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Significado de Filemom 1:17-19
Paulo faz dois grandes pedidos a Filemom. Ele pede a Filemom que devolvesse Onésimo a Roma, onde poderia continuar ministrando a Paulo e promover o Evangelho (Filemom 1:11-14). Ele também pede a Filemom que reconhecesse a Onésimo como a um irmão no Senhor e que o libertasse do status de escravo (Filemom 1:15-16). Ambos os pedidos afetariam os negócios de Filemom e, possivelmente, os assuntos em sua casa. Libertar um escravo era um processo caro.
Porém, Paulo tinha mais alguns pedidos a Filemom.
Paulo escreve: Se, pois, me tens por companheiro, recebe-o como a mim. Com base na recomendação anterior de Paulo a Filemom, é óbvio que o apóstolo tinha uma grande consideração por esse crente (Filemom 1:4-7). Com base no status de Paulo como apóstolo e líder da igreja gentia, é provável que Filemom tivesse uma consideração ainda maior por ele. Eles eram parceiros de ministério no Reino de Cristo. Quase certamente Filemom considerava a Paulo como um parceiro, ou pelo menos ele teria ficado honrado em sê-lo. Agora, Paulo convida Filemom a considerar a Onésimo, seu escravo fugitivo e devolvido, com o mesmo nível de respeito. Este episódio fornece uma imagem de como os crentes devem se envolver uns com os outros construtivamente, considerando-se parceiros na empreitada comum de construir e promover o Reino de Deus.
Paulo acrescenta: Se te fez algum mal ou se te deve alguma coisa, lança-o na minha conta. Além desta afirmação, a carta não entra em detalhes de como Onésimo devia a Filemom. Como pai espiritual de Onésimo, Paulo provavelmente estava ciente do que ele havia feito. Não é difícil imaginar que Onésimo tenha confessado a Paulo como havia injustiçado a Filemom.
A única pista do que pode ter sido este erro, além do crime da fuga, é o comentário de Paulo sobre “ele dever alguma coisa”. Isso pode indicar que Onésimo tenha roubado ou desviado dinheiro de Filemom. Se iisso for verdade, seria improvável que um escravo fugitivo tivesse dinheiro suficiente para pagar o que havia roubado. Isso pode nos ajudar a entender por que Paulo pede que Filemom cobre da sua conta. Paulo deixa claro que “cobrar da sua conta” significava literalmente que ele pretendia pagá-lo. No entanto, a abordagem de Paulo a Filemom também lhe oferece a oportunidade de fazer disso uma doação ao ministério de Paulo, como parceiro de ministério.
Quando consideramos como Onésimo havia injustiçado a Filemom, juntamente com o fato de Paulo tê-lo enviado de volta a Colossos com Tíquico, o portador da carta aos colossenses (Colossenses 4:7-9), isso significa que é muito possível, bastante provável, que Onésimo tenha sido a pessoa a entregar esta carta a Filemom pessoalmente.
Tal atitude demonstraria a notável fé e amor de Onésimo. Ele não tinha certeza do resultado. Foram quase mil quilômetros de Roma a Colossos. Parece que o principal objetivo de Onésimo ao viajar de volta a Colossos era o de se reconciliar com Filemom. Ele pode ter demorado até meio ano para voltar - apenas para se desculpar e se submeter a Filemom. Pporém, os relacionamentos importam. Tal viagem teria tido custos consideráveis, dado o fato de Onésimo ter sido tão útil a Paulo. Cada passo da longa viagem de Roma a Colossos teria sido uma lembrança de seu crime. Mas, Onésimo tinha a intenção de assumir a responsabilidade pessoal por suas ações e acertar as coisas.
Em certo sentido, Onésimo era um filho pródigo da vida real que voltava para casa (Lucas 15:11-32). Filemom teve a oportunidade real de responder diferentemente do irmão mais velho naquela parábola — com misericórdia e alegria.
No entanto, há outra parábola do Senhor condizente com a circunstância de Filemom: "A Parábola do Mordomo Implacável" (Mateus 18:23-35).
Nesta parábola, Jesus diz a Pedro e aos discípulos que o Reino dos Céus podia ser comparado a um rei que desejava acertar suas contas com seus servos. O rei convocou a um de seus conselheiros que lhe devia a insondável soma de dez mil talentos. Este conselheiro implorou por misericórdia e o rei concedeu-a a ele. Mas, então, esse mesmo assessor voltou para casa e exigiu que seu próprio servo lhe pagasse uma quantia infinitamente menor. Quando o servo disse que não podia fazê-lo e implorou por misericórdia, o assessor ficou furioso e o lançou na prisão. Quando o rei soube de como seu conselheiro havia sido impiedoso, ele o lançou na prisão até que pagasse os dez mil talentos.
