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Significado de Mateus 9:35-38

Jesus começa a viajar pela região da Galiléia em direção a todas as cidades e aldeias. Ele ensina nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando em todos os lugares por onde passava. Ele sente compaixão pelas pessoas que estavam atribuladas e confusas. Ele diz a Seus discípulos que a colheita para o Evangelho é abundante, mas há poucos obreiros. Ele lhes pede que orem para que Deus envie mais trabalhadores para a Sua colheita.

Tendo deixado claro que os fariseus seriam a principal oposição terrena de Jesus, Mateus termina o capítulo resumindo a fase seguinte do ministério de Jesus. Jesus passava por todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas e proclamando o evangelho do reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. Esta observação também serve como uma transição e introdução para o próximo capítulo, quando Jesus envia Seus discípulos por todo Israel para proclamar o Reino.

Com exceção da breve excursão de Jesus ao outro lado da Galiléia (Mateus 8:23-34), todos os eventos milagrosos - o chamado de Jesus aos discípulos, o Sermão da Montanha e Seus encontros pessoais registrados entre Mateus 4:12 - 9:34 - parecem ter ocorrido perto da costa norte da Galiléia, especificamente dentro ou perto da cidade de Cafarnaum. Isso está prestes a mudar.

Todas as cidades e aldeias pelas quais Jesus estava passando são deixadas sem nome. Talvez Jesus tenha percorrido um circuito por todas as cidades e aldeias da região da Grande Galiléia, ou além. Isso parece razoável com base no resumo semelhante de Mateus no início do ministério público de Jesus, onde o autor especifica que Jesus estava indo por toda a Galileia (Mateus 4:23). Ele não oferece nenhuma qualificação geográfica neste final de capítulo 9.

Mateus sugere uma lacuna não declarada no tempo entre os eventos anteriores e os que se seguem. É possível que alguns dos eventos registrados no Evangelho de João, como Jesus viajando para Jerusalém para a Páscoa (João 2:13), Sua limpeza do templo pela primeira vez (João 2:14-20), Seu diálogo com Nicodemos (João 3:1-21), Seu encontro com a mulher samaritana no poço (João 4:1-38), a cura do filho de um nobre em Caná (João 4:46-54) e a cura do paralítico à beira do poço em Betesda (João 5:1-9) possam ter ocorrido durante este período.

Embora não saibamos com certeza por quais cidades Jesus estava passando ou por quanto tempo Ele ficava nelas, sabemos o que Ele estava fazendo enquanto passava por elas. Ele estava fazendo três coisas: ensinando nas sinagogas; proclamando o Evangelho do Reino; e curando todo tipo de doença e enfermidade. Todas essas três ações - ensino, proclamação e cura - são verbos no gerúndio em grego. Sua forma indica que eram ações contínuas e repetitivas que Jesus estava constantemente fazendo durante este tempo de Seu ministério.

As sinagogas eram locais de encontro cultural onde a Lei e a tradição judaica eram ensinadas pelos escribas e fariseus locais. As sinagogas eram administradas e organizadas localmente. Cada aldeia tinha a sua própria sinagoga; as maiores vilas e cidades judaicas tinham várias. E cada sinagoga pertencia à comunidade local de judeus que a frequentavam. É por isso que Mateus escreve suas sinagogas. As sinagogas pertenciam ao povo. Os principais horários de reunião nas sinagogas ocorriam aos sábados. Os cultos provavelmente incluíam oração, leituras e recitações da Lei e dos Profetas, e alguma forma de ensino ou pregação. O escritor do Evangelho Lucas fornece um vislumbre de uma ocasião em que Jesus pregou na sinagoga de Sua cidade, Nazaré (Lucas 4:15-30). Jesus havia sido convidado a ensinar em suas sinagogas. E Ele estava continuamente ensinando em suas sinagogas em todas as cidades e aldeias pelas quais passava.

Além de ensinar em suas sinagogas, Jesus também estava constantemente proclamando o Evangelho do Reino. Esta era a Sua mensagem central. Mateus já detalhou o que pode ser chamada de sinopse da mensagem central que Jesus estava proclamando sobre o Seu Reino no Sermão da Montanha (Mateus 5-7). Jesus provavelmente estava proclamando este Evangelho do Reino quando ensinava em suas sinagogas. Mas Ele também proclamava isso enquanto falava por parábolas e interagia com as pessoas que encontrava ao longo das estradas, nas encostas e bosques e nas casas onde fosse recebido.

Por fim, Jesus estava continuamente curando as pessoas de todo tipo de doença e enfermidades em todas as cidades e aldeias pelas quais Ele passava. Mateus já nos mostrou vários exemplos de enfermidades que Jesus curou, incluindo lepra, paralisia, febre, cegueira, sangramento, mudez e possessão demoníaca.

“Vendo as pessoas, Ele sentiu compaixão por elas.” Em todos os lugares que ia, Jesus procurava amar e servir as pessoas, inclusive, às vezes, confrontando-as. Ele, sem dúvida, experimentou exaustão física e fadiga emocional. Mas Jesus era motivado a continuar obedecendo a Seu Pai (João 5:19, 8:28) e a constantemente servir ao povoJesus sentia compaixão por eles, porque via como eles estavam angustiados e desanimados.

