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Significado de Números 4:1-15

O SENHOR ordena que Moisés faça outro censo da família de Coate, da tribo de Levi, nos versículos 1-20. Esse censo contabilizava quantos homens tinham entre 30 e 50 anos. A família de Coate recebeu o privilégio de cuidar dos itens mais sagrados do tabernáculo. Antes que esses itens pudessem ser manuseados pelos coatitas, os sacerdotes precisavam cobri-los, porque para qualquer não-sacerdote que olhasse para os itens teria morte certa.

Depois das instruções encontradas no capítulo 3, o Senhor falou a Moisés e a Arão (v. 1). É interessante notar que, no capítulo 3, as ordens são dadas a Moisés (Números 3:5, 11, 14, 44). Aqui, a ordem é dada a Moisés e Arão. Talvez isso tenha ocorrido porque as instruções aqui tratavam do tabernáculo e dos itens dentro dele e Arão era o sumo sacerdote. O Senhor lhes disse que fizessem um censo dos descendentes de Coate entre os filhos de Levi, por suas famílias, pelas casas de seus pais (v. 2). Coate era o segundo filho de Levi.

Esse censo foi distinto do censo do capítulo 3, onde foram contados os homens com um mês ou mais de idade. Esse censo provavelmente tenha sido feito para se obter o número de primogênitos em Israel que precisavam ser resgatados. Aqui, eles deveriam contar quantos machos tinham de trinta anos para cima, até cinquenta anos (v. 3). Este grupo entrava na tenda do encontro para fazer o trabalho. Os homens nessa faixa etária eram os que serviam ativamene aos sacerdotes do Senhor. É interessante notar que o serviço militar era permitido a partir dos vinte anos de idade. Porém, os filhos de Coate não deveriam entrar no serviço do tabernáculo até os trinta anos de idade.

Especificamente, o trabalho dos descendentes de Coate na tenda do encontro dizia respeito às coisas santíssimas (v. 4). Era apropriado que a família de Coate recebesse as "coisas santíssimas", já que Arão (a linhagem sacerdotal) e Moisés pertenciam a essa família.

As instruções nos versículos 5-15 dizem respeito a quando o acampamento partia (v. 5), ou seja, quando a nação decidia mudar de local. Antes que os coatitas pudessem fazer seu trabalho, os sacerdotes faziam o seu. Especificamente, Arão e seus filhos precisavam fazer algumas atividades em preparação para o transporte do tabernáculo e seus conteúdos.

Primeiro, os sacerdotes eram instruídos a entrar e eles tirar o véu da tela. Este era o "véu" que separava o Santo dos Santos do Santo Lugar dentro do tabernáculo (ver Êxodo 26:31, 36:35). Eles deveriam cobrir a arca do testemunho (ver Êxodo 25:10, 37:1). Para a cobrirem, eles deveriam colocar uma cobertura de pele sobre ele  (v. 6) e precisavam estender sobre ela um pano de azul puro.

É significativo o fato de o pano azul cobrir a cobertura de pele, especialmente à luz do fato de que a pele do animal geralmente ficava por cima das outras coberturas nos itens sagrados mencionados nos versículos 7-10. Eles provavelmente faziam isso para que a arca pudesse ser facilmente identificada enquanto se movia pelo deserto.

O significado do termo hebraico "animal marinho" (em hebraico, "tahash") tem sido debatido há muito tempo. Algumas traduções registram o termo "peixe-boi", outras registram o termo "texugo". Ainda outras usam o termo mais geral "couro". Por estar relacionado à palavra árabe para "golfinho", muitos acreditam que "animal marinho" aqui provavelmente seja o significado mais adequado.

Finalmente, eles deveriam inserir as varas para o transporte da mesa até seu próximo local de acampamento.

O próximo item a ser considerado era a mesa do Pão da Presença (v. 7). O "pão da Presença" (em hebraico, "shūlḥān hapānîm", literalmente, "mesa de rostos") é, muitas vezes, traduzido como "mesa do pão". Ele é descrito em Êxodo 25:23 e construído em Êxodo 37:10.

Em preparação para a viagem, Arão e seus filhos deveriam estender um pano azul e colocar sobre ele os pratos, as panelas, as tigelas de sacrifício e os potes para a oferta da bebida, bem como o pão. O pano azul era estendido sobre a mesa primeiro.

O termo “azul” (em hebraico, "tekēlet", possivelmente um violeta-azulado) era a cor que significava o que é celestial. Além disso, por ser a cor das vestes do sumo sacerdote (Êxodo 28:31) e da realeza (1 Samuel 18:4), também representava a realeza.

Os “pratos” (em hebraico, "haqqə'ārōṯ") eram usados com o pão que estava sobre a mesa. As “panelas” (termo traduzido como "jarros" em algumas versões), as “tigelas de sacrifício” (em hebraico, "menaqqîyâ") e os “frascos” (em hebraico, "qə·śō·wṯ", ou "canecas") eram usados pelos sacerdotes para as ofertas de bebida.

