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Significado de Mateus 12:38-42

Mateus narra o quarto confronto entre Jesus e os fariseus. Os fariseus tentam prender Jesus pedindo um sinal que prove que Ele é o Messias. Jesus não apenas se esquiva de sua armadilha, mas enigmaticamente lhes diz que o sinal que Ele lhes dará será Sua ressurreição. Mas Ele sabe que mesmo isso não será suficiente para eles, e condena sua incredulidade obstinada.

Este evento não é encontrado nos outros relatos do Evangelho, embora os fariseus e saduceus, mais tarde, tentem novamente essa armadilha (Mateus 16:1-4).

Depois que Jesus diz aos fariseus que seus corações eram maus, os escribas e fariseus respondem com mais um desafio a Ele. Este é o quarto e último desafio dos fariseus neste capítulo. Na organização de sua narrativa do Mateus usa este capítulo para indicá-los como sendo a principal oposição terrena a Cristo e Seu ministério.

Eles chamavam Jesus de Mestre. E, embora este seja certamente um título mais respeitável do que "Belzebu" (Mateus 12:24), havia possivelmente um menosprezo sarcástico e sutil nesta escolha de palavras. A palavra grega traduzida por Mestre é "Didaskalos". É um termo genérico para quem instrui a outros. Em um sentido geral, os escribas e fariseus também eram professores ("Didaskaloi"). Por um lado, pode parecer que eles estavam incluindo Jesus em sua própria classe ou grupo social, em vez de ignorá-Lo. Se eles tivessem sido sinceros, isso poderia ter sido considerado um desenvolvimento mais positivo em relação a seu respeito por Jesus do que eles haviam demonstrado anteriormente.

Mas eles não estavam sendo sinceros. Sabemos disso porque Jesus responde a eles como Geração má e adúltera. Eles provavelmente estavam sendo brutalmente sarcásticos, tentando diminuir Jesus como um "didaskalos", ao invés de um rabino profissional, ou talvez estivessem adotando uma nova estratégia para derrotá-Lo.

Os escribas e fariseus disseram a Jesus: Queremos ver um sinal de Ti. Eles estavam exigindo que Jesus lhes provasse que Ele era o Messias. Há uma rica ironia dramática em seu pedido. Jesus já havia provado que Ele era o Messias através de Seus ensinamentos e uso das Escrituras, bem como através de Seus poderosos milagres. Na verdade, Ele havia acabado de curar o homem com uma mão resssequida em sua própria sinagoga (Mateus 12:9-14). Se isso não fosse um sinal suficiente para os escribas e fariseus se arrependerem e seguirem a Jesus como seu Messias, é difícil imaginar o que os convenceria.

Seu pedido era uma armadilha "Ou/Ou" projetada para estabelecer o controle sobre Jesus. Se Jesus cooperasse com eles e concordasse em provar a Si mesmo em seus termos, Ele legitimaria a autoridade deles sobre Si mesmo. Porém, caso Jesus se recusasse a dar-lhes um sinal, Sua falha em passar no teste deles seria usada contra  Ele  como evidência de que Ele não era o Messias. Qualquer que fosse Sua resposta, os escribas e fariseus venceriam. Como sempre, Jesus deixou de lado a equação deles e a substituiu pela Sua.

Jesus conhecia a traição em seus corações (João 2:24-25). Ele respondeu e disse-lhes: Uma geração má e adúltera anseia por um sinal. Jesus entendeu como eles estavam tentando destruí-Lo ou manipulá-Lo. Ele os chamou pelo que eram: o mal. Ele os chamou de geração adúltera. Jesus os estava acusando de adultério espiritual. Ao invés de serem fiéis a Deus, aquela geração de líderes religiosos judeus havia abandonado a Deus para buscar a aprovação de outros reinos (físicos e espirituais), como tantas gerações judaicas antes deles (Jeremias 3:8-10Ezequiel 16:27-30Oséias 4:11-12). Jesus também disse que, mesmo sendo espiritualmente adúlteros, eles ainda ansiavam e intensamente buscavam um sinal de Deus. Este foi um testemunho bizarro do fato de que eles ainda reconheciam que pertenciam a Deus e desejavam estar em um relacionamento harmonioso com Ele, mesmo quando rejeitavam Seu grande amor.

Depois de chamar a atenção para o adultério espiritual dos escribas e fariseus, Jesus deu-lhes a Sua resposta. Inteligentemente, Ele escapou da armadilha do “Ou/Ou” e não se deixou enredar nela. Ele não legitimou sua autoridade respondendo ao seu teste e dando-lhes um sinal. Mas também não os refutou completamente. Ele rejeitou o enquadramento deles e o substituiu pelo Seu. Ao invés disso, Jesus disse: "E, no entanto, nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas, o profeta.” Com efeito, a resposta de Jesus foi: "Eu não darei a vocês um sinal provando quem sou agora, mas um dia eu o farei". Ele não lhes disse nem "sim", nem "não", mas "esperem". E "esperar" não poderia ser algo usado contra Ele.

