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Significado de Mateus 24:6-14
Os relatos paralelos do Evangelho quanto a este ensinamento são encontrados em Marcos 13:6-13 e Lucas 21:9-20.
Depois de adveretir aos discípulos a não se deixarem enganar pelos muitos falsos Messias que apareceriam, Jesus responde às três perguntas deles sobre a destruição do templo, Sua ascensão ao trono messiânico e o fim dos tempos. Ele respondeu à última pergunta primeiro.
A terceira pergunta foi: "Qual será o sinal do fim dos tempos?"
Ele começa dizendo a Seus discípulos qual não seria o sinal final: Vocês ouvirão falar de guerras e rumores de guerras. Nem as guerras reais nem as guerras potenciais (rumores de guerras) seriam o sinal de que o fim dos tempos havia chegado. Jesus diz para que eles não se assustassem com notícias e rumores desses eventos.
A palavra grega traduzida como assustar neste versículo não é a palavra grega típica para "medo". O termo usual para o medo é "phobeo", de onde obtemos a palavra "fobia" dele. "Phobeo" significa estar aterrorizado ou com medo. Mas o termo grego usado neste versículo que é traduzido como assustar é pronunciado "throeho". Este termo ocorre apenas três vezes no Novo Testamento. Uma das outras duas ocorrências está na passagem paralela de Marcos da admoestação de Jesus (Marcos 13:7). "Throeo" é um termo menos intenso do que "phobeo". "Throeo" significa estar "assustado" ou "alarmado" ou "incomodado". Jesus certamente não queria que Seus discípulos ficassem aterrorizados com os relatos de guerras ao lhes dizer para não ficarem assustados. No entanto, Ele lhes diz para cuidarem que, quando ouvissem sobre essas coisas, eles não ficassem alarmados ou incomodados com elas. Em outras palavras, "Não deixe que isso os alarme ou distraia. Mantenham o foco na missão."
A razão pela qual os discípulos não deveriam ficar alarmados ou incomodados era porque guerras e rumores de guerra não seriam sinais do fim. Ele diz que essas coisas devem acontecer. O mundo, desde a Queda do homem em Gênesis 3, tem estado em guerra consigo mesmo. Esse padrão deve continuar até que a redenção de Deus esteja completa e o poder e a presença do pecado não existam mais. Como tem sido o caso desde os dias de Adão, Jesus disse que nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Isso não é novidade.
Da mesma forma, haverá em vários lugares desastres naturais, como fomes e terremotos. Lucas registra que Jesus incluiu "pragas" e "terrores e grandes sinais do céu" a esses desastres (Lucas 21:11). O apóstolo Paulo descreve como toda a criação geme e sofre as dores do parto (juntamente com os filhos e filhas de Deus) com ansioso anseio pelo dia da redenção (Romanos 8:19-23). Terremotos, inundações, vulcões, pandemias, furacões e fomes tornaram-se parte do nosso mundo após termos desobedecido a Deus e tentado nos tornar semelhantes a Ele com base em nossa própria razão e experiência (Gênesis 3:4-7). Esses desastres continuarão a ocorrer até que Deus faça tudo novo (Apocalipse 21:5). Quando ocorrerem, Jesus, diz, não fiquem alarmados ("throeo") pensando que o fim deve estar próximo.
Jesus descreveu essas desordens humanas e naturais como meramente o início das dores de parto. Eles não indicam o fim. Elas nem sequer indicam o começo do fim. Essas dores de parto têm estado em curso desde a introdução do pecado e da morte no mundo perfeito de Deus. As dores de parto ocorrem ao longo de um período de tempo e ficam mais intensas na medida em que o nascimento se aproxima. Elas são um sinal de que o nascimento está a caminho, mas não são o nascimento em si.
Porém, as dores de parto se tornam cada vez mais frequentes, intensas e dolorosas. E foi isso que Jesus descreveu ao dizer: Eles os perseguirão e os matarão, e vocês serão odiados por todas as nações por causa do Meu nome.
A frase Por causa do Meu nome pode simplesmente significar que os discípulos seriam mortos e odiados porque todas as nações odiavam a Jesus (João 15:18-20). No entanto, esta frase também pode significar algo como: "Para o avanço e a glória do Meu nome", ou de tal forma que "o Evangelho do Meu nome seja proclamado" (Mateus 10:39). Ambos os significados provavelmente estejam inclusos aqui. O registro de Marcos inclui uma advertência adicional: "Guardai-vos" (Marcos 13:9). Isso indica que Jesus esperava que encontrássemos e suportássemos dificuldades circunstanciais enquanto esperamos por Seu retorno.
