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Significado de Mateus 28:19-20
Não há relatos paralelos claros em relação ao Evangelho de Mateus 28:19-20.
Entretanto, é possível que Marcos 16:15-18, Lucas 24:44-49, Atos 1:4-5 e /ou 1 Coríntios 15:6 sejam relatos paralelos de Mateus 28:19-20.
Mateus 28:18-20 é conhecido como “A Grande Comissão”. Esta escritura não fala apenas sobre as instruções finais de Jesus registradas no evangelho de Mateus, mas também representa as palavras finais do relato do evangelho.
É apropriado que o evangelho de Mateus não termine com um evento, como a ascensão de Cristo como em Marcos (Marcos 16:19-20) ou os discípulos adorando no templo, como em Lucas (Lucas 24:50-53). Nem termina com uma observação sobre a proliferação dos muitos feitos de Jesus, como em João (João 21:25).
Ao invés disso, o Evangelho de Mateus termina com as próprias palavras do Messias ditas diretamente a Seus seguidores sobre o que eles deveriam fazer em seguida. As palavras de Jesus saltam da página e falam diretamente a todo crente que lê ou ouve o Evangelho de Mateus. Este é um final adequado porque Mateus escreveu seu evangelho para demonstrar que Jesus era o Messias, conforme profetizado nas Escrituras.
Mateus dá provas extensas de que Jesus era, de fato, o tão esperado Messias judeu. No entanto, esse Messias não fez o que Sua audiência judaica esperava — que era derrotar Roma. Portanto, é apropriado que Mateus termine com a ordem do Messias sobre o que deveria ser feito com a autoridade que Ele havia recebido.
A resposta surpreendente é que Jesus:
A Grande Comissão é um chamado duradouro à ação que os discípulos de Cristo devem cumprir até o fim dos tempos (v. 20b).
A Grande Comissão consiste em apenas duas frases.
A primeira frase da Grande Comissão foi a declaração de Jesus: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mateus 28:18).
Esta declaração é monumental e o comentário anterior de A Bíblia Diz abordou parte do seu significado. A declaração de Jesus também estabeleceu a base para a segunda parte da Grande Comissão — Mateus 28:19-20, que é a escritura abordada por este comentário.
Enquanto a primeira frase da Grande Comissão foi uma declaração simples, porém profunda, a segunda frase emite e descreve um ordem simples, mas profunda:
Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos ordenei; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (v. 19-20).
A ação simples que os seguidores de Jesus são ordenados a tomar na segunda frase é: fazer discípulos de todas as nações .
Jesus incluiu três diretrizes que ajudaram a explicar como os discípulos deveriam cumprir a Grande Comissão de fazerem discípulos . Essas três diretrizes foram:
A segunda frase da Grande Comissão conclui com uma promessa encorajadora: E eis que estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
Conforme mencionado no comentário anterior, quando os discípulos ouviram Jesus declarar que “toda autoridade no céu e na terra [lhe] foi dada” (Mateus 28:18), eles provavelmente presumiram que o Mestre lhes diria a seguir que, agora, Ele exerceria Sua autoridade para assumir o comando na Terra.
Embora Jesus tenha dado a eles a Grande Comissão, eles parecem ter continuado a assumir que Jesus estava prestes a se tornar o “Messias dominador”, pronto para aniquilar Seus inimigos, estabelecer Seu Reino eterno e redimir Israel para a paz, prosperidade e a glória sem fim predita pelos profetas. Isso é inferido pelo fato de que, pouco antes de Jesus ascender ao Céu, os discípulos Lhe perguntaram: “Senhor, é neste tempo que restaurarás o reino a Israel?” (Atos 1:6b). Naquela ocasião, Jesus reiterou mais uma vez que, após receberem o poder do Espírito Santo, o trabalho deles seria o de ser Suas testemunhas em toda a terra (Atos 1:8).
Em defesa dos discípulos, Jesus os ensinou a orar para que a vontade de Deus fosse “feita assim na terra como no céu” (Mateus 6:10). Se houve uma oportunidade para essa oração ser respondida, o momento era logo após o Messias haver ressuscitado e se colocado diante deles declarando que havia recebido toda autoridade no céu e na terra (Mateus 28:18).
Porém, as suposições dos discípulos estavam incorretas. Jesus não estava prestes a derrubar Roma, destruir Seus inimigos caluniadores e assassinos, ou inaugurar Seu Reino político na terra naquele momento. Embora Ele vá fazer essas coisas e ainda mais em Seu retorno, aquele não era o momento. Quando os discípulos perguntaram quando é que aquele momento chegaria, Jesus lhes disse que isso era assunto do Pai (Atos 1:7).
Enquanto isso, Jesus tinha planos muito maiores em mente.
Ao invés de inaugurar Seu Reino em Israel naquele momento, Jesus teria Seu Reino proclamado e estabelecido nos corações das pessoas por toda a Terra. Ele disse a Pilatos que Seu Reino não era deste mundo (João 18:36). Seu Reino era um reino espiritual. Jesus instrui Seus seguidores a espalhar Seu Reino espiritual por toda a Terra. Este é o prelúdio para o retorno de Jesus e para o estabelecimento de Seu Reino físico.
Este reino espiritual seria um reino sem fronteiras e barreiras. Porém, até que o Messias retorne no fim dos tempos (Mateus 13:24-30, 37-43 e 25:13), seria um reino espiritual de fé. Seria um reino de discípulos em todas as nações vivendo e ensinando outros a observar tudo o que Jesus ordenou.
