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Significado de Mateus 26:26-29
Os relatos paralelos do Evangelho quanto a este evento são encontrados em Marcos 14:22-25 e Lucas 22:15-23.
Nesta seção das Escrituras, Mateus aborda três momentos-chave da refeição pascal de Jesus.
Na parte inferior desta página há uma sequência de todos os eventos da última Páscoa de Jesus. Os eventos nesta sequência foram retirados de todos os quatro Evangelhos. Este relato busca descrever como todos os chamados eventos do "Cenáculo" mencionados na Bíblia sobre a última refeição pascal de Jesus podem ter se desenrolado.
Os judeus chamam as refeições da Páscoa de "Seder de Pessach", porque há uma ordem litúrgica nisso (Seder significa "ordem"). O propósito tradicional do Seder de Pessach é rememorar a fidelidade de Deus recontando os eventos da Páscoa original, quando Ele resgatou Seu povo da escravidão no Egito. As refeições do Seder tradicionalmente prescrevem tipos de alimentos e bebidas (como pão ázimo, ervas amargas, taças de vinho, etc.) e suas atividades, como as bênçãos, canções, etc., que simbolizam vários elementos da Páscoa.
O líder do Seder procura extrair o significado desse simbolismo através de sua releitura, ou "Hagadá" da Páscoa. Seu objetivo é tanto relembrar os judeus sobre a fidelidade de Deus no passado, despertar sua fé para Sua fidelidade em meio às circunstâncias presentes e reacender sua esperança em relação ao futuro com a promessa do Messias.
Nos dias de Jesus, o Seder de Pessach tornou-se uma maneira comum pela qual os judeus seguiam o mandamento de comemorar a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos juntos (Êxodo 12:14, 17-18; Levítico 23:4-6). O Seder de Pessach continuou a evoluir e ainda é celebrado pelos judeus a cada Páscoa em todo o mundo a cada primavera.
Para saber mais sobre o Seder de Pessach, veja o artigo de A Bíblia Diz: "O Seder de Pessach".
Como judeus fiéis, Jesus e os discípulos estariam bastante familiarizados com os elementos básicos e as atividades do Seder de Pessach. Havia certas expectativas e momentos que todos antecipavam dentro de um Seder. Porém, como cada Seder e sua releitura eram um pouco diferentes, havia espaço para surpresas.
Em certo sentido, a refeição do Seder é como as expectativas que os brasileiros têm em relação à refeição ou à abertura de presentes no Natal - todos sabem que o peruo será servido, tortas e outras atividades pertinentes, coomo os presentes embrulhados em torno da árvore de Natal decorada e iluminada. Porém, mesmo com suas tradições, cada Natal é um evento único.
Uma vez que o público principal do Evangelho de Mateus é composto por judeus, eles estariam muito familiarizados com o Seder de Pessach. Assim, faz sentido que Mateus tenha comentado apenas sobre os momentos únicos do Seder final de Jesus. Além do anúncio surpreendente de Jesus de que seria traído e a maneira como Ele identifica Judas como Seu traidor (Mateus 26:21-25), os três momentos do último Seder de Jesus que foram mais impressionantes para Mateus foram:
Para saber mais sobre como a última refeição de Jesus na Páscoa foi celebrada como um Seder de Pessach, veja o artigo da Bíblia Diz: "A Última Ceia de Jesus no Seder de Pessach".
Enquanto comiam, Jesus tomou um pedaço de pão e depois de abençoá-lo, partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo: "Tomai, comei; este é o Meu corpo."
O PAVOR
A primeira coisa que se destacou para Mateus do último Seder de Páscoa foi o que Jesus diz ao tomar o pão.
Mateus relata que Jesus fez isso enquanto eles comiam a refeição da Páscoa. A frase Enquanto comiam indica que Jesus fez e disse isso durante a refeição da Páscoa. Como rabino (mestre) de Seus discípulos, Jesus naturalmente teria sido o único a liderar o Seder de Pessach.
