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Significado de Mateus 16:1-4

Os fariseus se uniram a seus rivais, os saduceus contra Jesus para poder aprisioná-Lo logo depois de Ele ter retornado do distrito da Galiléia. Eles pedem para Jesus um sinal que prove que Ele é o Messias. Eles esperam conseguir que Ele caia em sua armadilha, ou que Se recuse a fazer o que querem, para usarem isso como evidência de que Ele não é o Messias.

Este acontecimento é único nos registros dos Evangelhos.

Assim que Jesus voltou de Sua jornada a Tiro e Decapolis para a Galiléia, os fariseus e os saduceus vieram, provavelmente de Jerusalém, para testá-lo. Os fariseus O haviam testado muitas vezes até aqui (Mateus 9:11-13, 12:1-45, 15:1-9). Mas, desta vez, os saduceus vieram com eles.

Os fariseus e os saduceus funcionavam como dois grupos separados, com jurisdições, crenças e visões diferentes para obter seu sucesso.

Os fariseus eram peritos no Antigo Testamento e vistos como líderes religiosos na comunidade judaica. Eles controlavam as sinagogas, lugares de encontros locais e centro do louvor, onde a Lei de Deus era estudada diariamente e ensinada todos os Shabats. Manter a cultura e as tradições judaicas era importante para os fariseus, e suas preocupações com a Lei eram admiráveis. Para que tudo se mantivesse assim, eles criaram limites e restrições, condenando qualquer um que se aproximasse de qualquer potencial transgressão.

Independente do quão bem-intencionados eram suas práticas no início, eles eventualmente se tornaram legalistas opressivos. Os fariseus haviam suplantado a Lei de Deus à qual originalmente estavam encarregados de proteger. Suas tradições se tornaram não somente um ídolo, mas também uma forma de poder político - do qual eles abusavam de forma hipócrita e opressiva. Os fariseus empunhavam sua lista de regras legais para esmagar qualquer um que ousasse desafiá-los. Eles mascaravam sua abordagem com uma moralidade externa de obediência rigorosa à Bíblia. Eles buscavam pressionavam as pessoas a seguir rigorosamente suas regras. Eles buscavam preservar e promover sua hereditariedade e o modo de vida judaico em meio à dominação romana. Pensando neste aspecto, os fariseus podiam ser considerados conservadores “políticos e teológicos.” Seus rivais culturais na fé judaica eram os saduceus.

Os saduceus eram os sacerdotes. Eles também eram reverenciados pelo povo. Eles realizavam sacrifícios e conduziam rituais no templo. E era do seu controle do templo que vinha seu prestígio. Eles eram, em sua maioria, aristocratas judeus dentro de Jerusalém e no seu entorno. Por causa de sua riqueza e poder, os saduceus eram mais simpáticos para com Roma do que os fariseus, que mantinham um olhar cauteloso referente à influências estrangeiras. Os saduceus pareciam estar satisfeitos, contanto que o povo viesse para oferecer sacrifícios (e pagá-los para isso). Foram as mesas dos afiliados dos saduceus, os comerciantes, que Jesus virou quando foi visitar o templo (Mateus 21:12-13; João 2:13-22). Além de estarem confortáveis com Roma e seus excessos, os saduceus não obedeciam a literalidade da Bíblia e não acreditavam em anjos ou ressureição. Desta maneira, podemos considerar os saduceus como sendo os “liberais políticos e teológicos” da cultura judaica convencional.

Os fariseus enfatizavam o legalismo, enquanto os saduceus enfatizavam o sacrifício. Era muito incomum que esses dois grupos colaborassem um com o outro. Tipicamente, eles viam um ao outro como adversários políticos e rivais, às vezes inimigos. Mas eles trabalhavam juntos quando percebiam alguma ameaça em comum para sua oligarquia. Eles haviam se unido contra João Batista (Mateus 3:7) e eventualmente se uniram para destruir Jesus (Mateus 21;, 45-4626:59, João 18:3). Seu teste contra Jesus aqui em Magdala foi um catalisador para este fim perverso, que iria culminar na crucificação de Jesus, o Messias. Ao fazer isso, eles iriam demonstrar que, independentemente de suas afiliações políticas ou teológicas, seu real interesse era em si mesmos e seu próprio poder.

Os fariseus e os saduceus pediram a Jesus para mostrar a eles um sinal do céu. Mais cedo, alguns escribas e fariseus haviam feito um pedido similar a Jesus: “Mestre, nós queremos ver um sinal Seu” (Mateus 12:38). De cara, parece que esses testes tinham o intuito de testar e ver se Jesus era ou não o Messias. As perguntas parecem ser simples. Se Jesus mostrasse a eles um sinal dos céus, Ele iria provar ser o Messias. Se falhasse, iria provar que era uma fraude. Como mestres das leis de Deus e Seus sacerdotes, seria muito apropriado para eles investigarem de forma sincera e descobrir se Jesus realmente era o Messias. Mas não era isso que eles estavam fazendo.