Portanto, ao invés de atender às esperanças imediatas dos discípulos, Jesus os comissiona para realizar essa grande tarefa. Seria por meio da realização dessa grande tarefa que os discípulos participariam em algo muito maior do que a restauração de um reino físico a Israel. Eles fariam parte da redenção do mundo inteiro.
Este comentário sobre Mateus 28:19-20 analisa a Grande Comissão uma frase de cada vez e como essas palavras se relacionam entre si, antes de analisar seus outros aspectos mais externos.
"IDE…"
A primeira palavra da segunda frase da Grande Comissão é — Ide. Na maioria das traduções do versículo 19 em português, parece que Jesus estava emitindo dois comandos distintos a serem executados:
Porém, de acordo com a linguagem do texto grego original, há apenas uma ordem: fazer discípulos.
No texto grego original deste versículo, a palavra — Go — é um particípio passivo que funciona como uma cláusula adverbial para o comando imperativo de fazer discípulos. Este uso significa que Go modifica ou descreve como os discípulos de Jesus deveriam fazer discípulos. Uma expressão que transmite com mais precisão o significado do texto grego de Mateus 28:19 pode ser: “Na medida que vocês forem, façam discípulos de todas as nações...” ou “Enquanto vocês vão, façam discípulos de todas as nações...".
Em outras palavras, o comando não era para os seguidores de Jesus irem a todas as nações, mas sim para fazerem discípulos de todas as nações enquanto iam. Assim, na aplicação, cada crente deve fazer discípulos em todos os momentos e em todos os lugares de duas maneiras:
Esta cláusula adverbial — "Durante sua ida" — também implica que os discípulos de Jesus estariam viajando para vários lugares, em vez de ficarem parados. Além de seguirem Seus comandos em todos os momentos e em todos os lugares, Jesus esperava que eles fizessem tentativas deliberadas de espalhar Seus ensinamentos em toda a Terra. Eles deveriam fazer discípulos ao longo de suas jornadas.
De acordo com a tradição cristã, eles pessoalmente levaram o Evangelho e fizeram discípulos em todas as nações dentro do Império Romano, incluindo o oeste e o norte de Jerusalém, as nações do sul até o coração da África, e a leste, as nações da Pérsia e até mesmo a Índia.
Na verdade, Go era a primeira das três diretrizes às quais os discípulos deveriam seguir para executarem e levarem a cabo a instrução central de Jesus. Eles deveriam fazer discípulos onde quer que fossem. Eles não deveriam fazer discípulos apenas algumas vezes (e em outras não) ou em alguns lugares (e em outros não).
Eles deveriam fazer discípulos em todos os momentos e em todos os lugares que fossem.
O final de Marcos inclui Jesus dizendo algo semelhante a Seus discípulos:
“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.”
(Marcos 16:15)
Esta pode muito bem ser a versão de Marcos da Grande Comissão ou pode ser um ensinamento separado, porém similar. Em ambos os casos, a palavra “Ide” em Marcos 16:15 é usada da mesma forma que é usada em Mateus 28:19: como cláusula particípio/adverbial passiva. O comando imperativo de Marcos 16:15 é “preguem o Evangelho a toda a criação”, que é similar, porém não exatamente a mesma coisa, que fazer discípulos de todas as nações, conforme registrado em Mateus.
"…PORTANTO…"
A segunda palavra da frase final da Grande Comissão é: portanto.
A palavra portanto é um advérbio conjuntivo que conecta duas cláusulas independentes e indica uma relação de causa e efeito entre elas. Ela mostra como a segunda cláusula é um resultado ou conclusão da primeira cláusula. Fazer discípulos está conectado à autoridade de Jesus.
No contexto da Grande Comissão, a primeira cláusula é a declaração precedente de Jesus: “Toda autoridade no céu e na terra me foi dada” (Mateus 28:18). A segunda cláusula é o comando imperativo de Jesus para fazer discípulos de todas as nações. A palavra portanto conecta claramente a declaração de Jesus sobre Sua autoridade com Seu comando para fazerem discípulos.
Pelo fato de Jesus ter recebido toda autoridade no céu e na terra (Mateus 28:18), Seus seguidores deveriam fazer discípulos de todas as nações (v. 19). Uma das primeiras maneiras que Jesus escolheu para exercer e usar Sua autoridade absoluta depois de recebê-la foi delegar e comissionar Seus seguidores a fazerem discípulos de todas as nações.
A palavra portanto vincula a declaração de autoridade de Jesus com Sua ordem de fazerem discípulos de todas as nações, demonstrando a legitimidade da missão de Seus discípulos.
Ao cumprirem Sua ordem, os seguidores de Jesus estariam obedecendo ao Cristo Ressuscitado que tinha toda autoridade no céu e na terra (Mateus 28:18). A autoridade de Jesus substituiu a autoridade dos fariseus, do Conselho do Sinédrio, do sumo sacerdote, Pilatos, César e todas as outras autoridades terrenas. Além disso, a autoridade de Jesus substituiu a autoridade e o poder de quaisquer forças demoníacas, incluindo Satanás.
Isso é visto no início do Livro de Atos, quando as autoridades judaicas prenderam a Pedro e João por proclamarem que Jesus era o Messias e o poder de Sua ressurreição. Antes que o Conselho do Sinédrio libertasse os apóstolos, eles os alertaram para cessarem de falar e ensinar o nome de Jesus (Atos 4:18):
“Mas Pedro e João, respondendo, disseram-lhes: Julgai vós se é justo diante de Deus obedecer antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.”