O pão, neste caso, era o pão ázimo, ao qual os judeus chamam de "Matzá". É típico que o líder do Seder da Pessach pegue um pedaço de Matzá e diga uma bênção antes de quebrá-lo em pedaços para dar aos outros participantes. Ao mesmo tempo em que faz isso, o líder do Seder também compartilha alguns pensamentos sobre o significado do pão ázimo e da Páscoa. Isso normalmente ocorria no meio da refeição do Seder, o que parece se alinhar com a expressão de Mateus Enquanto comiam.
O pão ázimo é o pão cozido sem fermento - a substância (geralmente fermento) que faz a farinha subir e se tornar macia. O pão ázimo permanece duro e plano, como um biscoito. Basta um pouco de fermento para provocar a transformação de um biscoito em um pão.
Na Páscoa, os israelitas eram obrigados a cozinhar o pão sem fermento por causa da falta de tempo. Deus os resgataria do Egito logo após a noite da Páscoa. Sua massa não teria tempo de subir e eles sairiam com muita pressa (Êxodo 12:8-13). Depois, os israelitas foram ordenados a comer o pão ázimo por sete dias para lembrar e comemorar esse momento fundador em sua história nacional (Levítico 23:6).
A Bíblia muitas vezes descreve o fermento como um símbolo do pecado ou orgulho (que incha). Da mesma forma que um pouco de fermento transforma a farinha em pão macio, um pouco de pecado transforma nossas vidas. Mas, em vez de nos tornar bons, o pecado nos torna maus. Como fermento na farinha, um pouco de pecado que permeia nosso coração vai afetar todos os aspectos de nossas vidas.
Quando tomou um pedaço do pão ázimo, Jesus libera uma bênção. Depois disso, Ele o parte em pedaços e dá os pedaços de matzá aos discípulos. Todas essas ações eram normais e esperadas para o líder do Seder durante a refeição da Páscoa. Também era esperado que o líder do Seder explicasse algo sobre o significado do pão neste momento. Jesus faz isso. Mas o que Jesus diz sobre o significado do pão podia ser tudo, menos esperado.
O que Jesus diz ao quebrar e dar o matzá aos discípulos é: "Tomai, comei; este é o Meu corpo. "
Com essa declaração, Jesus não estava apenas recontando a Páscoa, Ele estava revelando como tanto a Páscoa original quanto sua observância do Seder apontavam para Si mesmo e Seu papel como o Messias.
Ao identificar-se como o Pão Asmo, Jesus estava reivindicando várias coisas ao mesmo tempo.
Primeiro, Jesus estava afirmando que o Pão Asmo da Páscoa, que sustentou Israel durante sua fuga, era emblemático de como Sua vida e morte sustentariam as pessoas de sua fuga tanto da penalidade quanto do poder do pecado. Assim como os israelitas não deviam comer o pão fermentado no Egito, apenas o pão ázimo da Páscoa, assim também devemos encontrar nossa nutrição na vida e no exemplo de Jesus. Não devemos comer o fermento do mundo. Como Pão Asmo, Jesus é o nosso alimento espiritual. Isto é o que Jesus quis dizer com "comer o Meu corpo”. Ele deve ser a fonte de sustento de nossas vidas, nossos pensamentos, nossas inspirações, nossos amores.
Segundo, Jesus estava afirmando que, assim como o pão Matzá era sem fermento, assim era Sua vida, sem pecado.
Terceiro, Jesus estava profetizando que, assim como o Pão Asmo foi partido, assim Seu corpo seria quebrado e crucificado para o bem dos discípulos e de todos os que cressem Nele. Lucas registra a expressão mais completa de Jesus sobre o matzá: "Este é o meu corpo que é dado por vós" (Lucas 22:19a).
Nos mandamentos de Deuteronômio sobre guardar a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos, o matzá também é chamado de "o pão da aflição" (Deuteronômio 16:3). Esta descrição lembra a aflição de Israel enquanto eram escravos no Egito. Mas também antecipa a aflição que Jesus sofreria no lugar do mundo.
