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Significado de Mateus 7:1-5

Jesus ensina Seus discípulos a não julgar outras pessoas, pois eles vão ser julgados de acordo com o mesmo padrão que usam para criticar o próximo. Ele ilustra esse ponto de uma forma bem-humorada através da ideia de um homem com uma trave em seu olho tentando ajudar a retirar um cisco do olho do seu irmão.

Jesus ensinou o conceito de misericórdia em ambos os quiasmos do Makarios das Bem-Aventuranças, normalmente conhecidos como “A Oração do Pai Nosso”. “Makarios (realizados) são os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.” (Mateus 5:7). “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores” (Mateus 6:12). Os dois exemplos foram colocados de forma “positiva”, isso é, Ele ensina como nós devemos fazer. Aqui Jesus também apresenta o mesmo princípio de forma “negativa”. Ele ensina de uma forma a nos dizer o que não deveríamos fazer.

Não julgue. A referência de Jesus a julgar é insultar com ações, palavras, expressões, etc, uma outra pessoa. Não guarde uma lista dos erros dos outros. Não julgue o comportamento ou atitude de outros como se estivessem moralmente errados quando nos consideramos moralmente superiores a eles. Esta atitude é normalmente chamada de síndrome da crítica. É a condenação silenciosa, ou não tão silenciosa assim, de outras pessoas e seus comportamentos. Julgar os outros é o oposto do que Paulo descreve com relação ao amor em 1 Coríntios 13:5, “[O amor] não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal”. Independente do fato do comportamento da outra pessoa nos ferir ou não, Jesus nos diz para não julgar.

A razão de Cristo nos ensinar a não julgar é porque o inverso do princípio da misericórdia será aplicado. Não julgue para não ser julgado. Pois da mesma forma que julgar, também será julgado. Assim como os que mostram misericórdia irão receber misericórdia, os que julgam vão receber julgamento na maneira com a qual julgam ao próximo. Jesus continua: Vocês serão medidos pelo padrão com o qual medirem os outros. Todos nós seremos medidos e julgados de acordo com nossa própria régua e padrão de medida. Se desejamos misericórdia, devemos ser misericordiosos. Se queremos julgamento rápido, basta sermos rápidos em julgar o próximo.

Aqui, Jesus espera que Seus discípulos entendam que todos nós prestaremos contas a Deus por tudo o que fizermos durante nosso tempo de vida. Este princípio é confirmado diversas vezes nas epístolas (1 Coríntios 3:11-15; 2 Coríntios 5:9-10; Romanos 14:10-14; Hebreus 4:12-13). Claro que todos desejamos receber misericórdia, que é o motivo de Jesus ensinar a Seus discípulos a mostrarem misericórdia e serem rápidos em perdoar, sem julgar os outros por seus erros. Esta é apenas outra forma de tratar outros como gostaríamos de ser tratados. Neste caso, deveríamos julgar e oferecer misericórdia da mesma maneira que gostaríamos que Deus nos julgue e nos ofereça misericórdia. Além disso, Jesus promete que isso é exatamente o que iremos receber. Deus irá nos julgar pela medida ou padrão que tivermos ao julgar outras pessoas durante nossa vida.

Jesus ilustra de forma curiosa a tolice de como percebemos nosso próprio pecado em comparação ao pecado de outros. “Por que”, Ele pergunta, “você olha o cisco no olho de seu irmão, mas não nota a trave que está em seu próprio olho?” Esta pergunta é dividida em duas partes.

Primeira: Por que você presta atenção ao cisco no olho de seu irmão? Um cisco é algo muito pequeno, como uma farpa de madeira. É algo praticamente invisível. A única pessoa incomodada por uma farpa de madeira no olho é aquela que está experimentando o problema, ou talvez alguém que esteja procurando minuciosamente a farpa para ajudar a removê-la. Porém, em Sua lição moral, Jesus registra que a pessoa não está procurando ajudar a outra no processo de remoção do cisco. Ela está procurando algo pra criticar. E se a atenção dela estiver somente no erro do outro, ela não irá notar a trave do seu próprio olho.

