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Significado de Naum 1:12-15

Naum encoraja o povo de Judá a se alegrar porque Deus destruiria Nínive e lhes daria paz e liberdade.

Esta seção explicita o julgamento de Deus sobre Nínive e a libertação de Judá. O profeta Naum primeiro se dirige a Judá (vv. 12-13), depois ao rei da Assíria (v. 14) e depois novamente a Judá (v. 15). O propósito dessa profecia era o de encorajar o povo de Judá com uma promessa de esperança.

Visando encorajar ao povo de Judá, o profeta começa esclarecendo a fonte de sua mensagem, dizendo: Assim diz o Senhor. Esta afirmação é uma fórmula frequentemente encontrada na literatura profética (Joel 2:12; 2:32Amós 1:3, 5, 6, 8, 9, 11, 13; 2:1). É uma afirmação de que os profetas falavam em nome de Deus. Não era apenas a opinião deles; era a verdade da parte de Deus.

Portanto, quando o profeta Naum diz: Assim diz o Senhor, ele acrescenta peso e ênfase à sua mensagem, indicando que ela não havia vindo dele. Em vez disso, a mensagem vinha do Senhor. Como tal, tudo aconteceria porque o SENHOR era fiel às Suas palavras (Deuteronômio 7:9-10).

Ao encorajar o povo de Judá, o profeta revela o que aconteceria com seus inimigos: Embora eles estejam em plena força e também muitos, mesmo assim, eles serão exterminados e passarão. O pronome “eles” se referia aos ninivitas. Como Nínive era a capital da Assíria, ela representava o império assírio (v. 1).

O verbo traduzido como “exterminar” significa literalmente tosquiar um animal, ou seja, remover o pelo (lã) que forma a pelagem desse animal (Gênesis 31:19; Deuteronômio 15:19). Em nossa passagem, descreve como Deus derrotaria aos ninivitas. O verbo “passar” significa desaparecer. A ideia transmitida é que os ninivitas sofreriam destruição e desapareceriam. Embora fossem fortes e numerosos, nem sua força nem seu número os ajudariam no dia do julgamento de Deus. Eles desapareceriam de cena e nunca mais retornariam.

A destruição de Nínive significaria libertação e esperança para Judá. Por meio do profeta, o SENHOR declara: Embora Eu tenha te afligido, não mais te afligirei. Aqui, o SENHOR dirige-se à nação de Judá na segunda pessoa do singular. Ele estava, portanto, se dirigindo a Israel como Sua esposa, uma imagem consistente tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. A aliança entre Deus e Israel feita no Monte Sinai pode ser adequadamente vista como uma cerimônia de casamento e a infidelidade de Israel era referida como adultério (Ezequiel 16:32; Oséias 3:1). No Novo Testamento, a igreja é vista como a noiva de Cristo (Efésios 5:31-33).

Deus diz ao Seu povo de aliança que seu castigo logo acabaria. O SENHOR havia usado o império assírio como Seu instrumento para disciplinar a Israel e Judá. Mas, em sua arrogância, os assírios foram além de sua atribuição. Deus, agora, os julgaria para vingar o sangue de Seu povo (Naum 1:2). Ao fazê-lo, Ele libertaria Judá da opressão assíria.

A nação de Judá seria liberta da opressão assíria. Isso é evidente na declaração seguinte, na qual o SENHOR declara: Então, agora, eu quebrarei sua barra de jugo e arrancarei suas algemas. O pronome “sua” refere-se ao rei da Assíria. Uma barra de jugo era uma barra feita de madeira. Ela permitia que dois ou mais animais de tração fossem acoplados para um arado mais efetivo (Números 19:2; 1 Reis 19:19). As algemas se referiam às tiras de couro que prendiam o jugo ao pescoço dos animais.

Quebrar o jugo e arrancar as algemas significava livrar os animais de terem que arar. O SENHOR usa esta imagem para descrever a opressão que o povo de Judá havia sofrido nas mãos dos ninivitas (Deuteronômio 28:48). Em essência, o SENHOR afirma que acabaria com o poder da Assíria sobre Judá para dar ao Seu povo a liberdade de governar sua nação como quisesse. No caso da Assíria, é provável que a barra de jugo da opressão fosse a exigência de pagar tributos ou impostos anuais à Assíria. Este imposto não era reinvestido na terra de Israel. Em vez disso, era simplesmente exigido pela Assíria como "dinheiro de proteção" - visando proteger Judá de ser invadido e devastado.