A palavra traduzida como "aflição" em Deuteronômio 16:3 é pronunciada "on-ee'". Pode significar "aflição", "miséria" ou "pobreza". Está relacionada à palavra traduzida como "aflitos", "aw-naw'", usada por Isaías na profecia messiânica do servo sofredor:
"Certamente as nossas tristezas Ele mesmo suportou, E as nossas tristezas Ele carregou; No entanto, nós mesmos o estimamos atingido, ferido por Deus e afligido" (Isaías 53:4).
"Ele foi oprimido e foi afligido, mas não abriu a boca; Como um cordeiro que é levado ao abate,E como uma ovelha que está em silêncio diante de seus tosquiadores,Então Ele não abriu a boca" (Isaías 53:7).
Vale ressaltar que, de acordo com a tradição, a massa do matzá deve ser feita com "furos e cortes", para evitar que cresça muito. Isto tem a ver com Cristo. Jesus foi furado e flagelado (cortado), conforme predito por Isaías:
"Mas Ele foi traspassado (furado) por nossas transgressões, Ele foi esmagado por nossas iniquidades; O castigo pelo nosso bem-estar caiu sobre Ele, e por Sua flagelação [cortes] somos curados" (Isaías 53:5).
Como o pão ázimo, Jesus é o nosso "pão da aflição". Ou, como Paulo explicou, "[Deus] fez aquele que não sabia pecado ser pecado em nosso favor, para que nos tornássemos a justiça de Deus nele" (2 Coríntios 5:21). Aos olhos de Deus, recebemos Sua justiça imputada a nós quando cremos em Jesus. Podemos experimentar a justiça ao deixarmos de lado o nosso eu e andarmos no poder de Sua ressurreição, por meio do Espírito que habita em nós.
A TAÇA
A segunda coisa que se destaca para Mateus do último Seder de Pessach é o que Jesus diz ao tomar o cálice de vinho.
“E quando tomou o cálice, deu graças.”
Esta ação de graças corresponde à bênção que o líder do Seder normalmente oferecia a Deus ao tomar um dos cálices de vinho. A palavra traduzida como agradecimento é uma forma da palavra grega "eucharisteō", que significa "dar graças" ou "gratidão". Esta palavra é transliterada para o português como "Eucaristia", que é o chamado sacramento da "Ceia do Senhor".
Mais uma vez, essas são atividades típicas que o líder do Seder fazia na refeição da Páscoa. Tradicionalmente, quatro taças de vinho eram colocadas na mesa durante o Seder de Pessach (em algumas celebrações, um cálice era colocado à parte em memória ao precursor messiânico, Elias, como demonstração de fé e esperança).
Cada uma dessas quatro taças do Seder tinham um nome:
Cada cálice corresponde a uma das quatro promessas divinas de Êxodo 6:6-8:
“Jesus deu a eles, dizendo: "Bebam dele, todos vós; porque este é o Meu sangue da aliança, que é derramado por muitos para o perdão dos pecados".
Os discípulos esperavam que Jesus tomasse este(s) cálice(s) e que fizesse alguns comentários sobre seu significado. Novamente, conforme o texto de Lucas, Jesus diz: “Da mesma forma" que Ele revela ser o pão um símbolo de Sua vida e corpo (Lucas 22:20), assim Ele revela que o cálice era um símbolo de Seu sacrifício e perdão.
Jesus diz que este cálice é o sangue da aliança, derramado por muitos para o perdão dos pecados.
Ao dizer isso, Jesus se identificou com o cálice. Alguns entendem que o cálice tomado por Jesus estivesse ligado aos temas do terceiro cálice do Seder de Pessach (à primeira vista, parece que Mateus menciona apenas um cálice. Mas sabemos em Lucas que Jesus se referiu a vários cálices durante o Seu último Seder, Lucas 22:17, 20. Assim, sabemos que Mateus está incluindo apenas uma parte do que Jesus disse e fez naquele momento). O terceiro cálice do Seder é "o cálice da redenção". Corresponde à terceira promessa de Êxodo 6:6-8: "Também eu vos redimirei com um braço estendido e com grandes juízos."
