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Significado de Mateus 10:1-4
Os relatos paralelos do Evangelho sobre este evento são encontrados em Marcos 3:13-19 e Lucas 6:12-16.
Em algum momento, ou enquanto passava pelas cidades e vilas ensinando, pregando e curando, ou após encerrar aquela fase da missão, Jesus convoca Seus doze discípulos.
Jesus tinha um grupo maior de seguidores, também regularmente referidos como Seus discípulos (Lucas 10:1; João 6:66). Porém, Mateus informa ao leitor que Jesus tinha um grupo mais próximo entre Seus discípulos conhecidos como os doze. Mateus afirma que Jesus convocou Seus doze discípulos. O relato de Lucas sobre este evento fornece mais detalhes. Lucas acrescenta que Jesus passou a noite em oração antes de selecionar os doze (Lucas 6:12-16).
Esses doze discípulos vão estar com Jesus durante todo o restante do Seu ministério. Eles testemunharão Seus milagres. Eles ouvirão Suas parábolas e discutirão seu significado com Ele em momentos mais tranquilos. Eles O seguirão onde quer que Ele vá. Eles estarão com Ele no cenáculo para a "Última Ceia" (Mateus 26:20) e testemunharão tudo o que aconteceria entre aquele momento e a prisão de seu Senhor. Todos, exceto um dos doze, O abandonarão durante Sua provação, escondendo-se durante Sua execução na cruz. Eles interagirão com o Cristo ressurreto e receberão o Espírito Santo para capacitá-los a empreender a Grande Comissão. De acordo com a tradição da Igreja, todos eles sofreram por sua fé e morreram como mártires, exceto João, que morreu no exílio.
Jesus lhes deu autoridade sobre os espíritos imundos, para expulsá-los e para curar todo tipo de doença e todo tipo de enfermidade. Antes de Cristo enviar Seus discípulos para trazer mais seguidores e discípulos, Ele concede poder a eles para realizarem milagres sobrenaturais. Por algum tempo, pelo menos, os doze seriam capazes de curar como Jesus era capaz de curar, porque Jesus lhes deu autoridade para curar. Eles seriam capazes de expulsar demônios como Jesus era capaz de expulsar demônios. Esta autoridade não vinha de si mesmos, mas de Jesus, que os havia comissionado. Ao fazer isso por Seus discípulos, Jesus lhes estava dando o mesmo padrão que Ele havia recebido de Seu Pai. No Evangelho de João, Jesus diz que Ele não fazia nada por Sua própria iniciativa ou poder, mas apenas o que o Pai Lhe dizia para fazer. Ao longo de Sua vida terrena, Jesus sempre agiu inteiramente dentro da autoridade que Seu Pai Lhe havia concedido. Em muitos aspectos, Jesus está dando a Seus discípulos a oportunidade de serem como Ele.
Ele também estava dando a eles tal autoridade para ajudar a atender as multidões que pareciam estar dificultando a comunicação de Sua mensagem. Ao comissionar os doze com esses poderes, Jesus conseguia investir mais tempo ensinando e menos tempo curando. Além disso, o Evangelho do reino seria proclamado por outras doze pessoas, ao invés de apenas uma. O alcance do ministério de Jesus seria grandemente expandido com essa estratégia. Finalmente, ao dar aos doze a autoridade para realizar milagres, isso também atrairia menos atenção de Seus inimigos para Ele e O ajudaria a manter Sua identidade oculta até o tempo designado, ao mesmo tempo em que mais e mais judeus seriam abençoados e louvariam a Deus pelas coisas maravilhosas que Ele faria no meio deles.
Os doze são discípulos e apóstolos de Jesus. Antes de Mateus citar os nomes dos doze, ele usa a palavra apóstolos, em vez de apenas discípulos, para descrevê-los. Esta designação é importante. Discípulo significa "aprendiz" ou "seguidor". Jesus teve muitos discípulos. Lucas indica que Ele tinha setenta (Lucas 10:1). A palavra “apóstolo” carrega mais peso e autoridade. Um apóstolo é, literalmente, aquele que é enviado para operar em nome daquele que o enviou. Apóstolos são como embaixadores. As palavras e ações de um apóstolo representam e carregam um peso semelhante Àquele ao qual o embaixador representa. Séculos mais tarde, quando a igreja estava selecionando quais obras escritas deveriam ser incluídas no Novo Testamento, uma das considerações primárias era o título “apostólico”.
