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Significado de Mateus 16:5-12

Quando Jesus e os discípulos atravessam o mar novamente, Ele pede a Seus discípulos que tomem cuidado com o fermento dos fariseus e saduceus. Eles não compreendem o sentido da sua frase e acham que estão sendo repreendidos porque esqueceram de trazer pão. Jesus explica que deveriam ter cuidado com os ensinamentos dos dois grupos de líderes.

O Evangelho paralelo que narra a história desse evento pode ser encontrado em Marcos 8:13-21.

Jesus saiu de Magadã, situada na costa noroeste do mar da Galiléia (Mateus 15:39), no distrito da Galiléia, logo após ter chegado lá. Aparentemente, os fariseus e saduceus estavam esperando por Ele. Mas, ao invés de retornar a Decápolis, na costa sudoeste, eles parecem ter chegado em Gaulanitis, um distrito na costa noroeste do mar. Isso parece ser o caso porque Mateus registra que Jesus e os discípulos chegaram ao distrito de Cesaréia de Filipe”, norte de Gaulanitis (Mateus 16:13).

Aparentemente, a conversa que se segue ocorreu quando Jesus e os discípulos se deirigiam a Cesaréia de Filipe, logo após chegar no outro lado do mar. A jornada para Cesaréia de Filipe seria de aproximadamente 13 quilômetros, em uma trilha difícil, já que ela se elevava mais ou menos a 500 metros.

Quando chegaram à costa e começaram a caminhar na porção de terra da jornada, os discípulos perceberam que tinham esquecido de trazer pão. Isso pode ter sido ignorado porque eles haviam saído com muita pressa para longe dos fariseus e dos saduceus, ou podem ter esquecido por algum outro motivo.

Depois que perceberam isso, Jesus disse a eles: “Fiquem vigilantes e tomem cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus”. O fermento era a substância usada para transformar farinha em pão. Os discípulos ficaram confusos com o que Ele quis dizer com o fermento dos fariseus e dos saduceus. Mas, ao invés de pedir a Jesus que explicasse sua declaração, eles supuseram que o motivo de Ele tr dito aquilo foi porque “não trouxemos nenhum pão”. Com isso eles provavelmente acharam que Jesus iria ficar irritado ou desapontado com eles por esquecerem de levar algo de comer. Eles começaram a conversar entre si, aparentemente de uma forma que garantisse que Jesus não ouviria a conversa.

Mas, Jesus sabia do que eles estavam conversando e interveio. Ele os chamou de homens de pouca fé. Esse era um termo curioso que Ele ocasionalmente empregava para descrever Seus discípulos (Mateus 6:30; 8,; 2614:31; Lucas 12:28). A palavra no grego é “Oligopistoi” e significa “pouca fé”. Jesus usava esse termo de forma sarcástica e bem-humorada para chamar atenção sobre a imaturidade de Seus discípulos.

Ele, então, perguntou a Seus discípulos: “Porque vocês discutem entre si que não tem nenhum pão?”

Parece que nenhum deles queria dar a Jesus uma resposta.

Jesus continuou a fazer mais perguntas, para que suas mentes pudessem começar a entender o que Ele estava querendo dizer. Jesus pediu a eles que relembrassem de Seus milagres e considerassem se suas especulações sobre o que eles imaginavam estavam alinhadas com o que Ele realmente queria dizer.

Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantos cestos levantastes? Nem dos sete pães para quatro mil, e de quantas alcofas levantastes?

Essas perguntas relembravam os eventos recentes, quando Jesus milagrosamente alimentou as multidões, não apenas uma, mas duas vezes (Mateus 14:15-21; 15:32-38). Enquanto os discípulos consideravam essas coisas e a habilidade de Jesus de milagrosamente criar comida, Ele perguntou: Como é que vocês não entenderam que Eu não estou falando sobre pão?

Ao invés de falar sobre o pão físico ou sobre comida, Jesus os estava avisando para tomarem cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus. Foi apenas depois de considerarem essas coisas que os discípulos realmente entenderam que Ele não estava se referindo literalmente ao cuidado com o fermento ou o pão dos fariseus e saduceus, mas com o “fermento” dos seus ensinamentos.

Jesus usou o termo fermento não para descrever a substância física usada para fazer a farinha e a massa crescerem. Ele o usou como metáfora para descrever os ensinamentos dos fariseus e dos saduceus. Assim como fermento se mistura com a farinha e faz com que ela cresça e se torne um pão, os ensinamentos dos fariseus e dos saduceus tinham o efeito de se misturar às boas leis da vida. O fermento é apenas uma porção pequena do volume inteiro de uma massa de pão, mas tem um efeito poderoso em sua substância. De uma maneira similar, os ensinamentos dos fariseus tinham um efeito poderoso; porém, diferente de como o fermento age na massa de pão, seu efeito era nocivo.

O que exatamente Jesus estava alertando ao dizer a Seus discípulos para tomarem cuidado com seus ensinamentos? Provavelmente não era a uma regra específica ou uma doutrina, mas a maneira como eles pensavam. A perspectiva das coisas que eles haviam adotado. Neste contexto, existem apenas duas respostas possíveis para o que Jesus indicou quanto ao fermento:

  1. Tomem cuidado para não caírem nas táticas usadas para seus propósitos malignos;
  2. Cuidado com seu legalismo, onde o poder para obrigar, comparar e julgar está acima do espírito e propósito da lei.