A razão pela qual este cálice mencionado em Mateus (e Marcos 14:22-25) é frequentemente associado com "o cálice da redenção" é porque Jesus diz que ele representa o Meu sangue da aliança...para o perdão dos pecados. A redenção e o perdão dos pecados só são possíveis através do sacrifício. "E de acordo com a Lei, pode-se quase dizer, todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não há perdão" (Hebreus 9:22).
Quando Jesus derramou Seu sangue na cruz, Deus derramou Seus grandes julgamentos de ira sobre Ele, em vez de derramá-los sobre nós (Colossenses 2:14). Foi o Seu sacrifício que trouxe a nossa redenção (Romanos 3:23-24). Portanto, parece provável que o cálice registrado por Mateus descreva o terceiro cálice do Seder: "O cálice da redenção".
Também é interessante notar que, como Jesus se identificou com este cálice da Páscoa, o mesmo acontece com o Salmo 116 (que os judeus tradicionalmente cantavam no final da refeição do Seder):
"Levantarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor" (Salmos 116:13).
A palavra hebraica traduzida como salvação neste versículo é "yesh-oo'-aw"/"Yeshua". Yeshua é o nome hebraico traduzido para o português como Jesus. Jesus significa "salvação". O nome literal do Senhor é Jesus/Yeshua. Mateus 1 diz: "Chamarás o seu nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mateus 1:21), porque "Jesus" significa "salvação". Mais notavelmente, o Salmo 116:13 literalmente diz: "Levantarei o cálice de Jesus e invocarei o nome do Senhor [que é Jesus]." Novamente, durante o Seu Seder final, Jesus se identificou como este cálice:
“Este cálice é o Meu sangue da aliança, que é derramado por muitos para o perdão dos pecados.”
Esta declaração revelou duas coisas sobre Jesus como o Messias, reforçando a revelação anterior dada por Jesus de que aquela Páscoa e sua observância do Seder apontavam para Si mesmo.
As duas coisas que a declaração revelou sobre Jesus como o Messias foram: a nova aliança e o papel messiânico de Cristo como o cordeiro pascal.
A Nova Aliança
Primeiro, Jesus estava instituindo uma nova aliança que cumpriria e substituiria a aliança mosaica (Mateus 5:17-18; Gálatas 3:23-25).
Hebreus nos diz que "a Lei... tem apenas uma sombra das coisas boas que virão", mas "não [tem] a própria forma das coisas" (Hebreus 10:1). A antiga aliança era uma cópia. A nova aliança é o verdadeiro documento: "Ele tira a primeira [instituições da antiga aliança] a fim de estabelecer a segunda [aliança] [instituições eternas]" (Hebreus 10:9b).
Isso não diminui a antiga aliança, de forma alguma. A antiga aliança que Deus fez com Israel através de Moisés foi importante. Definiu Israel como uma nação. Informava suas leis. Estabeleceu seu relacionamento com Deus. Também nos mostra que a maneira de obter a maior bênção possível é deixar de lado a ambição egoísta e servir aos outros, amando-os como amamos a nós mesmos (Mateus 22:37-40).
A nova aliança que Jesus estava instituindo era grandemente expandida. Ela reafirmava Israel como o povo escolhido de Deus, assim como também convidava os gentios a participar plenamente como cidadãos de Seu Reino espiritual. Ela transforma vidas ao inscrever as leis de Deus nos corações dos homens (em vez de uma pedra). E adota homens e mulheres à família eterna de Deus. A aliança mosaica permaneceu por 1500 anos. A nova aliança anunciada por Jesus é eterna.
Os discípulos provavelmente não entenderam esses detalhes naquele momento, mas devem ter sentido a magnitude do que Jesus estava lhes dizendo. Foi pela oportunidade de fazer parte dessa aliança que os discípulos se comprometeram a seguir a Jesus e permanecer com Ele até este ponto (Mateus 19:27).
