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Significado de Mateus 3:1-2
Mateus informa a seus leitores sobre a mudança da narrativa do Evangelho ao registrar a expressão: “Naqueles dias”. Este período ocorre logo antes de Jesus começar o que entendemos ser Seu “ministério terreno”, iniciado por volta de 26-27 A.D. Lucas, outro autor dos Evangelhos, nos informa que “No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, Herodes, tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe, tetrarca da região da Itureia e Traconites, e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. Ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão de pecados” (Lucas 3:1-3). O local é identificado como o deserto da Judéia, com um relevo irregular, ao norte do Mar Morto, situado entre as montanhas de Jericó a oeste e o Rio Jordão a leste.
A figura central é João, “o Batizador”, mais comumente conhecido como João Batista. João era primo de Jesus. Sua mãe era Isabel, parente de Maria. Seu esposo era o sacerdote Zacarias (as incomuns e divinas circunstâncias envolvendo o nascimento de João estão registradas em Lucas 1:5-25).
A partir do relato de Lucas, entendemos que João já estava vivendo no deserto quando Deus o chama para pregar. Mateus simplesmente declara que João Batista saiu pregando pelo deserto da Judéia. O fato de João já estar “no deserto”, combinado com seu estilo de vida extremamente rígido (Mateus 3:4) nos dá a dica de que João, o Batizador pode ter pertencido ao grupo dos essênios.
Embora não mencionados nominalmente nas Escrituras, os essênios era um grupo de judeus que haviam decidido se afastar da vida em sociedade. Eles haviam fugido da influência de culturas pagãs, primeiro dos selêucidas e, mais tarde, de Roma. Eles tampouco participavam das cerimônias ministradas pelos saduceus no templo. Seu estilo regrado de vida limitava as relações sociais. Eles rejeitavam o luxo e a ostentação e escolheram dedicar sua vida ao estudo e cópia das escrituras judaicas. Sabemos que os essênios viveram nos monastérios de Qumran entre 200 A.C. (uma geração antes de a Revolta dos Macabeus expulsarem os tiranos selêucidas) e 70 D.C. (quando Roma destruiu o templo e, pela força, debelou o levante judaico). Qumran estava localizada a leste de Jerusalem, próximo ao Mar Morto. Foi nas cavernas de Qumran que os Manuscritos do Mar Morto foram descobertos em 1947.
A mensagem que João pregava no deserto da Judéia era: “Arrependei-vos, pois está próximo o Reino dos Céus.”A palavra grega para “arrepender” é “meta-noia”. A tradução literal é “mudar a mente ou o pensamento”. A mensagem de João era simples: “Mudem seus estilos de vida porque estamos prestes a conhecer o próximo Rei.”
O rei é aquele que faz e dá as ordens. Em geral, obedecer às regras daquele que tem tal autoridade é, em geral, uma resposta justa e sábia. O apóstolo Paulo ensinou aos cristãos fieis em Roma: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores. Pois não há autoridade que não venha de Deus; e as que há têm sido ordenadas por Deus” (Romanos 13:1). Sob a PAX ROMANA, ou “Paz de Roma”, pessoas de outras crenças (incluindo os judeus) podiam continuar praticando sua fé, contanto que pagassem seus impostos e reconhecesse a autoridade de Roma.
Viver sob o jugo romano era um grande desafio aos judeus e sua fé em Deus. Alguns, como os judeus que se comprometiam com Roma (os herodianos), o faziam com prazer. Eles abraçavam a cultura pagã e o estilo de vida imoral de Roma. Outros, como os zelotes (um outro movimento político judaico), dedicavam-se a eliminar o governo romano. Os zelotes se preparavam secretamente para o dia quando se rebelariam às claras contra o jugo romano. Alguns desses, como os essênios, se retiravam da vida em sociedade para estudar as verdades eternas da Palavra de Deus. Outros, como os saduceus e fariseus, buscavam dar continuidade às tradições e costumes judaicos sob o pesado governo de Roma.
Porém, independentemente da origem ou afiliação política, todos na Judéia sentiam a forte presença romana. Entre muitos desses, incluindo os essênios, havia uma grande expectativa pelo aparecimento do Messias, aquele a quem Deus ungiria como Rei e que libertaria Israel, inaugurando, assim, uma era de ouro para Seu povo.
O coração do povo da Judéia foram cativados pela mensagem de João Batista. Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus. É hora de mudar seu pensamento. É hora de mudar seu estilo de vida. É hora de mudar seus comportamentos e seu comprometimento, porque Deus está prestes a inaugurar o Seu Reino. O fato de este Reino ser messiânico é uma característica clara na mensagem de João, já que ele proclamava que o reino era dos Céus. O momento pelo qual todos esperávamos chegou. Esta mensagem certamente encontrou guarida no coração dos judeus.
Um dos temas centrais do Evangelho de Mateus é que o Rei vem e Ele irá estabelecer o Seu Reino. Jesus é o Rei. Porém, Ele é diferente de qualquer outro. Seu Reino é mais abrangente do que qualquer outro reino terreno (como o romano). Conforme Mateus irá demonstrar, Jesus passa despercebido como Rei e o início do Seu reinado não é notado pelas pessoas que O esperavam, já que Ele não supre suas expectativas.
Acredita-se que o motivo pelo qual Mateus usa o termo Reino dos Céus, ao invés de Reino de Deus, tem a ver com seu público judaico. Os judeus não podiam repetir o nome de Deus, ainda que por acidente, pois isso violava o terceiro mandamento: “Não tomarás o nome de Jeová, teu Deus, em vão, porque Jeová não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20:7). Mateus substitui “Deus” por Céus e resolve o problema. Marcos e Lucas, escrevendo para públicos gentios onde Deus é um termo mais eficaz para comunicar o Evangelho, usam a expressão “Reino de Deus”.