Jesus imediatamente captou sua falta de sinceridade. Assim como havia feito quando os escribas e os fariseus pediram a Ele que mostrasse um sinal em passagens anteriores. Neste momento, Ele chama os fariseus e os saduceus de “geração maligna e adúltera” (Mateus 12:39). Se tivessem sido sinceros, teriam crido na infinidade de outros milagres que Jesus já havia feito como prova de que Ele era o Messias. Porém, os fariseus, com algumas exceções, já tinham julgado Jesus como um blasfemo e enganador (Mateus 12:24). E os saduceus, que apenas aceitavam a Lei de Moisés, provavelmente nunca abraçaram a esperança de que o futuro Messias viria para liderar Israel em direção à glória (apesar da promessa messiânica de Deuteronômio 18:18, que fazia parte da Lei de Moisés).

Então, qual era seu propósito em insistir que Jesus lhes mostrasse um sinal?

Era a armadilha “Ou/Ou”, feita para dar à instituição religiosa a aparência de ter controle sobre Jesus. Se Ele cooperasse e concordasse em provar o que dizia nos termos deles, Ele os legitimaria como tendo autoridade sobre Ele. Mas, se Jesus se recusasse em mostrar um sinal a eles, assim como eles previam que Ele faria, eles planejavam Seu fracasso no teste contra Ele mesmo como evidência de não ser o Messias. Independentemente da forma como respondesse, os fariseus e saduceus esperavam sair por cima. Esse tipo de situação - “coroa, nós ganhamos. Cara, você perde” - é consistente com todos os vários testes postos a Jesus pelos líderes judaicos relatados dos Evangelhos.

Por um lado, se Jesus aceitasse a oferta e fizesse um milagre a seu pedido, Ele teria validado os sistemas corruptos dos fariseus e dos saduceus. Ele estaria operando dentro dos limites de seu reino, no qual eles estavam no comando. Em troca de Sua submissão, Jesus provavelmente receberia a promessa de que seria legitimado por sua instituição religiosa. Ou, talvez, não importasse o que Jesus fizesse, eles apresentariam uma lista interminável de exigências, até que Jesus se tornasse sua marionete e eles fossem os que puxavam as cordas. Se esta era sua conspiração, era muito similar ao teste que o diabo apresentou a Jesus no deserto (Mateus 4:8-10).

Os fariseus e os saduceus, por hora, já suspeitavam de que Jesus não iria fazer o que eles iriam pedir. Ele já havia recusado um pedido similar de alguns escribas e fariseus anteriormente (Mateus 12:38-45). Talvez eles estivessem contando com uma resposta similar, para que pudessem se juntar e dizer ao povo que eles haviam investigado se Jesus realmente era o Messias, mas, após o teste, Ele havia falhado em provar tal reivindicação. Ao se unir dessa forma, numa espécie de acordo bilateral, eles poderiam virar as pessoas contra Jesus e voltar sua atenção para eles mesmos e sua liderança, para seu próprio benefício.

Tal argumento teria sido completamente falso. Falsas pretensões não incomodariam os fariseus e os saduceus; todo seu sustento era baseado em hipocrisia. Eles haviam fechado seus olhos para as evidências e, agora, eles apenas buscavam algo que pudesse avançar sua agenda pessoal.

Mas, Jesus estava consciente de sua armadilha. Ele não veio à terra para legitimar os reinos dos homens (João 18:36). Ele veio para estabelecer o Reino dos Céus (Mateus 6:10). Ele não precisava ser legitimado pelas instituições religiosas. Sua legitimidade vinha de Deus, Seu Pai (João 5:37). Da mesma forma, eles não podiam deslegitimá-Lo. Eles eram cegos (Mateus 15:14). Jesus era Deus e já havia demonstrado que era o Messias através de inúmeros milagres (Mateus 9:6, João 5:36).

Jesus, inicialmente, descartou a armadilha com uma estranha observação e uma ironia retórica, antes de dizer a eles qual sinal Ele daria e que iria definitivamente provar Sua verdadeira identidade.

Ele respondeu com uma observação enigmática: “À tarde dizeis: Teremos bom tempo, porque o céu está avermelhado; e pela manhã: Hoje teremos tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio.”

Esta observação parece estranha por muitos motivos. Para começar, parece fora do contexto e pega Seus inimigos desprevenidos. O que o clima tem a ver com os milagres provando quem era o Messias? Os fariseus e os saduceus não esperavam por essa resposta e estavam despreparados para o que Jesus diz a seguir.

Jesus conecta esta observação aparentemente aleatória com o assunto atual usado de ironia retórica: Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos? Jesus os humilhando. Ele estava perguntando: Como é que vocês conseguem discernir pela cor do céu algo tão imprevisível como o tempo? Vocês podem fazer isso, mas são incapazes de ver que o Reino de Deus está entre vocês, apesar dos sinais inegáveis e das maravilhas acontecendo em sua volta.