Quando ouviram Jesus falar sobre a nova aliança, os discípulos podem ter sentido que a profecia de Ezequiel estava prestes a se cumprir:
"Farei um pacto de paz com eles; será uma aliança eterna com eles... Minha morada também estará com eles; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo. E as nações saberão que Eu sou o Senhor que santifica Israel, quando o Meu santuário estiver no meio delas para sempre" (Ezequiel 37:26-28).
Assim como a antiga aliança, baseada nas promessas de Deus a Abraão e Moisés, havia sido instituída e inaugurada com sacrifícios de sangue (Gênesis 15:7-21; Êxodo 24:3-8; Hebreus 9:18-20), assim também seria a nova aliança - com o sangue de Jesus. Porém, no momento em que Jesus diz essas coisas, os discípulos parecem não compreender seu significado. Eles não compreenderam como Jesus poderia morrer e ainda estabelecer Seu Reino messiânico (Mateus 16:21-23).
O Sacrifício do Messias e a Predição da Cruz
A segunda coisa revelada no comentário de Jesus - Este cálice é o Meu sangue da aliança, que é derramado por muitos para o perdão dos pecados - é um aspecto importante em Seu papel como Messias.
Os judeus entendiam que o Messias seria um profeta como Moisés (Deuteronômio 18:15), um rei como Davi (Ezequiel 37:24-25) e um sacerdote como Melquisedeque (Salmo 110:4).
O Evangelho de Mateus enfatiza fortemente os dois primeiros desses papéis messiânicos. O livro de Hebreus enfatiza o terceiro (Hebreus 5:6, 10; 6:20; 7:1-28). Durante o tempo de Jesus, havia esperanças generalizadas de que o Messias apareceria e libertaria Israel da opressão romana.
Talvez tenha sido por isso que Mateus tenha enfatizado tão fortemente como Jesus era um profeta como Moisés e um rei davídico, confirmando suas esperanças messiânicas. Como legislador e rei, Moisés e Davi representavam os papéis mais nacionalistas do Messias.
Porém, havia outro papel profetizado para o Messias - o papel do sacrifício substitutivo, uma oferta pela culpa, não muito diferente do cordeiro pascal. Este papel fora profetizado por Isaías. O capítulo 53 do livro de Isaías descreve esse papel messiânico:
"Mas Ele foi traspassado por nossas transgressões, Ele foi esmagado por nossas iniquidades; O castigo pelo nosso bem-estar caiu sobre Ele, e por Sua flagelação somos curados" (Isaías 53:5).
"Ele foi oprimido e foi afligido, mas não abriu a boca; Como um cordeiro que é levado ao abate,E como uma ovelha que está em silêncio diante de seus tosquiadores,Então Ele não abriu a boca" (Isaías 53:7).
"O Senhor se comportou em esmagá-lo, colocando-o em sofrimento; se Ele se tornasse uma oferta de culpa" (Isaías 53:10).
"...o Justo, Meu Servo, justificará a muitos, como Ele suportará suas iniquidades" (Isaías 53:11b).
Isaías nos lembra que o Messias não será apenas um profeta como Moisés, um rei como Davi e um sacerdote como Melquisedeque, Ele também será uma oferta pela culpa, como o cordeiro sacrificial.
Na cruz, Jesus sofreria e suportaria todos os nossos pecados, como nosso cordeiro sacrificial. E, nesta declaração, Jesus estava ligando os sofrimentos proféticos do Messias predito por Isaías ao que aconteceria com Ele naquele mesmo dia (os dias judaicos começam ao pôr-do-sol). Esta era mais uma predição de Sua própria morte.
Na cruz, o sangue de Jesus foi derramado por muitos para o perdão dos pecados. Os sacrifícios de animais como ovelhas, bodes e touros que eram oferecidos ano após ano para a expiação dos pecados eram incompletos e ineficazes (Hebreus 10:1-4). Mas o sacrifício de Jesus é perfeito e perdura perpetuamente para sempre (Hebreus 7:27b; 10:10). Se crermos em Jesus, então, pelo Seu sangue, fomos e permaneceremos para sempre perdoados aos olhos de Deus. Nascemos em Sua família e seremos para sempre Seus filhos. E "onde há perdão dessas coisas, não há mais nenhuma [necessidade de] uma oferta pelo pecado" (Hebreus 10:18). Jesus pagou tudo. "Está consumado" (João 19:30).