Jesus, então, apresenta uma dolorida e absurda verdade na segunda parte de Sua pergunta: Por que você não nota a trave em seu próprio olho? Uma trave no olho é algo muito maior do que um cisco. O cisco é um incomodo. A trave é um problema real. A pessoa arrisca perder seu olho. É algo óbvio, impossível de não ser notado por outros. É uma ironia situacional, na qual a pessoa com a clara e visível trave moral está julgando um irmão com um invisível cisco moral.

Ainda que desejemos minimizar a cena bizarra do irmão com a trave em seu olho tentando ajudar o outro irmão a remover o cisco de seu olho, tal atitude é ridícula. “Como podes dizer a seu irmão, ‘me deixe remover o cisco de seu olho, sem encarar a trave em seu próprio?”

“Hipócrita,” diz Jesus. “Primeiro retire a trave do seu próprio olho, assim você verá claramente para poder ajudar a retirar o cisco do olho de seu irmão.” É falso moralismo fazer exigências de outros antes de examinarmos nossos próprios problemas. Jesus muito provavelmente está se referindo a outro princípio: nós projetamos nossos próprios pecados em outras pessoas. Qualquer coisa que nos incomode nos outros provavelmente está mostrando nossas próprias falhas. Se não toleramos alguém arrogante, isso provavelmente significa que nós mesmos somos arrogantes. Se ficamos muito incomodados com a mesquinhez dos outros, provavelmente isso mostra que sofremos do mesmo mal. Este princípio pode ser assim aplicado: “Quando alguém me irritar, preciso olhar internamente e lidar com meus próprios problemas; eu não estaria incomodado se não tivesse o mesmo problema em mim mesmo.”

Jesus dá a Seus discípulos uma forma muito prática de crescer em retidão: ao invés de criticar os outros, examine a si mesmo. Lide com seus próprios defeitos antes. Jesus agora direciona nosso foco de “consertar outros” para “lidar com nossas próprias mazelas”. Contudo, uma vez que tivermos lidado com nossas mazelas adequadamente, Jesus deseja que ajudemos ao próximo. Depois de lidar com seus próprios problemas, Jesus ensina a Seus discípulos: “Então, você verá claramente para poder remover o cisco do olho de seu irmão.” Jesus não quer que deixemos que outros andem no erro. Mas não veremos os erros dos outros claramente, até que lidemos com nossos próprios pecados e reconheçamos que não somos diferentes daqueles que sofrem com os mesmos erros.

O ponto principal é: Julgue os outros da forma que você quer ser julgado; e: Devemos julgar a nós mesmos e lidar com nossos próprios erros antes de começar a corrigir os erros dos outros. Se investirmos o mesmo tempo olhando para o nosso próprio olho, ao invés de olhar para os ciscos morais no olho de nosso irmão, rapidamente encontraremos nossas próprias traves. Se seguirmos os exemplos de Jesus e julgarmos a nós mesmos, iremos descobrir que nossos ciscos, na verdade, são traves na nossa própria perspectiva e, assim, nos tornaremos muitos mais tolerantes e misericordiosos em relação a nossos irmãos, o que nos leva a, consequentemente, receber misericórdia maior da parte de Deus. Isso também nos coloca em uma posição de enxergar o próximo mais claramente e tomar decisões sábias sobre qual a melhor forma de ajudá-los a encontrar Seu reino e Sua misericórdia.

Enquanto permitirmos que Deus lide conosco e nosso pecado, teremos um coração misericordioso, não julgador. Veremos claramente e seremos capazes de realmente ajudar a retirar o cisco do olho de nosso irmão. Da mesma forma, alcançaremos grandes benefícios na luta contra nossos próprios pecados, algo que nos levará ao caminho de buscar o Seu reino e Sua misericórdia.

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