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Significado de Mateus 4:1

Após ser batizado por João, o Espírito Santo leva Jesus ao deserto para ser tentado pelo diabo.

Após ser batizado por João e receber a confirmação do Pai Celestial e a unção do Espírito Santo como o Messias, Jesus se retira para um tempo de tentação.

Mateus registrar que Jesus foi levado, uma forma de comunicar ao leitor que o caminho de Jesus em direção ao deserto foi uma jornada montanha acima, saindo do Rio Jordão onde Ele fora batizado. Não sabemos precisamente para onde ou para qual deserto Jesus foi levado pelo Espírito Santo, porém o local tradicional seria o deserto da Judéia, a noroeste de Jericó. Suas montanhas são cercadas por vales profundos e perigosos abismos. É um terreno seco e irregular. Este deserto não estaria na lista de turismo de ninguém. Caminhar em direção a ele teria que ser por um propósito bastante específico.

A distância entre Jerusalém e um dos prováveis locais do batismo de Jesus é de aproximadamente 30 quilômetros. A distância entre o Vale do Jordão, a leste, e Jerusalém, a oeste, é preenchida pelo Deserto da Judéia. O rei Davi, ancestral de Jesus, havia passado muito tempo no deserto da Judéia escondendo-se do rei Saul, que procurava matá-lo, após Davi tornar-se uma ameaça ao reinado de Saul. O incidente do Deserto de En Gedi, onde Davi poupou a vida de Saul numa caverna, ocorreu aproximadamente 80 quilômetros ao sul de onde Jesus foi batizado (1 Samuel 24).

Jesus seguiu a direção do Espírito Santo. No Evangelho de João, Jesus repetidas vezes confessa que o Seu desejo era fazer a vontade de Seu Pai, que Ele não fazia a Sua própria vontade, que Ele apenas dizia o que o Pai lhe revelava. Ao seguir a liderança do Espírito Santo, Jesus replica o mesmo padrão. Ele provavelmente não escolheu, de livre vontade, passar um tempo no deserto, mas obedeceu a vontade da Terceira Pessoa da Trindade. É interessante notar que, no versículo anterior, Deus Pai declara que Ele está satisfeito com Seu Filho (Mateus 3:17), e no versículo seguinte o Pai leva Seu Filho ao deserto para ser provado (Mateus 4:1).

Este é um padrão consistente em toda a Bíblia: Deus leva pessoas ao deserto para prepará-los para a missão. Alguns outros exemplos incluem Moisés, que passou anos como pastor no deserto antes de ser chamado para libertar Israel do Egito; Davi também passou muito tempo no deserto escondendo-se de Saul; a nação de Israel peregrinou por 40 anos no deserto antes de entrar na Terra Prometida. O princípio aqui é que tempos de provação são sinais da aprovação de Deus e devem ser vistos como um período preparatório para uma missão. Qualquer atividade é abençoada, quando ela é feita como para o Senhor (Colossenses 3:23).

Mateus emprega a palavra grega “Peirazō” (G3985) neste versículo, cuja tradução é ser tentado. A raiz da palavra é frequentemente traduzida como “teste”, “prova” ou “tentação”. Embora as traduções variem de acordo com a persepctiva do tradutor, elas significam a mesma coisa. Tiago aplica a mesma raiz no primeiro capítulo de sua epístola. A versão NASB apresenta todas essas traduções. Porém, exatamente no meio do primeiro capítulo de Tiago, o escritor Sagrado apresenta uma verdade relevante sobre a natureza da tentação e como ela acontece:

“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; pois Deus não é tentado pelo mal, e ele a ninguém tenta. Mas cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz” (Tiago 1:13, 14).

Este texto deixa claro que a principal diferença entre a tentação e a provação é a intenção. Tutores, coaches, professores ou mentores sempre levam seus alunos ou discípulos a passar por testes, visando promover crescimento neles. Um professor de álgebra, por exemplo, dá um teste para se certificar de que os alunos tenham absorvido a lição. Ele espera que todos passem no teste, já que ele tem a melhor das intenções em relação ao desenvolvimento dos seus alunos. Seu objetivo é que eles cresçam e se beneficiem dos seus ensinos.

