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Significado de Mateus 10:23

Jesus diz aos discípulos para sair rapidamente para a próxima cidade caso enfrentem hostilidade, já que eles não tinham muito tempo para levar a mensagem de que o Reino do Messias estava por vir. Portanto, eles não deveriam perder tempo com os que não desejavam receber a mensagem.

Não há paralelo para este ensino nos relatos dos Evangelhos.

Jesus dá aos discípulos alguns conselhos diretos. Ele diz: Mas sempre que os perseguirem em uma cidade, fujam para a próxima. Na medida em que os discípulos encontrassem perseguição hostil em uma cidade, eles deveriam deixar aquela cidade e se dirigir à próxima. A palavra "pheugo" significa levantar voo e escapar do perigo com pressa. É traduzida aqui como fugir.  Essa fuga não é resultado de covardia ou medo da morte. Jesus chama Seus discípulos a morrer por Sua causa. Essa fuga está mais de acordo com o que Ele havia dito aos discípulos anteriormente, que deveriam "ser astutos como serpentes" (Mateus 10:16), incluindo a noção de não correrem riscos desnecessários. Sabemos que fugir não significa ter medo da morte física ou do perigo, porque Jesus lhes dirá alguns versículos mais tarde que eles não devem temer aqueles que matam o corpo, mas são incapazes de matar o "psuche" (vida interior) (Mateus 10:28). O que Jesus está dizendo é: sejam astuto e saiam da cidade caso sejam perseguidos, antes que seja tarde demais.

No entanto, há uma segunda razão pela qual os discípulos devem fugir para a próxima cidade sempre que estiverem enfrentando perseguição. Não havia muito tempo. "A colheita é abundante, mas os trabalhadores são poucos" (Mateus 9:37). Jesus assegura-lhes esta urgência: Pois, em verdade vos digo, que não terminareis de atravessar as cidades de Israel até que o Filho do Homem venha. O Filho do Homem é o Cristo e é uma clara referência messiânica a Daniel 7:13. A “vinda” do Filho do Homem significa que Ele seria revelado. Jesus diz aos discípulos que o Reino já estaria entre eles antes que tivessem a chance de pregar a todos em Israel sobre ele. Quando João Batista e Jesus pregaram: "Arrependei-vos, porque o reino dos céus está próximo" (Mateus 3:2, 4:17), era isso que eles queriam dizer.

Sempre que uma cidade perseguisse aos discípulos por proclamarem as boas novas, eles não deveriam perder tempo jogando as pérolas do Reino aos porcos, aqueles que não conseguiam reconhecer o imenso valor do que estava sendo oferecido (Mateus 7:6). Eles deveriam fugir e correr para a próxima cidade, onde as notícias de libertação do Reino pudessem ser melhor recebidas, antes que o Rei, o Messias, o Filho do Homem chegasse.

Os discípulos provavelmente entenderam exatamente o que Jesus estava dizendo nesta passagem. Eles estavam entusiasmados em viver e morrer pelo Reino. Eles estavam ansiosos pela chegada do Reino. Porém, eles entendiam, incorretamente, que aquilo significava a imediata derrocada política de Roma e a instalação instantânea do Messias como Rei em um trono terreno em Israel. Eles se apegaram a essa suposição incorreta mesmo após a ressurreição de Jesus. De fato, a última coisa que eles disseram a Jesus antes que Ele subisse ao céu foi: "Senhor, é desta vez que vais restaurar o reino a Israel?" (Atos 1:7). Após Jesus ter ressuscitado dos mortos, o entendimento que os discípulos desenvolveram quanto a Seu ensino "a respeito do reino" (Atos 1:3) durante os quarenta dias em que Jesus esteve com eles é refletido no sermão de Pedro a seus companheiros judeus depois que haver curado um coxo:

"Portanto, arrependei-vos e voltai, para que os vossos pecados sejam apagados, a fim de que venham tempos de refrigério da presença do Senhor; e para que Ele envie Jesus, o Cristo designado para vós, a quem o céu deve receber até o período de restauração de todas as coisas sobre as quais Deus falou pela boca de Seus santos profetas desde os tempos antigos." (Atos 3:19-21)

Isso deixa claro que, mesmo após Jesus ter ido embora, Pedro ainda entendia que Ele retornaria se aquela geração de israelitas se arrependesse e se voltasse para Cristo. Paulo observa que essa dureza dos judeus acabou sendo um benefício surpreendente para os gentios (Romanos 11:7-15).

O que os discípulos também não percebiam naquele momento é que o próprio Filho do Homem seria preso, espancado, crucificado e sepultado, antes de ressuscitar. Eles não entenderam isso até depois da ressurreição, quando "abriram suas mentes para entender as Escrituras" (Lucas 24:45).

Quando o Filho do Homem ressuscita, Ele agora vem como Rei do céu e da terra. Naquele momento, toda a autoridade no céu e na terra foi dada a Ele como recompensa por Sua fidelidade como ser humano (Mateus 28:18). E é aqui que Ele vai enviar esses discípulos para a Grande Comissão, já que a missão particular à Casa de Israel era apenas o primeiro passo (Mateus 28:18-20).

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