A seguir, o SENHOR volta Sua atenção ao rei de Nínive, que representava o império assírio. Ele diz: O SENHOR emitiu uma ordem a seu respeito. Esta declaração significa que o Senhor havia decretado uma mensagem a respeito de Nínive. O decreto divino é dividido em três partes. Na primeira parte, o SENHOR diz: O teu nome não será mais perpetuado, ou literalmente: " Teu nome não será mais semeado".

No tempo do antigo Israel, as famílias valorizavam os filhos e os consideravam uma dádiva e uma bênção de Deus (Gênesis 13:16; Salmos 127:3). Por outro lado, consideravam a esterilidade como uma maldição, já que a linha familiar chegaria ao fim. É por isso que Abrão expressou sua ansiedade sobre seu herdeiro: "Ó Senhor Deus, o que me darás, já que não tenho filhos, e o herdeiro da minha casa é Eliezer de Damasco?" (Gênesis 15:2). Aqui em Naum, o SENHOR erradicaria os assírios para evitar que eles tivessem descendentes que levassem adiante o nome das famílias.

Na segunda parte do decreto divino, o SENHOR declara: Cortarei os ídolos e as imagens da casa de vossos deuses. O termo “ídolo” referia-se às imagens gravadas geralmente esculpidas em pedra ou madeira; o termo “imagem” refere-se às imagens feitas de metal derretido (Deuteronômio 27:15). O SENHOR usa os dois termos juntos para se referir a todos os tipos de imagens que representavam sa religiões pagãs da Assíria. Dito de forma simples, Deus destruiria a todos os ídolos que estavam nos templos dos deuses assírios. Com isso, Ele acabaria com as práticas exploratórias de sua religião pagã.

Na terceira parte do decreto, o Senhor diz: Prepararei a vossa sepultura. Jacó ordenou a seu filho José que o enterrasse em uma sepultura cavada em Canaã (Gênesis 47:30; 50:5). José fez o que seu pai havia instruído. Ele enterrou a seu pai "na caverna do campo em Macpela" (Gênesis 50:13). Aqui em Naum, Deus faria uma sepultura para enterrar os assírios juntos quando os destruísse.

A razão pela qual Deus destruiria aos assírios e os enterraria em uma sepultura é explicitada na última parte do versículo: Porque vós sois desprezíveis. A palavra “desprezível” é um verbo que indica algo leve ou insignificante (Jó 4:4). Assim, ser desprezível significa não ter valor ou ser muito pequeno.

Embora os assírios dominassem o mundo com seu império, eles eram insignificantes aos olhos de Deus, porque não produziam bons frutos. Eles estavam interessados apenas em explorar aos outros, incluindo Judá. Portanto, Deus os exterminaria e os lançaria na sepultura preparada para eles.

Vale a pena notar que Jesus diz algo semelhante à igreja de Laodicéia. Porém, o julgamento de Deus não destrói a Seu povo, mas o refina. Em Sua carta a Laodicéia, Ele diz aos crentes que eles pensavam ser ricos por causa de seus bens materiais, mas não percebiam que estavam em pobreza espiritual, tornando-os "miseráveis" (Apocalipse 3:17). Jesus os aconselha a buscar as verdadeiras riquezas de ouvi-Lo e permanecer Nele (Apocalipse 3:20).

Jesus promete que qualquer um de Seus servos que supere a rejeição e a perda do mundo, amando e servindo aos outros, assim como Ele venceu, Ele compartilharia Sua autoridade com eles para reinar sobre a Terra (Apocalipse 3:21). Esta é a promessa no livro de Naum: Deus derrubaria os reinos mundanos como o Império Assírio - aqueles que usavam seu poder para explorar aos outros e substituiria esses reinos mundanos por um Reino inabalável (Daniel 2:44), um Reino que encherá a terra de justiça/harmonia (2 Pedro 3:13). Aqueles que "vencerem", aqueles que servirem uns aos outros em amor, são os que se qualificarão para servir neste Reino (Apocalipse 3:21).

O SENHOR dirige-se novamente a Judá com algumas palavras de encorajamento. Ele apresenta a declaração através da partícula “eis que”. Na Bíblia, a expressão “eis que” é frequentemente usada para descrever um evento que está prestes a acontecer. Serve para centrar a atenção na afirmação que se segue. Em outras palavras, o mensageiro usa o termo “eis que” para se concentrar em um evento surpreendente ou inesperado para seus ouvintes. Aqui, o evento surpreendente era um ponto de virada na vida de Judá, como afirma o SENHOR: Sobre os montes os pés daquele que traz boas novas, que anuncia a paz!

A palavra “paz” ["Shalom" em hebraico] é um conceito positivo associado a noções de totalidade, integridade e bem-estar (1 Samuel 20:7; 2 Samuel 17:3). Aqui, "shalom" refere-se a um evento histórico que beneficiaria a Judá: a queda de Nínive. Assim, o povo de Judá deveria olhar para as montanhas, porque um mensageiro estava vindo para prever a queda de Nínive.