O primeiro dos doze foi Simão, que se chamava Pedro. Mateus pode ter começado com Pedro porque, dos doze, ele era o mais conhecido por seus leitores judeus nos anos que se seguiram à morte e ressurreição de Cristo. A palavra “primeiro” também pode significar o primeiro na classificação. Pedro é caracterizado como uma das principais personalidades que ministram na Judéia na primeira metade de Atos e parece ser o líder dos doze. Faria sentido, então, começar com o líder.
Simão, também chamado Pedro, é provavelmente o discípulo mais conhecido para nós. Pedro, juntamente com seu irmão André, estava entre os primeiros discípulos de Jesus, de acordo com Mateus e João (Mateus 4:18-20; João 1:40-42). Pedro era um pescador galileu, cujo nome próprio era Simeão (Atos 15:14). Simeão é o homônimo do segundo mais velho dos doze filhos de Jacó, mais tarde Israel (Gênesis 29:33). Simão é a versão grega de Simeão. Ambos os Simeões foram descritos como homens de ação, de pavio curto. Simeão, filho de Jacó, juntamente com seu irmão Levi, vingou-se do povo de Siquém pelo estupro de sua irmã. "Cada um tomou a sua espada e veio sobre a cidade desprevenido, e matou todo o homem" (Gênesis 34:25). Até ficar desiludido com a prisão de Jesus, Simão Pedro estava disposto a lutar por Jesus até a morte. Durante o momento da prisão de seu Mestre, ele corta a orelha de um homem e Jesus lhe ordena que ele não faça isso (João 18:10). Uma das doze tribos de Israel recebeu o nome de Simeão, filho de Jacó.
Portanto, Simão era a versão grega do nome próprio Simeão. O discípulo, porém, era mais conhecido por seu apelido, Pedro. Pedro é a versão anglicizada da palavra grega para "rocha" ou "pedra", que é "Petros". Pedro também é, por vezes, referido como "Cefas", que também significa "rocha" (João 1:42). Petros é uma boa descrição da personalidade de Pedro. As pedras são duras e Pedro era cabeça dura. Pedro era contundente. Ele falava o que pensava, o que às vezes resultava em dizer coisas estranhas (Marcos 9:5-6). Às vezes, a franqueza de Pedro o levava a dizer coisas horríves, como quando de sua repreensão a Jesus (Marcos 8:32-33). Mas ele também, ocasionalmente, falava uma verdade ousada, como evidenciado por declaração de que Jesus era o Messias (Mateus 16:13-17). Suas ações rudes espelhavam sua mente clara e honesta. Ele era sincero nas coisas que fazia, seja ao sair do barco para andar sobre as águas, ou se disponibilizar a morrer por seu Senhor.
Junto com Tiago e João, Pedro estava entre os três dos amigos mais próximos de Jesus. O trio testemunhou a revelação da glória de Jesus no Monte da Transfiguração (Mateus 17:1-9; Marcos 9:1-9; Lucas 9:28-36). Pedro, de forma infame, negou a Jesus após Sua prisão e chorou amargamente quando reconheceu sua covardia. O Cristo ressuscitado restaurou o coração de Pedro e reafirmou ao discípulo atormentado que ainda Ele tinha grandes planos para ele, caso Pedro O seguisse até a morte (João 21:15-22). Pedro O seguiu. Pedro exemplifica a característica primária que Jesus parecia aplicar à Sua seleção de apóstolos: a disposição de lutar e morrer por Sua causa. Nenhum dos doze parece ter tido credenciais que teriam impressionado as elites judaicas da época.
