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Significado de Mateus 22:15-22
Os relatos paralelos do Evangelho quanto a este evento são encontrados em Marcos 12:13-17 e Lucas 20:20-26.
Desde que chegara a Jerusalém alguns dias antes, Jesus permitiu que o povo O proclamasse como o Messias (Mateus 21:7-11); purificou o templo (possivelmente duas vezes) (Mateus 21:12-13); curou os cegos e coxos no templo (Mateus 21:14); ensinou no templo (Mateus 21:23); discutiu com o establishment religioso e venceu discussão (Mateus 21:15-16; 23-27; 42-46); e ensinou por meio de parábolas 21:28-32; 33-41; 22:1-14).
Mateus, então, registra que os fariseus planejaram juntos como poderiam prender a Jesus no que Ele dizia.
Os fariseus eram os escribas religiosos que se orgulhavam de promover a Lei de Deus. Eles ensinavam nas sinagogas locais. Eles mantinham uma severa vigilância sobre quem estava seguindo seus costumes e tradições. Mas suas regras eram uma perversão da Lei de Deus para servir a seus próprios interesses. E os fariseus usavam sua autoridade e regras para distorcer a bondade das leis de Deus para sua própria vantagem, em detrimento daqueles a quem deveriam servir. Os fariseus estavam perturbados com os ensinamentos e milagres de Jesus, porque Ele não seguia suas regras. Sempre que os fariseus O confrontaram sobre isso, Jesus os repreendia e humilhava (Mateus 9:2-8; 9:11-13; 12:1-45; 15:1-11; 16:1-4).
Os fariseus odiavam Jesus por isso, mas também tinham medo Dele, porque o povo "o considerava profeta" (Mateus 21:46). Isso dificultava a eles se livrar de um Jesus cada vez mais popular, sem que perdessem a boa reputação diante das massas. Os fariseus eram tidos em alta consideração pelo povo.
E, assim, eles planejaram como poderiam prender a Jesus no que Ele dizia publicamente. Eles esperavam pegá-Lo dizendo algo que pudessem usar contra Ele para entregá-Lo a Pilatos, o governador romano (Lucas 20:20).
Porém, eles reconheciam que tal tarefa era complicada. Eles sabiam que Jesus provavelmente estaria pronto para suas armadilhas. Eles até suspeitavam que Ele poderia se recusar a responder àquela pergunta caso Ele soubesse quem eram os que perguntavam, como já havia feito quando eles se recusaram a responder à Sua pergunta sobre João Batista (Mateus 21:26-27). E, assim, eles enviaram alguns de seus discípulos para pegá-Lo. Lucas registra que os fariseus enviaram "espiões que fingiam ser justos" (Lucas 20:20). Isso sugere que os discípulos enviados pelos fariseus estavam vestidos como judeus normais do dia a dia e não em seus trajes religiosos. Eles podem ter se vestido como se fossem pobres para forçar Jesus a dizer algo que agradasse a multidão e irritasse Roma.
Mateus e Marcos detalham que os fariseus enviaram seus espiões junto com os herodianos (Marcos 12:13). Os herodianos eram membros do partido de Herodes. Herodes era o rei fantoche, meio judeu, que havia governado a Judéia quando Jesus nasceu. Seu poder dependia de Roma. Após sua morte, vários de seus filhos governaram partes de Israel. O grupo de Herodes já havia prendido e matado a João Batista (Mateus 14:1-12), cuja mensagem era muito semelhante à de Jesus (Mateus 3:2; Mateus 4:17). Os herodianos se infiltraram para ver se o que Jesus dizia cheirava a qualquer coisa anti-romana ou anti-César. O motivo dos judeus era claramente o de encontrar alguma maneira de matarem a Jesus. Mas, de acordo com o historiador judeu Josefo, apenas Roma detinha o poder da pena capital. O alto conselho dos judeus não podia se reunir oficialmente sem a prévia aprovação romana (Antiguidades 20.9.1).
Os fariseus ultra-legalistas e os herodianos pagãos estavam em extremos opostos do espectro político e religioso na Judéia, e geralmente estavam em desacordo. No entanto, a única coisa que parecia uni-los era sua oposição a Jesus. Sua estranha parceria para prender Jesus quanto ao que Ele dizia era sinistra e cheia de maldade.
Os espiões dos fariseus disseram a Jesus: "Mestre, sabemos que Tu és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus em verdade, e não te submetes a ninguém; pois não és parcial a ninguém.”
