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Significado de Filipenses 2:12-16
Paulo acaba de descrever a mentalidade de Jesus e exortou seus parceiros em Filipos a tomar a decisão intencional de adotar a mesma mentalidade. Isso pode ser resumido em: "Obedecer a Deus, não importa o que aconteça, é o caminho para nossa maior realização, mesmo quando seria mais fácil pensar de outra forma". Paulo continua neste tema, transitando para sua aplicação com a ponte: Assim, meus amados. O “assim” conecta o que está prestes a ser dito como admoestação para que eles adotassem a atitude de obediência radical de Jesus. Jesus deixou a situação mais confortável e desejável que eles pudessem imaginar para assumir uma tarefa horrível, porque sabia que a obediência ao Pai era o melhor caminho possível a seguir. Paulo os instrui a agirmos da mesma forma.
Paulo chama aos crentes em Filipos de “meus amados” por causa de sua participação no Evangelho, tanto por meio de seu exemplo de obediência quanto por seu apoio financeiro (4:15-17). Paulo, agora, os admoesta, acrescentando: Assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas agora muito mais na minha ausência, desenvolvam sua salvação com temor e tremor. Os filipenses já haviam demonstrado um alto padrão de obediência. Eles haviam obedecido às ordens de Jesus na presença de Paulo. Paulo os admoesta a obedecer agora muito mais em sua ausência. Esta certamente seria a escolha natural para eles caso realmente adotassem o exemplo de Cristo, ou seja, escolhendo a mesma perspectiva que Ele escolheu (versículos 5-10).
Paulo acrescenta uma instrução: Desenvolvam sua salvação com temor e tremor, pois é Deus quem agindo em vós, tanto para o querer quanto para o realizar, conforme a Sua vontade. A palavra “salvação” aqui significa "algo está sendo liberto de algo". É traduzida como "libertação" no versículo 19, onde Paulo parece pedir aos filipenses que orem para que ele se livre da tentação do medo, o que o faria falhar em anunciar corajosamente o Evangelho. O que estava sendo salvo de quê neste contexto? A primeira coisa a notar é que a salvação abordada aqui deve ser "desenvolvida". Tal "desenvolvimento" deveria ser feito com temor e tremor. Além disso, a salvação contemplada aqui conecta a "obra" a ser feita pelos amados filipenses ao termor e tremor pela obra de Deus que agia neles, tanto para o querer quanto para o realizar, segundo a Sua vontade.
Uma boa maneira de conectar todas essas coisas é a seguinte:
Lucas 1:71 usa a palavra “salvação” do versículo 12 no seguinte contexto:
"Como Ele falou pela boca de Seus santos profetas de antigamente — Salvação DE NOSSOS INIMIGOS E DA MÃO DE TODOS OS QUE NOS ODEIAM" (Lucas 1:70-71).
Neste caso, o versículo fala de Israel sendo liberto das mãos de seus inimigos.
Como a palavra “salvação” é frequentemente usada para se referir a ser salvo do inferno para o céu, esse versículo pode ser confuso. Porém, tomar a “salvação” do versículo 12 como "libertação do inferno para o céu" é problemático em muitas frentes e não se encaixa no contexto. Tomado dessa forma, seria necessário que o caminho para o céu incluísse obras de obediência, quando a Bíblia deixa claro que chegamos ao céu unicamente através da fé. Paulo afirma claramente que nenhum ser humano consegue obedecer o suficiente para ser justificado na presença de Deus (Romanos 3:23-24; 4:1-5). Paulo deixa claro que a justificação aos olhos de Deus só ocorre pela graça, pela fé (Efésios 2:8-9). Quando somos justificados aos olhos de Deus através da fé, somos plenamente aceitos por causa do que Cristo fez por nós na cruz.
Devemos notar, ainda, que em 2:15, Paulo chama os crentes em Filipos de "filhos de Deus". No capítulo 1, Paulo dirige a carta aos "santos em Cristo Jesus que estão em Filipos". Assim, uma adição repentina de uma exigência de "trabalho" para se chegar ao Céu não se encaixa no contexto.
Nossa aceitação incondicional em Cristo como "santos" e "filhos de Deus" é completamente independente de obras. É por isso que o Espírito de Deus vem e habita nos crentes. Claramente, Paulo não tinha dúvidas de que os crentes de em Filipos, a quem ele escreve, eram justificados aos olhos de Deus. Ele registra que Deus estava agindo neles, provavelmente se referindo à obra do Espírito na vida dos crentes em Filipos. Paulo dirá no capítulo seguinte: "Somos a verdadeira circuncisão, que adoramos no Espírito de Deus" (Filipenses 3:3). Nesta declaração, Paulo deixa claro que ele colocava com os crentes em Filipos como sendo a "verdadeira circuncisão", ou seja, os escolhidos espirituais de Deus (Romanos 2:28-29).
Portanto, parece claro que o desejo de Paulo era o de que seus amados irmãos em Filipos realizassem o difícil trabalho da obediência, seguindo o mesmo espírito de Cristo, para que recebessem as grandes recompensas. Paulo testifica em vários lugares como ele mesmo havia abraçado o sofrimento por causa das recompensas que receberia por sua obediência (1 Coríntios 9:24-27; 2 Timóteo 4:8). Paulo admoesta os crentes ao longo de seus escritos a viverem "para aquele dia", falando do Dia do Juízo (1 Coríntios 3:11-17; 2 Coríntios 5:10; Romanos 14:10-11). Aqui, Paulo exorta os crentes de Filipos a se esforçar mais intensamente para alcançar o maior dos prêmios. A conquista de algo tão grande requer salvação ou libertação das atitudes mundanas. Exige que trabalhemos adotando perspectivas que sejam verdadeiras e reais. É preciso esforço para conseguirmos escolher as atitudes certas, escolher as perspectivas que se alinhem com a de Jesus. E, ao adotarmos essas perspectivas, isso nos leva a trabalhar para a Sua vontade. A motivação necessária é ter temor e tremor de perdermos tamanha recompensa, a grande oportunidade de vivermos na terra. Esta vida é o único momento em nossa existência no qual somos capazes de viver pela fé. Este é aparentemente um benefício tão grande que os anjos no céu nos observam de perto para buscar compreender a tamanho mistério (Efésios 3:10; 1 Pedro 1:12).
