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Significado de Mateus 16:24-28
Os relatos paralelos do Evangelho quanto a este ensinamento são encontrados em Mateus 10:38-39, Marcos 8:34 - 9:1 e Lucas 9:26-27.
Jesus ainda está conversando em particular com Seus discípulos em Cesaréia de Filipe. Nesta conversa, Jesus já havia confirmado Sua identidade como o Cristo/Messias e o Filho de Deus (Mateus 16:16-17). Ele prometeu estabelecer Sua igreja e que ela conquistaria os portões do Hades (Mateus 16:18). Ele prometeu dar a Pedro as chaves do Reino (Mateus 16:19). Ele mostrou a necessidade de Sua morte iminente em Jerusalém nas mãos dos anciãos e de Sua ressurreição (Mateus 16:21). Neste ponto da conversa, Pedro sugeriu que Jesus evitasse o plano de Deus, que incluía Sua morte (Mateus 16:22). Jesus instantaneamente rotulou tal sugestão como satânica (Mateus 16:22-23).
Jesus termina a importante conversa com uma proposição, um paradoxo, um par de perguntas e duas promessas proféticas.
Jesus diz a Seus discípulos que não seria apenas Ele que deveria perder Sua vida - qualquer um que deseje vir depois de Mim deve seguir Meu exemplo e morrer também. Jesus estava informando Seus discípulos que não seria apenas Ele a morrer - mas eles também deveriam morrer, caso O quisessem seguir:
“Se alguém deseja vir depois de Mim, deve negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir-Me.”
Isso é semelhante ao que Jesus havia dito a Seus discípulos quando os enviou para proclamar o Reino às ovelhas perdidas de Israel:
"E aquele que não toma a sua cruz e não Me segue não é digno de Mim." (Mateus 10:38)
A Proposição
A cláusula de abertura da proposição de Jesus apresenta a oferta - qualquer um que deseje vir após Mim. É um convite para seguir a Jesus e tornar-se Seu discípulo.
As próximas duas cláusulas das proposições apresentam os requisitos de ser um discípulo - deve negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e Me seguir.
Negar-se a si mesmo significa deixar de lado os próprios interesses em troca dos interesses de Deus (Filipenses 2:3-8). Isto é precisamente o que Jesus acabara de dizer a Pedro. Ele demonstrou não estar fazendo como Pedro fez, seguindo a Satanás, na tentativa de persuadir Jesus a não ser morto em Jerusalém (Mateus 16:22-23). Negar-se a si mesmo significa matar as próprias ambições e desejos. Essas ambições e desejos devem ser constantemente deixados de lado caso desejemos ser como Jesus.
Deixar de lado nossos próprios desejos naturais nos traz enormes benefícios. Substituí-los pelos interesses de Deus deve realmente ser nosso objetivo. Ser como Jesus começa com a escolha da mesma atitude, ou mentalidade que Jesus escolheu. Em sua carta aos filipenses, Paulo inspira a seus fiéis companheiros no Evangelho. Paulo os exorta a escolher a mesma mentalidade que Jesus escolheu ao deixar uma circunstância muito confortável e maravilhosa no céu para se tornar humano e aprender a obediência até a morte de cruz, a fim de andar em obediência a Seu Pai. Como resultado, Jesus foi exaltado acima de todo nome (Filipenses 2:5-11). Jesus deixa claro que Ele compartilhará Sua recompensa com todos os que vencerem tomando a sua cruz, como Ele venceu (Apocalipse 3:21). Deixar de lado o eu é deixar de lado o maior obstáculo no caminho da nossa maior realização nesta terra.
O segundo requisito para um discípulo de Jesus é tomar a sua cruz e seguir-Me. A cruz era o método público que os romanos usavam para executar criminosos. Era fisicamente torturante e socialmente humilhante. Suas vítimas eram muitas vezes despidas, pregadas em uma madeira no fomrato de "T" ou "X" e deixadas para desidratar e sufocar até a morte fora dos muros da cidade ou ao longo das estradas, para que todos vissem. A cruz era um instrumento de morte dolorosa e de grande vergonha. A imagem que Jesus está colocando nas mentes de Seus discípulos é que eles abracem o sofrimento e a vergonha do mundo - até o ponto de rejeição, perda e até morte física. Jesus logo dará esse exemplo literalmente quando for crucificado. E Ele espera que qualquer um que deseje segui-Lo tenha a mesma visão do mundo e do Reino. Isso é seguir o Seu exemplo. São esses os discípulos aos quais Jesus recompensará grandemente.
