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Significado de Filipenses 2:17-30

Paulo planeja enviar Timóteo aos filipenses para ensiná-los e ministrar a eles, mas primeiro espera ouvir o veredito de seu processo judicial perante César. Se for libertado, ele planeja ir com Timóteo para visitá-los. O mensageiro de Filipos, Epafrodito, fica doente e quase morre, mas é poupado por Deus; assim, Paulo o envia de volta aos filipenses para que eles não se preocupem mais com ele. Ele é um exemplo do tipo de homem ao qual os crentes devem admirar, porque arriscou sua vida a serviço de Cristo.

Paulo continua sua admoestação para que os filipenses adotassem a atitude de Jesus, que havia deixado o conforto e o prazer do Céu, aprendendo a obediência até a morte de cruz, confiando que a recompensa de Seu Pai faria tudo valer a pena. Paulo acaba de declarar sua esperança de que os crentes em Filipos continuassem a obedecer em sua ausência, para que ele pudesse se gloriar em seu sucesso no dia de Cristo.

Paulo expressa esperança de que seria liberto da prisão e viria até eles, mas entende que também poderia morrer. Paulo esperava que seu apelo fosse ouvido diante do César (Nero), mas um dos possíveis desfechos do caso seria sua morte (Atos 28:19). Ele agora afirma: Mas mesmo que eu seja derramado como oferta sobre o sacrifício e serviço de vossa fé, me alegro e compartilho minha alegria com todos vós. A imagem da oferta sendo derramada era a imagem do fim da vida de Paulo. As oferendas de bebida eram derramadas sobre o altar como oferta de gratidão. Uma vez derramadas, elas não podiam mais ser recolocadas nos recipientes. Se Paulo fosse martirizado por sua fé, ele seria derramado sobre o sacrifício e o serviço da fé dos filipenses. Nisso, Paulo retrata a obediência dos crentes de Filipos como um sacrifício sobre o altar no templo e sua própria vida como oferta derramada sobre o sacrifício.

Paulo usa a imagem do sacrifício de obediência dos crentes a Deus em Romanos 12:1-2, onde afirma:

"Por isso, exorto-vos, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a apresentardes aos vossos corpos um sacrifício vivo e santo, aceitável para Deus, que é o vosso serviço espiritual de adoração. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que possais provar qual é a vontade de Deus, o que é bom, aceitável e perfeito" (Romanos 12:1-2).

A imagem de Paulo em relação aos filipenses aqui parece consistente com sua imagem em Romanos 12. Um crente que viva uma vida fiel, com uma mente renovada, vive a vida como um "sacrifício vivo". A vida de um sacrifício é entregue inteiramente para agradar a outro. No caso dos sacrifícios de animais, eles eram oferecidos para agradar a Deus e depois eram geralmente consumidos para o prazer dos envolvidos na celebração (churrasco). No caso da vida de obediência, vivida com a mesma atitude de Jesus, nós nos tornamos o sacrifício vivo, vivendo a vida para a vontade de Deus (Filipenses 2:13).

Paulo afirma: Me alegro e compartilho minha alegria com todos vós, mesmo que fosse ser morto por seu testemunho. Ele se alegrava em morrer pela causa de Cristo. E compartilha essa alegria com os filipenses. Paulo esperava que eles também se alegrassem da mesma maneira e compartilhassem sua alegria com ele. Paulo admoesta os crentes de Filipos a estar prontos e dispostos a dar tudo pela causa de Cristo e, ao fazê-lo, compartilhar isso com Paulo. Eles, então, se alegrariam da mesma maneira, esperando obter a glória de agradar a Deus por meio da obediência. Se fizessem isso fielmente, compartilhariam sua alegria com Paulo.

