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Significado de Mateus 12:31-32

Jesus dá aos fariseus um aviso muito sério. Qualquer um que blasfemar contra o Espírito Santo não vai ser perdoado.

O relato do evangelho paralelo a esse evento é encontrado em Marcos 3:28-30 e Lucas 12:10.

Jesus dá aos fariseus um aviso sério. É provavelmente o aviso mais severo que Ele deu a qualquer pessoa. É um aviso para qualquer um, o que significa que o aviso não é apenas para os fariseus, mas para todos.

Jesus começa o aviso com Portanto indicando que o que Ele está prestes a falar para eles vem do contexto da acusação dos fariseus de que Ele estava usando poderes demoníacos para expulsar demônios e as verdades dos dois provérbios que Ele contou. Ele também diz Eu digo a vocês, para enfatizar que Ele esta falando por Sua própria autoridade divina. Porque Ele é Deus, Jesus não tem nenhuma necessidade de apelar para os ensinamentos e tradições de estudiosos ou grandes homens.

Jesus diz qualquer pecado e blasfêmia serão perdoados. Pecar é errar o alvo. Em um contexto moral, pecar significa falhar em acertar o padrão moral de Deus. Romanos 3:23 conta o fato trágico que “todos cometemos pecados e caímos da glória de Deus”. Blasfêmia era uma grande infração nos dias de Jesus. A palavra é uma transliteração do Grego “Blasphemia”. O significado literal da palavra é difamar ou falar mal. De forma mais abrangente, blasfêmia se refere a palavras, ações e atitudes que profanam algo que é sagrado. A acusação mais seria de blasfêmia era de abertamente desrespeitar ou zombar de Deus. O conceito Judeu de blasfêmia e sua seriedade vem de Levítico:

“Aquele que blasfemar o nome de Jeová certamente será morto; toda a congregação o apedrejará. Será morto tanto o estrangeiro como o natural, quando blasfemar o Nome.” (Levítico 24:16).

Provavelmente o que Jesus quis dizer com essa afirmação é que qualquer pecado e blasfêmia serão perdoados é que não existe nenhum pecado (não importa quão horrível, terrível ou desprezível), ou blasfêmia (não importa quão chocante, rude ou desafiadora) que seja imperdoável. Todo pecado e blasfêmia podem ser perdoados. De fato, qualquer um que confiar em Jesus vai ter todos seus pecados e blasfêmias perdoados. O Céu e seu reino serão povoados por pessoas que cometeram todo tipo de pecado e blasfêmia, mas que tiveram seus pecados e blasfêmias perdoados pela misericórdia maravilhosa de Deus. Isso trás um grande conforto para qualquer um que tenha pecado ou blasfemado contra Deus.

Mas Seu conforto é imediatamente seguido de um aviso severo: Mas blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Ele elabora para dar mais ênfase e deixar mais claro. Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não lhes será perdoada. Ao que disser alguma palavra contra o Filho do Homem, isso lhe será perdoado; porém ao que falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado. Ele adiciona, nem neste mundo, nem no vindouro.

Mas o que Jesus quer dizer com essa afirmação tão rigorosa?

A interpretação mais direta desse aviso é que todo e qualquer pecado e blasfêmia serçao perdoados com a exceção de blasfêmia contra o Espirito Santo. Esse tipo de blasfêmia não vai ser perdoada aqui na terra e nesta era. E também não será perdoada na era vindoura no Trono do Julgamento. Essa é uma ofensa imperdoável.

Então o que é uma blasfêmia contra o Espírito?

Jesus descreve essa blasfêmia como sendo tudo aquilo que seja dito contra o Espírito Santo. Ele compara essa ofensa com uma blasfêmia similar: Todo aquele que falar contra o Filho do Homem. O Filho do Homem é uma de várias expressões discretas que Jesus usa para referir a Si mesmo como o Messias. O Filho do Homem era um termo genérico nos dias de Jesus para falar de “alguém”, mas também era considerado como um termo Messiânico usado por Daniel (Daniel 7:13-14). Jesus diferencia e parece contrastar a seriedade de falar contra o Filho do Homem (O Messias) de falar contra o Espirito Santo. Jesus diz qualquer um que fale uma palavra contra o Messias, vai ser perdoado, mas qualquer um que blasfeme contra o Espírito Santo por falar contra Deus não irá ser perdoado.