Lucas escreve uma versão estendida desta observação (Lucas 21:12-20). Nela, Jesus revela que os "perseguidores" incluem pais, irmãos, parentes e amigos (Lucas 21:16). No relato de Lucas, Jesus também revela mais um grupo de pessoas: "Sinagogas e prisões" (líderes religiosos); e "reis e governadores" (líderes políticos) (Lucas 21:12). No registro de Lucas, Jesus compartilha que a razão pela qual od discípulos passariam por essas coisas era "por amor do Meu nome" (Lucas 21:12). Ele explica que essas provações seriam a "oportunidade para o vosso testemunho [sobre Cristo e o Seu Evangelho]" (Lucas 21:13).
Jesus preparou Seus discípulos para tais dificuldades vindouras e os instruiu a respeito delas:
"Portanto, decidam-se a não se prepararem de antemão para se defenderem; porque eu vos darei expressão e sabedoria que nenhum dos vossos oponentes será capaz de resistir ou refutar." (Lucas 21:14-15).
Esta versão estendida da resposta de Jesus no Evangelho de Lucas é semelhante ao que Ele diz a Seus discípulos quando os enviou pela primeira vez para pregarem o Reino dos Céus às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mateus 10:6-7; 10:17-22). Naquele momento, Ele também lhes ordenou que "fossem astutos como serpentes e inocentes como pombas" (Mateus 10:16).
Ele os estava preparando para proclamar o Reino apenas aos judeus (Mateus 10:5). Agora, Ele os estava preparando para pregar este mesmo Evangelho do Reino em todo o mundo, entre todas as nações. O Evangelho e o Reino são os mesmos em ambos os lugares. Mas, agora que os judeus haviam rejeitado Jesus como Messias (Mateus 23:37-39), Ele estava informando a Seus discípulos que o escopo e o alcance do Evangelho haviam se tornado muito, muito mais amplos. A mesma astúcia e inocência provavelmente seriam necessárias para a missão mais ampla que Jesus agora descrevia, ou seja, levar as boas novas do Reino ao mundo inteiro.
Jesus ainda estava introduzindo Sua resposta à terceira pergunta (que Ele responde primeiro) sobre quando seriao fim dos tempos. Ele diz: "Naquele momento, muitos cairão, indicando que muitos de Seus próprios seguidores seriam enganados e começariam a trabalhar ativamente contra o Evangelho, juntando-se a todas as nações na luta contra Seu Reino. Infelizmente, muitos pais, irmãos, parentes e amigos (Lucas 21:16) trairão uns aos outros e odiarão uns aos outros.
Muitos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos antes que o fim dos tempos chegue. Esses falsos profetas podem ser os falsos Messias sobre os quais Jesus advertiu Seus discípulos no início de Suas respostas (Mateus 24:4-5). Se não fazem parte do mesmo grupo, eles pelo menos são muito semelhantes em seu propósito maligno e seus efeitos destrutivos.
Porém, entre esses falsos profetas provavelmente estaria a figura que João identifica como o "anticristo" (1 João 2:18). Paulo chamou essa figura de "homem da iniquidade" (2 Tessalonicenses 2:3). (Ver também Daniel 8:23-26; 11:31-39; Apocalipse 17:7-14). Jesus disse que a iniquidade aumentaria antes do fim dos tempos e o homem da iniquidade, o anticristo ou besta, provavelmente tem algo a ver com esse aumento.
Jesus revela que as coisas se tornariam tão intensas que ocorreriam rupturas da ordem social. Porque a ilegalidade é aumentada, o amor da maioria das pessoas vai esfriar. Quando as interações com os outros se tornam violentas, é natural que as pessoas parem de cuidar de seus vizinhos e os percebam e tratem como rivais ou ameaças às suas vidas ou segurança. Esse ambiente soa bastante semelhante à situação descrita em Gênesis 6:11, que descreve a terra como sendo "cheia de violência". Esta situação que fez com que Deus julgasse o mundo, destruindo-o com um dilúvio.
Todo esse crescente caos na natureza, o aumento das nações em fúria e dos reinos em guerra contra si mesmos, além de uma pandemia de ilegalidade engolfará o mundo. Por mais horrível que possa parecer, Jesus espera que Seus seguidores amem uns aos outros (Mateus 5:44; 22:39; João 15:12). Porém, Ele afirma que o amor de muitos se esfriaria e as pessoas parariam de amar umas às outras. A morte do amor ao próximo é uma morte a ser evitada a todo custo (João 15:13).