O livro de Hebreus descreve a Jesus como nosso exemplo, "que pela alegria posta diante d'Ele suportou a cruz, desprezando a vergonha..." (Hebreus 12:2). Desprezar algo significa não lhe dar valor. Quando os seguidores de Jesus negam-se a si mesmos e tomam suas cruzes, eles estão desprezando as coisas que este mundo valoriza. Eles não têm medo do ódio e do castigo que o mundo inflige aos que não seguem seus caminhos. E a razão pela qual os seguidores de Jesus têm tão pouca consideração pelos prazeres e conquistas deste mundo é porque eles vivem para a maior das alegrias, recompensas e glórias: o Reino. Negar-se a si mesmo e tomar a própria cruz são a porta pequena e o caminho estreito que levam à vida (Mateus 7:14). São oportunidades diárias de ser como Jesus, servindo sacrificialmente aos outros e entrando em Seu Reino.
O relato de Lucas inclui a palavra "diariamente" à declaração de Jesus:
"E Ele dizia a todos: 'Se alguém quiser vir após Mim, deve negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz diariamente e Me seguir.'" (Lucas 9:23)
Esse advérbio enfatiza como essa negação e essa "morte" não se destinam a ser compreendidas literalmente. Ninguém pode literalmente ser crucificado "diariamente", porque a crucificação, por sua própria natureza, acaba com a existência terrena de uma pessoa. Mas, metaforicamente, uma pessoa pode tomar sua cruz diariamente e matar as obras e desejos de sua carne. Ela pode dizer "não" às recompensas prometidas pelo mundo e "sim" às recompensas prometidas por Deus.
O advérbio "diariamente" também indica que a declaração de Jesus é uma proposição de "entrar no Reino", e não uma proposição de "entrar no céu". Entramos no Reino andando por fé e confiando em Deus através de nossas ações (Mateus 7:21). Nascemos de novo e nos tornamos parte da família de Deus simplesmente crendo em Jesus como o Filho de Deus (João 1:12; 3:16). O Reino de Deus não é deste mundo, ainda não (João 18:36). A fim de entrarmos em Seu Reino espiritual enquanto ainda estamos neste mundo físico, é necessário deixarmos de lado o mundo e andarmos nos caminhos de Jesus.
O paradoxo
Jesus, então, explica essa proposição do Reino com um paradoxo: “Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a sua vida por Minha causa a encontrará.” Essa afirmação pode ser descrita como "o paradoxo do discipulado". Jesus já havia apresentado o paradoxo do discipulado a Seus discípulos antes:
"Aquele que encontrou a sua vida a perderá, e aquele que perdeu a sua vida por Minha causa a encontrará. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por Minha causa, encontrá-la-á." (Mateus 10:39).
A palavra grega traduzida como vida e alma nesses versículos é a mesma. Eles são "psuche". "Psuche" é o nosso eu. "Psuche" é a essência interior ou a identidade central de quem uma pessoa é. É o coração da pessoa, com todos os seus amores, desejos e vontades, além de sua mente, consciência e raciocínio. "Psuche" não é meramente a soma de todas essas coisas. É quem ou o que essa pessoa é. O corpo é meramente uma casa, ou tenda. Eventualmente, "mudaremos" de habitação e trocaremos nossa tenda por uma bela mansão (João 14:12).
Todos os seres humanos fazem parte do grupo de “quem deseja salvar a sua vida” ("psuche"). Ninguém deseja ter suas aspirações esmagadas. Ninguém deseja perder a sua identidade ou personalidade. Ninguém deseja perder seu "psuche".
Aqui, Jesus está dizendo a Seus discípulos que todo aquele que procura salvar o seu "psuche" por meio deste mundo o perderá. O mundo e seus reinos não podem proteger ou preservar sua "psuche". Isso deformará e apagará sua identidade. O mundo irá pisar em seu destino, sem deixar nenhuma recompensa em troca do que lhe damos. A maneira mais segura de perder nossa "psuche" é investi-la nos sistemas do mundo. É irônico e trágico que todo aquele que procura salvar sua "psuche" por meio do mundo a perca. As promessas do mundo são todas vazias e não valem nada, enquanto que as recompensas do Reino de Deus são garantidas pelo próprio Deus.