Ele talvez disse isso porque alguém que inicialmente rejeitou Jesus como o Messias e participou em Seu assassinato poderia  futuramente se arrepender de seu crime e ser perdoado. É provável que muitos daqueles que estavam no meio da multidão falando contra o Filho do Homem, gritando para Pilatos para entregar Barrabás e condenar Jesus (Mateus 27:15-26, Marcos 15:6-15, Lucas 23:17-22, João 18:38-40) também estivessem entre aqueles que receberam a mensagem de Pedro e dos Apóstolos no Pentecoste cinquenta dias depois (Atos 2:14-41). Pedro disse a essa multidão, “Fique, pois, certa toda a casa de Israel de que a este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” (Atos 2:36). Com essa afirmação, a multidão foi “perfurada no coração” e perguntaram a Pedro o que eles deveriam fazer (Atos 2:37). Pedro disse a eles para se arrependerem e serem batizados no nome de Jesus (Atos 2:38), e ele os exortou com “Sejam salvos dessa geração perversa” (Atos 2:40). Lucas, o autor de Atos, então reporta “Então, aqueles que receberam sua palavra e foram batizados; e nesse dia foram adicionadas mais ou menos três mil almas” (Atos 2:41). Então a Bíblia mostra que pelo menos alguns dos que falaram contra o Filho do Homem foram, de fato, perdoados.

Então por que não perdoar aqueles que falam contra o Espirito Santo já que pelo menos alguns que falaram contra o Filho do Homem foram?

Isso pode ser uma questão que sejamos incapazes de responder e nós deveríamos simplesmente deixar isso para Deus. Mas a Bíblia, pelo menos, nos dá alguma luz para seguirmos.

Pode ser simplesmente que a blasfêmia contra o Espírito seja recusar a acreditar na verdade que o próprio Espirito nos revela. Isso seria tão contrário como qualquer decisão que possamos ter fora da liderança do Espírito Santo. Os Fariseus viram o que era uma verdade indiscutível e a rejeitaram. A verdade foi revelada, e eles escolheram acreditar na mentira.

Isso pode ter duas aplicações. A primeira seria para os não crentes. A testemunha de Deus sobre Si mesmo está entre nós (Romanos 1:19-20; 10:18). Deus revela Si mesmo para a humanidade da várias formas. O Espírito condena o pecado. Mas se, assim como os fariseus, nós abertamente rejeitarmos o que esta sendo revelado, então não seremos capazes de acreditar em Jesus. Isso não vai ser perdoado. A toda pessoa que foi dada a capacidade de ver e entender suficientemente para acreditar será responsabilizada por essa escolha. Todo pecado pode ser perdoado, mas recusar reconhecer a verdade, e receber o perdão oferecido por Jesus e pelo Espírito Santo, é um pecado que não pode e nem será perdoado.

Existe outra noção de que as coisas podem não ser perdoadas, e isso pode se aplicar aos crentes. Na Oração do Senhor, o ponto inicial da oração foi que Deus vai perdoar Suas crianças do mesmo jeito que elas perdoarem os outros. Jesus fez disso o ponto inicial da oração. Por isso que, logo depois da oração, Jesus ofereceu essa explicação “Porque se você perdoar os outros por suas transgressões, seu Pai do céu também vai te perdoar. Mas se você não perdoar os outros, então seu Pai não irá perdoar suas transgressões” (Mateus 6:14).

Esse perdão em particular está relacionado a comunhão. Nós não podemos ter uma comunhão íntima com aqueles que guardamos rancor. Jesus nos diz na Oração do Senhor que os crentes, Suas crianças, não podem ter comunhão íntima com Ele se estiverem guardando rancor por outras pessoas. É por isso que Jesus nos ensinou a orar “Senhor, me perdoe da mesma forma que eu perdoo aos outros”. É um grande lembrete da importância de perdoar outras pessoas.

Da mesma forma, quando nós não seguimos o Espirito, e ao invés disso, seguimos a carne, estamos destinados a assumir a consequência adversa que vem de seguir a carne. Essa é nossa escolha, e nós devemos viver com ela.

A ira de Deus normalmente resulta em recebermos o que buscamos quando vamos contra a vontade de Deus (apenas para descobrir que não era o que realmente queríamos). Tinhamos esperança que isso traria prazer, honra, poder, etc. Mas naturalmente nos trouxe dor, escravidão e morte. Romanos 1:18-32 descreve o caminho que a ira de Deus é normalmente revelada. Depois de buscar persistentemente a glória falsa do pecado, Deus eventualmente entrega as pessoas à sua própria luxúria (Romanos 1:24) e elas recebem “em si mesmas a recompensa de seus erros” (Romanos 1:27).

Pela Escritura, o Espirito Santo é a presença invisível de Deus (Salmo 139:7-8) e o poder na terra (Zacarias 4:6). Depois de Jesus ascender aos céus, o Espírito Santo vem viver dentro de todo crente (1 Coríntios 6:19), guiando e os empoderando a viver em retidão (Salmo 143:10; Romanos 8:14; Gálatas 5:22-23). Isso é o cumprimento do que foi prometido pelos profetas (Ezequiel 36:27; Joel 2:28-29) e por Cristo (João 14:16-17, 26; João 15:26, 16:7, Atos 1:4-5, 8).