Tal ironia é parecida a algo que Ele ensina em outra passagem:

Disse também à multidão: Quando virdes aparecer uma nuvem no poente, logo dizeis que vem chuva, e assim acontece; e, quando virdes soprar o vento sul, dizeis que haverá calor, e assim acontece. Hipócritas, sabeis distinguir o aspecto da terra e do céu; como, então, não distinguis este tempo?” (Lucas 12:54-56)

Nada que Jesus fizesse iria agradar aos líderes judeus, a não ser Sua completa submissão a eles. Não importa o que fizesse, eles se levantar contra Ele. Eles negaram a autoridade de Jesus (Marcos 2:7). Eles negaram que Seus milagres haviam acontecido (João 9:18-21). E quando não podiam mais ignorá-los, eles disseram que Ele era possúido por demônio (Mateus 12:24). Tais atitudes mostram como eles odiavam a Jesus e a João Batista por motivos diferentes (Mateus 11:16-18). Eles estavam tão cegos por suas conclusões que não importava o que Jesus falasse ou fizesse, eles insistiriam em sua obstinação de estarem certos e Jesus estar errado.

Depois de Sua observação fora da caixa e Sua ironia retórica, Jesus finalmente dá a eles Sua resposta, e não era a resposta eles esperavam receber. Como em todos os outros casos, Jesus derrotou seu ponto de vista em um assunto rebatendo e promovendo a Sua perspectiva. Com isso, Jesus frustrou a tentativa deles de avançar sua narrativa e usá-la contra Ele. Na realidade, a resposta de Jesus foi tão completamente devastadora para seu propósito final que eles não conseguiram nada que pudesse ser usado contra Ele.

Jesus apresentou uma versão resumida da resposta que Ele havia dado aos fariseus quando estes haviam vindo anteriormente sem os saduceus, pedindo a Ele por um sinal. Nessa situação do capítulo 12, Jesus havia dado uma resposta extensa, condenando os fariseus por não darem ouvidos a alguém maior que Jonas. No capítulo 12, Jesus disse: “Os homens de Nínive se assentarão para julgar esta geração e irão julgá-la porque se arrependeram com a pregação de Jonas; e eis que aqui está aglúem maior que Jonas.” (Mateus 12:41). O “algúem maior que Jonas”, obviamente, era Jesus.

Aqui, no capítulo 16, Jesus respondeu aos fariseus de forma muito mais brutal: Uma geração maligna e adúltera busca um sinal; e um sinal não será dado, exceto o sinal de Jonas. Então, Jesus imediatamente saiu e foi embora.

Jesus chamou aos fariseus e os saduceus de “geração maligna e adúltera”. Eles eram malignos porque se opunham ao Reino de Deus e ferozmente tentavam destruir Seu Messias. Eles eram adúlteros, porque ambos os grupos eram desleais e infiéis com Deus, apesar de todo o seu fingimento. Os fariseus eram leais às suas tradições e o prestígio que elas lhes davam, enquanto que os saduceus estavam cegados pelas riquezas e pelo poder que acumulavam ao se comprometer com os romanos e extorquir o povo de Deus no templo.

Podemos concluir que, no fundo, eles queriam desesperadamente ouvir a Deus, já que todos os seres humanos possuem a eternidade em seu coração (Eclesiastes 3:11). Eles buscavam por um sinal de Deus. Porém, exigiam que Deus os respondesse em seus próprios termos. Eles se recusavam a escutar a Deus em Seus termos. E, por isso¸ Jesus, diz lhes diz que Nenhum sinal será dado a eles, exceto o sinal de Jonas. Jesus não deu a eles a resposta que queriam ouvir. Ele disse efetivamente: “Eu não vou dar a vocês um sinal [ainda], mas, no futuro, eu enviarei um sinal - o sinal misterioso de Jonas”. Jesus se recusou a ser controlado por Seus inimigos e a Se submeter a seus pedidos. Ele não deu a munição que eles queriam ter para usar contra Ele.

Em Sua resposta anterior, Mateus escreve a explicação de Jesus sobre o que Ele queria dizer com o sinal de Jonas:

Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra.” (Mateus 12:40).

Jesus indicou, de forma enigmática, que o sinal definitivo e inegável que iria provar para sempre que Ele era o Messias seria Sua ressurreição, após ficar morto por três dias. Jesus estava dizendo: “Vocês vão saber que Eu sou o Messias quando Eu me levantar dos mortos depois de estar morto por três dias!” Mas ninguém entendeu o que Ele quis dizer com essa afirmação, mesmo depois do acontecimento deste grande evento. Mesmo depois de Jesus ser levantado dos mortos, a maioria desses líderes judeus continuaram a viver em negação. (Atos 7)

Esta foi a terceira vez que Jesus aludiu à Sua própria morte como o Messias (Mateus 10:38, 12:39-40). E a segunda vez que Ele previu Sua ressureição.

Depois de destruir a armadilha dos fariseus e saduceus, Jesus os deixou e foi embora.

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