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Significado de Filemom 1:1-3
Paulo inicia sua carta endereçada a Filemom informando a seus destinatários quem eram os remetentes. Havia dois autores dessa epístola: o apóstolo Paulo e seu discípulo Timóteo. No geral, a carta parece ter sido escrita a partir da perspectiva de uma única pessoa, não de várias pessoas. Por exemplo, a epístola usa pronomes na primeira pessoa do singular "eu" ou "meu" com mais frequência do que os pronomes na primeira pessoa do plural "nós" ou "nosso"."Não há dúvida de que Paulo seja o autor principal. Seu nome é mencionado primeiro e a carta traz a voz de Paulo. É provável que Paulo tenha ditado seus pensamentos a Timóteo, que os registrou.
Paulo descreve-se como prisioneiro de Cristo Jesus. O apóstolo escreve e envia esta carta a Filemom quando estava em prisão domiciliar em Roma, enquanto esperava a resposta de seu apelo a César (Atos 28:16, 30). Timóteo esteve com Paulo durante sua prisão em Roma. É significativo que Paulo não se apresente como apóstolo de Cristo, como faz na maioria de suas outras cartas (Romanos 1:1, 1 Coríntios 1:1, 2 Coríntios 1:1, Gálatas 1:1, Efésios 1:1, Colossenses 1:1, 1 Timóteo 1:1, 2 Timóteo 1:1, Tito 1:1). Isso é significativo porque Paulo apela a Filemom como seu igual, não como seu superior. Ele apela como prisioneiro de Cristo, não como apóstolo de Cristo. A identificação de Paulo como prisioneiro de Cristo Jesus é um dos principais temas desta epístola.
A razão pela qual Paulo estava em prisão domiciliar era porque os judeus haviam incitado uma multidão a difamá-lo quando entrou no templo de Jerusalém (Atos 21:27 - 22:29). Mesmo após demonstrar sua inocência nos tribunais judeus e romanos várias vezes (Atos 22:29 - 23:9; Atos 24; Atos 25; Atos 26) Paulo não foi solto. Sua prisão injusta ia contra o direito romano. Como Paulo era um cidadão romano, ele poderia levar a injustiça de seu caso ao César como um último apelo. E foi exatamente isso o que ele fez (Atos 25:11-12).
Paulo estava em prisão domiciliar em Roma, aguardando seu julgamento provavelmente entre 60-62 d.C. Durante seu tempo como prisioneiro do Senhor em Roma, Paulo viveu "em seus próprio aposento alugado e acolhia a todos os que vinham a ele, pregando o Reino de Deus e ensinando a respeito do Senhor Jesus Cristo com toda a abertura, sem impedimentos" (Atos 28:30-31). Ele encontrou-se com seus amigos e companheiros que trabalhavam para promover as boas novas de Jesus Cristo. Durante esta prisão, Paulo escreveu e enviou várias cartas, incluindo as epístolas aos Colossenses, aos Filipenses e a Filemom. Paulo também escreveu e enviou outra carta à igreja de Laodicéia nesta época (Colossenses 4:16), embora esta carta tenha se perdido.
O segundo autor mencionado é Timóteo, nosso irmão. Timóteo era um crente meio judeu, meio grego da cidade galácia de Listra ou Derbe. Ele era respeitado pelos crentes daquela região. Paulo conheceu a Timóteo em sua segunda viagem missionária, quando visitou a região:
"Paulo veio também para Derbe e para Listra. Havia um discípulo lá, chamado Timóteo, filho de uma judia crente, mas seu pai era grego, e ele era bem falado pelos irmãos que estavam em Listra e Icônio. Paulo queria que ele fosse com ele" (Atos 16:1-3a).
Assim, Timóteo juntou-se ao ministério de Paulo e serviu fielmente ao lado de seu mentor ou em nome dele quando viajaram para a Macedônia em Filipos, Tessalônica, Atenas e Corinto, entre outros lugares (Atos 16:1 - 18:5).