Pedro corajosamente pregou o Evangelho no Pentecostes (Atos 2:14-41). Ele foi usado por Deus para levar o Evangelho aos gentios (Atos 10). E corajosamente liderou a igreja diante da constante perseguição, primeiro dos judeus (Atos 4:1-22; 5:17-42), mais tarde do rei Herodes (Atos 12:1-19) e, finalmente, de Roma. Acredita-se que Pedro foi crucificado sob Nero em Roma. A tradição afirma que Pedro pediu para ser crucificado de cabeça para baixo porque se sentia indigno de ser morto da mesma maneira que seu Senhor.
Acredita-se que Simão, também chamado Pedro, tenha sido a fonte do relato do Evangelho de Marcos. Foi para a casa da mãe de Marcos que Pedro veio quando foi milagrosamente libertado da prisão (Atos 12:12). Ele é o autor de pelo menos duas epístolas (1 Pedro e 2 Pedro). Nelas, ele exorta seus leitores a viverem pela fé diante das provas de fogo e dos falsos mestres, para que pudessem alcançar a recompensa da "herança" divina (1 Pedro 1:4) e entrar no "reino eterno" de Jesus (2 Pedro 1:11), como seu Mestre havia ensinado a ele e a seus companheiros discípulos a fazer (Mateus 6:20, 33; 7:13-14, 21).
Jesus ama a Pedro e usará este pescador da Galiléia para fazer grandes coisas para o Seu Reino. A sinceridade e o destemor de Pedro serão usados por Deus de forma poderosa.
O segundo apóstolo que Mateus nomeia é André, irmão de Pedro. Como seu irmão, André foi pescador e um dos primeiros seguidores de Jesus. Mas antes de seguir a Jesus, André era um discípulo de João Batista (João 1:35-40). André provavelmente tenha seguido a João por um curto período de tempo depois que o precursor de Cristo transferiu seu ministério para a Galiléia (onde André morava) após sua prisão e interrogatório pelas autoridades religiosas em Jerusalém (Mateus 4:12). Depois que João disse a André que Jesus era o "Cordeiro de Deus", André descobriu onde Jesus estava hospedado e passou a noite com Ele. Na manhã seguinte, André disse a Pedro que havia encontrado o Messias e o levou até Jesus (João 1:41-42).
Em outro momento, a Bíblia relata que André trouxe o menino que tinha os peixes e pães para Jesus (João 6:8) e que ele e Filipe trouxeram alguns gregos curiosos para ver Jesus (João 12:20-22). Depois que Jesus profetizou que as pedras do templo seriam derrubadas, André, juntamente com Pedro, Tiago e João, perguntou a Jesus o que Ele queria dizer (Marcos 13:3). André é mencionado pela última vez pelo nome na Bíblia em Atos 1:13, onde ele está esperando no cenáculo em obediência à ordem do Senhor ressuscitado para esperar em Jerusalém.
A tradição da Igreja sustenta que André foi martirizado por sua fé e executado em uma cruz em forma de x.
O terceiro apóstolo que Mateus nomeia é Tiago, filho de Zebedeu. Tiago e seu irmão, João, eram pescadores galileus e provavelmente trabalhavam nos negócios da família de seu pai, Zebedeu. Eles eram parceiros de Pedro (Lucas 5:10). Quando comparamos Mateus 27:56 e Marcos 15:40, parece que a mãe de Tiago e João era Salomé. Esses irmãos foram chamados a seguir Jesus logo depois do chamado de André e Pedro (Mateus 4:21-22). Jesus se referiu a Tiago e João como "'Boanerges', que significa 'Filhos do Trovão'" (Marcos 3:17). Ambos os irmãos eram zelosos. Em pelo menos uma ocasião, seu zelo foi equivocado quando perguntaram se seu Mestre queria que eles mandassem fogo cair do céu para destruir uma aldeia samaritana que rejeitava receber a Jesus.