É provável que muitos dos crentes em Filipos fossem soldados romanos aposentados. Os soldados romanos eram conhecidos por sua capacidade de suportar dificuldades. Uma das coisas que os tornava tão formidáveis era sua capacidade de fazer longas marchas e ainda assim serem capazes de lutar. Um pequeno exemplo disso pode ser visto em Atos 23:23-32, onde um grupo de soldados romanos marcha a noite toda para entregar Paulo a Cesaréia e, em seguida, retorna a Jerusalém na manhã seguinte. Parece que Paulo estava dando aos soldados romanos uma visão da extrema dificuldade por uma grande causa. Adotar a atitude de Jesus em relação à obediência e viver em obediência corajosa, como Jesus fez, resultaria no maior resultado possível para suas vidas.
Paulo continua com sua admoestação para que os filipenses vivessem uma vida de obediência, adotando a atitude de que "vale qualquer preço", ordenando-lhes que façam todas as coisas sem reclamar ou contestar. Paulo os exorta a abraçar entusiasticamente as dificuldades. Quando as dificuldades chegam, é típico da natureza humana resmungar e reclamar. Os filhos de Israel foram libertos da escravidão no Egito, mas logo se voltaram aos resmungos quando as dificuldades chegaram. Paulo encoraja seus amados parceiros no Evangelho a fazer todas as coisas sem reclamar ou contestar. A razão é para que se mostrem irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus acima da reprovação em meio a uma geração corrupta e perversa. Mais uma vez, Paulo observa que os crentes em Filipos eram filhos de Deus. Eles haviam se tornado filhos de Deus ao crerem no Evangelho e confiarem em Jesus.
Porém, Paulo os admoesta a ir além do mero nascimento espiritual e brilhar como luzes no mundo. Assim como Jesus era a luz do mundo e refletia a glória de Deus por meio de Sua obediência, assim Paulo exorta os crentes em Filipos a fazer o mesmo. Ao viverem uma vida de obediência, contrastada com a cultura ao seu redor, corrupta e perversa, eles brilhariam como luzes na escuridão.
Vivendo dessa maneira, sendo irrepreensíveis, inocentes e acima de qualquer censura, os crentes em Filipos, filhos de Deus, estariam retendo firme a palavra da vida. A palavra traduzida como “firme” pode ser traduzida como "tomar cuidado". A idéia é que, vivendo uma vida de verdade, amor e serviço, os crentes em Filipos estariam se mantendo fiéis à palavra de Deus e vivendo em obediência, assim como Jesus havia vivido em obediência.
Paulo, agora, conecta a recompensa que os filipenses poderiam alcançar na terra com a recompensa no Dia do Juízo. Paulo observa que desejava que os crentes em Filipos vivessem fielmente para que no dia de Cristo eu tenha razão para me gloriar, porque não corri em vão nem trabalhei em vão. Mais uma vez, Paulo não finge que os humanos podem agir à parte de seu interesse próprio. Ao nos instruir a amar uns aos outros como amamos a nós mesmos, a Bíblia deixa claro que os seres humanos têm um desejo embutido de buscar a seus próprios interesses. Paulo simplesmente deseja que os crentes em Filipos agissem a partir de uma posição esclarecida. Ao enxergarem a realidade verdadeira, ficaria evidente que a obediência radical a Cristo era o caminho para seu maior interesse; a busca de si mesmos os levaria à autodestruição.
No caso de Paulo, ele é transparente em seu desejo. Ele desejava gloriar-se no dia de Cristo, quando todas as coisas forem julgadas. A glória particular desejada por ele é se gloriar porque seus discípulos em Filipos alcançaram a glória de Cristo por sua fiel obediência. Era como um pai orgulhoso na formatura, recital ou competição de seu filho. O pai se gloria na glória do filho. Paulo age da mesma forma. Ele estava torcendo para que seus filhos espirituais vencessem na vida tendo a mesma atitude que Jesus havia tido. Se eles ganharem o prêmio, ele ganharia o prêmio. Se os crentes em Filipos vivessem fielmente, então a obra de Paulo estaria completa. Se não o fizessem, Paulo teria corrido em vão. Sua labuta em favor deles teria sido em vão. Paulo ainda seria recompensado por sua fidelidade, mas o apóstolo coloca maior ênfase em sua oportunidade de gloriar-se no sucesso de seus filhos espirituais do que em si mesmo.
Não sabemos se Paulo teve esposa e filhos. Parece, no entanto, que ele adotou uma atitude muito paternal em relação a seus filhos espirituais e teve grande fervor em vê-los obter sucesso vivendo em obediência a Jesus. É provável que a ocasião de Paulo para escrever esta carta tenha sido para agradecer aos crentes de Filipos por apoiá-lo financeiramente em sua necessidade, enquanto estava na prisão domiciliar em Roma às suas próprias custas (Atos 28:30; Filipenses 4:15-17).