas que lhe foram ensinadas” (ouvidas) sobre Jesus.
Parece evidente que Lucas escreveu Atos visando documentar e validar a autoridade de Paulo como apóstolo. As cartas de Paulo deixam claro que sua autoridade era rotineiramente contestada, principalmente por seus compatriotas, que lutavam contra seu ensino da graça de Deus aos gentios.
Lucas começa o livro de Atos documentando os feitos de Pedro, mais particularmente que Deus revelou primeiro a Pedro que a graça da salvação deveria ser compartilhada com os gentios, aqueles fora da Lei mosaica (Atos 15:7-9). Lucas, então, documenta que Paulo também fez atos semelhantes aos de Pedro.
Pode ser que parte da motivação de Lucas em escrever tenha sido semelhante à sua abordagem em Atos. Um de seus propósitos ao relatar a história de Jesus em seu Evangelho pode ter sido fundamentar e/ou validar os relatos históricos sobre Paulo em Atos.