No entanto, assim como a declaração de Jesus sobre o cálice do Seder ser o sangue da aliança, derramado para muitos para o perdão dos pecados, revelou a instituição da nova aliança e Seu papel messiânico como cordeiro sacrificial, predizendo Sua morte na cruz, ela também reiterou como a Páscoa apontava para Jesus. A Páscoa prenunciava o Messias. Isso é verdade tanto para a Páscoa original, quando Israel foi libertado do Egito, quanto para a subsequente observância anual da Páscoa como celebração. As festas, como a Páscoa e os Pães Asmos, "são uma mera sombra do que está por vir; mas a substância pertence a Cristo" (Colossenses 2:17).
"Da mesma maneira" (Lucas 22:20) que Jesus explicou aos discípulos como o pão ázimo da Páscoa simbolizava Sua identidade messiânica, assim também o cálice de vinho simbolizava Sua identidade messiânica.
Para aprender mais sobre como a Páscoa aponta para Jesus, veja o artigo de A Bíblia Diz: "Jesus e os Cumprimentos Messiânicos da Páscoa e dos Pães Asmos".
A Lembrança
Quando lhes deu o cálice, Jesus disse aos discípulos que bebessem dele. Sua ordem de beber do cálice era uma repetição de Sua ordem de comer o pão ázimo.
O Evangelho e Marcos nos diz que "Todos beberam dele" (Marcos 14:23).
Depois de Jesus ter explicado que era o pão da Páscoa e dizer a Seus discípulos que comessem do pão, Ele lhes dá um mandamento adicional, registrado por Lucas. Jesus diz a Seus discípulos: "Fazei isto em memória de Mim" (Lucas 22:19b). Paulo, que ministrou com Lucas, também citou Jesus emitindo esse mesmo mandamento (1 Coríntios 11:24).
Ao emitir esse mandamento, Jesus estava dizendo aos discípulos que o Seder de Pessach não havia sido feuto apenas como lembrança da Páscoa, como provavelmente eles haviam aprendido. Até aquele momento, o Seder de Pessach e seus rituais de partir pão ázimo e as taças de vinho eram feitos em memória do feriado fundador dos judeus. Pporém, agora, Jesus revela que aquilo tinha a ver principalmente com Ele. Lembre-se do Salmo 116:13:
"Levantarei o cálice da salvação [Jesus] e invocarei o nome do Senhor".
Na verdade, há um indício dessa revelação chocante embutida no mandamento levítico de comemorar a Páscoa e as outras santas convocações:
"Estes são os tempos designados pelo Senhor, santas convocações que proclamareis nos tempos designados para eles" (Levítico 23:4).
A palavra traduzida como "convocações" também pode significar "ensaios". Jesus estava dizendo aos discípulos como o Seder de Pessach era um ensaio messiânico. O que os judeus haviam ensaiado através dos símbolos do pão e do vinho por 1500 anos, Jesus estava prestes a realizar com Seu próprio corpo e sangue na cruz.
E não apenas isso. Ao dizer aos discípulos para "fazer isso em memória de Mim", Jesus estava revelando como a própria Páscoa, o momento fundador de Israel como nação, era, em última análise, um evento de aquecimento para o estabelecimento messiânico de Seu Reino. Até aquele momento, o Seder de Pessach e seus rituais de partir pão ázimo e tomar o vinho eram feitos em memória do feriado fundador dos judeus. Mas, agora, Jesus estava dizendo que esses rituais diziam respeito a Ele. De agora em diante, eles deveriam ser feitos não apenas em memória da Páscoa, mas principalmente em lembrança Dele. Esta foi uma grande mudança de paradigma para os discípulos e todos os judeus em Israel.
