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Significado de Mateus 13:44-46

Jesus conta mais duas parábolas curtas sobre o Reino dos Céus. Em cada uma, Ele mostra o valor imensurável de encontrarmos o Reino.

Essas parábolas não são encontradas nos outros relatos dos Evangelhos.

Seguindo Sua explicação sobre aparábola do trigo e do joio, Jesus conta a seus discípulos duas outras parábolas sobre o Reino dos Céus. Jesus ainda está na casa, falando com Seus discípulos em particular (Mateus 13:36, 53).

Ambas as parábolas seguem um padrão semelhante. Cada parábola começa com um objeto cotidiano de enorme riqueza, mas seu valor total é invisível ou não reconhecido. Então, alguém descobre seu verdadeiro valor. Finalmente, essa pessoa negocia tudo o que tem para comprar a vasta riqueza não reconhecida pelos outros.

Da mesma forma, ambas as parábolas têm um significado semelhante. Cada parábola mostra como o Reino dos Céus tem um enorme valor; e como o Reino está prontamente disponível a qualquer um que se comprometa plenamente a investir suas riquezas nele. Muitos, no entanto, se recusam a pagar o preço ou duvidam da incrível oportunidade de ganharem a riqueza eterna. Jesus parece estar mudando do tema da parábola que havia contado às multidões, na qual os convidando a serem filhos do Reino, em vez de filhos do iníquo. Jesus parece estar dizendo: "A parábola do trigo e do joio não foi destinada a desafiá-los. Mas, agora, as seguintes parábolas irão desafiá-los".

Na primeira parábola, Jesus diz que o Reino dos Céus é como um tesouro escondido em um campo. Os judeus e as autoridades romanas seguiam um sistema de direitos de propriedade. Os direitos de propriedade para um campo estavam entre os tipos mais significativos e caros de riqueza que um homem poderia possuir nos dias de Jesus. Isso ocorria porque quem possuía um campo tinha o direito de determinar como ele seria usado e vender o que quer que o campo produzisse. Em uma sociedade agrícola, como a Judéia, os campos eram uma fonte de renda e riqueza.

Mas o campo na parábola de Jesus é super especial porque guarda um tesouro valioso escondido dentro dele. Pelo fato de estar escondido, ninguém sabe sobre o tesouro, ou suspeita do valor que ele adiciona ao campo. Mas, de alguma forma, um homem encontra esse tesouro escondido. Ele não conta a ninguém sobre isso e esconde-o novamente. Ele, então, volta para casa explodindo de alegria, mas em segredo. Jesus diz que a alegria do homem por ter encontrado o tesouro escondido naquele campo o leva a vender todas as suas posses para poder comprá-lo. A razão pela qual ele alegremente vai e vende tudo o que tem e compra o campo é que o homem entende seu verdadeiro valor. Ele entende que, embora esteja vendendo tudo para comprar esse campo, ele está se tornando exponencialmente mais rico por causa do tesouro invisível  que pertencerá ao novo dono do campo.

A reação desse homem é semelhante a alguém que vê uma oportunidade de negócio para comprar um pedaço de terra pelo preço de R$ 2 milhões e está seguro de que isso lhe renderia R$ 2 bilhões. A maioria das pessoas não tem R$ 2 milhões para investir. Porém, se qualquer um de nós tivesse 100% de certeza desse volume de retorno, venderia tudo o que possui rapidamente, incluindo sua casa, e faria o que fosse necessário para adquirir os fundos para alcançar o preço pedido pela terra.

O Reino dos Céus é como este tesouro escondido. O campo não é barato. Vai nos custar tudo o que temos para comprá-lo. Mas o retorno eterno vale imensamente o investimento. É por isso que podemos ser como este homem e abrir mão de nossos tesouros com alegria. Sabemos que o retorno terá um valor tão maior do que o investido que mal podemos esperar para abrir mão de tudo para adquirir o Reino. Mas é preciso confiança em Jesus e fé para enxergar o verdadeiro valor do Reino escondido nos campos da vida. É esta a exortação de Jesus aos discípulos. Ele os está ensinando que as recompensas do Reino valem a pena a perda de tudo nesta terra para segui-Lo. Com exceção de Judas, essa será eventualmente a escolha de todos eles, de acordo com a tradição da igreja.

Em muitos aspectos, a segunda parábola é semelhante à primeira. Jesus a inicia com a expressão Novamente, como se dissesse: "Dito de outra maneira". O Reino dos Céus é como um comerciante que procura pérolas preciosas. Os comerciantes eram intermediários dentro do sistema econômico. No mundo antigo, os comerciantes compravam e adquiriam mercadorias diretamente de produtores ou de caravanas que transportavam materiais de longe e, em seguida, vendiam esses bens a um preço mais alto no mercado. O comerciante desta parábola é aparentemente um vendedor de joias ou pedras preciosas, porque ele estava procurando pérolas.