As ofertas de bebida (juntamente com as ofertas de cereais) deveriam ser apresentadas quando uma pessoa levasse seu holocausto (um cordeiro) ao altar (Êxodo 29:40; Números 28:7-38). Geralmente era o vinho (Números 28:7). A oferta simbolizava a devolução ao SENHOR do que Ele havia dado (tanto os grãos quanto a bebida) para sustentar a vida do ofertante. Paulo usou esta figura para descrever suas experiências na prisão (Filipenses 2:17; 2 Timóteo 4:6).

Sobre o pano azul e os itens sobre a mesa eles deveriam estender um pano de material escarlate (v. 8); sobre o material escarlate eles deveriam colocar uma cobertura de pele de animal marinho. O escarlate representava o sangue e o sacrifício. O linho escarlate que cobria o linho azul (representando o celestial) na mesa da Presença representava a separação do homem de Deus; a única maneira de preencher a lacuna era através do sacrifício. Isso pode ser visto quando o "véu do templo foi rasgado em dois" (Lucas 23:45). O "véu" que separava o Santo dos Santos do contato humano era feito de fios de cor azul, roxa e escarlate. Ele foi "rasgado" quando Jesus morreu, proporcionando aos humanos acesso direto a Deus (Hebreus 4:16).

Finalmente, eles deveriam cobrir a Mesa do Pão e seus utensílios com uma cobertura de pele de animal marinho, tanto para protegê-la contra os elementos da natureza quanto para indicar que aquela não era a arca da aliança.

Uma vez coberta a mesa e os artigos associados, eles deveriam inserir as varas nas argolas para que pudessem carregá-los durante a viagem.

Os sacerdotes, então, deveriam tomar um pano azul e cobrir o candelabro (v. 9). Isso é descrito em Êxodo 25:31 e Êxodo 37:17. Eles precisavam usar um pano azul para cobrir  as lâmpadas e os castiçais, suas bandejas e todos os vasos de óleo. Depois de colocar o pano azul sobre o candelabro e os itens relacionados, eles foram instruídos a colocá-los em uma cobertura de pele de animal marinho e, a seguir, as varas para o transporte (v. 10). As "varas de transporte" eram estruturas sobre as quais eles colocavam os itens para transportá-los de um local para o outro.

O mesmo deveria ser feito com o altar de ouro (v.11) descrito em Êxodo 27:1 e em Êxodo 38:1. Para prepará-lo para o transporte, os sacerdotes deveriam estender um pano azul e cobri-lo com uma cobertura de pele de animal marinho, semelhante aos objetos descritos acima. Por fim, deveriam inserir as varas nas argolas para o transporte. Tudo isso deveria ser feito pelos sacerdotes, não pelos filhos de Coate.

Assim, eles deveriam levar todos os utensílios de serviço, com os quais serviam no santuário (v. 12). Os "utensílios" foram especificados e produzidos em Êxodo 27:3 e Êxodo 38:3. Os sacerdotes também eram responsáveis por retirar as cinzas do altar e estender um pano roxo sobre ele (v. 13). Eles precisavam limpar o altar, removendo as cinzas dos holocaustos antes que fosse transportado. Eles, então, deveriam cobrir o altar com um pano roxo (não azul).

A cor "roxa" simbolizava a realeza, ou glória real. Também podia significar a união do celestial (a cor azul) e do terreno (a cor escarlate). Isso pode ser visto na natureza de Jesus Cristo — o "azul" representando Seu ser o divino Filho de Deus; o "escarlate" representando Sua glória humana; o "roxo" representando a combinação de Sua divindade e Sua humanidade em uma só Pessoa.

Junto com o altar, os sacerdotes precisavam colocar sobre ele todos os utensílios em conexão com ele (v. 14), ou seja, as panelas, os garfos, as pás e as bacias, todos os utensílios do altar. Esses utensílios, descritos em Êxodo 27:3 e feitos de bronze (Êxodo 38:3) deveriam ser usados na limpeza das cinzas de holocaustos do altar.

Feito isso, eles foram instruídos a estender uma capa de pele de animal marinho sobre ela e inserir as varas através das quais os itens pudessem ser transportados.

O versículo 15 resume o que ocorreria quando os israelitas desmontassem o acampamento. O SENHOR declara: Havendo Arão e seus filhos, ao partir o arraial, acabado de cobrir o santuário e todos os móveis dele, virão os filhos de Coate para o levarem (v. 15). Arão era da linhagem de Coate e apenas seus filhos eram sacerdotes. Os coatitas, que não eram sacerdotes, não podiam tocar ou mesmo olhar para os itens descobertos - eles apenas podiam carregar os itens do tabernáculo depois de os mesmos terem sido cobertos pelos sacerdotes.

Os objetos do tabernáculo deveriam que ser cobertos para que eles não tocassem nos objetos sagrados e morressem. Isso enfatizava, mais uma vez, que proteger a santidade do Senhor deveria ser uma prioridade em todos os momentos. A violação dessa santidade resultaria em morte física.

Moisés, então, resume a seção dizendo: Essas coisas são a carga dos filhos de Coate na tenda da revelação. Eles haviam recebido o privilégio de carregar os itens sagrados que estavam dentro do tabernáculo como sua responsabilidade.

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