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Significado de Mateus 23:16-22

Em Seu quarto Ai, Jesus condena os guias cegos que erroneamente ensinam aos outros uma maneira legalmente justificada de mentir. Usando sua própria lógica, Jesus demonstra como todo o seu pensamento é retrógrado e errado.

Não há paralelo aparente com esse ensinamento nos relatos dos Evangelhos, mas a admoestação de Mateus 23:16 é semelhante aos ensinamentos de Jesus em Mateus 15:14 e Lucas 6:39. E os ensinamentos de Jesus em 23:17-22 são semelhantes aos ensinamentos de Mateus 5:33-37.

O quarto Ai em Mateus 23 considera a falsidade legalmente justificada. Não se dirigia aos escribas e fariseus diretamente. Ele foi dirigido aos "guias cegos, que dizem... ". Esse Ai se aplica a qualquer um que diga ou aja de acordo com sua loucura. Mas o quarto Ai foi provavelmente lançado contra os fariseus e escribas por três razões:

  1. Contexto

Jesus estava falando sobre a Má Religião dos escribas e fariseus no capítulo anterior (Mateus 23:1-15) e continua a fazê-lo durante grande parte deste capítulo (Mateus 23:23-36).

  1. "Guias Cegos"

Jesus disse: Ai de vós, guias cegos. Ele havia usado o rótulo Guias cegos para descrever os fariseus pelo menos uma vez antes (Mateus 15:14). Combinando o contexto e esse rótulo, Jesus descreve os escribas e fariseus como guias cegos no próximo Ai (Mateus 23:24).

  1. O comportamento hiperlegalista

O tipo de ginástica jurídica que Jesus denuncia nesta passagem cheira aos truques jurídicos dos escribas de justificar a quebra de suas promessas, enquanto os outros tinham de cumprir com as suas.

Guias cegos são indefesos, para não dizer perigosos. Os guias cegos pensam e afirmam saber para onde estão indo, outros podem segui-los, mas não sabem para onde estão levando as pessoas. Eles são tolos.

Esses guias cegos levavam os outros a serem mais efetivos em seus truques. Eles alegavam saber a maneira certa de mentir, sem cometer o pecado de mentir. Isso, é claro, é um absurdo, e é por isso que Jesus os chama de tolos. Se violamos ao mandamento de "Não agir falsamente” ou “Não mentir uns aos outros" (Levítico 19:11), cometemos o pecado da mentira e somos culpados de fazê-lo. E somos mentirosos, independentemente de como possamos tentar convencer alguém do contrário. Quem se comporta dessa maneira é mentiroso, ainda que tenha sido ensinado por guias cegos que são retos.

A maneira como esses guias cegos enganavam as pessoas a mentir era através dos falsos juramentos. Jurar por algo era colocar-se em risco caso a promessa fosse quebrada. Neste caso, o risco estava diante dos olhos de Deus. O Antigo Testamento deixava claro que um juramento ou voto feito, mas não cumprido, incorreria no julgamento de Deus. Um exemplo está em Eclesiastes:

"Quando fizerdes um voto a Deus, não vos atraseis a pagá-lo; porque Ele não se deleita em tolos. Pague o que prometer!  É melhor que você não faça votos do que que você deva jurar e não pagar." (Eclesiastes 5:4-5).

Os guias cegos asseguravam a seus seguidores que quem jurasse pelo templo, não era obrigado a cumprir suas promessas quando o faziam. Os juramentos feitos pelo templo não significavam nada — essas promessas não precisavam ser honradas. Eles ensinavam que não havia mal religioso em quebrar as promessas juradas pelo templo.

Mas quem jura pelo ouro do templo é obrigado a cumprir sua palavra. Assim, aqueles guias cegos ensinavam seus seguidores a mentir e a se safar, ao mesmo tempo em que conectavam outras pessoas às suas promessas.

Claro, isso não era realmente verdade. Essa prática de fazer promessas era tola e falsa, e foi por isso que Jesus ensinou a Seus discípulos no Sermão da Montanha: "Mas que a sua declaração seja: 'Sim, sim' ou 'Não, não'; qualquer coisa além disso é malignidade" (Mateus 5:37). Jesus ensinava Seus discípulos a serem confiáveis e honestos, enquanto os fariseus ensinavam seus discípulos a fazer votos sem realmente pretender honrá-los.

Neste quarto Ai, Jesus expõe essa farsa.

Mesmo em sua lógica distorcida, seu sistema era ridículo. E Jesus expôs seu golpe com uma pergunta retórica: O que é mais importante, o ouro ou o templo que santificou o ouro? A resposta é que o templo era maior do que o ouro que o adornava. A implicação era a de que, mesmo que houvesse alguma legitimidade para a falsa prática de jurar por coisas (algo que inexistia na Lei de Deus), os guias cegos a praticavam ao revés. Os juramentos ao ouro do templo podiam ser quebrados, não o juramento ao templo sagrado de Deus. Claro, é melhor ter a integridade para dizer a verdade e não ter que se fazer juramento por quaisquer coisas.

Este padrão confuso era ensinado pelos guias cegos em relação aos objetos do altar e sua oferta:

Quem jura pelo altar, isso não é nada, mas quem jura pela oferta sobre ele, é obrigado a cumpri-lo."Cegos, o que é mais importante, a oferta ou o altar que santifica a oferta?

Jesus afirmou: Quem jura pelo altar, jura tanto pelo altar quanto por tudo o que está nele. Em outras palavras, se a pessoa jurava pelo altar, ela também estava jurando pela oferta sobre, Ou seja, o juramento é feito ao “dono” do altar e da oferta, Deus. Portanto, a pessoa é obrigada a manter sua palavra. Ao dizer isso, Jesus expôs a lógica distorcida dos fariseus pela qual minimizavam os falsos juramentos.

Jesus continuou: E todo aquele que jura pelo templo, jura tanto pelo templo quanto por Aquele que habita dentro dele. Em outras palavras, se a pessoa jurava pelo templo, ela também jurava por Aquele que vive dentro do templo - Deus. Portanto, ela era obrigada a manter sua palavra. Jesus usa a construção lógica para demonstrar a falsidade do raciocínio dos, mesmo diante de premissa aceitável.

Jesus acrescentou um terceiro exemplo de como a lógica confusa dos guias cegos se aplicava: Quem jura pelo céu, jura tanto pelo trono de Deus quanto por Aquele que se assenta sobre ele. Mais uma vez, a lógica confirma que se a pessoa fizesse uma promessa, não importa pelo que ela jurasse: ela era obrigada a cumpri-la. Não seja tolo.  Deus ordena que sejamos sempre verdadeiros.

Ai de qualquer tolo que ensine o contrário.

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