A resposta de Jesus a eles, o sinal do profeta Jonas, também foi lançado como um enigma profético difícil de ser decifrado. Jonas havia sido o profeta de Deus enviado ao inimigo de Israel: a cidade de Nínive. Ele deveria adverti-los de que estavam em perigo divino por causa de sua maldade (Jonas 1:1-2Jonas 3:4). Surpreendentemente, a cidade de Nínive se arrependeu (Jonas 3:5). E por causa de seu arrependimento, Deus não os destruiu (Jonas 3:10). Ao mencionar Jonas, Jesus traz à mente o exemplo de Nínive para os escribas e fariseus seguirem. Porém, mais precisamente, Jesus diz que o único sinal que Ele lhes daria seria o "sinal de Jonas". Este sinal seria a prova mais clara de que Jesus era o Messias.

Jesus passou a explicar o que Ele quis dizer com o sinal de Jonas. Antes de Jonas ir para Nínive, ele tentou fugir do plano de Deus embarcando em um navio que se dirigia na direção oposta (Jonas 1:3). Enquanto tentava escapar, uma grande tempestade surgiu e Jonas sabia que ele era a causa daquela tormenta (Jonas 1:4). Ele disse aos marinheiros para jogá-lo ao mar para acalmar a tempestade (Jonas 1:12). Eles o fizeram e a tempestade se acalmou (Jonas 1:15). Ao invés de se afogar, entretanto, Deus enviou um grande peixe para engolir Jonas, onde ele foi mantido vivo por três dias e três noites em seu ventre (Jonas 1:17). Depois dos três dias e três noites, o monstro marinho cuspiu Jonas em terra seca (Jonas 2:10). E desta vez, Jonas obedeceu a Deus e foi profetizar aos homens de Nínive (Jonas 3:3). Os escribas e fariseus estavam familiarizados com a história espetacular de Jonas.

Jesus explicou que, assim como Jonas havia ficado três dias e três noites no ventre do monstro marinho, assim o Filho do Homem (o termo de Jesus para Si mesmo e referência messiânica de Daniel 7:13-14) ficaria três dias e três noites no coração da terra. Os fariseus haviam entendido a referência messiânica de Jesus, mas é improvável que eles tenham entendido naquele momento o que Ele queria dizer com ao passar três dias e noites no coração da terra. Jesus apresentou-lhes um enigma, dizendo-lhes  que o sinal que Ele lhes daria, provando ser o Messias, era Sua ressurreição dos mortos depois de três dias. A ressurreição de Jesus é o sinal de Jonas. Em essência, Jesus lhes disse: "Vocês saberão que eu sou o Messias quando Eu ressuscitar dos mortos!" Mas eles certamente não entenderam o que Ele estava dizendo com essa declaração, mesmo depois da ocorrência desse notável evento.

Esta foi a segunda vez que Jesus faz referência à Sua própria morte como Messias (Mateus 10:38) e é a primeira vez que Ele prediz Sua ressurreição.

Jesus contrasta o arrependimento e a admiração dos gentios ao ouvir advertências proféticas ou relatos sobre o poder de Deus com a obstinação e loucura que aquela geração de judeus mostrava (e continuaria a mostrar), mesmo quando testemunhavam as grandes maravilhas de Deus entre eles. Jesus usa os homens de Nínive e a Rainha do Sul como exemplos.

Jesus diz que, no dia do juízo, os homens de Nínive se levantarão contra esta geração infiel e incrédula e a condenarão. A razão pela qual eles a condenarão é porque os homens de Nínive se arrependeram após a pregação de Jonas. Agora, aqui está Jesus, o Filho de Deus, que é maior do que Jonas, pregando e operando muitas maravilhas entre eles. E eles, aquela geração, não se arrependiam. A repreensão de Jesus era que mesmo os gentios ímpios, que eram inimigos de Deus, haviam se arrependido quando Deus lhes enviou um profeta, mas os líderes religiosos que conheciam a Lei e eram o povo escolhido de Deus não estavam dispostos a aceitar o Messias de Deus (e o próprio Deus). Que vergonha!

Jesus apresenta uma repreensão semelhante usando um exemplo diferente. No dia do juízo, a Rainha do Sul se levantará contra esta geração infiel e incrédula e a condenará. A Rainha do Sul parece ser uma referência à rica Rainha de Sabá que visitou o rei Salomão após ouvir relatos de sua sabedoria (1 Reis 10:1-13). Sabá estava localizada bem ao Sul, talvez na África (atual Etiópia) ou na área sul da Arábia (atual Iêmen). Foi praticamente nos confins da terra de Israel. Esta mulher gentia condenaria aquela atual geração de judeus por sua tolice. Ela viajou dos confins da terra para buscar a sabedoria de um rei mortal, Salomão, a fim de aprender com ele. Agora, estava ali alguém maior que Salomão - o Messias, o próprio Deus, a fonte de toda  a sabedoria - e eles ignoravam completamente o que Ele tinha a lhes ensinar. Que vergonha!

Ao se referir a esses dois exemplos sobre como os gentios haviam abraçado o testemunho de Deus, Jesus também poderia estar profetizando sobre a bênção que viria aos gentios por conta da rejeição dos judeus (Romanos 11).

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