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Significado de Mateus 20:24-28

Os discípulos ficaram chateados e irritados com Tiago e João por terem convencido sua mãe a pedir a Jesus que lhes desse o que eles queriam. Jesus aproveita a ocasião para lembrar a todos os discípulos que a grandeza em Seu Reino não era dominar sobre as pessoas, mas servi-las, como o Messias havia vindo para servir – até a morte.

O relato paralelo do Evangelho quanto a este evento é encontrado em Marcos 10:41-45.

Na passagem anterior, Tiago e João, por meio de sua mãe, pediram a Jesus que lhes concedesse posições de autoridade, influência e prestígio na futura administração do Seu Reino messiânico. Eles pediram para ser os primeiros, sentando-se à Sua direita e esquerda. Mas eles não sabiam o que estavam pedindo. Eles não sabiam disso porque  ainda não haviam compreendido que Jesus seria morto; e ainda não entendiam que ser o primeiro e tornar-se grande no Reino era o oposto do que isso significa na terra.  Jesus lhes disse que, um dia, eles entenderiam e sofreriam como Ele sofreria, mas que cabia a Seu Pai decidir quem estaria em qual posição na administração de Seu Reino.

Quando os outros dez discípulos descobriram que os dois irmãos haviam pedido a Jesus para serem os primeiros em Seu Reino, eles ficaram indignados com Tiago e João. Eles provavelmente ficaram indignados com eles porque os filhos de Zebedeu haviam perguntado isso a Jesus antes deles. E eles ficaram com inveja porque eles haviam habilmente usado sua mãe para fazer o pedido por eles. (Por que eles não pensaram nisso antes?!) Eles ficaram com inveja da ambição dos irmãos Zebedeu.

Jesus jamais repreendeu a Seus discípulos por sua ambição. Ele amava a ambição deles e os ensinou a alcançá-la, redirecionando-a para o objetivo correto, que é o de servir aos outros na verdade e no amor.

O desejo dos discípulos de serem os primeiros em grandeza vinha de uma ambição natural, projetada por Deus. Deus criou o homem para ser grande. Ele privilegiou o homem sobre toda a Sua criação, fazendo as pessoas à Sua imagem divina (Gênesis 1:26-27Salmo 8). E Deus fez isso com um propósito especial. Ele não criou o homem à Sua imagem para ser medíocre ou limitado. Deus criou o homem para ter domínio e governar a criação em harmonia com Ele (Gênesis 1:28Salmo 8). E Ele implantou a ambição de exercer esse domínio dentro do coração de cada ser humano. Todos foram criados para ser reis ou rainhas no serviço de Deus. E só encontramos nossa felicidade na medida em que operamos em Seu desígnio divino e cumprimos Seu destino divino de sermos grandes.

Foi com o pecado e a queda do Homem que nossa ambição de glória e grandeza se tornaram distorcidas. Quando o homem se rebelou contra Deus, o impulso divino de se tornar grande permaneceu, mas em vez de procurar tornar-se grande através do seu relacionamento com Deus e do serviço aos outros, começamos a procurar ser grandes em nossos próprios termos - independentes Dele. Mas essa "grandeza" é uma farsa. Não é a verdadeira grandeza. Sua glória é pequena e cada vez mais desvanecida. A grandeza egoísta é inevitavelmente obtida através da exploração dos outros. Isso pode ser visto nas personagens da história chamadas de "grandes", como "Herodes, o Grande", que era um assassino maníaco que matou suas próprias esposas e filhos. É uma falsificação lamentável em comparação ao que Deus projetou e deseja para nós.

A grandeza dentro da queda é relativa ao nosso status. É amplamente baseada em esmagar os outros e manter nossos concorrentes abaixo de nós, em vez de realmente deixar que Deus nos exalte. Nos reinos da terra, uma pessoa se torna grande diminuindo impiedosamente os outros. É assim que o mundo concebe a grandeza. Foi como os discípulos erroneamente a imaginaram. A verdadeira grandeza vem do serviço e da mordomia. Vem de investir nos outros e elevar aqueles à nossa volta.