(Atos 4:19-20)
Em termos da Grande Comissão, Pedro e João escolheram seguir a autoridade suprema de Jesus ao invés da autoridade do Conselho Judaico, mesmo que respeitassem e estivessem prontos a pagar qualquer penalidade que o conselho decidisse contra eles por ensinarem o nome de Jesus.
Os seguidores de Cristo devem obedecer a Jesus em todas as coisas. Durante Seu ministério, Jesus ensinou as pessoas a obedecerem e cumprirem as leis governamentais (Mateus 22:15-21) e aos costumes religiosos (Mateus 23:1-2). Jesus pagou Seus impostos (Mateus 17:24-27), seguiu os costumes religiosos sempre que eles não violassem à lei de Deus (Mateus 15:3) e se submeteu à Sua prisão ilegal (Mateus 26:52-56).
Da mesma forma, a Bíblia ensina que todos, incluindo os crentes, devem obedecer às autoridades governamentais, porque Deus colocou tais autoridades sobre nós (Romanos 13:1-7, 1 Pedro 2:13-17). A Bíblia endossa e apoia amplamente o império da lei. No entanto, pelo fato de Jesus ser a autoridade suprema e final, se qualquer autoridade menor (seja um indivíduo ou uma instituição governamental) se opõe à obediência de um crente a Cristo, o crente deve seguir a Jesus com confiança e graça e confiar-se a Ele caso sofra injustamente quaisquer consequências terrenas.
Neste ponto, o apóstolo Paulo convida os crentes em Roma a considerarem: “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31).
Por exemplo, essa prática da obediência a uma autoridade superior que produz sofrimentos e penalidades impostas por autoridades injustas é, às vezes, chamada de "Desobediência Civil". O pregador do evangelho e reverendo Dr. Martin Luther King Jr. usou eficaz e pacificamente esse princípio cristão em seus esforços para mudar os corações e as legislações injustas durante o movimento dos Direitos Civis Americanos das décadas de 1950 e 1960.
“FAZEI DISCÍPULOS DE TODAS AS NAÇÕES…”
O coração da Grande Comissão é seu mandamento central: fazer discípulos de todas as nações.
Discípulos são seguidores. Eles são estudantes, aprendizes e imitadores de um professor ou modelo. Na cultura judaica, tal professor ou modelo que tinha discípulos era chamado de “Rabi” (João 1:38). Um discípulo é uma pessoa que vai além da mera crença em algo ou alguém. Os discípulos buscam constantemente colocar em prática as coisas em que acreditam. A raiz da palavra grega traduzida fazer discípulos também pode ser traduzida como “instruir” ou “ensinar”.
Jesus não estava ordenando que Seus discípulos fizessem seus próprios discípulos. Ele estava dizendo a eles para fazerem mais discípulos Dele. Assim como Jesus seguiu a Seu Pai em todas as coisas, Ele desejava que Seus discípulos O seguissem em todas as coisas.
O primeiro passo para se tornar um discípulo é dar um testemunho público de fé em Jesus. Jesus deixou isso claro ao dizer que eles deveriam batizar aos novos discípulos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. O batismo era o sinal externo de uma crença interna. Era um testemunho público de que a pessoa havia crido em Jesus para a salvação do veneno do pecado (João 3:14-15). O primeiro testemunho (batismo) era proclamar a crença em Jesus e expressar um compromisso pessoal de se identificar com Ele e seguir Seus ensinamentos. O testemunho logo após o batismo era seguir os comandos de Jesus de todas as maneiras e em todos os momentos.
Os fazedores de discípulos deveriam proclamar aos outros que Jesus era o Messias, o Filho de Deus, e que Ele desejava não apenas salvá-los de seus pecados para receberem o Dom da Vida Eterna, mas convidá-los a se juntar a Ele e receber a Herança da Vida Eterna em Seu Reino messiânico.
Os discípulos de Jesus deveriam se replicar e se multiplicar. Eles deveriam fazer mais discípulos de Jesus que, por sua vez, fariam mais discípulos de Jesus.
Jesus ordenou a Seus discípulos que não apenas convertessem descrentes. A Grande Comissão era mais abrangente. Jesus ordenou a Seus discípulos que fizessem discípulos e treinassem descrentes para serem crentes e testemunhas fiéis. Isso também incluiria testemunhar a crentes pecadores e crentes mornos de forma a ajudá-los a se tornarem discípulos plenos Dele — ensinando-os a observar tudo o que Jesus havia ordenado a Seus primeiros seguidores.
Antes de Sua crucificação, Jesus capacitou os doze discípulos com habilidades miraculosas e os comissionou a proclamar o Reino dos Céus às “ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mateus 10:5-7). Ele disse estritamente a eles para não irem a cidades gentias ou samaritanas (Mateus 10:5). Mateus 10 detalha as instruções de Jesus para essa missão, às vezes chamada de “a Pequena Comissão”.
A Pequena Comissão (Mateus 10:5 - 11:1, Marcos 6:7-13, Lucas 9:1-6) e outras semelhantes (Lucas 10:1-24) parecem ter sido preparações para esta Grande Comissão. A Pequena Comissão foi relativamente breve e sua abrangência foi limitada a Israel. A Grande Comissão perdurará até o fim dos tempos e se expandirá a todas as nações — onde quer que haja pessoas nesta terra.