Timóteo era discípulo de Paulo e seu protegido. Eles compartilhavam uma relação próxima em seu ministério. Timóteo ajudou Paulo a escrever nada menos que seis cartas (2 Coríntios 1:1, Filipenses 1:1, 1 Tessalonicenses 1:1, 2 Tessalonicenses 1:1 , Colossenses 1:1 e Filemom). Além disso, Paulo endereçou duas cartas pessoais a Timóteo (1 Timóteo 1:1 e 2 Timóteo 1:1) contendo orientações de Paulo a ele.
Timóteo esteve com Paulo durante sua prisão em Roma e foi muito útil a seu mentor. Eles se encontraram várias vezes e colaboraram em prol do Evangelho durante a prisão de Paulo. Timóteo entregava as mensagens de Paulo às igrejas e das igrejas a Paulo e continuou servindo como secretário de Paulo redigindo suas cartas durante a prisão - incluindo esta.
Porém, Timóteo era mais do que o protegido de Paulo. Paulo se refere a ele como “nosso irmão”. Isso pode indicar que Filemom e Timóteo se conheciam. Ou pode ser a maneira de Paulo apresentar Timóteo a Filemom. De qualquer forma, a descrição “nosso irmão” destaca o fato inalterável de que os três homens pertenciam à família de Jesus Cristo. A descrição “nosso irmão” introduz um dos temas-chave desta carta. Um dos principais pontos de Paulo era ressaltar a verdade de que a relação fundamental de Filemom com Onésimo não era de um senhor para com seu escravo, mas de um irmão para outro.
Esta carta é dirigida a três pessoas específicas: Filemom, uma mulher chamada Áfia e Arquipo. De forma mais ampla, a carta é dirigida também à igreja que se reunia na casa de Filemom.
Era costume que o destinatário primário fosse abordado primeiro. Neste caso, era Filemom. Paulo não menciona Filemom em suas outras cartas, nem a Bíblia fala dele em nenhum outro lugar. Aparentemente, ele era da cidade de Colossos. Isso é deduzido do fato de sabermos que o associado de Filemom, Arquipo (Colossenses 4:17) e o escravo fugitivo de Filemom, Onésimo (Colossenses 4:9) eram de Colossos. Aliás, as cartas de Paulo e Timóteo endereçadas à igreja dos colossenses e a Filemom foram escritas e despachadas na mesma época. Elas foram entregues na mesma viagem: Tíquico, um crente colossense, entregou a carta geral à igreja (Colossenses 4:7) e é provável que Onésimo, que viajava com Tíquico (Colossenses 4:9), tenha entregado a carta de Filemom.
Paulo e Timóteo se dirigem primeiro a Filemom como nosso “amado irmão”. Esta descrição indica que Filemom era um crente no Senhor Jesus Cristo. Ele pertencia à família eterna de Cristo. O adjetivo “amado” revela a honra, o respeito e a preocupação que Paulo e Timóteo tinham por Filemom. Ao escrever esta carta, eles buscavam o melhor interesse de Filemom.
Paulo e Timóteo também se referem a Filemom como “nosso companheiro de trabalho”. Isso indica que Filemom não era apenas um crente em Cristo, mas alguém que promovia ativamente o Reino e compartilhava o Evangelho por meio de sua vida, ações e recursos. Paulo e Timóteo, mais tarde, o elogiam por seu amor e pela bênção que ele era para todos os santos (Filemom 1:5-7).
Outro fato que podemos deduzir sobre Filemom é que ele era mais rico do que a maioria das pessoas. Sabemos disso porque ele tinha um escravo — Onésimo (Filemom 1:10, 1:16). A maioria das pessoas no império romano não podia pagar pelos escravos, mas Filemom obviamente podia.
Um terceiro fato sobre Filemom é que a igreja em Colossos se reunia em sua casa. A frase “igreja em sua casa” levanta a questão: casa de quem? De Filemom? De Áfia? De Arquipo? Ou dos três? As regras da gramática grega resolvem essa ambiguidade. A palavra “sua” está no singular, o que indica que a casa era de propriedade de uma dessas pessoas. As regras da sintaxe grega indicam que a casa pertencia à primeira pessoa listada no grupo - Filemom. Portanto, a igreja dos colossenses reunia-se na casa de Filemom. Uma das razões pelas quais os crentes colossenses se reuniam na casa de Filemom era porque ele deveria ter a maior casa entre os irmãos, com mais espaço para a congregação.