"Quando se aproximavam os dias para a Sua ascensão, Ele estava determinado a ir a Jerusalém; e Ele enviou mensageiros à sua frente, e eles foram e entraram em uma aldeia dos samaritanos para fazer arranjos para Ele. Mas eles não O receberam, porque Ele estava viajando em direção a Jerusalém. Quando Seus discípulos Tiago e João viram isso, eles disseram: 'Senhor, Tu queres que ordenemos que o fogo desça do céu e os consuma?' Mas Ele se virou e os repreendeu, e disse: 'Vocês não sabem de que tipo de espírito vocês são; porque o Filho do Homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los'. E eles foram para outra aldeia." (Lucas 9:51-56)
Tiago era ardente e ambicioso. Ele queria ser grande. Ele levou sua mãe a pedir a Jesus que nomeasse seus filhos para se sentarem à esquerda e à direita de Jesus quando Ele viesse em Seu Reino (Mateus 20:20-21; Marcos 10:35-37). Esse pedido alimentou ressentimento e ciúme entre os outros discípulos (Marcos 10:41). Mas Jesus não desencorajou a ambição deles. Ele redirecionou seu intenso zelo para servir e encorajou sua ambição de serem grandes.
"Chamando-os a Si, Jesus disse-lhes: 'Sabeis que aqueles que são reconhecidos como governantes dos gentios o dominam sobre eles; e seus grandes homens exercem autoridade sobre eles. Mas não é assim entre vós, mas quem quiser tornar-se grande entre vós será vosso servo; e quem quiser ser o primeiro entre vós será escravo de todos. Pois até mesmo o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos." (Marcos 10:42-45)
Curiosamente, em Apocalipse 3:21, Jesus oferece a recompensa de compartilhar Seu trono com Ele a qualquer crente em Laodicéia que vença como Ele, Jesus, havia vencido. Uma das provações vencidas por Jesus foi a tentação de ser guiado por Sua própria vontade e tomar o poder, ao invés de cumprir a missão que Seu Pai O havia enviado para fazer.
Pedro, Tiago e João faziam parte do grupo mais próximo a Jesus. O trio foi autorizado a entrar na sala quando Jesus ressuscitou a filha de Jairo dentre os mortos (Marcos 5:37). Eles foram os únicos três discípulos a testemunhar a transfiguração de Cristo (Mateus 17:1; Marcos 9:2; Lucas 9:28). Jesus trouxe a Tiago, Pedro e João para mais perto Dele no Jardim do Getsêmani e pediu que eles orassem com Ele, já que estava profundamente angustiado com o cálice que estava prestes a beber (Mateus 26:36-27).
Tiago foi o primeiro dos apóstolos a ser martirizado e executado por sua fé (Atos 12:2). Ele foi morto sob o comando de Herodes Agripa I da Judéia por volta de 44 d.C. Os Filhos do Trovão demonstram que Jesus selecionou Seus seguidores mais próximos com zelo suficiente para morrer pela causa com a qual se comprometeram.
O quarto apóstolo que Mateus nomeia é João, irmão de Tiago. João é visto ao lado de seu irmão toda vez que Tiago é mencionado nos Evangelhos. João estava particularmente próximo de Jesus durante Seu ministério terreno. Em seu próprio relato do Evangelho, João parece se referir a si mesmo com a descrição "o discípulo a quem Jesus amava". Este discípulo foi aquele que se reclinou ao lado de Jesus na última ceia e perguntou quem era o traidor (João 13:23-25); ele foi o discípulo solitário que estava na cruz com a mãe de Jesus (João 19:25-27); ele correu com Pedro para ver o túmulo vazio (João 20:2-10); e foi ele quem estava próximo a Pedro e o Cristo ressuscitado quando Ele conversou com Pedro na costa da Galiléia (João 21:1-22). João também pode ter sido o discípulo anônimo que, junto com André, foi instruído por João Batista a procurar por Jesus (João 1:35-40).
