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Significado de Mateus 3:8-10
Após seu insulto inicial, chamando os fariseus e saduceus de “raça de víboras”, João oferece a eles um caminho para a reconciliação. Ele abre uma oportunidade para que eles se arrependessem usando a metáfora da árvore frutífera. A árvore representa o indivíduo. Os frutos representam as obras do indivíduo. João lhes recomenda que produzam frutos de arrependimento. Parece que João quer deixar claro que o foco não deve estar no ritual do batismo. Como líderes religiosos, eles poderiam ser batizados como parte dos rituais judaicos de purificação. João diz aos fariseus e saduceus que o que eles realmente precisam é mudar seus comportamentos.
O arrependimento demanda uma mudança de coração, uma decisão de que nossa velha forma de viver não era um bom caminho e, portanto, um novo caminho deve ser seguido. João admoesta aos fariseus e saduceus a fazerem novas escolhas, a produzirem frutos que deixem claro sua nova rota de vida. Ele insiste em apontar a corrupção dos seus caminhos e a necessidade de mudança. João, a seguir, antecipa uma possível objeção por parte deles.
Eles os alerta: “Não queirais dizer dentro de vós mesmos: Temos como pai a Abraão; porque vos declaro que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão”. Os judeus tinham a forte crença de que eram o povo escolhido de Deus. Deus havia declarado isso várias vezes, incluindo em sua conversa com Abraão. Deus disse a Abraão que ele seria o pai de uma grande nação e que esta nação abençoaria todas as nações. Ele disse que abençoaria a todos os que abençoassem e amaldiçoaria a todos os que amaldiçoassem os descendentes de Abraão (Gênesis 12:2, 3). Os fariseus e saduceus haviam concluído, como resultado, que eles possuíam algum tipo de imunidade quanto ao juízo de Deus por seu comportamento.
No entanto, os fariseus e saduceus pareciam ignorar a realidade da aliança de Deus com Seu povo. Embora Ele os aceitasse incondicionalmente devido a Seu amor por eles, ainda assim Ele requer obediência antes de distribuir bênçãos. Esta é a essência da lei estabelecida no livro de Deuteronômio, onde Deus deixa claro que não havia escolhido a Israel por sua justiça (Deuteronômio 9:4-6), mas por Seu amor a seus pais (Deuteronômio 4:37; 7:7, 8). Aquela era uma realidade irrevogável. A aceitação de Deus por Seu povo era incondicional. Ele jamais rejeitaria a Israel. No entanto, isso não seria garantia de que não os disciplinaria. Deus sempre manteria sua aliança com Abraão, porém seus descendentes deveriam ser tão fieis quanto ele havia sido. João diz: “Porque vos declaro que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão”. Não havia fundamento para que eles acreditassem que não seriam responsabilizados por seus comportamentos diante de Deus.
Os fariseus e saduceus eram educados na lei mosaica. Deus havia deixado claro em Sua aliança com Israel que a obediência seria a condição para que Ele os abençoasse na terra (Deuteronômio 11:8-32). João retoma sua metáfora da árvore e dos frutos, e deixa claro que o juízo de Deus, Sua disciplina, não apenas era certa, mas também iminente. Ele os alerta das consequências negativas de não se arrepender e não se preparar para o Reino dos Céus, que estava vindo à luz. João os exorta: “O machado já está posto à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não dá bom fruto é cortada e lançada no fogo”.
A figura que João descreve é a de que Deus já estava com o machado à mão e que já havia começado a cortar as primeiras árvores. O juízo era iminente. Caso os fariseus e saduceus não se arrependessem rápido, Deus os cortaria pela raiz e os removeria completamente. As árvores a serem cortadas eram aquelas que não produzissem bons frutos.
Esta expressão pode indicar que as árvores estavam produzindo frutos podres ou nenhum fruto. O resultado final é serem cortadas e lançadas no fogo. O fogo na Bíblia é tipicamente um sinal de juízo. As árvores da metáfora de João seriam cortadas e lançadas no fogo. Uma árvores frutífera que produzisse frutos ruins ou sem nenhum furto seria substituída. O proprietário de uma plantação sempre espera que as árvores plantadas sejam produtivas. Portanto, o proprietário iria cortar as árvores improdutivas e usá-las para acender o fogo.