Sua angústia indica que sua vida era difícil. A vida era dura. Era especialmente difícil na ausência dos confortos que temos na vida moderna. As pessoas que Jesus encontrava estavam sobrecarregadas pelas dificuldades e fragilidades naturais da vida, como fome, sede, doença, dor, tristeza e morte.

Mas elas estavam mais do que angustiadas em relação a essas provações. Elas estavam desanimadas. Talvez elas se sentissem sem esperança sob as opressões imperiais de Roma e a opressão espiritual dos fariseus e saduceus, que "atam fardos pesados e põem-nos sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los" (Mateus 23:4). Foi a essas pessoas  angustiadas e desanimadas que Jesus, mais tarde, convidou:

"Vinde a Mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, pois Eu sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve." (Mateus 11:28-30)

Jesus viu que elas eram como ovelhas sem pastor. A frase que descreve as pessoas como ovelhas sem pastor vem de 1 Reis 22:17, quando o profeta Micaías descreve o povo de Israel sob o iníquo rei Acabe. Os fariseus deveriam ser seu pastor, mas, ao invés disso, estavam colocando o povo sob tradições opressivas às quais eles mesmos não obedeciam.

As ovelhas eram muito importantes para a economia nos tempos bíblicos. As ovelhas eram importantes por sua lã, como fonte de alimento e para sacrifícios oferecidos a Deus.

Em toda a Bíblia, as ovelhas são símbolos de inocência e dependência (de um pastor para liderá-las e protegê-las). Quando a Bíblia usa a palavra “ovelhas” para descrever um povo, ela o faz de maneira instrutiva e proposital. As ovelhas eram indefesas. Sem a supervisão constante de um pastor, a ovelha era propensa a morrer nas garras de um predador ou de sua própria ignorância. As ovelhas eram criadas e cuidadas por pastores que migravam seus rebanhos entre as colinas, pastagens e riachos da Judéia. O Salmo 23 começa famosamente: "O Senhor é o meu pastor, nada me faltará" (Salmo 23:1). Jesus afirma: "Eu sou o bom pastor" (João 10:11,14).

Como bom pastor, Jesus cuida de Suas ovelhas. Ele as protege. Ao confiarem Nele e buscarem Seu Reino primeiro, elas superam as provações que as levam a ficar angustiadas ou desanimadas (Salmo 23; 37; Mateus 6:25,33; Tiago 1:2-3Apocalipse 2:11).

A observação de Jesus quanto à triste situação do povo Lhe dá a oportunidade de contar a Seus discípulos uma breve parábola, depois de fazer uma oração sincera. A parábola é: A colheita é abundante, mas os trabalhadores são poucos. A colheita é a época do ano em que todos os frutos estão maduros e prontos para serem colhidos. Depois de um ano cuidando da terra, nutrindo as plantas e esperando, o fruto fica pronto para a colheita. Se não forem colhidos rapidamente, os frutos apodrecem e são desperdiçados. Em períodos de colheitas abundantes, muitos trabalhadores são empregados e enviados à fazenda para garantir que cada fruto seja armazenado para bom uso.

Jesus está dizendo que a colheita de pessoas para o Seu Reino já era abundante e presente, mas os trabalhadores para a colheita eram poucos. Há mais oportunidades de colheita no Reino de Deus do que obreiros para trazer os frutos. Talvez seja por falta de consciência. Talvez seja falta de interesse. Seja qual for o caso, a força de trabalho é muito pequena. Portanto, Jesus pede a Seus discípulos que orem e supliquem ao Senhor da Colheita para enviar obreiros. Jesus lhes instrui a pedir a Deus, o Senhor da colheita, que levante e envie obreiros, visando garantir que nenhuma parte da colheita seja perdida.

Há uma urgência no pedido de Jesus. Há uma série de ramificações interessantes do mandamento de Jesus para Seus discípulos. Por que Jesus simplesmente não enviou mais? Por que Ele não pediu trabalhadores diretamente ao Pai? Se Deus pode fazer com que mais obreiros venham, por que esperar que as pessoas orem? Jesus não explica, Ele apenas instrui Seus discípulos a orar. No entanto, parece claro que Deus deseja que Seu povo peça a Ele que faça coisas que Ele já deseja fazer. Talvez para nosso benefício, para que possamos sintonizar nossos corações com o Dele. Talvez orar dessa maneira abra a porta para que desempenhemos um papel ativo em aumentar o número de trabalhadores.

Deus claramente deseja que a terra seja governada em parceria com o Seu povo. Talvez Ele tenha dado esta instrução porque Ele tem um interesse genuíno pelo nosso desejo de desempenhar um papel relevante neste evento. No livro de Apocalipse, as orações dos crentes (provavelmente pedidos por justiça) são representadas como tendo sido armazenadas no céu na forma de uma tigela de incenso, e são subsequentemente oferecidas a Deus e derramadas sobre a terra em julgamento contra o mal (Apocalipse 5:8; 8:3; 11:15). Tiago nos diz que, "A oração eficaz de um homem justo pode realizar muito" (Tiago 5:16). Este é outro paradoxo reconciliado através da fé (veja o artigo Temas Difíceis sobre os Paradoxos).

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