Judá experimentaria a liberdade e a paz, cumprindo a bênção prometida por Deus, conforme descrito no livro de Levítico: "Também concederei a paz na terra, para que vos deiteis sem que ninguém vos faça tremer" (Levítico 26:6). Neste caso, é provável que o fim da constante ameaça de invasão da Assíria tenha lhes dado paz.

O SENHOR ainda exorta a Judá, dizendo: Celebra as tuas festas, ó Judá. Nos tempos do Antigo Testamento, o povo da aliança de Deus celebrava três festivais de peregrinação anuais  — Páscoa e Festa dos Pães Ázimos, Festa das Semanas e Festa das Temndas (Êxodo 23:16-17; Deuteronômio 16:1-17). O povo de Deus comparecia a essas festas religiosas para celebrar e comemorar sua redenção do Egito e para agradecer a Deus pelas colheitas.

Durante essas atividades, os israelitas tinham a oportunidade de adorar a seu Deus Susserano (ou Governante) enquanto comungavam, desfrutando da companhia uns dos outros e compartilhando refeições juntos. Embora os assírios tenham sitiado a cidade de Jerusalém, Deus encoraja Seu povo a celebrar suas festas. Eles são encorajados a continuar a fazê-lo e também a pagar seus votos. Isso indicaria que a ajuda estava a caminho, Deus proveria e os preservaria dos assírios.

No mundo antigo, os votos não eram algo incomum. Um voto era um acordo voluntário e condicional. As pessoas que solicitavam uma assistência divina muitas vezes prometiam realizar certas ações, como oferecer um a oferta ou fazer um sacrifício a uma divindade. Este ato voluntário era feito para mostrar gratidão à divindade por fornecer alívio ou libertação, uma vez que a pessoa que precisava da intervenção divina passava por algum tipo de aflição. O SENHOR Deus deu a Israel princípios a respeito dos votos (Levítico 7:16, 22:21, 22:23, 27:2; Números 6:2, 6:5, 15:3, 30:2-4). Na verdade, Deus diz ao Seu povo para levar a sério qualquer voto que fizessem:

"Quando fizerdes um voto a Deus, não vos atraseis em pagá-lo; pois Ele não se deleita com tolos. Pague o que prometer! É melhor que você não prometa do que que você deve prometer e não pagar" (Eclesiastes 5:4-5).

Quando a mãe de Samuel, Ana, descobriu que era estéril, ela jurou ao Senhor, dizendo: "Ó Senhor dos Exércitos, se realmente olhares para a aflição da tua serva e te lembrares de mim, e não te esqueceres da tua serva, mas darei um filho à tua serva, então eu o darei ao Senhor todos os dias da sua vida, e uma navalha jamais virá sobre sua cabeça" (1 Samuel 1:9-11). Ana cumpriu seu voto ao trazer Samuel para servir na casa do sacerdote (1 Samuel 1:25-28). Da mesma forma, Jonas afirmou que cumpriria seus votos quando o SENHOR o livrasse (Jonas 2:9).

Em nossa passagem, o SENHOR instrui ao povo de Judá que pague seus votos e explicita a razão: Porque nunca mais o ímpio passará por vós; eles serão completamente isolados.

A palavra traduzida como “ímpio” é "beliyyaʿal" em hebraico. Pode também significar "inútil". É usada em Deuteronômio 13 para  descrever alguns homens de má reputação que saíram da comunidade israelita para seduzir aos habitantes de sua cidade (Deuteronômio 13:13; 15:9). Aqui, como na seção anterior, o termo se refere ao perverso rei assírio, que fazia planos malignos "contra o Senhor" (v. 11). Ele seria destruído e não teria herdeiro para continuar seu governo. Isso também pode ter uma aplicação profética ao anticristo, que será capturado e jogado diretamente no lago de fogo (Apocalipse 19:20).

O povo de Judá deveria se alegrar e pagar os votos que fizera ao Senhor, porque os  assírios desapareceriam e não mais os oprimiriam. Portanto, o SENHOR usa as palavras de Naum para consolar a Judá, dizendo ao povo que seu sofrimento acabaria quando os ninivitas deixassem de existir. A destruição dos ninivitas significaria libertação para Judá. Esta passagem demonstra como o Deus vingador cuidava do povo de Judá. Ele lutou por eles para que pudessem viver em paz, porque eram Seus filhos. Hoje, o SENHOR também luta pelos que lhe pertencessem, porque Ele é o Deus Todo-Poderoso (v. 3).

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