Jesus afirma: Mas, aquele que perseverar até o fim, este será salvo. A palavra grega traduzida aqui como Salvo é "sozo". "Sozo" significa "algo que está sendo libertado de algo". É traduzido como "bem" em Mateus 9:22, quando a mulher é liberta de uma doença através da fé em Jesus. O contexto determina o que está sendo livre do quê.
Neste caso, o contexto é sobre a ilegalidade fazendo com que o amor esfrie. Jesus, aqui, está falando sobre Seus seguidores serem salvos de ver seu amor esfriar. O principal mandamento que Jesus deu a Seus seguidores foi amar uns aos outros (João 13:34-35, 15:12, 17). Este é o nosso principal testemunho ao mundo. Se permitirmos que o nosso amor se esfrie, perdemos o nosso testemunho. Jesus advertiu a igreja em Éfeso que se eles perdessem seu amor seu testemunho seria removido (Apocalipse 2:1-7). Se perdermos nosso amor, perderemos todo o propósito que Jesus nos deu para viver neste mundo. Se não seguirmos o propósito que Jesus nos deu, perderemos a grande recompensa que Ele nos promete caso sigamos Seus caminhos. A fim de evitar que o amor esfrie, precisamos perseverar até o fim.
Na medida em que as coisas se tornam cada vez mais desordenadas, devemos continuar a perseverar no amor. Se fizermos isso, seremos salvos e poupados de grandes perdas. Embora Jesus esteja falando aqui especificamente sobre suportar até o fim dos tempos, diante do aumento da iniquidade, esse princípio pode ser aplicado ao período de tempo que vai até o fim de nossas vidas. Se continuarmos a perseverar em fidelidade, seremos:
No relato de Lucas sobre esse ensinamento, Jesus se referiu a tudo isso ao explicar: "No entanto, nem um fio de cabelo da tua cabeça perecerá. Pela vossa perseverança ganhareis a vossa vida" (Lucas 21:18-19). A palavra para "vidas" em Lucas 21:19 é "psuche" - alma/vida. A frase "nem um fio de cabelo da sua cabeça perecerá" não é uma garantia de que não seremos fisicamente feridos. Pouco antes de Jesus dizer isso, Ele havia afirmado explicitamente aos discípulos que seus inimigos "matarão alguns de vós" (Lucas 21:16). Esta era uma expressão de certeza de que nenhum dano real ou duradouro seria experimentado, mesmo diante da perseguição, traição, tortura e morte (1 Pedro 4:19).
Aqueles que continuarem firmes, mesmo diante da traição, ilegalidade e violência ao seu redor, serão salvos de terem seu amor esfriado:
"Bem-aventurados ("makarios") são aqueles que foram perseguidos por causa da justiça, pois deles é o reino dos céus." (Mateus 5:10).
Os eventos descritos por Jesus nessas declarações ocorreram antes de Ele vir à Terra e têm sido replicados em todo o mundo desde então. Todos os discípulos seriam perseguidos, e a maioria deles seria assassinada por sua fé. Inúmeros fiéis foram perseguidos ao longo dos séculos e são até hoje caçados, presos e mortos. As dores de parto não são o sinal de que o fim é agora.
O sinal que Jesus deu de que o fim estaria próximo é que o Evangelho do Reino seria pregado em todo o mundo, como testemunho a todas as nações - e então o fim virá.
O fim dos tempos só virá depois que o Evangelho do Reino for pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações. Isso deve ser feito pelos crentes que perseverarem até o fim dos tempos e continuarem a viver para Jesus, compartilhando o Evangelho, aqueles que serõa poupados de ver seu amor esfriando. Estas coisas podem também se referir aos eventos registrados em Apocalipse 14:6, onde um anjo voa pelo céu pregando o Evangelho eterno. Talvez isso seja necessário porque o amor de muitos terá se esfriado.
Na medida em que as nações se enfurecem (Salmo 2), a iniquidade aumenta e a criação geme por sua redenção (Romanos 8:19-22). Assim, devemos sofrer com Jesus e deixar nossa luz brilhar em meio às trevas. Precisamos ser sal em meio a um mundo sem sabor, até que o fim venha e Cristo regresse.
Isto conclui a resposta de Jesus à terceira e última pergunta dos discípulos sobre a demolição do templo, Sua vinda e o fim dos tempos. Esta é a pergunta à qual Jesus responde primeiro.
O fim dos tempos virá quando o Evangelho do Reino for pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações. Quando o fim dos tempos chegar, Jesus retornará e inaugurará um novo Reino, inaugurando uma nova era na qual Ele será o Rei habitando na terra.
Em seguida, Jesus responde à segunda pergunta dos discípulos: "Qual será o sinal da Tua vinda?". Lembrando que Ele está respondendoàs suas perguntas em ordem inversa.