Eles iniciaram sua armadilha dirigindo-se Jesus com um título de respeito, Mestre. É provável que eles tenham usadoa palavra hebraica "Rabi".
Eles continuaram seu engano com uma enxurrada de elogios: Sabemos que Tu és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus na verdade. Eles pensavam que isso deixaria Jesus lisonejado e O faria pensar que Ele estava falando com admiradores e não com oponentes.
Em seguida, disseram: O Senhor não se submete a ninguém e não é parcial a ninguém. O fato de dizerem que Jesus não se submetia a ninguém poderia ser um reconhecimento de que Ele falava de Sua própria autoridade - "Vocês ouviram dizer..., mas eu vos digo..." (Mateus 5:27-28; 5:38). Para espanto das multidões, Jesus não cedia à autoridade de outros rabinos, como era aprática comum (Mateus 7:28-29).
Finalmente, eles disseram: O Senhor não é parcial a ninguém. Esta era uma admissão de que Jesus havia desenvolvido a reputação de não favorecer a nenhum partido ou grupo em particular. Era uma porta aberta para Jesus não precisar ser delicado em Sua resposta, caso tivesse algo a dizer contra César ou Roma. Todos esses elogios e exortações hipócritas tinham a intenção de persuadir Jesus a dar uma resposta substantiva que eles poderiam usar para prendê-Lo.
Depois de sua bajulação, veio sua armadilha: Diga-nos, então, o que pensas? É lícito pagar imposto a César, ou não?" A pergunta Diga-nos, então, o que pensas? era uma forma de colocar Jesus contra a parede. A verdadeira questão era: É lícito pagar imposto a César, ou não? Era mais uma pergunta política do tipo "ou/ou".
Tibério César era o imperador de Roma. Ele era a face do império. Os espiões dos fariseus usaram o nome César como sinônimo de Roma. O domínio romano era ressentido por muitos judeus em toda a Judéia. Seus costumes gentios e sua religião pagã eram violações flagrantes da Lei de Deus. A ocupação da Judéia por Roma era uma humilhação diária aos judeus; o direito romano era a lei que governava a terra; os judeus tinham que se submeter à sua autoridade e tinham que pagar tributo a Roma na forma de impostos, incluindo os impostos eleitorais para terem viagens seguras pelas das estradas romanas.
Usar o exemplo do imposto era um lembrete doloroso quanto ao domínio de Roma para muitos dos ouvintes e apoiadores de Jesus. Muitos deles provavelmente haviam pago o imposto para votar dias ou semanas antes a caminho de Jerusalém quando vieram para a Páscoa.
Grande parte da esperança messiânica durante os dias de Jesus surgia da esperança de que Deus enviaria um Messias que derrubaria o odiado jugo da ocupação romana. Conforme foi visto em Sua recente entrada triunfante em Jerusalém, quando purificou o templo, muitos judeus estavam começando a colocar suas esperanças messiânicas em Jesus.
Um lado da armadilha era levar Jesus a dizer "sim", afirmar que os israelitas deveriam pagar o imposto. Isso identificaria Jesus como um anti-judeu/pró-romano, alienando-O do povo e tornaando mais fácil para os governantes religiosos lidarem com Ele sem o medo da reação do povo. Na verdade, isso permitiria que eles planejassem sua morte por suas próprias mãos e saíssem impunes.
Se Jesus não caísse nessa armadilha, eles O empurrariam para o lado pró-judeu/anti-romano. Isso seria ainda melhor para eles, porque então eles poderiam entregá-Lo a Roma como um insurrecionista, e Roma lidaria diretamente com Jesus (como havia ocorrido com João Batista). Roma poderia matá-lo. Este era o resultado esperado por eles, como Lucas 20:20 afirma. Seu objetivo era o de entregar Jesus ao poder e à autoridade do governador romano.
Se Roma O prendesse, os fariseus poderiam lavar as mãos e fingir ser irrepreensíveis. Em essência, eles poderiam dizer ao povo: "Bem, foi Roma quem prendeu a Jesus. Não fomos nós. Não tivemos nada a ver com o que aconteceu a Ele."
Sua expressão É lícito dar foi cuidadosamente calibrada para enganar e prender a Jesus. Foi um enquadramento político perfeito; não importa como Jesus reagisse ao enquadramento deles, Ele perderia.
A frase É lícito era carregada de tecnicalidades jurídicas e ramificações. Observe como eles não perguntaram: "É certo pagar" ou "É bom pagar". Afinal de contas, era este o sentido de sua pergunta. Mas estas não foram as palavras que eles escolheram, porque Roma se importava pouco com preferências e sentimentos pessoais. Porém, Roma guardava vigilantemente suas leis.