A admoestação de João ao arrependimento é um chamado aos fariseus e saduceus a mudar seus comportamentos e passar a agir corretamente.
Se apenas aplicarmos as declarações específicas de João nesta metáfora, deixando de lado as correlações com Abraão, vemos um alerta silogístico.
Um silogismo é iniciado por uma conclusão (A), antes da apresentação das premissas (B) e (C).
Nós, ocidentais, tendemos a organizar as declarações da seguinte maneira:
Como foi que os fariseus e saduceus interpretaram o alerta de João? O que João estava buscando transmitir a eles?
Os fariseus e saduceus conheciam a Bíblia. Eles sabiam que Deus havia registrado em Deuteronômio que Ele era um fogo consumidor (Deuteronômio 4:24). Eles também sabiam que Deus havia alertado a seus antepassados a se arrepender ou seriam exilados da terra de Judá. Deus havia falado através de Jeremias e Ezequiel. Os líderes não haviam ouvido, não haviam se arrependido e a nação foi levada para o exílio. Tal sequência podia ser observada em vários lugares do Antigo Testamento, mas uma passagem similar à metáfora de João era encontrada em Ezequiel:
“Veio a mim a palavra de Jeová, dizendo: Filho do homem, que se há de fazer do pau da vide em preferência ao de qualquer outro pau, do sarmento da vide que se acha entre as árvores do bosque? Acaso, tomar-se-á dela madeira para fazer alguma obra? Ou fabricar-se-á dela uma estaca, para que se lhe pendure algum traste? Eis que foi lançado no fogo para lhe servir de pasto; fogo devorou ambas as extremidades dele, e o meio dele está queimado; acaso, presta ele para alguma obra? Eis que, quando ainda estava inteiro, não servia para obra alguma; quanto menos, quando o fogo o tiver devorado e estiver queimado? Por isso assim diz o Senhor Jeová: Bem como entre as árvores do bosque é o pau da vide, que dei ao fogo para lhe servir de pasto, assim darei os habitantes de Jerusalém. Porei o meu rosto contra eles. Do fogo sairão, e o fogo os devorará; quando eu puser o meu rosto contra eles, sabereis que eu sou Jeová. Farei da terra uma desolação, porque eles cometeram uma transgressão, diz o Senhor Jeová” (Ezequiel 15:1-8).
Ezequiel profetizou antes e durante o exílio de Judá na Babilônia, por volta de 600 anos antes do nascimento de Jesus. Nesta passage, Ezequiel alerta que Jerusalém seria consumida pelo fogo do juízo, de tal forma que ficaria assolada, pelo fato de terem agido com infidelidade. Eles eram tão inúteis a Deus quanto uma videira seca era inútil ao dono dela. A videira não era nem mesmo adequada para servir de estaca. Sua única utilidade era aumentar a intensidade do fogo.
Jerusalém ficou sob o cerco dos babilônicos e foi destruída em 586 A.C. Muitos dos seus habitantes foram mortos e muito outros levados cativos para a Babilônia. Parece provável dizer que esta era a figura que João Batista procurava transmitir. O Reino dos Céus está à portas. Como líderes, os fariseus e saduceus deveriam decidir mudar seu compromisso em direção a Cristo, o Rei dos judeus. E a forma pela qual deveriam fazer isso seria produzir frutos dignos de arrependimento.
Ironicamente, os fariseus e saduceus, mais tarde, concodaram que Jesus deveria ser assassinado para evitar que Roma tomasse sua nação (João 11:48). Mais ou menos 40 anos depois, Jerusalém estaria sob cerco e uma outra destruição trágica ocorreria através dos romanos. Novamente, eles foram levados ao exílio. Ao invés de abraçar o Reino dos Céus, os fariseus e saduceus colocaram sua confiança em Roma. O resultado seria o mesmo da geração anterior de líderes, que colocaram sua confiança no Egito para protegê-los da Babilônia, contrários à instrução de Deus. A consequência de sua infidelidade foi que Judá foi derrotada e exilada na Babilônia. Os livros de 1 e 2 Crônicas foram escritos para recontar a história de Judá e explicar que o exílio foi a forma de Deus discipliná-los, fortalecendo, assim, Sua aliança com Israel (1 Crônicas 9:1).