Em Atos, João é mencionado quatro vezes. Ele está no cenáculo esperando com os outros discípulos (Atos 1:13). Ele estava com Pedro quando ele curou o coxo junto à Porta Formosa e depois ministrou um sermão (Atos 3). Durante a pregação de Pedro, ele e João foram presos pela guarda do templo e ameaçados pelos saduceus (Atos 4:1-23). João foi enviado junto com Pedro pelos outros apóstolos a Samaria para investigar os relatos de que os samaritanos haviam recebido o Evangelho (Atos 8:14). A única vez em que João é mencionado nas epístolas não-joaninas é quando Paulo o descreve junto com Tiago (meio-irmão de Jesus), Cefas (Pedro) como " colunas” [da Igreja]" (Gálatas 2:9).
João foi o autor de quatro epístolas: 1 João, 2 João, 3 João e Apocalipse. João recebeu as visões do Apocalipse durante seu exílio na ilha de Patmos (Apocalipse 1:9). A tradição da Igreja sustenta que João morreu mais tarde nesta mesma ilha.
O quinto apóstolo que Mateus nomeia é Filipe. Filipe era da vila de pescadores de Betsaida, a cidade natal de Pedro e André, na costa nordeste da Galiléia (João 1:44). Jesus pessoalmente chamou Filipe - "Segue-Me" - no dia seguinte ao chamamento de Pedro e André (João 1:43). Filipe levou seu relutante irmão, Natanael, a Jesus (João 1:45-51). As outras três vezes nas quais Filipe é mencionado nos Evangelhos são: quando ele trouxe os gregos a André e ambos os levaram até Jesus (João 12:21-22); quando Jesus o testou perguntando-lhe se eles tinham dinheiro para comprar comida para as multidões, antes de milagrosamente alimentá-los (João 6:5-7); e quando Filipe pediu a Jesus para mostrar o Pai a Seus discípulos (João 14:8-9).
Entre a ascensão de Jesus ao céu e a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, Filipe estava com os discípulos no cenáculo (Atos 1:23). É possível que Filipe, o apóstolo, tenha sido o evangelista nomeado em Atos 8:25-40, mas parece mais provável que este Filipe tenha sido um dos sete diáconos listados em Atos 6:5. Este relato nos diz que Filipe obedeceu a um anjo do Senhor e viajou para a estrada deserta de Gaza. Lá ele encontrou um eunuco etíope. Ele respondeu às perguntas do eunuco e o conduziu através das Escrituras à fé em Cristo. Depois de batizar o eunuco, Filipe foi levado para Azoto, onde pregou "o Evangelho a todas as cidades até chegar a Cesaréia" (Atos 8:40).
Muitos anos depois, Paulo permanece na casa de "Filipe, o evangelista" em Cesaréia, a caminho de levar doações aos pobres de Jerusalém. Lucas registrou que este Filipe tinha quatro filhas virgens que eram profetisas (Atos 21:8-9). A tradição da Igreja sustenta que Filipe, o apóstolo, foi martirizado e morto por sua fé, crucificado ou decapitado em Hierápolis, uma cidade romana na Anatólia (atual Turquia, que era a província romana chamada "Ásia") por volta do ano 80 dC.
O sexto apóstolo que Mateus nomeia é Bartolomeu. Este discípulo só é mencionado pelo nome nas quatro listas de discípulos. Além da lista de Mateus, ele é incluído também na lista de Marcos 3:16-19, Lucas 6:14-16 e Atos 1:13. Bartolomeu não é mencionado pelo nome no Evangelho de João. Em todas as quatro listas, o nome de Bartolomeu segue imediatamente ao de Filipe. Bartolomeu significa "filho de Talmai" e pode ter sido apenas um nome patronímico.
É possível que este "filho de Talmai" seja o mesmo Natanael a quem Filipe disse: "Encontramos Aquele de quem Moisés na Lei e também os profetas escreveram - Jesus de Nazaré, o filho de José” (João 1:45). A resposta de Natanael e sua apresentação a Jesus são interessantes.