O mandamento de Cristo - "Fazei isto em memória de Mim" - é obedecido toda vez que os crentes participam do que veio a ser conhecido como "A Ceia do Senhor". Quando fazemos isso, Paulo diz: "Porque, sempre que comerdes este pão e beberdes o cálice, proclamareis a morte do Senhor até que Ele venha" (1 Coríntios 11:26). Como crentes, toda vez que participamos do pão e do cálice, celebramos a Jesus e O agradecemos por Seu sacrifício por nós, que nos permitiu viver através de Sua morte. O sacramento da Ceia do Senhor é um ato obediente de adoração e ação de graças. Esta é outra razão pela qual este sacramento é chamado de "Eucaristia", uma vez que "eucaristia" significa "dar graças".
Além disso, o mandamento de Jesus de comer o pão e beber do cálice lembra o que Ele ensinou a Seus seguidores muito antes em Seu ministério na sinagoga de Cafarnaum:
"Em verdade, em verdade vos digo que, a menos que comais a carne do Filho do Homem e bebais o Seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Aquele que come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia. Porque a Minha carne é o verdadeiro alimento, e o Meu sangue é a verdadeira bebida. Aquele que come a Minha carne e bebe o Meu sangue permanece em Mim, e Eu nele. Assim como o Pai vivo Me enviou, e Eu vivo por causa do Pai, assim também aquele que Me come, ele também viverá por causa de Mim. Este é o pão que desceu do céu; não como os pais comeram e morreram; aquele que comer este pão viverá para sempre" (João 6:53-58).
Naquele momento, ao dizer isso, muitos de seus seguidores O deixaram, porque era uma declaração dura (João 6:60-66). Pedro e os outros discípulos restantes ficaram com Ele porque reconheceram que, mesmo que não entendessem completamente as coisas difíceis que Jesus lhes dizia, eles sabiam que Ele era Deus e que tinha as palavras de vida (João 6:67-69). Mais tarde, depois que Jesus ressuscitou e foram cheios do Espírito Santo, eles passaram a entender muito mais.
A PROMESSA
A terceira e última coisa que se destaca para Mateus no último Seder de Páscoa de Jesus foi a observação de Cristo: Eu vos digo: Não beberei deste fruto da videira a partir de agora até aquele dia em que o beberei novo convosco no Reino do Meu Pai.
Quando Jesus disse isso, Ele estava se referindo a um dos cálices do Seder. O fruto da videira é uma expressão para o vinho. Não temos certeza qual dos quatro cálices do Seder Jesus tinha em mente quando disse isso, mas provavelmente era o terceiro cálice ("o cálice da redenção"), a cujos temas Ele acabara de identificar. Ele poderia estar também falando do quarto cálice ("o cálice de louvor ou consumação"), ou poderia estar combinando os temas do terceiro e quarto cálices. Faria sentido estar falando do cálice da consumação, uma vez que o mesmo inha a ver com a consumação final de Seu Reino na terra.
Ainda que Mateus fique em silêncio sobre o cálice adicional do Seder, tematicamente faz sentido que Jesus estivesse falando do quarto cálice. O quarto cálice do Seder corresponde à quarta promessa de consumação de Êxodo 6:6-8: "Então eu te tomarei para o meu povo, e serei o teu Deus." O evento no Monte Sinai pode ser corretamente visto como uma cerimônia de casamento entre Israel e Deus. Israel é muitas vezes mencionado como a noiva de Deus. Essa ideia é transferida para o Novo Testamento, pois o povo de Deus também é chamado de Sua noiva (Efésios 5:31-32).
Jesus é Emanuel—"Deus conosco" (Isaías 7:14; Mateus 1:23). Foi profetizado que o Messias reinaria e viveria com Seu povo em Seu Reino (Ezequiel 34:24). O Reino do Messias governaria toda a terra, duraria para sempre e jamais seria destruído (Daniel 7:14).
Curiosamente, Jesus promete que não beberia Este cálice até aquele dia em que Eu o beberei novo convosco no Reino do Meu Pai. Em outras palavras, Ele não o beberia até que Sua missão messiânica de estabelecer o Reino na terra estivesse inteiramente terminada.