Em um contexto judaico, o termo nações significa “gentios”. Como os discípulos fizeram discípulos de todas as nações, isso significava que os gentios se tornariam seguidores do Messias judeu e participariam do Reino messiânico.
Ao dizer aos discípulos que deveriam fazer discípulos de todas as nações, Jesus estava dizendo que eles desempenhariam um papel fundamental no cumprimento das profecias que previam como os gentios participariam do Reino messiânico.
Essas promessas remontavam a Abraão e se estendiam aos profetas:
“...e, por tua semente [o Messias], serão abençoadas todas as nações da terra.”
(Gênesis 22:18a)
“Naquele dia, a raiz de Jessé [o Messias], será posta por estandarte dos povos, a ele recorrerão as nações e o lugar do seu repouso será glorioso.”
(Isaías 11:10)
“Não se apagará [o Messias], nem será quebrado, até que estabeleça o juízo na terra; e as ilhas esperarão a sua lei.”
(Isaías 42:4)
“...sim, diz ele: Pouco é que sejas o meu servo [o Messias] para suscitares as tribos de Jacó e restaurares os que de Israel têm sido preservados; também te porei para a luz dos gentios, a fim de seres a minha salvação até os confins da terra.”
(Isaías 49:6)
Veja também: Miquéias 4:1-3.
O mandamento central da Grande Comissão é ser um instrumento de Deus para cumprir os elementos contidos nessas profecias.
Como o comando de Jesus para fazer discípulos de todas as nações se relaciona com essas profecias messiânicas, ele demonstra ainda mais como Jesus era o Messias que faria as profecias se concretizarem. Nesse sentido, a Grande Comissão é o apelo final de Mateus a Seu público para crerem que Jesus realmente era o Messias.
A ordem de Jesus abordava uma das prováveis dúvidas que poderia previnir os judeus de terem suas mentes abertas às qualificações messiânicas de Jesus. Essa dúvida era sido algo como: “Se Jesus é o Messias prometido, então onde está o reino messiânico prometido?”
A ordem da Grande Comissão não apresentava um reino visível ao qual enviar os discípulos do Messias; o reino era espiritual. Jesus era o Rei espiritual de toda a terra e Seus discípulos deveriam espalhar Seu Reino até os confins da terra.
Conforme mencionado anteriormente neste comentário, a Grande Comissão foi o grande prelúdio para a inauguração do Reino de Jesus. Ela continha o envio dos servos do Rei para as principais estradas da vida, visando convidar a todos os que encontrassem para se juntar à festa de casamento (Mateus 22:9-10). E os judeus daquela geração puderam testemunhar isso. Eles puderam ver quantas pessoas de todas as nações vieram a crer, adorar e seguir a Jesus, o Messias judeu que redimia até mesmo aos gentios.
Todos os que estavam dispostos podiam ver por si mesmos como as escrituras proféticas estavam sendo cumpridas por causa de Jesus, o Messias (Gênesis 22:18a, Isaías 11:10, 42:4, 49:1, 49:6, 49:12, Miquéias 4:1-3).
Os discípulos a quem Jesus deu pessoalmente a Grande Comissão foram obedientes à ordem de Jesus de fazer discípulos de todas as nações.
Após a ascensão de Jesus ao céu (Atos 1:9) e a vinda do Espírito Santo (Atos 2:1-4), os discípulos logo começaram a levar o Evangelho pelo mundo, começando em Jerusalém no dia de Pentecostes (Atos 2:5-47). Cerca de três mil judeus que estavam visitando Jerusalém de todo o Império Romano creram naquele dia (Atos 2:41) e logo retornaram para suas casas com o Evangelho em seus corações. Também é provável que esses três mil judeus crentes tenham levado o comando da Grande Comissão com eles e começaram a espalhar o evangelho em suas regiões de origem.
O Novo Testamento registra esse empreendimento de fazer discípulos. Os Evangelhos de Mateus, Marcos e João foram escritos pelos discípulos de Jesus (Mateus e João) ou patrocinados por eles (acredita-se que Pedro tenha sido a fonte primária do Evangelho de Marcos). Além disso, Pedro e João escreveram nada menos que seis epístolas (1 Pedro, 2 Pedro, 1 João, 2 João, 3 João, Apocalipse). Todos esses documentos escritos circularam entre os crentes no mundo romano visando edificá-los em sua fé (2 Timóteo 3:16, 2 Pedro 3:16).
A tradição cristã indica que onze dos doze discípulos originais de Jesus participaram ativamente em levar o Evangelho para a Europa, Ásia e África. O livro de Atos nos conta como Paulo, um convertido posterior e um apóstolo de Jesus que “nasceu fora de tempo” (1 Coríntios 15:8) levou a mensagem do Evangelho aos judeus e gentios no Mar Mediterrâneo oriental e, eventualmente, para a cidade de Roma.
Atos 13-28 detalha seus esforços missionários. Além disso, Paulo escreveria nada menos que treze epístolas para igrejas e indivíduos no esforço de fazer discípulos de Jesus. Paulo, pessoalmente, faz do comando central da Grande Comissão seu objetivo de vida:
“Nós o proclamamos, admoestando a todo homem e ensinando a todo homem com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para este propósito também eu trabalho, lutando segundo o seu poder, que opera poderosamente em mim.”
(Colossenses 1:28-29)
A presença da igreja hoje é tanto a evidência de que os discípulos foram fiéis ao mandamento de Jesus de fazer discípulos de todas as nações quanto um testemunho da durabilidade desse mandamento até o retorno do Messias no fim dos tempos.