Jesus ensina a Seus discípulos como salvar sua "psuche": perdendo-a por Sua causa. Se nos recusarmos a investir nossa vida no sistema mundial e, em vez disso, investi-la no Reino de Deus, nós a encontraremos. Este é o paradoxo do discipulado. O discípulo de Cristo escolhe perder a vida precisamente para encontrá-la.
Quando uma pessoa escolhe abandonar o padrão do mundo, a maneira egoísta do mundo de identificar competidores em toda parte, ela perde o que o mundo tem a oferecer. Mas, quando escolhe agir como Jesus agiu, entregando-se sacrificialmente para amar a Deus e servir aos outros, ela ganha sua "psuche".
Salvar a "psuche" - salvar a vida - ou salvar a alma não significa salvar uma pessoa da condenação eterna. A Bíblia ensina que o espírito do crente é salvo da condenação eterna e passa da morte para a vida eterna (Romanos 8:16; 1 Coríntios 15:44; Efésios 2:4-5). A alma do crente é salva na medida em que sua mente, coração e vontade são conformados ao caráter e semelhança de Jesus (Romanos 12:2; Hebreus 10:39; Tiago 1:21, 5:19-20; 1 Pedro 2:11). A salvação espiritual é a justificação aos olhos de Deus, e isso vem somente através da fé, olhando para Jesus na cruz e desejando a libertação do pecado (João 3:14-16). Salvar a "pusche" é ser santificado, ou separado, para as obras de Deus.
Não é fácil dizer "não" ao mundo. O mundo oferece coisas agradáveis aos olhos, aos apetites e ao ego (1 João 2:16). Parece atraente. Mas tudo leva à morte, separando-nos de nossos desejos mais verdadeiros e mais profundos.
É por isso que as Escrituras dedicam tanto tempo a esse tópico. É provável que as Escrituras estabeleçam tantas promessas de recompensa exatamente como resultado das nossas ações em acordo com os mandamentos de Jesus. Algumas dessas Escrituras estão listadas abaixo como ilustração:
Este paradoxo - ganhar a vida ao perdê-la - é outra maneira de dizer o que Jesus ensinou aos discípulos no Sermão da Montanha: "Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem... mas guardai para vós tesouros no céu... pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:20-21).
Ao seguir a Jesus e Seu exemplo, descobrimos nossa verdadeira identidade como Deus a criou, cumprindo nosso destino e nos tornando completos e plenos em Seu Reino. Ao seguirmos ao mundo, perdemos tudo isso. Nossos desejos mais profundos não serão realizados.
Um par de perguntas
Jesus enfatizou esses pontos paradoxais com um par de perguntas retóricas:
“Pois de que adiantará um homem se ele ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ou o que um homem dará em troca de sua alma?”
Nesta frase, a alma é traduzida do grego "psuche", a essência da identidade de cada pessoa. A resposta para ambas as perguntas é: nada. Um homem não lucrará nada se ganhar o mundo inteiro e perder sua alma. Se possuíssemos todo o dinheiro do mundo e todas as terras do mundo, mas perdêssemos nossa alma, perderíamos a nós mesmos. Ao enquadrar as escolhas da vida de forma tão clara, um homem não aceitaria nada em troca de sua alma/"psuche". E, no entanto, as pessoas involuntariamente trocam e perdem sua alma/"psuche" por muito menos do que o mundo inteiro. Infelizmente, isso ocorre todos os dias. Trata-se de um trágico desperdício e perda.
Essas perguntas retóricas esclarecem o paradoxo do discipulado. Se um homem está certo de perder sua "psuche" e não obtiver nenhum lucro tentando salvá-la através dos meios deste mundo, então sua sabedoria é grande. Este é o melhor investimento possível: entregar nossa "psuche" a Cristo para que ela seja salva dessas trágicas perdas.
Duas Promessas Proféticas
Este par de perguntas retóricas nos leva às promessas que Jesus faz aos Seus discípulos:
“Pois o Filho do Homem virá na glória de Seu Pai com Seus anjos, e então retribuirá a cada homem de acordo com suas obras.”
As promessas parecem aplicar-se ao fim dos tempos, no dia do julgamento. Naquele dia, o Filho do Homem - Jesus, que havia sido reconhecido como tal (Mateus 16:13-17) - virá na plena glória de Seu Pai Celestial, junto com os anjos. E, quando Ele vier, retribuirá a cada homem de acordo com suas obras. Em outras palavras, Jesus dará a recompensa total pelas ações e atitudes de cada pessoa.
