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Significado de Mateus 6:2-4
O primeiro exemplo que Jesus compartilha sobre a busca da recompensa mais elevada envolve a caridade.
Jesus sabe que Seus seguidores ajudavam aos pobres. Ele diz: “Quando, pois”, e não “se quiserem dar”. Ele faz tal afirmação provavelmente porque dar aos pobres era parte da norma cultural dos judeus naqueles dias. Desde os tempos de Moisés, cuidar dos pobres era uma expectativa de Deus para Seu povo (Levítico 19:9,; 1025:35; Deuteronômio 15:7-11). Cuidar dos pobres incluía muitas coisas, incluindo as doações de caridade. Uma das características distintas da cultura Judaica era que eles faziam doações de uma parte de seu dinheiro aos pobres (algo que Roma não fazia).
Com a afirmação dos fariseus, que serviam como guardiões das tradições e leis judaicas, dar dinheiro aos pobres havia se tornado um espetáculo. Era como um uma competição esportiva entre os mais “justos” quanto a quem atraíria mais a atenção dos outros por suas doações. Em geral, quanto maior fosse a doação, mais aquela pessoa seria honrada pelos homens. Tal caridade não era motivada pela necessidade dos pobres. Ela era feita com base na conquista da honra e respeito dos outros.
Jesus zomba deste tipo de caridade, conforme Sua descrição: “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti” (os dignatários possuíam seus trombeteiros para tocar as trombetas sempre que chegavam a um certo lugar). Da mesma forma, Jesus alerta Seus discípulos quanto a transformar sua caridade em espetáculo. Ele rotula essas pessoas “caridosas” de hipócritas.
A palavra “hipócrita” vem da mesma raiz grega para a palavra “ator”. Literalmente significa exagerar ou enfatizar demasiadamente uma situação. É uma descrição precisa do porque aqueles hipócritas exageravam em suas ações e fingiam ter compaixão dos pobres, quando, na verdade, se interessavam meramente no que os homens iriam pensar sobre eles. Quando Jesus se referiu aos hipócritas que faziam isso nas sinagogas e nas ruas, Ele muito provavelmente estava descrevendo os fariseus, que ensinavam nas sinagogas. Jesus, mais tarde, vai nomear explicitamente os fariseus como hipócritas (Mateus 23:13).
Jesus resume o motivo pelo qual não devemos dar aos pobres apenas como um show quando diz: “Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.” Ele não disse que dar aos pobres apenas para ser vistos pelas pessoas não produzia recompensa. Sim, a pessoa vai ter uma recompensa. Ela se sentirá bem ao ser chamada de “generosa” pelos outros. Entretanto, esta é a única recompensa que a pessoa terá, uma recompensa passageira. Sua recompensa seria muito maior se desse aos pobres com base no motivo de agradar ao Pai Celestial.
Jesus sela este alerta com Sua autoridade divina: Em verdade vos digo que não haverá mais recompensas de Deus, já que a pessoa recebeu toda a recompensa possível. Jesus é bastante claro neste ponto. Ele deseja que Seus discípulos compreendam as consequências e recomenda que eles façam boas escolhas que gerem o máximo de benefício. Jesus apela ao seu interesse próprio e reconhece que Deus deu a eles o poder da escolha.
Ao invés de fazer um espetáculo para ganhar a aprovação dos homens, Jesus sugere que Seus seguidores fizessem doações em segredo. Ele destaca que a privacidade deve ser tamanha que “não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita”. Em outras palavras, não dê aos pobres para que outros homens vejam que você é justo. Se você der dinheiro desta maneira, sua única recompensa será o passageiro aplauso dos homens ou o prazer de se auto-bajular. Tal tipo de recompensa é patética em relação à recompensa que o Pai reserva aos que o fazem em segredo.
Jesus sempre encorajava os discípulos a buscar a recompensa maior. Ao fazê-lo, Ele reconhecia a necessidade da natureza humana em buscar reconhecimento. Jesus não ensinou aos discípulos que não deveriam buscar benefícios pelo que faziam. Ele os ensinou a olhar para além da atitude em si e ver, com os olhos da fé, que há um retorno sobre investimentos feitos em segredo, ou seja, uma compensação vinda de Deus, que era muito maior do que o superficial louvor dos homens.
Não é apenas uma atitude hipócrita buscar ser honrado pelos homens ao fingir cuidar dos pobres. É também uma tolice, porque a pessoa perde a recompensa maior. Após demonstrar essas coisas aos discípulos e os aconselhar a buscar a recompensa melhor (do Pai Celestial), Jesus reconhece que Deus os permite escolher como querem ser reconhecidos. Ele entende que Deus concedeu aos humanos a liberdade para fazer escolhas. Jesus está treinando Seus discípulos a fazer investimentos com sabedoria. Ele os está ensinando a se auto-governarem, algo que os iria preparar para servir e reinar melhor em Seu Reino.
Jesus garante a eles que o Pai vê o que é feito em secreto e irá recompensá-los, caso façam suas doações aos pobres da forma correta, ao invés de meramente desejarem receber os aplausos dos homens. A ênfase de Jesus no que é feito em secreto deixa claro que Deus vê tudo o que fazemos, mesmo quando ninguém mais vê. Na verdade, o livro de Hebreus nos diz que Deus vê tudo, até mesmo os pensamentos e intenções do coração, e que tudo será trazido à luz diante Dele (Hebreus 5:12, 13). A admoestação de Jesus poderia ser parafraseada da seguinte maneira:
“Meus discípulos, vocês foram criados por Deus para buscar recompensas e glória. Deus deu a vocês a liberdade para escolher suas ações e decidir como desejam ser recompensados. Permitam-me sugerir que busquem a melhor glória, a glória que dura para sempre. Não se preocupem com o que os outros irão pensar ou dizer. Foquem sua atenção em agradar ao Pai Celestial. Ao procederem assim, vocês conquistarão o que seu coração deseja. Ao contrário, vocês receberão apenas o gostinho do que desejam. Deus está sempre alerta e Ele vê tudo o que vocês fazem. Tudo o que vocês fizerem para Sua glória será recompensado por Ele.”