Para resgatar os discípulos daquele momento de mesquinhez, ciúme e indignação, Jesus chamou todos a Si e começou a explicar-lhes mais uma vez o que significava ser e tornar-se grande em Seu Reino (Mateus 5:3-12; 5:20; 5:41; 6:3-4; 6:6; 6:20; 6:33; 7:13-14; 7:24-25; 10:32-33; 10:42; 13:44; 13:45-46; 16:24-27; 18:4; 19:21; 19:28-30; 20:16).

Jesus disse: Vocês estão plenamente conscientes de que os governantes dos gentios dominam a todos que tenham menos poder e influência do que eles, certo? Os grandes homens exercem autoridade sobre todos. Os discípulos instantaneamente entenderam que aquilo era verdade pela experiência dolorosa que tinham com Roma. A justiça no mundo romano tinha pouco a ver com o que era certo ou justo. Tinha tudo a ver com ordem e compreensão de quem estava em posição de poder. Para aqueles que não estavam no poder, todos entendiam que "o poder faz o direito". E desafiar esse código produziria exemplos brutais e aterrorizantes. Para sobreviver, era preciso conhecer o seu lugar na sociedade e evitar a ira dos que estavam sobre eles.

Os governantes romanos, desde o César Imperial até os governadores provinciais, como Pilatos, até os traiçoeiros cobradores de impostos, como Mateus costumava ser, aproveitavam ao máximo sua posição sobre os outros para extrair o que queriam. Era um sistema baseado no poder, na corrupção e no abuso. Isso era o que Jesus queria dizer com dominação. Ser grande, entre os gentios, era estar acima da lei e ser capaz de coagir qualquer um a fazer o que os poderosos quisessem. Todos serviam aos governantes. Os governantes não serviam a ninguém.

Jesus disse: "Não sejais como os governantes gentiosnão é para ser assim entre vós que sois Meus discípulos. Ele poderia ter acrescentado: "Não sejam como os saduceus e fariseus" porque, à sua maneira, eles seguiam o mesmo padrão da dominação de Roma sobre os outros. As autoridades religiosas e políticas nos dias de Jesus mantinham a mesma visão falsa e valores corruptos para o que significava ser grande. Jesus apresentou uma repreensão semelhante durante o Sermão da Montanha, quando ordenou a Seus seguidores que amassem até mesmo a seus inimigos (Mateus 5:47).

Jesus tinha uma maneira verdadeira e melhor para as pessoas serem grandes. E Ele deu duas instruções simples para quem desejava se tornar grande. Esta frase demonstra que a grandeza poderia ser alcançada por todos. Quem quiser tornar-se  grande pode ser grande seguindo as duas instruções de Jesus.

As duas instruções eram: Quem quiser tornar-se grande entre vós, será vosso servo; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso escravo.

Ser grande no Reino de Deus é servir as pessoas e colocar suas necessidades em primeiro lugar. Servos e escravos são os últimos a ter suas necessidades atendidas. Era o trabalho de um servo e escravo atender às necessidades de seus governantes primeiro. Somente depois que todas as necessidades de seus governantes fossem atendidas, eles poderiam, então, se concentrar em atender às suas próprias necessidades. Jesus estava ensinando a Seus discípulos a adotar a mentalidade e a perspectiva de escravos em suas interações com todos, não apenas com aqueles que tinham autoridade sobre eles. Ele disse que se eles agissem dessa maneira, eles se tornariam grandes em Seu Reino.

Esta é a aplicação prática e o verdadeiro significado do provérbio "Os últimos serão os primeiros" (Mateus 19:30; 20:16). Ser grande no Reino significa ser considerado o menor na terra. Ser o primeiro no céu significa ser o último entre os homens. Isto foi precisamente o que Jesus fez quando Ele deixou o céu para a terra (Filipenses 2:5-7). Mas Tiago, João e os discípulos não estavam pensando na verdade espiritual, eles estavam discutindo sobre seus pontos de vista sobre a política do Reino. E, assim, Jesus se apresentou como um tipo muito diferente de exemplo político para Seus discípulos imitarem.

