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Significado de Naum 1:9-11

Naum afirma que os ninivitas cairiam sob o julgamento de Deus porque fizeram planos malignos contra o SENHOR e Seu povo da aliança.

Esta seção retoma o tema do julgamento iniciado no versículo anterior (v. 8). Aqui, o profeta usa o pronome "vós" para se dirigir ao povo de Nínive. A mudança da terceira pessoa (v. 8) para a segunda pessoa provavelmente aumente a acusação relatada no versículo. Os ninivitas pensavam que poderiam destruir ao povo da aliança de Deus. Porém, isso não aconteceria, porque o SENHOR, o grande guerreiro, era a "fortaleza" para o Seu povo (v. 7).

O profeta Naum considera incompreensível que os ninivitas pensem que poderiam se rebelar contra o Senhor. Então, ele diz: Tudo o que vós inventardes contra o SENHOR, Ele dará um fim completo a isso. O verbo “inventar” carrega conotações ruins e fala de um ato premeditado. Significa conspirar contra alguém, ou seja, estabelecer um plano para prejudicar alguém (Oséias 7:15).

Os ninivitas cogitaram a possibilidade de destruir ao Senhor. Eles pensaram que poderiam destruir ao povo da aliança e, por implicação, trazer vergonha ao Senhor. Mas quaisquer artifícios contra o Senhor seriam inúteis.

Tal atitude orgulhosa dos assírios é ilustrada no episódio da Assíria provocando a Ezequias, rei de Judá. Cerca de cinquenta anos depois do profeta Jonas e do arrependimento de Nínive, o enviado do rei assírio diz ao povo de Jerusalém:

"Mas não dê ouvidos a Ezequias quando ele vos enganar, dizendo: 'O Senhor nos livrará'. Algum dos deuses das nações livrou sua terra das mãos do rei da Assíria?" (2 Reis 18:32b-33).

É provável que Naum tenha escrito essa profecia algum tempo depois desse episódio, no qual Deus livrou Judá da invasão assíria (2 Reis 19:35-36).  A profecia de Naum indica que a Assíria não havia aprendido a lição. Eles haviam se rebelado contra Deus depois de ouvir a mensagem de Jonas e se arrepender. Assim, cerca de cinquenta anos depois, na geração seguinte, eles estavam, mais uma vez, de forma arrogante, desafiando a Judá e provocando ao Senhor Deus. Nesse incidente, Deus mata 185.000 soldados e a Assíria tem que recuar (2 Reis 19:35-36).

No entanto, agora, no momento em que Naum escreve, ele infere que Nínive ainda está ameaçando a Judá. Alguns acreditam que Naum escreveu depois de 663 a.C., por causa de uma referência em Naum 3:8 à destruição de Tebas pela Assíria. Acredita-se que Nínive tenha sido destruída por volta de 625 a.C. Isso implicaria que a Assíria havia recebido dois sinais principais e ainda continuava não apenas a desacreditar em Deus, mas também a insultá-Lo e provocá-Lo.

Tais planos da Assíria para prejudicar Judá não dariam em nada porque o SENHOR era o Todo-poderoso. Ele acabaria com Seus inimigos. O SENHOR é "o Deus de toda carne", nada é "muito difícil" para Ele (Jeremias 32:27). Ele não daria aos assírios uma segunda chance de atacar Seu povo. Como afirma o profeta, a angústia não se levantará duas vezes. Deus destruiria aos assírios antes que eles pudessem realizar seus planos malignos.

O profeta Naum descreve a destruição de Nínive em termos vívidos usando a imagem do fogo, já que o fogo geralmente deixa os campos estéreis e desolados. Ele diz: Como espinhos emaranhados e como aqueles que estão bêbados com sua bebida, eles são consumidos como restolho completamente murcho.

O termo “espinho” sempre carrega uma conotação negativa na Bíblia. O salmista Davi capitalizou a inutilidade dos espinhos, usando-os para descrever as pessoas más: "Cada um deles será empurrado como espinhos" (2 Samuel 23:6). Aqui em Naum, o imaginário tem a mesma conotação. A ideia é que tudo o que "produz espinhos" é "inútil" e precisa ser descartado (Hebreus 6:8). Tanto os espinhos quanto o restolho queimam rapidamente quando expostos ao fogo.

O termo restolho descreve os talos cortados das plantas após a colheita dos grãos. Uma vez que o fogo arde rapidamente, ele é usado aqui para retratar a destruição de Nínive (Obadias 1:18). Simplificando, o SENHOR destruiria aos ninivitas assim como o fogo destrói aos espinhos emaranhados ou o restolho deixado depois que o grão é colhido. Como resultado da destruição, o povo de Nínive ficaria confuso como bêbados pesados. Neste caso, a profecia era literal; acredita-se que Nínive foi destruída pelo fogo por volta de 612 a.C.

Naum dirige-se diretamente à cidade de Nínive usando a segunda pessoa do singular no feminino, embora não registre o nome da cidade. Ele diz: De ti saiu aquele que tramou o mal contra o SENHOR. Esta declaração é uma referência ao rei assírio, Senaqueribe, que reinou de 705 a.C. a 681 a.C. Também pode fazer referência ao anticristo, ou a besta, profetizada para sair da Assíria (Miquéias 5:5).

Os assírios capturaram o reino do norte de Israel/Samaria em 722 a.C. e enviaram o povo para o exílio porque o rei Osíeas parou de pagar tributo ao rei assírio, Salmanesor V (2 Reis 17:6). Porém, o reino meridional de Judá permaneceu inalterado até 701 a.C., quando o rei Ezequias de Judá se rebelou contra o rei Senaqueribe da Assíria (2 Reis 18:7).

Em retribuição, os assírios atacaram a Judá, mas o anjo da morte do Senhor "saiu e atingiu 185.000 no acampamento dos assírios" (2 Reis 19:35-36; Isaías 36-37). O rei Senaqueribe partiu de Judá e viveu em Nínive, onde seus dois filhos "o mataram com a espada" (2 Reis 19:37).

Como os assírios não conseguiram destruir a Judá, eles continuaram a conspirar para sitiar a cidade, porque seu rei era um conselheiro perverso. A palavra traduzida como “perverso” é "beliyyaʿal" em hebraico, significando "inútil" ou “mau”.

Em Deuteronômio 13, o termo hebraico "beliyyaʿal" traduzido aqui como perverso descreve alguns homens sem reputação que saíram da comunidade israelita para seduzir aos habitantes de sua cidade (Deuteronômio 13:13). Eles fizeram o mal planejando danos à sua própria cidade. "Beliyyaʿal" aparece novamente em Deuteronômio 15, onde Moisés adverte o povo a não ter nenhum "pensamento perverso" em seu coração quando "o ano da remissão" (o ano para o cancelamento de todas as dívidas) se aproximasse (Deuteronômio 15:9). O alerta era para que evitassem fazer o mal, retendo as dívidas dos pobres no limiar do tempo de perdão das mesmas.

Em nossa passagem, o termo "beliyyaʿal" refere-se ao comportamento perverso do rei assírio, que fez planos malignos contra o Senhor. Tais planos não se concretizariam porque o SENHOR acabaria completamente com os assírios. Com certeza, Nínive caiu antes que o povo de Nínive pudesse realizar seu plano perverso. A grande cidade sangrenta de Nínive caiu por uma coalizão entre babilônicos e medos em 612 a.C.

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