"Natanael disse-lhe: 'Pode alguma coisa boa sair de Nazaré?' Filipe disse-lhe: 'Venha e veja'. Jesus viu Natanael vindo a Ele, e disse a respeito dele: 'Eis um israelita de fato, em quem não há engano!' Natanael disse-lhe: 'Como me conheces?'. Jesus respondeu e disse-lhe: 'Antes de Filipe te chamar, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi'. Natanael respondeu-lhe: 'Rabi, Tu és o Filho de Deus; Tu és o Rei de Israel'. Jesus respondeu e disse-lhe: 'Porque eu te disse que te vi debaixo da figueira, acreditas? Você verá coisas maiores do que essas'. E disse-lhe: 'Em verdade, em verdade vos digo que vereis os céus abertos e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.'" (João 1:46-51)
A tradição da Igreja sustenta que Bartolomeu foi martirizado e morto por sua fé na Armênia por crucificação, decapitação ou esfolado vivo.
O sétimo apóstolo que Mateus nomeia é Tomé. O nome Tomás, em hebraico, significa "gêmeo". Além da lista de discípulos, ele é mencionado pelo nome apenas em três outras ocasiões nas Escrituras, todas elas encontradas no Evangelho de João.
A primeira é após Jesus informar a Seus discípulos que iria viajar para a aldeia de Betânia, fora de Jerusalém, para estar com Maria e Marta e chorar pela morte de seu amigo, Lázaro. Em um sinal de compromisso com Jesus e pessimista preocupação com Sua segurança, Tomé diz a seus companheiros discípulos: "Vamos também nós, para que morramos com Ele" (João 11:16). A seleção de Tomé demonstra mais uma vez a escolha de Jesus por seguidores compromissados a morrer por Sua causa.
A segunda vez que vemos Tomé nas Escrituras é quando, numa atitude de total ceticismo, Tomé duvida dos relatos dos discípulos de que Jesus havia ressuscitado dos mortos. Sua famosa frase foi: "A menos que eu veja em suas mãos a marca dos pregos, e coloque o meu dedo no lugar dos pregos, e coloque a minha mão no seu lado, eu não crerei" (João 20:25). A terceira e última menção a ele ocorreu oito dias depois, quando Jesus aparece a Tomé e ele declara: "Meu Senhor e meu Deus!" (João 20:28).
De acordo com a tradição da Igreja, Tomé foi martirizado e morto por sua fé ao compartilhar o Evangelho na Índia.
O oitavo apóstolo nomeado por Mateus é ele mesmo. Mateus era um cobrador de impostos romano no reinado de Herodes Antipas. Seu trabalho era cobrar impostos sobre mercadorias que passavam pela estrada que ia de Damasco em direção a Cafarnaum, onde ele estava sediado, e depois para a cidade portuária de Acre, na costa do Mediterrâneo, ou para Jerusalém, ao sul. Como cobrador de impostos, ele sabia o preço dos bens e era um excelente contador. Para ocupar tal posto, Mateus precisava ser fluente em aramaico, a língua doméstica em toda a Judéia, e grego, a língua comercial do Império Romano. Ele também precisava conhecer um pouco de latim, a língua oficial da administração romana. Como judeu, Mateus era fluente em hebraico. Pelo fato de coletar impostos para Roma, Mateus era desprezado por seus companheiros judeus como alguém que havia se vendido ao inimigo. Os cobradores de impostos eram conhecidos por cobrar taxas injustas e enriquecer com isso.
Jesus chamou Mateus para ser Seu discípulo e, mais tarde, participou de uma festa na casa de Mateus (Mateus 9:9-13). Mateus é conhecido como "Levi" no Evangelho de Lucas (Lucas 5:27, 6:15). Marcos escreve que ele era o filho de Alfeu (Marcos 2:14). É possível que Mateus tivesse relação familiar como o apóstolo Tiago, que também tinha um pai chamado Alfeu (Marcos 3:18). A Bíblia não afirma oficialmente que os dois eram parentes, mas podem ter sido. Mateus é o autor do relato de seu Evangelho. Ele não é mais mencionado nas Escrituras depois que Lucas o lista com os outros discípulos em Atos 1:13. A seleção de Mateus por Jesus provavelmente foi considerada bastante controversa, mas a Bíblia deixa claro que Deus olha para além das externalidades e vê o coração (1 Samuel 16:7).