Há também paralelos significativos entre a Grande Comissão e o Mandato da Criação de Gênesis 1:28-30. Por causa desses paralelos, o Mandato da Criação é algumas vezes chamado de “A Comissão Original”.
O comando central da Grande Comissão tem pelo menos dois paralelos interessantes com a “Comissão Original” encontrada em Gênesis 1:28-30. Considere o seguinte:
1a. Deus criou os humanos. Os humanos eram parte do projeto de criação de Deus.
(Gênesis 1:26-27)
1b. Jesus salvou Seus discípulos. Seus discípulos eram parte do projeto de redenção de Jesus visando fazer os nascidos de novo novas criaturas em Cristo.
(Lucas 10:20, João 15:3, 2 Coríntios 5:17, 1 Pedro 1:3-5)
2a. Deus capacitou os humanos a serem portadores de Sua imagem, Seu domínio e Seu poder.
(Gênesis 1:26-28)
2b. Jesus dotou Seus discípulos de Sua autoridade.
(Mateus 28:18-19a)
3a. Deus comissionou os humanos a colaborarem com Ele no desenvolvimento de Seu Reino da Terra.
(Gênesis 1:28)
3b. Jesus comissionou Seus discípulos a colaborarem com Ele na divulgação de Seu Evangelho a todas as nações.
(Mateus 28:18-20, Marcos 16:15)
A partir desses paralelos, vemos que assim como Deus criou Adão e, então, o comissionou a colaborar com Ele como co-regente do mundo, assim também Jesus redimiu Seus discípulos e, então, os comissionou a colaborar com Ele como co-redentores do mundo.
“…BATIZANDO-OS EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO…”
Esta é a segunda diretriz e instrução de como os discípulos deveriam cumprir a ordem de Jesus de fazer discípulos de todas as nações.
Em um nível fundamental, a diretriz batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo significava que os discípulos não deveriam fazer assistentes que fossem devotados aos discípulos, mas sim fazer discípulos de Deus, o Pai; Jesus, Seu Filho; e o Espírito Santo. Os novos discípulos deveriam ser batizados em nome de Deus, não em seus próprios nomes.
O nome de Jesus é o único nome sob o céu pelo qual os homens podem ser salvos (Atos 4:12). Paulo lembrou aos coríntios dessa verdade (1 Coríntios 1:23, 1:30-31, 3:11) e os repreendeu por se gabarem de serem discípulos de Pedro, Paulo ou Apolo (1 Coríntios 1:11-13, 3:3-9).
O batismo era uma prática comum na cultura judaica naquela época. Os judeus praticavam o batismo principalmente como um ritual de purificação. Jesus instruiu Seus discípulos a batizarem em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo para distinguir Seu batismo de outros batismos.
É por causa das instruções de Jesus em Mateus 28:19 que muitas das cerimônias de batismo cristãs utilizam a frase em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo até hoje.
A palavra batizar significa imergir. Quando alguém é batizado, essa pessoa é mergulhada ou imersa em algo. A água era e ainda é um elemento comum usado em batismos para significar imersão espiritual. Arqueólogos descobriram um grande número de antigos “mikvehs” em Israel, antigos batistérios usados para purificação ritual.
A palavra hebraica “miqve” significa “coleção” ou “ajuntamento” e é frequentemente usada para se referir a uma piscina de água, como lemos em Êxodo 7:19, onde é traduzida como “reservatórios” de água. Os mikvehs eram pequenas escavações com degraus, permitindo que as pessoas mergulhassem (ver foto). Muitos mikvehs foram descobertos no antigo “mosteiro” judeu chamado Qumran, onde os Manuscritos do Mar Morto foram encontrados.
O primo de Jesus, João Batista, mergulhava as pessoas na água após se arrependerem de seus pecados enquanto se preparavam para a vinda do Messias e Seu reino (Mateus 3:1-2, 4-6). No caso de João, ele batizava principalmente as pessoas no Rio Jordão. O batismo de João não era feito para purificação ritual. Quando João batizava as pessoas, ele usava água para significar a imersão espiritual das pessoas. O batismo de João era um ato público que significava o arrependimento de pecados. Era a vontade de Deus que cada israelita se arrependesse e seguisse Seus caminhos. Porém, os líderes de Israel rejeitaram a vontade de Deus de se arrepender (Lucas 7:30).
O batismo de João foi apenas temporal e preparatório (Mateus 3:11a). O arrependimento de pecados preparava os corações para receber o Messias. João profetizou:
“...mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, e nem sou digno de tirar-lhe as sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.”
(Mateus 3:11b)
Jesus, o Messias, foi a pessoa mais digna e poderosa que veio depois de João. O batismo de Jesus seria um batismo eterno e espiritual para o qual o batismo de João apontava e ao qual prefigurava. A imersão de João Batista representava o arrependimento espiritual. O batismo ao qual João se referiu, trazido por Jesus, seria uma imersão no espírito de Deus, visando capacitar-nos para uma nova caminhada, para o novo nascimento espiritual que nos torna novas criaturas em Cristo (2 Coríntios 5:17).
O elemento para o batismo de João era a água. Os elementos para o batismo de Jesus, o Messias, eram o Espírito Santo e o fogo. Eram duas imersões separadas, cada uma delas era o verdadeiro batismo representado pelo batismo nas águas.
