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Significado de Filemom 1:8-10

Paulo faz um pedido pessoal a Filemom. Ele lhe pede que perdoe a Onésimo, o escravo de Filemom que havia fugido. Paulo apela ao amor de Filemom. Usando termos afetuosos e familiares, Paulo informa a Filemom que Onésimo havia nascido na família de Cristo e se tornado um crente quando se encontraram durante sua prisão domiciliar em Roma.

Depois de elogiar a Filemom por seu amor, fé e serviço, Paulo registra que ele tinha confiança e autoridade de Cristo para ordená-lo a fazer o que era apropriado. A autoridade de Paulo era proveniente de sua posição como apóstolo. Um apóstolo era alguém que havia estado na presença de Jesus e havia sido nomeado por Ele. Paulo se converteu na estrada de Damasco ao encontrar-se dramaticamente com o Senhor ressuscitado (Atos 9:1-30). Paulo foi nomeado por Jesus como apóstolo aos gentios (Atos 9:15; 1 Timóteo 2:7).

Notavelmente, embora Paulo tivesse a autoridade em Cristo para obrigar Filemom a fazer o que era apropriado, ele não a exerceu. Em vez disso, ele convida Filemom a escolher o que era adequado por vontade própria. Paulo escreve, em humildade: Rogo-te. Paulo já havia notado que Filemom era um homem de amor. Em vez de dar uma ordem apostólica, Paulo apela a ele e diz que seu pedido era consistente com o padrão ministerial estabelecido a outros. Este incidente poderia ser visto como um episódio do tipo "o tiro sairia pela culatra". Se Filemom atendesse ao pedido de Paulo ele talvez perdesse mais do que devia. Porém, a perspectiva que Paulo parece tomar é a de que isso deveria ser visto como uma oportunidade adicional para Filemom exercer uma boa administração de seu breve tempo nesta terra, visando alcançar o grande prêmio da vida por meio de seu serviço a Deus. Esta é a perspectiva de Paulo para sua própria vida e era a perspectiva que Paulo desejava a todos os seus discípulos (1 Coríntios 9:24-29).

Nessa abordagem de Filemom, Paulo segue ao exemplo de Jesus. Sendo Deus, Cristo era perfeito, bom e todo-poderoso. Nada era impossível a Ele. Cristo teria a capacidade e a autoridade para nos obrigar a obedecer. Porém, por Seu amor, Ele não nos obriga a nada. Por amor, Deus nos permite decidir em quem ou no que confiar, que perspectiva e que ações tomar.

Por amor, Cristo nos dá a escolha de seguir a Seu exemplo de amor ou de permanecer em nossos caminhos egoístas. Como Paulo afirma em Gálatas, Cristo nos libertou, Ele nos concedeu o poder de escolher entre seguir ao Espírito ou à carne (Gálatas 5:13-15). Por amor, Cristo nos permite escolher obedecer ou desobedecer a Ele. Por amor, Cristo nos permite escolher a vida ou a morte, a liberdade ou a escravidão. E, por amor, nossas escolhas terão consequências que afetarão não apenas a nós mesmos, mas também a vida terrena de outras pessoas. A liberdade - a capacidade de escolher - é um ingrediente necessário para que o amor seja possível. O amor deve ser escolhido, não coagido.

Paulo, como Jesus, não nega a Filemom a liberdade e a oportunidade de escolher o que era adequado. Ele não restringe sua oportunidade de amar a Jesus, de amar a Paulo e de amar a Onésimo. Paulo, no entanto, pede a Filemom que faça a melhor escolha.