Sendo o Messias, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a Sua vida em resgate de muitos. Como Rei, ungido de Deus e governante dos homens, Cristo não exerceu domínio sobre aqueles a quem governou. Ele não exigiu que Suas necessidades fossem atendidas primeiro, de acordo com Seu direito real. Em vez disso, como um Bom Pastor, Ele veio para colocar as necessidades de Seus liderados em primeiro lugar, antes das Suas próprias (João 10:11). O Rei colocou Suas próprias necessidades por último. E quando Seu reino estivesse em perigo, o Rei entregaria Sua própria vida pela segurança de Seu Reino.

O Messias e Seu Reino não eram como os governantes dos gentios e seus reinos. O Messias havia vindo para servir primeiro e ensinar Seus discípulos a servir primeiro. Liderar no Reino é servir. E somente os que servem primeiro podem se tornar grandes governantes no Reino.

Jesus explicou a Seus discípulos que o que era verdade para Ele como o Rei-Servo também deveria ser verdade para eles, caso desejassem se tornar grandes em Seu Reino. Vocês devem aprender a liderar servindo (Marcos 10:44). E especialmente servindo aos mais pequeninos: as crianças (Mateus 18:4-5, 10), aos pobres, aos refugiados, aos doentes, aos presos (Mateus 25:34-40).

O Filho do Homem veio para dar a Sua vida ("pusche") como resgate por muitos. Em obediência à vontade de Seu Pai, o Messias veio para redimir o mundo (João 3:16). Ele veio para buscar e salvar o que estava perdido (Mateus 18:11). Ele veio para pagar a penalidade do pecado do homem, através de Sua morte na cruz, para que a humanidade pudesse ser salva e restaurada ao nosso destino divino e glorioso. Jesus veio para nos mostrar como ser grande na eternidade.

Deus nos criou e nos resgatou para nos tornarmos grandes. Tornamo-nos grandes seguindo Jesus e Sua definição de servir às pessoas. Devemos amar e servir uns aos outros como Jesus nos amou e nos serviu (João 15:12). Devemos amar ao nosso próximo como amamos a nós mesmos (Mateus 7:12Mateus 22:39). Devemos amar a nossos inimigos (Mateus 5:44). Devemos negar a nossas próprias vidas ("pusche") e tomar nossas cruzes e segui-Lo (Mateus 16:24). Devemos dar nossas vidas ("pusche") por nossos amigos (João 15:13).

E se fizermos essas coisas nesta vida pela fé e por Sua causa, seremos grandes em Seu Reino (Mateus 25:20; 2 Timóteo 2:12).

Na epístola de 1 Pedro, o apóstolo instruiu os líderes da igreja a não impor sua autoridade sobre os crentes, mas a servi-los.

"Portanto, exorto os anciãos entre vós, como vosso companheiro ancião e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante também da glória que deve ser revelada, a pastorear o rebanho de Deus entre vós, exercendo supervisão não sob compulsão, mas voluntariamente, de acordo com a vontade de Deus; e não para ganho sórdido, mas com avidez; nem ainda como dominando-o sobre os que lhe foram atribuídos a seu encargo, mas provando ser exemplos para o rebanho." (1 Pedro 5:1-3)

A partir disso, podemos ver que Pedro chegou ao entendimento da mensagem. Tanto que ele a praticou e a ensinou. O próximo versículo em 1 Pedro 5 fala sobre os líderes que são fiéis em servir e que alcançam grandes recompensas de Deus no céu. Todos devemos ser encorajados por Deus diante dos exemplos tão surpreendentes deixados por homens de cabeça tão dura. Deus sempre trabalha paciente e amorosamente, moldando-nos como barro de oleiro.

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