A primeira possibilidade é que o fermento dos fariseus e saduceus se refira a seu estilo de vida egoísta, porém extremamente claro sobre os princípios da vida. Isso era perfeitamente demonstrado nos sutis truques e armadilhas quando buscavam encurralar um oponente, da mesma forma que fizeram com Jesus. Assim como o fermento é praticamente invisível, mas tem um impacto decisivo em um pão, assim eram as crenças e presunções dos fariseus e saduceus, que exerciam um impacto enorme no resultado de um argumento.

Eles eram habilidosos em colocar seus argumentos de uma maneira que chegasse ao resultado que queriam. Porém, eles não buscavam o que era verdadeiro, ou o que pudesse trazer benefício para as pessoas, a não ser para eles próprios. Eles estavam focados simplesmente em manter seu próprio status e estavam dispostos a dobrar a aposta e se justificar para alcançar esse fim. Obviamente que Jesus era esperto o suficiente e conhecia suas táticas. Eles eram incapazes de derrotá-Lo.

Eles tinham falhado em encurralar Jesus na situação do “ou/ou” quando pediram que Ele desse um sinal a eles (Mateus 16:1). Um exemplo mais famoso de outra situação traiçoeira “ou/ou” para Jesus foi quando eles perguntaram se estaria de acordo com a Lei pagar impostos a César (Mateus 22:15-22). Jesus sabia que se aceitasse suas definições e termos para o debate, eles venceriam o argumento e Ele perderia, possivelmente com consequências mortais.

Jesus foi sagaz em rejeitar o fermento de suas suposições errôneas e mudar as definições desde o começo. Com essa observação, Ele poderia estar avisando os discípulos a fazer o mesmo em seus futuros encontros com os fariseus ou saduceus. Isso nos diz que não eram suas táticas o problema, mas sua intenção. Seu propósito era centrado em si mesmos e não centrado em Deus.

A Bíblia claramente nos ensina sobre as terríveis consequências aos que têm ambições egoístas (Romanos 2:8). Jesus estava alertado os discípulos para seguir Seu exemplo de sagacidade e reconhecer propósitos estruturais e malignos dos fariseus e saduceus, para saber como os derrotar em seu próprio jogo. Os discípulos realmente avançaram nessa área. Veremos no livro de Atos que, depois que Jesus ressuscitou dos mortos e subiu aos céus, os discípulos perguntaram aos líderes judeus: “Importa obedecer a Deus, não aos homens” (Atos 4:19). Esta foi uma mudança devastadora de perspectiva em seu argumento, principalmente porque se tratava de um grupo de líderes religiosos!

Uma segunda possibilidade para o ensinamento que Jesus estava descrevendo como fermento era o legalismo ensinado pelos fariseus e saduceus. Este alerta era similar ao aviso que Ele havia dado a Seus discípulos durante o Sermão da Montanha.

Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós com vestes de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa dá bons frutos, porém a árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má dar bons frutos. Toda árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada no fogo. Logo, pelos seus frutos os conhecereis.” (Mateus 7:15-20).

O problema não era que as doutrinas ou regras dos fariseus e saduceus eram explicitamente erradas ou malignas. Se eles fossem contra a Lei, Jesus nem precisaria avisar aos discípulos para ficarem alertas em relação a eles, porque Seus seguidores facilmente veriam a insensatez deles e evitariam seus argumentos. Mas, o coração do legalismo por trás de seus sistemas era sutil e perigoso. Suas regras morais eram criadas para fazê-los parecer bons, normalmente à custa de outros. Eles se colocavam em uma posição superior, como juízes dos outros. Eles usavam comparações somente quando lhes era conveniente. Seu sistema produzia justiça apenas para si mesmos, mas não produzia harmonia com Deus ou com os outros. Como veremos no Capítulo 23, seu sistema legal se tornou uma justificativa moral para a exploração do povo, o oposto do propósito da Lei de Moisés.

Deus havia dado a eles os Dez Mandamentos a fim de guiarem a cultura para longe da crença de que “os fortes tinham o direito de explorar os fracos”, assim como faziam as culturas pagãs do Egito e de Canaã (veja Levítico 18 para uma lista de práticas comuns dessas culturas). Ao invés de “o forte explora o fraco”, Deus instituiu uma lei na qual “os vizinhos deviam amar uns aos outros e buscar o benefício mútuo”. O propósito da lei era o de permitir a todos uma oportunidade de crescer, prosperar e compartilhar bênçãos. Como indicado por Jesus em Mateus 23, os fariseus tinham, por meio da aplicação da tradição oral, transformado a lei em instrumento de exploração do povo.

Abraçar seu sistema moral, com regras aparentemente boa, tornavam as pessoas orgulhosas e arrogantes. Também criava uma capa moral para encobrir seu modo de vida de exploração. Isso fazia a pessoa parecer boa, mas não a tornava boas de fato. Ao abraçar seu sistema moral, a pessoa recebia recompensas mundanas, mas não a levava ao Reino de Deus (Mateus 6:1). O Reino de Deus diz respeito a amar aos outros e buscar seu bem. Em Seu Reino, o serviço ao próximo é o melhor caminho a tomar.

Abraçar o sistema moral dos fariseus levava as pessoas a perder as infinitas recompensas do Reino de Deus, lançando sua herança no Geenna, o lugar do fogo ao sul de Jerusalém (Mateus 23:15).

Resumindo, os ensinamentos dos fariseus e saduceus eram capazes de fermentar o coração dos amantes de regras legalistas e prestígio, ao invés de levar as pessoas a amar a Deus e ao próximo.

É provável que Jesus tenha Se referido a ambos esses avisos, e muitos outros, quando disse a Seus discípulos para tomarem cuidado com os ensinamentos dos fariseus e saduceus.

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