Os espiões dos fariseus estavam tentando enganar a Jesus com sua pergunta. Porém, eles a formularam de tal forma que, se Jesus respondesse como esperavam, eles teriam a evidência necessária para acusá-Lo, como a de encorajar os judeus a violar as leis romanas.
Jesus instantaneamente percebeu sua malícia e brilhantemente afastou seu enquadramento traiçoeiro. Os fariseus eram políticos extremamente astutos, mas não eram páreos para Jesus.
Jesus percebeu a malignidade deles, porque Ele era naturalmente astuto como a serpente, embora fosse inocente como as pombas (Mateus 10:16). Ele havia instruído a Seus discípulos a terem "cuidado com os homens, pois eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão em suas sinagogas" (Mateus 10:17). Jesus pode, também, ter usado sua visão sobrenatural para ver seu engano. Deus nunca é enganado pelas aparências.
Jesus detectou sua malícia porque submetia Seu coração e mente à vontade de Seu Pai, seguindo a orientação do Espírito durante os momentos mais perigosos de Sua vida terrena: "Porque não sois vós que falais, mas é o Espírito de vosso Pai que fala em vós" (Mateus 10:20).
Ele lhes respondeu: "Por que vocês estão Me testando, seus hipócritas?" Ao se recusar a se envolver diretamente com o enquadramento deles, Jesus virou a mesa para reformular a questão. Jesus inicialmente reformulou a pergunta, expondo sua verdadeira intenção: aquilo era um teste proveniente de um grupo de hipócritas. Agora, em vez de a atenção da multidão estar focada na forma como Jesus responderá à pergunta, sua atenção é redirecionada ao confronto entre Jesus e Seus oponentes a quem Ele acabara de se dirigir como hipócritas.
Jesus sabia que os espiões estavam apenas fingindo ser Seus seguidores. Ele os chamou de "hipócritas". "Hipócrita" é a palavra grega para "ator". Jesus sabia quem havia enviado aqueles espiões. Ele sabia o que estavam tentando fazer com Ele. Ele os expôs e perguntou por que estavam tentando prendê-Lo. Jesus usou a palavra gentia hipócrita como uma marca negativa. Os fariseus ficaram conhecidos pelas gerações subsequentes principalmente por esta marca negativa.
Depois desse redirecionamento, Jesus deu o próximo passo em Seu contra-ataque:
Ele disse: Mostrem-me a moeda usada para pagar o imposto. Neste ponto, as pessoas na multidão provavelmente se esqueceram da pergunta original (falsa). Eles provavelmente, agora, se perguntavam o que Jesus estava fazendo. Mesmo enquanto Jesus estava reformulava a interação, Ele ainda estava dentro do assunto geral. Ele fez a pergunta de forma que os fariseus pareceriam ridículos caso não respondessem.
Aqueles que fizeram a pergunta sobre o imposto trouxeram-Lhe um denário. Um denário era uma moeda que valia o salário médio diário de um trabalhador.
Quando Jesus tomou a moeda, Ele olhou para ela. Cunhada na moeda estava a imagem de alguém. Jesus perguntou: "De quem é esta imagem e inscrição?" Em um teste anterior, os fariseus haviam perguntado a Jesus sobre a fonte de Sua autoridade. Jesus devolvei-lhes a pergunta sobre a fonte da autoridade de João Batista,à qual eles responderam: "Não sabemos" (Lucas 20:1-8). Agora, se respondessem: "Não sabemos" à pergunta "Que imagem e inscrição" estava na moeda, eles pareceriam ridículos. Jesus os forçou a responder a Seu enquadramento.
Eles responderam: "De César". César era o imperador, o governante de todo o Império Romano.
Em vez de dizer "Paguem o imposto" ou "Não paguem o imposto", Jesus diz: "Paguem a César as coisas que são de César; e paguem a Deus as coisas que são de Deus".
Sua resposta respondeu de forma brilhante e direta à pergunta dos fariseus, sem cair em sua armadilha. Isso agradou à multidão de judeus e não deu aos fariseus e herodianos nada que pudessem distorcer e usar contra Ele.