O que Mateus e os outros discípulos provavelmente assumiram com essas palavras deve ter sido o seguinte: o reino messiânico seria estabelecido antes da Páscoa seguinte. O Reino chegaria no ano seguinte. Este pensamento teria emocionado seus corações!
Os discípulos não pareciam prever que o que Jesus realmente queria dizer era que Ele primeiro morreria, ressuscitaria, os comissionaria a espalhar as notícias do Reino e Seu retorno, ascenderia ao Céu, onde permaneceria por milhares de anos, antes de retornar à terra, julgar os vivos e os mortos e depois inaugurar o Reino. Depois de tudo isso ter ocorrido primeiro, Jesus beberia deste fruto da videira nova com eles no Reino de Seu Pai.
O que Jesus prometeu foi que:
Se isso soa como difícil de entender, realmente é. Quando nos lembramos de que, no meio do Seder, Jesus também anunciou que um dos doze O trairia (Mateus 22:20-25), não é de admirar que os discípulos não tenham percebido imediatamente todas as coisas que Jesus acabara de lhes revelar.
A promessa de Cristo de que Ele não beberia deste fruto da videira de agora em diante até aquele dia em que Eu o beberei de novo convosco no Reino do Meu Pai é uma reminiscência do que Ele disse aos fariseus e às multidões do templo no Seu lamento sobre Jerusalém: "Porque Eu vos digo: De agora em diante não Me vereis até que digam: 'Bem-aventurado aquele que vem em nome do Senhor!'" (Mateus 23:39; veja também Salmo 118:26). Em outras palavras, Jesus não beberia o cálice novamente até que as celebrações messiânicas, profetizadas em Isaías 25 e no Salmo 118, fossem uma realidade.
Não está claro se o cálice que Jesus disse que não beberia era o mesmo cálice que Ele disse ser o Seu sangue da nova aliança. Pode ter sido esta taça. Ou pode ter sido uma taça adicional.
Jesus diz a todos que bebessem do cálice, o sangue da nova aliança. Marcos diz que "todos beberam dele" (Marcos 14:23).
Assim, nos parece que Jesus bebeu daquele cálice. Porém, Ele pode não ter bebido do cálice descrito no versículo 29, já que Mateus relata que Jesus diz que não o beberia a partir daquele momento. A frase De agora em diante pode indicar que Jesus tenha bebido dele, mas não o beberia novamente até que... Ou pode significar que Ele se absteve de beber este cálice final, assim como os discípulos.
Caso Jesus não tenha bebido dele, isso pode possivelmente ter sido um gesto para dramatizar que não completaria todos os papéis do Messias durante Seu primeiro advento. Nem tudo seria cumprido até o Seu segundo advento.
Ele cumpriu o papel messiânico de Legislador, como Moisés, em Seu primeiro advento (Mateus 5-7). Ele cumpriu o papel messiânico de ser a Oferta de Sacrifício, como o eterno Cordeiro Pascal de Deus (Mateus 27:45-50; 1 Coríntios 5:7). Após Sua ascensão, Ele se tornaria o Sumo Sacerdote Messiânico da ordem de Melquisedeque (Hebreus 4:16; 5:19-10; 7:17).
Porém, Ele não cumpriria o papel messiânico de ser Rei como Davi, até que retorne à Terra uma segunda vez, quando se assentará como conquistador como Josué (Apocalipse 19:11-16). Embora fosse o Filho de Davi, Ele não reivindicou Seu legítimo trono terreno em Seu primeiro Advento. Ele o reivindicará ao retornar em Seu segundo advento. Ao não tomar o quarto cálice do Seder - "o cálice da consumação" - antes de Sua morte, é possível que Jesus estivesse demonstrando que apenas o tomaria quando o Reino fosse estabelecido. No mínimo, temos Sua promessa que que não o beberia novamente até que todas as coisas se tornassem novas.
POSSÍVEL SEQUÊNCIA DE EVENTOS DURANTE A ÚLTIMA CEIA
1. Jesus e os discípulos chegam ao Cenáculo (Marcos 14, 17).