Significado de Mateus 5:7

A declaração de Jesus (D’) Makarios os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia corresponde a (D) Makarios os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. Esta declaração completa o foco principal do quiasmo das “Bem-Aventuranças”. A decisão de viver em justiça produz enormes benefícios. É o caminho para uma completa realização (bênção, Makarios) como seres humanos.

Em contrapartida à justiça no Makarios do quiasmo de Jesus é a misericórdia. A misericórdia é um tema chave no Antigo Testamento e é, também, um tema central da Nova Aliança.

As três palavras principais traduzidas como misericórdia no Antigo testamento são “Channuwn” (H2587), “Rachuwm” (H7349) e “Checed” (H2617). “Channuwn” descreve a piedade e a generosidade (Provérbios 14:21). “Rachuwm” descreve vínculos familiares afetivos (de pai para filho, Jeremias 31:20; de mãe para o bebê, Isaías 49:15; do marido para a esposa, Oséias 2:19; de José para seus irmãos, Gênesis 43:30). “Checed” descreve um tipo de amor fiel e constante (Salmo 100:5).

Todos os três termos aparecem combinados em vários versículos no Antigo Testamento (Êxodo 34:6; Números 14:18; Neemias 9:17; Salmo 86:15; 103:8; 145:8; Joel 2:13). Um versículo apenas contém as três palavras e é encontrado no livro de Jonas: “Eu sabia que tu és um Deus clemente (“Channuwn”) e misericordioso (“Rachuwm”), tardio em irar-se e de grande beneficência (“Checed”) e que te arrependes do mal” (Jonas 4:2). A misericórdia é, definitivamente, uma característica divina.

Jesus anuncia que os que são misericordiosos são Makarios (felizes e realizados). Não é difícil entender o porquê. Os que são misericordiosos alcançarão misericordia. Este princípio da misericórdia é repetido várias vezes por Jesus, não apenas neste sermão, mas durante todo o Seu ministério. O princípio da misericórdia apresentado por Jesus está no coração de Sua oração em Mateus 6:12: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores”. A misericórdia também é o foco central da ênfase de Jesus logo após nos ensinar Sua oração: “Pois, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará; mas, se não perdoardes aos homens, tão pouco vosso Pai perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:14, 15).

Pouco tempo depois, Jesus reafirma o princípio da misericórdia ao restruturar a idéia na negativa: “Não julgueis, para que não sejais julgados; porque, com o juízo com que julgais, sereis julgados; e a medida de que usais, dessa usarão convosco” (Mateus 7:1, 2).

Até mesmo a “regra de ouro” segue o princípio da misericórdia: “Portanto, tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas” (Mateus 7:12). Sejam misericordiosos e recebam misericórdia.

Jesus repete o princípio em Sua parábola sobre o devedor que foi perdoado e se negou a perdoar (Mateus 18:23-35).

E, obviamente, Jesus pratica o que Ele prega, embora jamais tivesse pecado para ser perdoado Jesus perdoa o paralítico (Marcos 2:5). Ele perdoa a mulher pecadora que lavou Seus pés (Lucas 7:48). Ele perdoou a mulher pêga em adultério (João 8:11). Ele perdoou os que O crucificaram (Lucas 23:34). Jesus, o Messias, veio para perdoar. E Ele ensina a Seus seguidores a perdoar a outros.

Os reinos deste mundo são construídos sobre culpa e condenação. Quando algo de errado acontece, alguém precisa ser acusado e punido. Este é um sistema maldito. E todos os que julgam de acordo com os padrões deste mundo serão condenados.

Portanto, Jesus nos ensina que quando alguém exerce misericórdia (perdoa a alguém pelo mal que fez) esta pessoas entram numa posição de bênção (Makarios), já que ela também irá receber misericórdia (do Rei). Num mundo de pecado e erro, a misericórdia é frequentemente um ato de amor. A misericórdia  vai contra os sistemas dos reinos deste mundo porque a misericórdia é a principal plataforma do Reino dos Céus.

Assim, completamos o tema central do quiasmo de Makarios. A forma mais efetiva de se alcançar realização é buscar a justiça, como se nossa vida dependesse disso. Na verdade, nossa realização espiritual depende totalmente disso. Quando desempenhamos nosso papel no Corpo de Cristo de acordo com nossos talentos e em obediência ao Cabeça, somos Makarios. Se obedecemos ao Cabeça, teremos sempre uma atitude de misericórdia com relação aos membros do Corpo. Quando eles falham, nós os perdoamos. E quando perdoamos, somos perdoados pelo Cabeça (Jesus).