A Bíblia tem muitas passagens que falam de Deus recompensando aqueles que deixam de lado as coisas deste mundo e, em vez disso, semeiam em Seu Reino. Alguns exemplos são:
A promessa de sermos recompensados pelo serviço fiel e pela obediência não tem a ver com ir para o céu ao morrermos. Ir para o céu é uma dádiva é concedido pela fé em Jesus, com base na graça de Deus (João 3:14-16; Efésios 2:8-9). Essa recompensa é a promessa de Deus de retribuir Seus servos por viverem vidas fiéis e seguirem a Jesus, apesar da dor que o mundo inflige, ou da vergonha que estigmatiza os que rejeitam seu sistema (Mateus 5:10-11).
Jesus promete que retribuirá a cada homem de acordo com suas ações - escolhas e decisões -cem suas vidas (1 Coríntios 3:11-13; 2 Coríntios 5:9-10; Salmos 62:12; Colossenses 3:25; Apocalipse 2:23).
A recompensa será grande se perdermos nossa alma por causa Dele (1 Coríntios 3:14, Mateus 25:21, 23; Romanos 8:18; 2 Coríntios 4:17).
Como perdemos nossa alma/eu e depois ganhamos nossa alma/eu?
Uma maneira pela qual isso ocorre é através da transformação, pela renovação de nossas mentes (Romanos 12:1-2). Quando deixamos de lado um coração orientado para escolher as perspectivas mundanas e as substituímos por perspectivas verdadeiras, as perspectivas de Deus, transformamos nossa alma/eu e passamos a olhar para a vida de uma perspectiva mundana para uma perspectiva do Reino de Deus. Isto é o que Jesus inferiu ao advertir Seus discípulos contra a realização de meros atos visíveis de justiça, como fazer obras de caridade, orar e jejuar para serem vistos e honrados pelos homens (Mateus 6:1; 6:2-4; 6:5-6; 6:16-18). Ele os encorajou a viver pela recompensa duradoura do Reino de Seu Pai, em vez das recompensas temporárias e passageiras concedidas pelos reinos dos homens.
Se deixarmos de lado o mundo e seguirmos a Jesus em obediência, ganharemos uma herança eterna em Seu Reino (Mateus 25:34; Lucas 22:28-30; Colossenses 3:23). Deus salvará nossa alma/"psuche" (1 Pedro 4:19) e seremos recompensados em Seu Reino ao segui-Lo pela fé. Mas se procurarmos manter nossa alma/"psuche" não receberemos recompensa do Filho do Homem (1 Coríntios 3:15; Mateus 25:26). Teremos desperdiçado nossa única oportunidade de conhecer a Deus pela fé.
Mais tarde, Pedro entendeu melhor o que Jesus quis dizer, diferente da sua compreensão ao tentat persuadi-Lo a perder Sua vida em Jerusalém e ir para a morte na cruz (Mateus 16:22). Pedro escreve em sua primeira epístola:
"Nisto vos regozijais grandemente, embora agora, por algum tempo, se necessário, tenhais sido afligidos por várias provações, de modo que a prova de vossa fé, sendo mais preciosa do que o ouro que é perecível, embora provado pelo fogo, possa resultar em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; e, embora não O tenhais visto, amai-O e, embora não O vejais agora, mas creiais n'Ele, regozijai-vos grandemente com alegria inexprimível e cheia de glória, obtendo como resultado da vossa fé a salvação das vossas almas." (1 Pedro 1:6-9).
Jesus concluiu Seu tempo de ensino com Seus discípulos com uma profecia baseada em Sua autoridade messiânica e divina, afirmando: “Verdadeiramente eu vos digo.” A profecia era a seguinte: Há alguns daqueles que estão aqui que não provarão a morte até verem o Filho do Homem vindo em Seu Reino. A referência a alguns dos que estavam ali se dirigia a alguns dos discípulos que estavam literalmente de pé na presença física de Jesus enquanto falava com eles. Como veremos em breve, esses "alguns" eram especificamente Pedro, Tiago e João (Mateus 17:1).
Esses homens não experimentariam a morte, isto é, não morreriam fisicamente, até que testemunhassem a vinda do Messias em Seu Reino. Com isso, Jesus iindicou a respeito do evento de Sua transfiguração, ocorrida "cerca de seis dias" depois de ter esse diálogo sobre Sua identidade e missão e liberar essa profecia (Mateus 17:1).