Mas talvez o primeiro entre os muitos papéis que o Espirito Santo tem está relacionado ao homem pecador receber a misericórdia de Deus. Uma das formas que o Espírito Santo oferece misericórdia é agindo como uma influência protetora, que enxerga a perversidade do homem aliviando-o das consequências catastróficas do seu pecado (Genesis 6:3), e também por restringir a vinda da falta de lei dos homens (2 Tessalonicenses 2:6-7). Outra forma que o Espírito Santo oferece a misericórdia é convencendo as pessoas de seus pecados e falta de fé, levando-as a se arrependerem, e rapidamente inclinando seus corações para a bondade de Deus (João 16:7-11).

Mas qualquer um que blasfemar contra o Espírito Santo por rejeitar sua misericórdia vai receber a uma terrível recompensa. Eles não serão perdoados exatamente porque eles blasfemaram contra a oferta de perdão do Espírito Santo. A consequência natural de recusar ser perdoado pelo Espírito é que você realmente não será perdoado.

Para os que não acreditam, rejeitar a testemunha do Espírito Santo vai significar uma separação de Deus e de Sua bondade infinita. Para um crente, pode significar uma falta de comunhão e recompensa. Essa vida é nossa única oportunidade de conhecer a Deus pela fé. A maior recompensa de nossa vida é provavelmente o conhecimento que adquirimos sobre Deus, e por uma caminhada de fé. Talvez um bom exemplo de crentes que não escutaram ou seguiram o Espírito são os “filhos do reino” que Jesus fala em Mateus 8 que estavam com raiva e tristes porque perderam a oportunidade de dividir as recompensas do reino, porque não tinham fé suficiente (Mateus 8:10-13).

Isso se alinha com a forma geral que a ira de Deus é normalmente revelada, dando para as pessoas o que elas pediram (Romanos 1:18-32). Não crentes que blasfemam contra o Espírito Santo terão o que querem, estarão separados de Deus. Crentes que seguem a carne ao invés do Espírito vão colher os frutos corruptos da carne. Isso também se alinha com o a Bíblia descreve, em outra passagem, como rejeitar ou entristecer o Espírito Santo.

Em Gênesis, o Senhor fala, “Meu Espírito não vai permanecer pra sempre com o homem” (Genesis 6:3), antes de enviar o Dilúvio e limpar o mundo da violência do homem.

Isaías conta que quando Israel se rebelou contra Seus mandamentos, isso entristeceu o Espirito Santo.

“Em toda a angústia deles, foi ele angustiado,

 e o Anjo da sua face os salvou;

no seu amor e na sua clemência, os remiu,

os tomou e os levou em todos os dias da antiguidade.

Eles, porém, se rebelaram

e lhe contristaram o seu Santo Espírito;

por isso, ele se lhes tornou inimigo

e pelejou contra eles.”

(Isaias 63:9-10)

Algo assim também pode ter acontecido com o Faraó, que recusou acreditar na mensagem de Deus para ele apesar de ter testemunhado tantas maravilhas (e depois sofreu). Depois das primeiras pragas, a escrituras deixam claro que: Ou Faraó claramente “endureceu seu próprio coração” contra o Senhor (Êxodo 8:15, 8:32); ou, que fica ambíguo quem realmente endureceu o coração do Faraó (Êxodo 7:22, 8:19, 9:7). Porém depois das cinco primeiras pragas, Deus aparenta ter entregado o Faraó para suas próprias blasfêmias. As escrituras dizem que com as quatro pragas restantes, foi Deus que endureceu o coração do Faraó (Êxodo 9:12, 10:1, 10:20, 10:27, 11:10). (Claro que Deus sabia de tudo isso, antes mesmo que acontecesse) (Êxodo 3:19-20, 4:21)!).

Uma das consequências de endurecer o coração contra Deus é que Ele vai endurecê-lo mais ainda contra Ele mesmo. A consequência da blasfêmia contra o Espírito Santo não é apenas recusar a misericórdia de Deus, mas é uma blasfêmia adicional que endurece o coração contra o Espírito. Esse caminho leva para a destruição, por meio das consequências que Deus claramente estipulou nas escrituras, assim como Jesus estava estipulando a verdade para os fariseus e eles não quiseram ouvir.

Tamanho era o perigo que os fariseus estavam correndo em ordem de preservar seu poder e influência. Eles haviam rejeitado os ensinamentos de Jesus, tinham ignorado as escrituras que afirmavam quem Ele era, e agora estavam negando o poder do Espírito Santo por quem Jesus operava Seus milagres. Eles se recusaram a acreditar que o Reino de Deus estava sobre eles. Assim como o Faraó, estavam negando o poder palpável e a presença de Deus ao seu redor. E mesmo se já não tivessem, eles estavam prestes a cometer uma blasfêmia contra o Espírito Santo. O resultado foi que conseguiram o que queriam, o que os levou para a destruição.

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