Um “tentador”, entretanto, deseja exatamente o oposto. O tentador deseja a destruição do alvo da sua tentação. Tiago deixa claro que Deus não deseja que tomemos bomba no teste. Na verdade, a Bíblia nos promete que Deus nunca nos dá um teste que não consigamos suportar (1 Coríntios 10:13).

Esta passagem traz algumas questões interessante sobre a tentação de Jesus.

Se Jesus era Deus, como é que Ele poderia ser tentado?

Jesus é um paradoxo. Ele é 100% Deus e é 100% homem. Um paradoxo ocorre quando duas proposições existem conjuntamente. Porém, sua coexistência é irreconciliável. Todos os princípios fundadores das diferentes visões de mundo são paradoxais. Em um sistema filosófico baseado na lógica humana, um paradoxo precisa ser explicado, ou se torna uma contradição. No entanto, a lógica de Deus transcende a lógica humana. A lógica humana é uma reflexão da lógica de Deus, não sendo, portanto, uma restrição para Sua ação. A Bíblia não está baseada na lógica humana. O primeiro versículo do primeiro capítulo diz: “No início, Deus...”

Com isso em mente, podemos dizer que Jesus foi tentado pelo simples fato de ser “100% homem”. Não conseguimos explicar como Jesus era, ao mesmo tempo, homem e Deus, da mesma forma que não conseguimos explicar a existência em si mesma. O que é, é.

O paradox fundacional da Bíblia entra em conflito com outras visões de mundo. A Bíblia apresenta ao próprio Deus como o paradox fundador, um Deus que é um e três, ao mesmo tempo, um Deus que é plenamente divino e plenamente humano, um Deus que está muito além das explicações humanas. Todas as explicações humanas são baseadas na pessoa de Deus, não o contrário. O famoso Concílio de Nicéia, em 325 D.C., ratificou o paradoxo de que Jesus é integralmente Deus e integralmente homem.

Para uma apresentação completa desta questão, leia o artigo sobre a Natureza Paradoxal de Deus na lista de Temas Difíceis aqui.

Hebreus 2:17, 18 lança mais luz sobre a realidade de que Jesus foi realmente tentado:

“Por onde importava que, em tudo, fosse ele feito semelhante a seus irmãos, para que viesse a ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas referentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo em que ele mesmo sofreu, sendo tentado, pode socorrer aos que são tentados.”

Esta passagem demonstra que entre as razões para Jesus se tornar humano está o fato de que Ele precisava se identificar com o ser humano, bem como ser identificado como ser humano por nós. Ao tornar-se humano, Jesus foi capaz de ministrar aos homens como homem. Ele que “sofreu” e foi “tentado” pode ministrar a outros humanos como irmão. Ele pode ministrar como alguém que entende o sofrimento dos que sofrem e são tentados. A experiência no deserto para Jesus demonstra a fragilidade de Sua humanidade. Se Jesus confiava na graça divina e na Palavra de Deus para obter sustento durante a tentação, devemos também depender de Deus e de Sua Palavra quando enfretarmos as nossas tentações.

O texto diz que Jesus foi tentado pelo diabo. Tal declaração está alinhada com o que Tiago diz em Tiago 1:13, 14: Deus não tenta a ninguém. O Espírito Santo O levou ao deserto, mas foi o diabo quem O tentou. Deus permitiu que Satanás tentasse a Adão e Eva no Jardim do Éden (Gênesis 3:1-7). Deus permite que os crentes sejam tentado, porém não além do que podem resistir (1 Coríntios 10:13). Virá um tempo no qual o diabo não mais terá a permissão para nos tentar (Apocalipse 20:1-10). Até lá, Deus o permitirá nos tentar, porém sempre providenciará um escape, caso façamos as escolhas certas. Jesus experimentou tudo o que nós experimentamos, para que pudesse se identificar conosco. Ele recebeu recompensas maravilhosas por Sua fidelidade e agora nos oferece as mesmas recompensas àqueles que seguirem o Seu exemplo resistindo às tentações (Filipenses 2:8-11; Hebreus 2:5-12; Apocalipse 3:21).

Deus é o Supremo Criador e Sustentador de tudo o que existe. Porém, Ele nos criou inteiramente livres para fazer escolhas morais entre o bem e o mal. Deus não tenta a ninguém. Tais paradoxos estão arraigados no caráter e na essência de Deus.

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