O batismo no Espírito Santo veio inicialmente no dia de Pentecostes (Atos 2:1-4) logo após Jesus emitir a Grande Comissão. O batismo de fogo virá no Bema (tribunal) de Cristo no fim dos tempos (1 Coríntios 3:13).
No entanto, Jesus não estava autorizando Seus discípulos a batizarem pessoas com Seu juízo ou com o Espírito Santo. Ele os estava autorizando a batizar nas águas em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Esse batismo deveria ocorrer após a confissão de fé de alguém em Jesus.
Podemos entender esses quatro batismos da seguinte maneira:
As Escrituras falam de outros batismos, ou imersões, incluindo o batismo de Moisés no Mar Vermelho (1 Coríntios 10:2) e um batismo de purificação da consciência por meio do arrependimento (1 Pedro 3:21, 1 João 1:9).
Uma das características mais marcantes do batismo que Jesus ordenou Seus discípulos a usar para fazerem discípulos de todas as nações é que ele invoca o nome de todos os três membros da Divindade: Deus Pai , Deus Filho e Deus Espírito Santo .
Observe como há apenas um nome (nome é singular), mas há três Pessoas (o Pai, o Filho, o Espírito Santo) nas quais os novos discípulos devem ser batizados. Esta é uma expressão clássica que revela a misteriosa natureza trina de Deus. Há apenas um Deus, mas são três pessoas.
Mateus 28:19 é a segunda vez no Evangelho de Mateus onde todos os três membros da Trindade são explicitamente mencionados e descritos na mesma cena. A primeira vez foi quando Jesus estava saindo da água quando João o batizou,
“Batizado que foi Jesus, saiu logo da água; eis que se abriram os céus, e veio o Espírito de Deus descer como pomba e vir sobre ele; e uma voz dos céus disse: Este é o meu Filho dileto, em quem me agrado.”
(Mateus 3:16-17)
A voz dos céus era de Deus Pai. Jesus é Deus Filho. E o Espírito Santo estava descendo como uma pomba e pousando sobre Jesus.
É interessante que ambas as referências à Trindade em Mateus envolvam a ação e/ou ideia do batismo. E assim como o ministério de Jesus como o Messias começou com a presença palpável da Divindade Três-em-Um em Seu batismo, assim também os discípulos de Jesus deveriam fazer outros discípulos batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Assim como o Pai, o Filho e o Espírito Santo desempenharam um papel no ministério do Messias, também o Pai, o Filho e o Espírito Santo desempenham um papel no ministério e no crescimento dos discípulos.
Ao longo do ministério de Jesus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo trabalharam como um só. O Pai enviou Jesus, Seu Filho, ao mundo (João 3:16). Jesus, o Filho, buscou a vontade do Pai (João 5:19, 6:38, 12:49-50). E o Filho agiu no poder e liderança do Espírito Santo (Mateus 4:1, 12:18, Lucas 4:14, 4:18-19, João 3:34).
Quando uma pessoa crê em Jesus, ela recebe o Dom da Vida Eterna e nasce na família eterna de Deus (João 1:12-13, João 3:3, Romanos 8:14-16). Assim, quando os crentes escolhem andar em obediência e se tornam discípulos, sua primeira instrução é serem batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Ao se submeterem ao batismo nas águas, eles se comprometem a andar pela fé. Ao andar na obediência da fé, eles são imersos na comunhão com a Divindade Trina. Ao andar em comunhão com o Pai, por meio do poder da ressurreição de Jesus e do Espírito que habita neles, cada crente alcança a experiência e a recompensa inigualáveis da vida eterna (João 17:3).
Quando os discípulos são batizados em nome do Pai, eles se comprometem a serem imersos na vontade do Pai e a fazer a vontade do Pai. Todos os que amam a Deus e guardam Seus mandamentos recebem a promessa de recompensas (1 Coríntios 2:9). A eles é prometida a mesma recompensa que o Pai deu ao Filho (Apocalipse 3:21).
Quando os discípulos são batizados em nome do Filho, eles reconhecem a oferta sacrificial da vida do Filho e eles são imersos no sangue purificador do Filho que lava as manchas de seus pecados (Hebreus 10:12). Isso permite que cada crente se levante do túmulo do pecado e da morte para a vida abundante da ressurreição do Filho.
Quando os discípulos são batizados em nome do Espírito Santo, eles reconhecem que estão imersos no poder e força ilimitados do Espírito Santo e fazem o compromisso público de andar no Espírito para vencerem como Jesus venceu (Gálatas 5:16, Apocalipse 3:21).
Com a Grande Comissão, Jesus envia Seus discípulos ao mundo como o Pai enviou a Seu Filho (Filipenses 2:5-9, Hebreus 10:7). Jesus ordenou:
Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações...
Ao fazer isso, Jesus deu a Seus seguidores uma oportunidade de serem como Ele. Jesus deixou o conforto e a segurança do céu em obediência ao Seu Pai (Filipenses 2:5-8). Ele similarmente nos dá a oportunidade de viver e superar as provações da vida pela fé, confiando em Deus, enquanto amamos e servimos aos outros de acordo com a vontade do Pai e no poder do Espírito Santo.
Assim como o Filho confiou e obedeceu à vontade do Pai em Sua vida (Mateus 26:39), assim também Seus discípulos devem confiar e fazer a vontade do Pai em suas próprias vidas (Mateus 6:25-34, 7:21). Devemos vencer como Ele venceu (Apocalipse 3:21).