Por um lado, Jesus funcionalmente disse para pagarem o imposto. Portanto, eles não poderiam ir a Herodes ou Pilatos, o governador romano, com esta declaração e acusar Jesus de instigar uma insurreição. Ao mesmo tempo, Jesus também disse que, assim como os judeus pagavam a César o que lhe pertencia, eles também deveriam dar a Deus o que pertencia a Deus. Ao fazer isso, Jesus afirmou que Deus estava acima de tudo, incluindo acima de César. Mas Ele fez isso de uma maneira sábia. Ao mesmo tempo, não haveria palavras que os herodianos ou fariseus pudessem usar contra Ele na frente de César.
Jesus evitou a armadilha deles com uma resposta explosiva. Ele se recusou a se envolver com o perde-perde deles. Jesus reformulou a questão e fez com que os judeus respondessem ao Seu enquadramento, que acabou sendo um perde-perde para os fariseus. É importante ressaltar que Sua resposta não colocou Deus e César no mesmo nível, mas evitou dar qualquer fundamento para os judeus usarem contra Ele.
Mateus acrescenta: Ouvindo Sua incrível resposta, eles ficaram surpresos. Isso indica que até mesmo os inimigos de Jesus ficaram impressionados com Sua resposta. Eles não achavam que Jesus seria capaz de responder com sucesso à sua pergunta inteligente, sem ofender pelo menos a um lado. Mas Ele o fez. Então, eles O deixaram e foram embora.
A resposta de Jesus deu lugar ao governo humano e honra a Deus. Assim como João Batista havia instruído os oficiais, como coletores de impostos e soldados, a serem justos em suas interações com os que estavam abaixo deles (Lucas 3:12-14), assim também Jesus instruiu as pessoas a pagarem seus impostos às autoridades governamentais apropriadas. Em um sentido geral, tanto as declarações de João Batista quanto as de Jesus legitimam o governo humano. Porém, a declaração de Jesus sobre César e seu imposto não é um tratado exaustivo sobre Deus e o governo humano.
Romanos 13 traz uma declaração mais completa sobre como o cristão deve entender o propósito de Deus para o governo. Paulo instrui os crentes romanos a obedecerem às autoridades governamentais, porque elas são estabelecidas por Deus (Romanos 13:1). Mesmo em suas formas pagãs (o Império Romano) ou seculares (a maioria dos estados-nação modernos), os governos (muitas vezes involuntariamente) funcionam como ministros de Deus para o nosso bem, caso façamos o bem e permitamos que Sua ira caia sobre os infratores da lei (Romanos 13:4). Em suma, os governos, por mais imperfeitos que sejam, geralmente promovem a justiça e a boa ordem na terra, para que os seres humanos possam florescer. Portanto, devemos estar sujeitos à sua autoridade, pagar nossos impostos (Romanos 13:6), obedecer aos costumes e respeitar (Romanos 13:7) e amar ao próximo (Romanos 13:8).
A autoridade dos governos vem de Deus. Seus oficiais são responsáveis diante de Deus pela forma como administram a autoridade a eles concedida. O apóstolo Paulo é o autor de Romanos 13 e foi injustamente condenado e morto por Roma. Isso deixa claro que a fidelidade a Deus está acima do governo humano. Os apóstolos Pedro e João aplicaram essa mesma abordagem quando ordenados pelas autoridades judaicas a parar de pregar em nome de Jesus. Eles responderam: "Importa obedecer mais a Deus do que aos homens" (Atos 4:19).
Há sempre uma hierarquia de autoridade, mas as Escrituras nunca nos permitem reivindicar a nós mesmos como a autoridade; essa foi a fonte da queda de Satanás (Isaías 14:12-13).
Jesus não veio para substituir Roma ou para competir com César por seu trono temporário, ao qual Ele poderia ter facilmente derrubado. Jesus veio para estabelecer um Reino eterno que não pode ser abalado (Hebreus 11:28). Seu Reino não é deste mundo (João 18:36). César, ou qualquer governo humano, têm uma função importante a cumprir neste mundo, estabelecendo a ordem e promovendo a justiça nesse tempo. Jesus concede a autoridade a César e Ele ensinou Seus seguidores a respeitá-la. Porém, César não pode competir com Jesus. Tudo, em última análise, pertence a Cristo. É por isso que devemos entregar a César as coisas que são de César e a Deus as coisas que são de Deus.
Devemos obedecer ao nosso governo, pagar nossos impostos, mas dedicar nossa adoração e devoção a Deus. Uma nota interessante: a autoridade humana suprema estabelecida nos Estados Unidos é "Nós, o Povo". O que isso, de acordo com Romanos 13, significa é que todo cidadão dos EUA tem a responsabilidade divina de buscar justiça e estabelecer um governo que sirva a seus propósitos.