Áfia não é mencionada em nenhum outro lugar das Escrituras. Seu nome significa "produtivo" ou "frutífero". Ela é descrita como “nossa irmã”. Isso indica que Áfia pertencia à família de Jesus. Áfia pode ter sido uma líder da igreja em Colossos e uma das associadas de Paulo e Timóteo. As mulheres muitas vezes desempenhavam papéis proeminentes na era primitiva da igreja e provavelmente compunham a maioria da igreja. Outro exemplo era Priscila, esposa de Áquila, ambos líderes proeminentes na igreja de Roma (Romanos 16:3). Áfia pode ter sido a esposa de Filemom e Paulo a inclui em sua carta a Filemom porque sua mensagem afetaria sua casa. É possível, se não provável, que Áfia, como Priscila, também tenha sido membro influente da igreja dos colossenses.
Arquipo provavelmente era um crente influente e pode ter ajudado a liderar a igreja que se reunia na casa de Filemom. Há especulações de que Arquipo foram deixado encarregado de supervisionar os colossenses enquanto o líder da igreja, Epafras, estava visitando a Paulo durante a prisão do apóstolo em Roma. Arquipo é mencionado na conclusão da carta de Paulo e Timóteo aos colossenses:
"Diga a Arquipo: 'Cuide do ministério que recebeste no Senhor, para que o cumpras'" (Colossenses 4:17).
Alguns tomam esta referência para especular que o “ministério” de Arquipo talvez tenha sido abordado aqui nesta carta a Filemom. De acordo com essa teoria, Paulo enviou a carta a Filemom por ter uma relação de trabalho com ele, jká que ele não tinha um relacionamento com Arquipo. Ao incluir a Filemom nesta carta, Paulo pede sua ajuda e influência pessoal para ajudar ao irmão Arquipo a "cumprir seu ministério" de perdoar e liberar a vida de Filemom. O pensamento por trás da teoria é que é melhor receber uma exortação pessoal e potencialmente difícil de um amigo próximo do que alguém distante conhecido apenas por sua reputação.
Na superfície, a teoria parece plausível, mas não isenta de dificuldades. O principal problema é que Paulo fala como se tivesse uma relação pessoal com Arquipo ao longo da carta. Sendo este o caso, isso tornaria a intermediação de Filemom desnecessária. Além disso, a igreja primitiva assumia unanimemente que Filemom era o principal destinatário da carta, não Arquipo. Portanto, a interpretação mais direta de que Filemom era o principal destinatário de Paulo faz mais sentido.
Como Paulo e Filemom haviam se conhecido pessoalmente? Ainda que Paulo não tenha conhecido pessoalmente a igreja em Colossos (Epafras, Colossenses 1:7) ele provavelmente conheceu a vários de seus membros ao ficar nas proximidades de Éfeso por dois anos. É razoável supor que um cidadão rico como Filemom, da pequena cidade de Colossos, viajasse para Éfeso de tempos em tempos. E foi provavelmente assim que os dois homens se conheceram.
Nesta carta, Paulo e Timóteo se dirigem a Arquipo como “nosso companheiro de lutas”. Em sua carta aos filipenses, Paulo e Timóteo também se dirigiram a Epafrodito como um “companheiro de lutas”, bem como "irmão e companheiro de trabalho" (Filipenses 2:25). Em sua carta aos efésios, Paulo admoestou os crentes de lá a serem soldados espirituais fiéis pela causa do Evangelho de Cristo e a vestirem sua armadura de soldado espiritual todas as manhãs (Efésios 6:10-17). A abordagem a Arquipo como um “companheiro de lutas” indica que ele era um companheiro e seguidor dedicado de Jesus, cujos esforços protegiam e promoviam a mensagem do Evangelho para o qual Paulo fora nomeado apóstolo. A ênfase nesta saudação é que todos eles compartilhavam seus serviços a um líder/general em comum (Jesus) dedicando suas vidas a essa missão.
Paulo envia a carta com sua saudação de “graça e paz”. A graça e a paz vinham de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.