Um dia, enquanto olhava para os produtos de seus vendedores, o comerciante descobre uma pérola de grande valor. Esta pérola era muito cara, mas aparentemente era ridiculamente subvalorizada. Para comprá-la, o comerciante teria que vender rapidamente tudo o que tinha. Mas, o comerciante reconhece que, por mais cara que fosse aquela pérola, seu valor total estava sendo consideravelmente subestimado. E assim, ele astutamente vende tudo o que tem para poder comprar aquela pérola de imenso valor. Apesar de vender tudo o que tinha, o comerciante sai muito mais rico por ter comprado aquela pérola notável, pois ele foi o primeiro a enxergar e agir de acordo com o seu verdadeiro valor. Mais uma vez, Jesus enfatiza a seus discípulos que a bênção de abrir mão de tudo por causa do Reino era uma barganha extremamente proveitosa.

Nessas parábolas, Jesus mostra pelo menos cinco coisas sobre o Reino dos Céus.

Primeiro, o Reino dos Céus está disponível a todos os que crêem em Jesus. Assim como qualquer um poderia ter comprado o campo com o tesouro escondido ou a pérola de grande valor, qualquer um pode adquirir os tesouros do Reino.

Segundo, o Reino dos Céus é de valor incomparável. Quem possui o campo com o tesouro escondido, ou a pérola de grande valor, é extremamente rico. Assim também é o homem que possui riquezas no Reino de Deus. Em ambos os casos, vale a pena abrir mão de tudo para adquirí-lo.

Terceiro, os tesouros do Reino dos Céus são caros. Assim como o homem e o comerciante tiveram que vender tudo o que tinham para alcançar o preço pedido pelo campo e pela pérola, assim também qualquer um deve vender seus tesouros para "comprar" os tesouros do Reino. Adquirir os tesouros do Reino requer "vendermos" tudo por causa dele.

Quarto, muitas pessoas não reconhecem o valor do Reino dos Céus. Ninguém, exceto o homem que descobriu o tesouro escondido, conhecia o valor real do campo. Todos se recusaram a pagar o preço exorbitante pela pérola de grande valor, exceto o esperto comerciante, que corretamente percebeu seu verdadeiro valor. Apenas ele estava disposto a fazer a barganha. São necessários olhos aguçados e espirituais para ver e perceber o verdadeiro valor do Reino de Deus. Isso requer fé.

Quinto e último, devemos escolher entre nossos tesouros terrenos e os tesouros do Reino. Teria sido impossível para o homem ou para o comerciante manter seus bens e conquistar o que desejavam. Eles tinham que escolher com qual tesouro iriam ficar. Assim, todos devemos fazer nossas próprias escolhas entre os tesouros mortais dos reinos terrenos (suas honras, seus prazeres, sua aprovação, etc.) e os tesouros eternos do Reino dos Céus.

O intuito dessas parábolas gêmeas é o de encorajar os discípulos a escolher o Reino de Deus.

Esta mensagem é consistentemente ensinada no Novo Testamento. Ao longo do Sermão da Montanha, Jesus ensinou Seus discípulos a buscar a maior recompensa a ser encontrada dentro do Reino dos Céus:

"Cuidai de não praticar a vossa justiça aos olhos das pessoas, para que sejam notadas por elas; caso contrário, não tendes recompensa com o vosso Pai, que está nos céus." (Mateus 6:1)

"Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões invadem e roubam. Mas guardai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem destroem, e onde os ladrões não invadem nem roubam." (Mateus 6:19-20)

"Mas buscai primeiro o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." (Mateus 6:33)

O apóstolo Paulo passou pela experiência do homem e do comerciante nessas parábolas e chegou à conclusão de que a vida não se resumia a adquirir riquezas ou status entre os homens, mas agradar a Deus pela fé. Paulo escreveu isso em sua carta à igreja que fundou em Filipos:

"Mas quaisquer coisas que tenham sido ganhas para mim, essas coisas eu contei como perda por causa de Cristo. Mais do que isso, considero todas as coisas como perda em vista do valor insuperável de conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor, por quem sofri a perda de todas as coisas, e as considero mero lixo, para que eu possa ganhar a Cristo, e possa ser encontrado Nele..." (Filipenses 3:7-9a)

Aqueles que trocam seus tesouros terrenos pelo Reino dos Céus são como o homem  que comprou o campo com o tesouro escondido e como o comerciante que comprou a pérola de grande valor. Ambos venderam tudo o que tinham para adquirir esses bens. E ambos reconheceram e agiram de acordo com o fabuloso negócio. A questão que Jesus levanta a Seus discípulos (e Mateus a seus leitores) é: "Vocês têm fé para ver e agir de acordo com as oportunidades diárias de investir no Reino de Deus?" Isso lhes custará suas vidas, mas vocês ganharão muito mais em troca.

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