Antes mesmo de Paulo fazer seu pedido, ele deixa claro a Filemom que estava apelando a ele como prisioneiro de Cristo Jesus, não como apóstolo de Cristo. Novamente, como Jesus, que "existiu na forma de Deus, mas não considerou a igualdade com Deus, mas se esvaziou, tomando a forma de servo " (Filipenses 2:6-7), Paulo não considera seu apostolado aqui algo como uma arma a ser usada em seu próprio benefício, mas toma a forma e a identidade de um prisioneiro. Em vez de ir a Filemom usando sua autoridade apostólica e ordenar a obediência do irmão, o apóstolo escolhe apelar a ele como uma pessoa idosa. Paulo apela a Filemom como seu par. Não apenas isso, Paulo assume uma postura de inferioridade em seu apelo a Filemom - porque Paulo era prisioneiro, enquanto Filemom era um homem livre. Além disso, Paulo era idoso, provavelmente se referindo às suas fragilidades. Isso talvez indique que Filemom era mais jovem que Paulo.

O apelo de Paulo a Filemom era por “meu filho Onésimo”. Como ficará claro em Filemom 1:15-16, Onésimo era o escravo fugitivo de Filemom.

A escravidão estava profundamente entrelaçada com a economia romana. Alguns historiadores estimam que até um terço da população do império era composta por escravos. O estoque de escravos de Roma foi construído através de suas conquistas bem-sucedidas, bem como pelos cativos de guerra e a prole que esses cativos produziam. Os escravos serviam nas casas, nos trabalhos do governo, trabalhavam em projetos de construção de estradas, trabalhavam nos campos ou nas minas, remavam nos navios e cumpriam muitas outras ocupações. Os escravos eram provenientes de todos os tipos de etnias. Eles não tinham legitimidade na sociedade romana. Seus senhores abusavam deles e até mesmo os matavam sem qualquer repercussão. Porém, os senhores também podiam libertá-los e muitos o faziam. O castigo típico para um escravo fugitivo de seu senhor era a morte. As fugas não eram algo incomum. A profissão dos apanhadores de escravos revelava-se uma carreira lucrativa.

Podemos obter algumas informações sobre isso através da interação de Paulo com um soldado romano, um comandante que havia comprado sua cidadania com uma quantia substancial de dinheiro. Ele havia prendido e acorrentado a Paulo e estava prestes a açoitá-lo quando descobriu que Paulo era um cidadão romano nato. Ele ficou com medo, já que havia acorrentado ao apóstolo contra a lei romana (Atos 22:22-29). Esse episódio ilustra o gritante contraste na posição jurídica entre aqueles que tinham e não tinham a cidadania romana.

Durante sua fuga, Onésimo entrou em contato com Paulo em Roma. Onésimo ouviu o Evangelho de Paulo e recebeu o dom da vida eterna pela graça de Cristo. O escravo fugitivo tornou-se parte da família de Deus. É por isso que Paulo se refere a Onésimo como “meu filho, a quem gerei em minha prisão”.

Tudo isso, incluindo o pedido de Paulo, provavelmente foi uma surpresa para Filemom. Ele deve ter balançado a cabeça e perguntado: "Como é que meu escravo fugitivo pode ter feito amizade com Paulo em Roma? Como ele pode ter aceitado a Jesus e se tornado um ministro do Evangelho enquanto se fugia de mim? E como é que Paulo agora apela em nome do meu escravo?"

O apelo de Paulo a Filemom era fruto de seu amor por Onésimo e estava enraizado no fato de que Filemom e Onésimo estavam, agora, em um vínculo eterno de irmandade em Cristo Jesus. O apelo de Paulo por Onésimo foi feito em três partes.

O primeiro pedido de Paulo foi para que Filemom enviasse Onésimo de volta a Paulo, para que ele continuasse a servir ao Evangelho, já que ele havia sido útil a Paulo em sua prisão (Filemom 1:11-14).

O segundo pedido de Paulo era para que Filemom emancipasse a Onésimo da escravidão. Paulo pede que Filemom fizesse de Onésimo um homem livre (Filemom 1:15-16).

O terceiro pedido de Paulo era que Filemom perdoasse a todas as dívidas de Onésimo (Filemom 1:17-20).

Paulo não ordenou a nenhum desses pedidos. Ele apenas pediu. Além disso, Paulo nunca força Filemom a perdoar a Onésimo, agora um irmão em Cristo, pela ofensa ou injustiça feita contra ele. Ao invés disso, Paulo permitiu que Deus trouxesse esse desejo ao coração de Filemom.

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