Esta parábola apresenta o que descrevemos como "O Princípio da Misericórdia". O Princípio da Misericórdia é um dos principais ensinamentos de Jesus (Mateus 5:7; 5:44; 6:12; 6:14-15; 7:1-2; 7:12; 18:22-35) Dito de forma simples, o Princípio da Misericórdia nos ensina que Deus nos trata e nos perdoa da mesma forma que tratamos e perdoamos ao nosso próximo. Ainda que recebamos incondicionalmente o dom da vida eterna e nasçamos na família de Cristo, recebendo a herança da vida eterna, nosso relacionamento com Cristo, nossas recompensas e nossa posição em Seu Reino dependerão de como tratamos e perdoamos uns aos outros.
Em um sentido muito literal, Filemom fora perdoado muito por Deus. Na verdade, todo crente foi perdoado de uma dívida que jamais poderia pagar. Aqui, Filemom tem a oportunidade de perdoar a Onésimo de uma dívida relativamente pequena. Ao demonstrar perdão, ele teria a oportunidade incrível não apenas de mudar a vida de Onésimo, abençoar Paulo e promover o Evangelho em Roma, mas também de se tornar muito mais próximo de Jesus no processo e depositar tesouros no céu.
Após pedir que Filemom cobrasse dele qualquer coisa que Onésimo lhe devesse, Paulo escreve: Eu, Paulo, o escrevo de próprio punho, eu o pagarei. Ele diz isso como forma de assumir pessoalmente a responsabilidade por qualquer dívida, como se sua carta fosse um contrato. Esta linha também destaca que Timóteo era o escriba que registrava as palavras de Paulo.
Em seguida, Paulo acrescenta mais uma frase: Por não dizer que tu me deves até a tua própria pessoa. Isso indica que Paulo havia desempenhado um papel fundamental em trazer Filemom a Cristo ou em seu crescimento e amadurecimento "no Senhor" (Filemom 1:20). Como Onésimo era o "filho" de Paulo, Filemom pode ter sido o "neto" de Paulo através de Epafras. Na carta de Paulo aos colossenses, o apóstolo se refere a Epafras como um "amado companheiro e servo fiel de Cristo em nosso favor, e também nos informou de seu amor no Espírito". O fato de Paulo se referir a Epafras como um servo de Cristo "em nosso favor" indicava que Paulo considerava Epafras como uma extensão de seu ministério. Ao indicar que Epafras "nos informou de seu amor no Espírito", Paulo afirma que Epafras tinha uma comunicação direta com ele. Assim, pode ser que a afirmação de Paulo a Filemom de que ele devia até mesmo sua própria pessoa ao apóstolo pode indicar a extensão do ministério de Paulo através de Epafras.
O que está claro é que, sem Paulo, Filemom não seria quem era em Jesus. Assim, ele devia sua própria identidade, seu próprio eu a Paulo, juntamente com sua fidelidade ao Evangelho e amor para com Filemom.
Alguns interpretam essa linha como se Paulo estivesse tentando constranger Filemom a fazer o que Paulo queria. Porém, esta interpretação estaria fora de caráter e tom com o restante da carta. Paulo havia feito de tudo para apelar a Filemom como seu igual e não como seu superior. Ele não fez seus apelos como apóstolo, mas como prisioneiro do Senhor (Filemom 1:9). O coração de Paulo para com Filemom era amoroso (Filemom 1:9). Ele estava sendo verdadeiro (Filemom 1:14). Paulo deixa claro que era uma escolha de Filemom diante do Senhor. Porém, Paulo não hesita em apontar a realidade.
Quando Paulo diz que Filemom devia a si próprio a ele, ele provavelmente estava informando a Filemom que se ele aceitasse sua proposta sua dívida com o apóstolo estaria quitada. Talvez Filemom tivesse tentado pagar o apóstolo no passado pela anertura de seus olhos para a vida em Cristo. Mas, como exatamente alguém pode retribuir o compartilhamento do Evangelho? Como retribuir tal graça, tal favor? Paulo estava informando a Filemom de que, caso ele fizesse o que ele estava pedindo, ele consideraria isso como a melhor bênção que Filemom poderia fazer por ele. Como consequência, sua "dívida" relacional estaria quitada.
Ao falar em termos transacionais, Paulo usa uma figura de linguagem. O amor não é transacional, como os bens terrenos. O amor é sempre sacrificial. Ele nunca é dado na expectativa de ser reembolsado. O amor "não busca o seu próprio interesse" (1 Coríntios 13:5). Paulo aborda Filemom, um homem de negócios, com uma metáfora transacional visando descrever o valor de seu apelo por Onésimo.
Paulo descreve o amor com outra metáfora transacional em Romanos 13:8: "Não devamos nada a ninguém, exceto amar-nos uns aos outros; porque aquele que ama ao próximo cumpre a lei".
Por causa do amor incondicional de Deus por nós, estamos sempre em uma dívida de amor. Jesus ordenou a Seus seguidores que amassem uns aos outros como Ele os amou. Da mesma forma, Paulo estava pedindo a Filemom que amasse a Onésimo, como ele e Cristo amavam a Filemom.