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Significado de Mateus 11:7-9
O relato paralelo do Evangelho quanto a este evento é encontrado em Lucas 7:24-26.
Quando os discípulos de João Batista estavam partindo para relatar a seu mestre na prisão o que Jesus havia dito, Cristo começa a falar sobre João e se dirige às multidões reunidas ao Seu redor. Isso indica que as perguntas feitas pelos discípulos de João provavelmente tenham sido feitas em um ambiente público. Isso explicaria as mensagens enigmáticas que estavam sendo enviadas, conforme descrito na seção anterior.
Jesus perguntou à multidão: O que vocês saíram para ver no deserto? Sua pergunta era retórica. Antes do ministério de Jesus, João Batista havia atraído multidões ao deserto da Judéia (Mateus 3:1). Sua mensagem era: "Arrependei-vos, porque o reino dos céus está próximo" (Mateus 3:2). A mensagem de João ressoou tanto entre o povo que Mateus registrou que "toda Jerusalém estava indo até ele" (Mateus 3:5). Ele batizou a muitos dos que levaram sua mensagem a sério no rio Jordão; até mesmo autoridades religiosas haviam viajado ao deserto especialmente para descobrir o que estava acontecendo (Mateus 3:6-7).
Jesus, agora, questionava as multidões sobre João. Suas perguntas parecem presumir que alguns deles realmente saíram ao deserto para verem a João. Se este foi o caso, Jesus deve ter feito esta pergunta nas proximidades de Jerusalém e da Judéia enquanto passava pelas vilas e cidades durante Seu ensino e pregação às ovelhas perdidas de Israel. Jerusalém fica na parte sul de Israel, conhecida como Judéia.
A linha de perguntas de Jesus gira em torno de motivação e esperança. O que fez com que vocês deixassem suas vidas ocupadas e fizessem uma jornada de meio dia para o deserto? O que vocês buscaram e o que esperavam encontrar?
Jesus responde com humor à Sua própria pergunta: O que vocês saíram a ver no deserto? Uma cana sacudida pelo vento? A resposta esperada para essa pergunta retórica era "não". Qualquer um que conhecesse a quietude do rio Jordão veria inúmeros juncos ao longo de suas margens. Os juncos balançavam na medida em que o vento soprava. Isso era algo tão comum que não valeria o esforço de sair de casa para ser contemplado. João não era “balançado” pelos ventos políticos ou culturais. Ele permaneceu forte contra os ventos. É por isso que as pessoas vinham vê-lo. Elas estavam famintas para ouvir a Verdade.
Jesus repete Sua pergunta principal: O que vocês saíram a ver? E Ele sugere outra imagem: Um homem vestido com roupas caras? Mais uma vez, a resposta esperada para esta pergunta retórica era "não". O deserto da Judéia seria o último lugar para se procurar por uma pessoa vestida com roupas finas. Roupas finas referia-se às sedas e roupas extravagantes que apenas os mais ricos podiam comprar. Os que usavam tais roupas estavam nos palácios dos reis. Foram os homens vestidos com roupas finas que haviam aprisionado a João. João não usava roupas finas. Ele era excêntrico e usava pele de camelo e um cinto de couro como roupas (Mateus 3:4). João não era da elite política ou cultural. João não balançava de acordo com os ventos de sua cultura ou das intrigas políticas. Ele não recebia benefícios de seu status. Ao contrário, João era um profeta do Deus Vivo. É por isso que as pessoas vinham vê-lo.
Jesus repete a pergunta uma terceira vez visando enfatizar sua mensagem: O que vocês saíram a ver?
Desta vez, Ele responde factualmente: Um profeta? Sim, Eu lhe digo. A verdadeira razão pela qual as pessoas haviam deixado suas vilas e cidades era a esperança de ouvir as palavras de um profeta de Deus. Aquele profeta não havia se curvado aos governantes ou às sensibilidades humanas. Ele não balançava com o vento ou mendigava favores para poder vestir-se com roupas finas. Ao invés disso, ele falava a verdade. A verdade é, muitas vezes, o maior inimigo daqueles que usam o status cultural ou político para explorar os outros.
Ao longo da história de Israel, Deus falou ao Seu povo através de muitos profetas, mas nos quatrocentos anos anteriores a João Ele havia estado assustadoramente silencioso. Malaquias havia feito a última declaração profética, cerca de quatrocentos anos antes. Como os judeus haviam sido governados primeiro pelos gregos e agora pelos romanos, muitos estavam desesperados para ver a libertação nacional profetizada pela Lei e pelos Profetas. O profeta Daniel havia estabelecido uma contagem regressiva até o aparecimento do Messias. O relógio deveria começar a rodar quando uma proclamação fosse dada para a reconstrução do muro de Jerusalém, depois do retorno dos judeus de seu exílio nas mãos dos babilônios. Daniel profetizou que um conjunto de 49 "setes", ou semanas de anos, ocorreriam até o advento do Messias. No total, seriam 343 anos.
Tal entendimento provavelmente tenha levado o povo a um senso muito elevado de antecipação, uma vez que tal proclamação havia sido emitida e posta em prática na época do ministério de Jesus (Daniel 9:24-25; Neemias 2). O surgimento de um profeta inspiraria a esperança de que, talvez, aquele homem estranho, que pregava sobre o Reino dos Céus, fosse o profeta enviado por Deus para quebrar o silêncio divino.
Mas, Jesus continua: Sim, eu lhes digo, ele é alguém que é mais do que um profeta. Esta declaração afirma que João não era meramente um profeta, mas um profeta de grande valor. João, como Jesus dirá às multidões, era o profeta que prepararia o caminho do Messias. Ele havia sido enviado para esta missão (Mateus 11:10). Porém, ao mesmo tempo em que confirma a voz profética de João, Jesus destaca a verdadeira esperança e expectativa que motivavam as multidões a buscá-lo no deserto.
O povo tinha receio de falar sobre a verdadeira esperança que ardia em seus corações em relação a João. Eles esperavam que João fosse mais do que um mero profeta. Eles esperavam que João fosse o Messias que havia vindo para resgatá-los. João era um profeta. Mas ele não era o Messias que eles buscavam (João 1:19-20). Há uma ironia dramática nesta passagem. Jesus era o Messias há muito esperado. Aquele a quem as multidões esperavam ver quando saíam ao deserto era a pessoa que estava falando com eles naquele momento. Ainda que Jesus não tenha afirmado a eles explicitamente ser o Messias neste ponto, Suas palavras destinavam-se a despertar a esperança messiânica em seus corações. Ele os estava desafiando a crer que Ele era o Messias esperado.