A tradição da Igreja sustenta que Mateus foi martirizado e morto por sua fé, possivelmente na Etiópia.
O nono apóstolo que Mateus nomeia é Tiago, filho de Alfeu. Este discípulo não é mencionado pelo nome fora das listas dos doze em qualquer outro lugar das Escrituras. Ele pode ter sido o meio-irmão de seu companheiro, o apóstolo Mateus, a quem Marcos também descreve como "o filho de Alfeu" (Marcos 2:14). A Bíblia nunca afirma isso abertamente, mas fornece vários pontos de evidência que, quando reunidos, mostram que eles poderiam ter sido parentes.
A tradição da Igreja sustenta que Tiago, filho de Alfeu, foi martirizado e morto por sua fé.
O décimo apóstolo que Mateus nomeia é Tadeu. Como Tiago, o filho de Alfeu, fora das quatro listas dos doze (Marcos 3:16-19, Lucas 6:14-16 e Atos 1:13), Tadeu não é mencionado pelo nome em nenhum outro lugar nas Escrituras. Nas listas de Lucas e Atos (ambas escritas por Lucas), Tadeu é chamado de "Judas, o filho [ou irmão] de Tiago".
A tradição da Igreja ensina que Tadeu foi martirizado e morto por sua fé na Síria.
O décimo primeiro apóstolo que Mateus nomeia é Simão, o zelote. Este Simão é um discípulo misterioso. O texto grego em Mateus diz que ele era um "zelote", como sugerem os tradutores. Mateus diz que ele era um "cananeu" ("Kananaios"). A lista de Marcos também usa o termo "cananeia". É na lista de Lucas que aprendemos que Simão "foi chamado de zelote" (Lucas 6:15). Lucas repete esse rótulo em Atos 1:13. Esses termos, na superfície, aparecem em desacordo uns com os outros. Os cananeus eram adoradores pagãos de Baal, a quem Deus ordenou aos filhos de Israel que aniquilassem e expulsassem de sua terra. Israel obedeceu apenas parcialmente. Os cananeus eram o exemplo vivo do que Deus não queria que Seu povo imitasse. Sua cultura estava repleta de exploração humana e incluía sacrifício de crianças. O termo zelote, por outro lado, referia-se ao grupo político militante de judeus que eram zelosos em libertar a Judéia da influência pagã da ocupação romana. Parece estranho que alguém que pertencesse a uma organização militar judaica dedicada a eliminar a influência pagã também seja conhecido como "cananeu". Talvez essa conexão fizesse sentido para Simão, o zelote/cananeu e para aqueles que o conheciam, mas não para nós.
A tradição da Igreja afirma que Simão, o Zelote, foi martirizado e morto por sua fé, mas as estórias variam muito em relação ao local onde isso ocorreu. Alguns dizem que ele foi morto em Samaria, alguns na Pérsia e ainda outros dizem que ele foi executado na Espanha ou na Inglaterra.
O partido dos zelotes judeus travou as guerras judaicas que começaram em 66 dC e terminaram em 73 dC. A sede dos zelotes ficava em Gamla, uma cidade-fortaleza a cerca de cinco milhas da costa norte do Mar da Galiléia. Os romanos colocaram uma legião na costa oriental da Galiléia, talvez por causa da presença dos zelotes. Talvez Simão tenha sido um membro desse grupo. Se isso for verdade, Jesus teve, no grupo de doze, um cobrador de impostos, que trabalhava para os romanos, e ao mesmo tempo um zelote dedicado a eliminá-los. Durante as Guerras Judaicas, os zelotes em Gamla saltaram do penhasco da cidade para não serem capturados pelos romanos. Estima-se que entre três e quatro mil homens pularam para a morte. Jerusalém foi arrasada como parte desta guerra em 70 dC. A posição final de resistência foi feita pelos zelotes em Massada, quando cerca de mil zelotes se suicidaram para não serem capturados pelos romanos.
Jesus parece ter desejado redirecionar o espírito zeloso e a ambição de Simão, buscando usá-lo no avanço do Evangelho do Reino (Mateus 4:17).
