AaSelect font sizeSet to dark mode
AaSelect font sizeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.
Significado de Mateus 14:22-33
Os relatos paralelos do Evangelho quanto a este evento são encontrados em Marcos 6:45-52 e João 6:15-21.
Quando todos terminaram de comer, Jesus imediatamente fez os discípulos entrarem no barco e irem à frente Dele para o outro lado do lago. A expressão Do outro lado era uma expressão idiomática na Galiléia que significa "na outra margem" ou "atravessar a fronteira" para outra província. Havia três províncias ao longo do Mar da Galiléia: a província da Galiléia cercava toda a metade oriental do mar, de norte a sul; Gaulanitis fazia fronteira com a costa nordeste; e Decápolis,com a costa sudeste.
Marcos relata que os discípulos haviam se dirigido para a vila de pescadores de Betsaida, na costa nordeste, que fazia fronteira com as províncias de Gaulantis e Galiléia, quando foram para o outro lado (Marcos 6:45). Escrevendo para um público grego, João nomeia a maior e mais reconhecida cidade, Cafarnaum, a leste de Betsaida, na Galileéa, como seu destino (João 6:17). Tudo isso levado em conta sugere que Jesus realizou o milagre de alimentar os cinco mil em Gaulanitis, ao longo da costa nordeste do mar.
Jesus ficou para trás e enviou as multidões restantes de volta às suas casas. Depois de ter feito isso, Jesus subiu à montanha sozinho, como Ele queria ter feito anteriormente, a fim de orar. Jesus ficou lá sozinho. A noite já estava avançada quando Ele finalmente teve o momento de solidão que havia buscado com Seu Pai após a morte de João Batista (João 6:17). Tendo o céu escuro como contraste, o palácio de Herodes na cidade de Tiberíades teria sido um farol sinistro do outro lado do mar.
Quando terminou de orar sozinho, o barco com os discípulos já estava a uma longa distância da terra. E uma terrível tempestade noturna apareceu. As ondas golpearam a pequena embarcação e os ventos contrários os impediam de chegar com segurança à costa. Marcos acrescenta detalhes angustiantes, indicando que "o barco estava no meio do mar" (Marcos 6:47) com os discípulos "cansados de remar" (Marcos 6:48).
Vários dos discípulos eram pescadores profissionais. João, que era um desses pescadores, especifica que eles estavam a três ou quatro milhas de distância da costa (João 6:19). O fato de que mesmo esses pescadores experientes não poderem navegar na tempestade indica a gravidade e o perigo dos ventos e das ondas. O Mar da Galiléia tem cerca de treze milhas de comprimento e oito milhas de largura. Assim, caso estivessem no meio do lago, eles estavam a muitas milhas da costa.
Mateus e Marcos enfatizam que Jesus veio a eles durante a quarta vigília da noite (Mateus 14:25; Marcos 6:48). A quarta vigília era o último horário designado para a vigília noturna, onde os vigias ficavam de guarda. Eram as horas entre as 3h00 e as 6h00 da manhã. Supondo que tenham deixado Jesus por volta das 21:00, os discípulos já estavam lutando por quase seis horas ou mais para alcançar a costa. Eles já estariam física e mentalmente exaustos. A quarta vigília também tem outro significado na história judaica, porque foi durante essas horas que o Faraó finalmente libertou os israelitas da escravidão (Êxodo 12:29-41). E foi nesta mesma hora que Deus abriu o mar para a libertação de Israel (Êxodo 12:14-27).
Naquela mesma hora, Jesus veio a Seus discípulos, milagrosamente andando sobre o mar. Curiosamente, Marcos acrescentou que "Ele quis passar por eles" (Marcos 6:48). Talvez Ele estivesse testando sua fé. Os discípulos ficaram aterrorizados, pensando que Jesus era um fantasma quando O viram andando no mar. Eles congelaram de medo com aquela visão surpreendente e horrível. Mas Jesus imediatamente se dirigiu a eles. Ele se identificou e disse para não temerem: "Tenham coragem, sou Eu; não tenhais medo".
Sem saber ao certo o que estava testemunhando, Pedro, o mais franco dos discípulos, gritou de volta para a figura que caminhava sobre a água tempestuosa: "Senhor, se és Tu, ordena-me que venha a Ti sobre as águas." Jesus respondeu: "Venha!” Pedro acreditava que era Jesus e confiava em seu Senhor. Inicialmente, Pedro mostrou fé e coragem, e saiu do barco. Ele andou sobre as águas quando veio em direção a Jesus. Foi o poder de Deus, não a fé de Pedro, que o capacitou a andar sobre as águas, mas Deus recompensou sua fé em Seu Filho, dando-lhe essa oportunidade.
Porém, enquanto caminhava sobre as ondas, o foco de Pedro se voltou de Jesus para a tempestade. A realidade da tempestade o assustou. Vendo o vento feroz, Pedro duvidou. Ele esqueceu a realidade maior e o poder de Jesus e afundou no mar furioso. Pedro estava sucumbindo nas água turbulentas e começando a se afogar. Em desespero, Pedro clamou: "Senhor, salva-me!"
Naquele instante, Jesus estendeu a mão e levantou a Pedro. Ele o salvou da morte certa. Tendo quase se afogado, agora seguro com Cristo, mas com a tempestade furiosa ainda ao seu redor, Pedro deve ter ficado impressionado com as mãos firmes de Jesus. Naquele momento, Jesus retoricamente fez a Pedro uma pergunta poderosa: "Homem de pouca fé, por que duvidaste?" Aquilo não teve a intenção de ser uma repreensão. Foi um encorajamento. Pedro deveria saber que sempre poderia confiar em Jesus. O termo grego para “pouca fé” é a palavra "Oligopisté". É um termo supostamente engraçado, como o que um pai usaria para um filho muito pequeno. Literalmente significa "pouca fé". Como uma criança que cai e precisa ser levantada por seu pai, Pedro era uma criança na fé, e precisou ser levantado ao cair.
Quando entraram no barco, o vento de repente parou. A tempestade acabou. Os discípulos ficaram espantados e aliviados. Eles adoraram a Jesus. Eles diziam entre si: "Este é certamente o Filho de Deus!" De fato, Ele era. Jesus havia mostrado, talvez mais do que nunca, Sua completa autoridade sobre a natureza. Nas últimas horas, Ele havia milagrosamente alimentado a milhares de pessoas famintas. Ele havia andado sobre as águas e domado o vento. Vale a pena notar que a Bíblia considera a adoração como um ato de reconhecer a realidade do que é real e verdadeiro. Era verdade que Jesus era o Filho de Deus. Jesus não era um fantasma. Ele era real.
Não podemos nos esquecer de um outro milagre poderoso. João registra que, assim que Jesus entrou no barco, eles "imediatamente chegaram à terra firme" (João 6:21). Aparentemente, Jesus parece tê-los teletransportado para seu destino no mesmo instante em que acalmou a tempestade.