Assim como Jesus, o Filho, foi guiado e capacitado pelo Espírito Santo, assim também Seus discípulos devem ser guiados e capacitados pelo Espírito Santo. Além da Grande Comissão, o Evangelho de Mateus fala do papel do Espírito Santo na vida dos discípulos em pelo menos duas ocasiões:
O Evangelho de João é mais explícito sobre o envio do “Ajudador”, que é o Espírito Santo (João 14:16-17, 14:26, 15:26). Jesus disse que era melhor que Ele ascendesse ao céu e os deixasse para que eles pudessem receber o Espírito Santo como seu Ajudador (João 16:7).
Porém, voltando ao nosso ponto principal, o batismo cristão e o discipulado, conforme delineados na Grande Comissão de Jesus, são inseparavelmente facilitados pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
“…ENSINANDO-OS A OBSERVAR TUDO O QUE EU VOS ORDENEI…”
A primeira diretriz e instrução sobre como os discípulos deveriam cumprir o comando de Jesus de fazer discípulos de todas as nações era: Ide (literalmente “Indo”). A ideia de “ir” significa: “não importa o que estejamos fazendo ou onde quer que estejamos”. Todos nós devemos fazer discípulos em todos os momentos.
A segunda foi: batizá-los em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
E a terceira e última diretriz e instrução sobre como os discípulos deveriam cumprir o mandamento de Jesus era ensiná-los a observar tudo o que eu ordenei.
Discípulos são feitos de todas as nações por meio do evangelismo, do batismo e do ensino.
Jesus explicou a Seus discípulos o que eles deveriam ensinar para fazerem mais discípulos. Eles deveriam especificamente ensinar os novos discípulos a observar tudo o que Jesus ordenou que Seus discípulos fizessem.
Observar significa fazer ou obedecer conscientemente. Observar um comando implica intencionalidade e ação obediente.
Os discípulos deveriam ensinar os futuros discípulos a observar tudo o que Jesus lhes havia ordenado durante o tempo em que estivessem juntos.
Tudo o que Jesus ordenou incluía todos os ensinamentos morais e imperativos voltados para Seu Reino.
Jesus ordenou que Seus seguidores fizessem muitas coisas. Seu Sermão da Montanha (Mateus 5-7) é talvez a exposição mais abrangente de Seus ensinamentos morais. Alguns outros comandos que Jesus fez são os seguintes:
Tudo o que Jesus ordenou incluía imitar Sua fé (Mateus 21:21), Sua perspectiva (Filipenses 2:5) e a maneira como Ele viveu Sua vida. Uma vez que essas são as únicas três coisas que podemos controlar — em quem confiamos; nossa perspectiva; e nossas ações — segue-se apropriadamente que essas são as coisas pelas quais seremos responsabilizados.
Jesus ordenou que Seus seguidores O imitassem em várias ocasiões e de várias maneiras. Aqui estão quatro maneiras significativas pelas quais Jesus ordenou que Seus discípulos o imitassem.
(Mateus 16:24-25)
(Mateus 20:26-28)
(João 15:10)
(João 15:12)
Tudo o que Jesus ordenou estava inserido no comando da Grande Comissão, fazer discípulos de todas as nações.
Seus discípulos deveriam fazer discípulos e ensinar outros a observar as coisas que Jesus havia dito:
“O que se diz na escuridão, dizei-o na luz; e o que ouvis sussurrado ao vosso ouvido, proclamai dos telhados.”
(Mateus 10:27)
Seus discípulos deveriam fazer outros discípulos ensinando-os através da imitação de Jesus e suas próprias atitudes e ações:
“Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”
(Mateus 5:16)
Os discípulos deveriam fazer discípulos que, por sua vez, fariam outros discípulos, batizando em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando outros a observar os mandamentos de Jesus. Isso significava que o mandamento se aplicava a todos os crentes, até o fim dos tempos.
Conforme já foi mencionado várias vezes neste comentário, o comando da Grande Comissão foi e é perpétuo e duradouro desde o momento em que Jesus o emitiu até Seu retorno. Não é por acaso, então, que o design do discipulado cristão é autorreplicante.
“…E EIS QUE ESTOU CONVOSCO TODOS OS DIAS, ATÉ O FIM DOS SÉCULOS.”
A expressão final da Grande Comissão e do Evangelho de Mateus é uma promessa encorajadora.
Jesus prometeu a Seus discípulos: Eu estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos . Ele introduziu Sua promessa com a interjeição: e eis que...
A interjeição é a tradução da palavra grega elo que normalmente é traduzida como “eis que”. Esses tipos de interjeições são usados para chamar a atenção para informações significativas.
Jesus havia acabado de dizer e/ou insinuar muitas coisas importantes em Sua Grande Comissão. Porém, havia mais uma coisa importante que Ele queria dizer antes que terminasse. Ele não queria que Seus discípulos a ignorassem ou se esquecessem; então, Ele chama sua atenção a ela dizendo: E eis que. Isso inferia que a ordem seria difícil. O mundo estaria contra o Reino de Jesus (João 17:16). À medida que os discípulos de Jesus levassem Sua comissão ao mundo, o mundo a iria recusar. No entanto, Jesus não estava indo embora e lavando Suas mãos. Ele continuaria com cada um de Seus discípulos em espírito.
E isso não seria por um curto período de tempo, mas até o fim dos tempos. Jesus não queria que eles se esquecessem de que Ele continuaria com Seus discípulos sempre, até o fim dos tempos. O termo sempre indica que não haveria um único momento em que a promessa iria caducar. Ele queria que Seus discípulos percebessem e se lembrassem disso pelo resto de suas vidas.