O décimo segundo e último apóstolo citado nominalmente por Mateus é Judas Iscariotes. Judas Iscariotes foi o apóstolo que traiu Jesus. O nome Judas Iscariotes significa "Judá de Queriote". Queriote era uma cidade localizada no extremo sul da Judéia, aproximadamente 25 milhas ao sul de Jerusalém e 10 milhas a oeste do Mar Morto. Judas tinha a distinção de ser o único discípulo da Judéia. O Evangelho de João indica que Jesus passou seu primeiro ano na Judéia, com resultados quase insignificantes. Pode ser que Judas tenha sido o único discípulo a segui-Lo naquela área, mas foi aquele que O trairia, o que consolidaria a completa rejeição da Judéia a Jesus.
Judas era o tesoureiro dos discípulos. Mas ele desviava o dinheiro que entrava. Ele ficou absolutamente incomodado com Marta, a irmã de Lázaro, e com Maria, quando ela usou aquele perfume caro para lavar os pés de Jesus, em vez de doá-lo à bolsa, quando ele poderia secretamente roubar a doação (João 12:4-6). Mateus relata que foi após este incidente que Judas procura os inimigos de Jesus para negociar o preço da traição de Seu mestre. A oportunidade veio quando Judas estava em Jerusalém com Jesus e os outros discípulos para a Páscoa. Ele concordou em entregá-lo por trinta moedas de prata (Mateus 26:14-16). Lucas diz que Satanás entrou em Judas após fazer isso (Lucas 22:3). Como Judas era da Judéia, ele pode ter contado com antigas conexões para fazer tal barganha.
Judas foi com Jesus e os discípulos para o cenáculo. Lá, Jesus lavou os pés de seu traidor (João 13:5). Enquanto celebrava a Festa da Páscoa, Jesus anunciou que um de Seus discípulos O trairia e silenciosamente identificou Judas antes de mandá-lo embora. Os outros discípulos não sabiam o que estava acontecendo e acreditavam que Judas estava saindo para executar alguma tarefa (João 13:21-28).
Judas não retornou a Jesus, até chegar acompanhado por uma grande multidão armada, enviada pelos principais sacerdotes e anciãos da cidade (Mateus 26:47). Ele identificou Jesus com um beijo. Enquanto Jesus estava sendo julgado antes de Sua execução, Judas se arrependeu profundamente do que tinha feito e tentou devolver o dinheiro. Os sacerdotes recusaram. Judas jogou o dinheiro no santuário do templo, fugiu e se enforcou. (Mateus 27:3-5) Lucas descreve Judas enforcando-se e caindo sobre sua espada, detalhando que " seus intestinos jorraram" (Atos 1:18). Mateus 27:4 indica que Judas teve grande remorso quando viu que "traiu sangue inocente". Seu suicídio pode ter sido um presságio dos fanáticos zelotes que, uma geração mais tarde, se suicidariam ao não conseguir o que queriam. Muitos acreditam que a guerra interna entre os zelotes de Jerusalém foi, em grande parte, responsável por sua derrota final.
No geral, os doze eram um grupo eclético. Eles vieram de diferentes origens, pescadores pobres, ricos coletores de impostos romanos e zelotes fanáticos. Todos eles parecem ser da região da Galiléia, com a exceção de Judas Iscariotes. Em comum, os doze tinham a ambição de serem grandes e a demonstração de um espírito intrépido e combativo disposto a se entregar pela causa. Todos, exceto um, passaram pela transição da disposição de morrer por uma causa nacional para a disposição de morrer pelo Reino de Deus, um Reino que não era deste mundo (João 18:36).
Com Sua orientação e redirecionamento, Jesus pôde usar esses homens de forma tremenda. Eles e seus novos discípulos fundariam um movimento que varreria o mundo, trazendo dignidade aos oprimidos e expondo a imoralidade da exploração humana. Roma esmagaria os fanáticos políticos, mas cairia nas mãos dos fanáticos religiosos após o imperador Constantino entregar o governo de Roma aos líderes da igreja em 330 D.C.