O Filho de Deus, o Messias, estava prestes a deixar fisicamente esta terra e ascender ao céu (Marcos 16:19-20, Lucas 24:50-53, Atos 1:9-12). Mas, Ele sempre estaria com eles espiritualmente.
Quando Jesus prometeu a Seus discípulos Estarei sempre convosco, Ele não estava falando sentimentalmente. Ele estava falando literalmente. Jesus não estaria com eles em um sentido corporal. Em vez disso, Ele estaria com eles através da presença e do poder do Espírito Santo. Deus, na pessoa do Espírito Santo, estaria literalmente com Seus discípulos sempre.
Na noite em que Jesus foi preso e condenado, Ele disse a Seus discípulos que os deixaria em breve, porém prometeu enviar-lhes um Ajudador divino que os guiaria a toda a verdade (João 14:16-17). Ele prometeu que esse Ajudador os ensinaria todas as coisas e os ajudaria a lembrar de todas as coisas sobre Deus (João 14:26). Esse Ajudador prometido seria o próprio Deus, o Espírito Santo.
Este não é um conceito novo. No Antigo Testamento, Deus fez uma “ajudadora” para Adão, que era Eva. A palavra hebraica traduzida como “ajudadora” (“ezer”) é usada principalmente para descrever Deus (como em Êxodo 18:4, Deuteronômio 33:26, 33:29, Salmo 33:20, 70:5, 115:9-11, 121:2, 124:8). Deus foi e sempre será nosso Ajudador.
Além disso, Jesus também disse aos Seus discípulos naquela noite que seria vantajoso para eles que Ele fosse substituído pelo Espírito Santo como a presença de Deus na Terra (João 16:7).
Como humano, Jesus compartilhava das limitações da natureza humana, incluindo a limitação de estar em apenas um local por vez. Como Jesus comissionou Seus discípulos para Sair por todo o mundo, Ele não teria mais seria capaz de estar com todos eles ao mesmo tempo caso permanecesse na Terra como ser humano. Porém, o Espírito Santo, que não tem as limitações da natureza humana, poderia estar com cada discípulo sempre.
Pelo fato de Jesus ser Deus e o Espírito Santo ser Deus, e eles serem um com Deus Pai, Jesus promete legitimamente a cada discípulo: Eu estarei sempre com vocês porque o Espírito Santo estará sempre com vocês. É uma reiteração de Sua promessa anterior de enviar o Ajudador em João 14, 15 e 16. O termo “o Espírito de Cristo”, usado em Romanos 8:9 e 1 Pedro 1:11, infere exatamente isso.
Esta promessa é um grande conforto para os discípulos. Como o salmista retoricamente contempla, não há lugar para onde possamos ir ou situação em que possamos nos encontrar, onde Deus não esteja conosco (Salmo 139:7-10).
A promessa de Jesus de encerrar a Grande Comissão, entretanto, vai ainda mais longe do que o Salmo 139. O Salmo 139 infere retoricamente a verdade negativa de que não há lugar para onde possamos ir da presença de Deus. A Grande Comissão afirma positivamente a realidade de que Deus, o Espírito Santo, está sempre conosco.
(João 14:26).
(Romanos 8:13, Gálatas 5:16-17, 1 Coríntios 10:13).
(Atos 1:8, 1 Coríntios 12:7-11, Gálatas 5:22-23, Efésios 3:16)
A expressão final da Grande Comissão — até o fim dos tempos — reforça a promessa de Jesus de que Ele sempre estará com Seus discípulos até o fim desta era.
Jesus sempre estará com Seus discípulos até Seu retorno físico no fim dos tempos. A promessa perdurará além das vidas terrenas dos discípulos a quem Jesus fisicamente falou essas palavras. A promessa da Grande Comissão, assim como seu comando, continuará e perdurará de uma geração à próxima geração de discípulos, até o fim dos tempos.
Após o fim desta era presente, esta promessa não será mais necessária, porque Deus habitará na terra com os homens. Portanto, não viveremos mais pela fé, mas pela vista (Apocalipse 21:3, 22).
CONCLUSÃO
Assim, Mateus conclui seu relato evangélico demonstrando a messianidade de Jesus.
Em vez de narrar a ascensão de Jesus, Mateus deixa seus leitores com um chamado à ação a todos os que aceitam que Ele é o Messias.
Os crentes devem, continuamente, fazer discípulos até Seu retorno triunfante no fim dos tempos, quando Ele prometeu estabelecer Seu Reino (Mateus 22:39, 24:30-31, 25:31, 26:29). Em Seu retorno, Jesus recompensará a Seus seguidores fiéis (Mateus 6:16-20, 7:13-14, 7:24-25, 8:11, 10:39-42, 13:43-46, 16:25, 19:28-30, 24:45-47, 25:6-7, 25:20-23, 25:34-36) e repreenderá a Seus seguidores que foram maus ou preguiçosos (Mateus 7:13-14, 7:21-23, 7:26-27, 8:12, 10:37-38, 16:25-26, 24:48-51, 25:8-12, 25:24-30).
Que possamos sempre buscar Seu Reino e Sua justiça (Mateus 6:33), até nossa reunião no fim dos tempos. Que sejamos encontrados fiéis para sermos convidados pelo próprio Deus a entrar na alegria do nosso Messias (Mateus 25:21).