Paulo encerra esta seção com alguns detalhes práticos que o permitem orientar os crentes e filhos de Deus, a quem ele amava como se fossem seus filhos espirituais. Paulo diz: Espero no Senhor Jesus enviar-vos a Timóteo em breve, para que eu também possa ser encorajado quando souber de vossa condição. Esta carta tem a coautoria de Timóteo, possivelmente para reforçar a credibilidade desse discípulo de Paulo (Filipenses 1:1). Paulo estava em prisão domiciliar, por isso não podia viajar. Porém, Timóteo parecia estar com ele. Paulo afirma que planejava enviar a Timóteo porque não tenho mais ninguém que esteja genuinamente preocupado com vosso bem-estar. Isso é bastante interessante, já que Paulo tinha vários outros parceiros ministeriais.

Isso pode indicar que todos os seus outros parceiros de ministério estavam ou presos ou indisponíveis para viajar. Isso também pode indicar que Timóteo tinha um espírito único em relação aos filipenses que ninguém mais podia igualar. Também pode significar que apenas Timóteo, de todas as pessoas a quem Paulo poderia enviar, tinha o histórico e o relacionamento com os filipenses para encorajá-los da maneira como Paulo acreditava ser necessário. Dado o padrão de fidelidade dos filipenses, pode ser que a maioria das outras pessoas que Paulo poderia ter enviado a Filipos não tivesse a estatura de Timóteo para ministrar a eles. Neste caso, os filipenses é quem teriam de ministrar ao enviado de Paulo. Seja como for, Timóteo era a pessoa certa para o trabalho.

Paulo nos informa que, dentre as outras opções a serem enviadas aos filipenses, todos buscam seus próprios interesses, não os de Cristo Jesus. Paulo passou um tempo considerável admoestando os filipenses a terem a mesma atitude de obediência, confiando na recompensa de Deus, como fez Jesus, em vez de serem egoístas. Agora, ele afirma que suas outras opções para ministrar aos filipenses eram, na verdade, pessoas egoístas que não buscavam aos interesses de Cristo Jesus. Ministros "em tempo integral" também podem ser egoístas. Todos precisamos prestar atenção à admoestação de obedecer ao Senhor como Cristo obedeceu.

Paulo continua a encorajar a Timóteo, dizendo que os filipenses sabem de seu valor comprovado, pois ele serviu comigo na promoção do Evangelho como um filho servindo a seu pai. Aparentemente, os filipenses haviam observado Timóteo servindo fielmente junto com Paulo. Então, aqui Paulo apela para a observação pessoal deles.

Paulo afirma, portanto: Espero enviá-lo imediatamente. Parece que Paulo esperava que seu caso fosse ouvido em breve. A frase “ver como as coisas vão comigo” provavelmente se refira à sua audiência diante do César. Paulo, é claro, esperava ser solto; assim, ele diz: Confio no Senhor que eu mesmo também virei em breve. Parece que o plano era enviar a Timóteo assim que Paulo obtivesse um veredito. E, caso fosse solto, Paulo esperava chegar logo depois de Timóteo a Filipos. Se Paulo recebesse a sentença de morte e fosse "derramado" como oferta, então Timóteo ministraria aos filipenses sozinho.

Paulo, então, afirma: Mas eu achei necessário enviar a vós Epafrodito, meu irmão e companheiro de trabalho e companheiro de soldado, que também é seu mensageiro e ministro para a minha necessidade. Parece provável que Epafrodito tenha levado esta carta aos filipenses, já que Paulo se refere a ele como seu mensageiro. Paulo estava colocando Epafrodito no grupo de outros ministros que poderia enviar a Filipos, mas que buscavam a seus próprios interesses? Isso não parece ser verdade, pois Paulo tem coisas muito boas a dizer sobre Epafrodito. Ele era um ministro para as necessidades de Paulo, além de ser seu mensageiro para Filipos. Paulo, mais tarde, exortará os filipenses a terem homens como Epafrodito em alta consideração.

A palavra traduzida como “mensageiro” é a palavra grega "apostolos", muitas vezes traduzida como "apóstolo". Paulo se apresenta como um "apóstolo" de Jesus Cristo em muitas de suas cartas. Aqui, Epafrodito é um "apóstolos" de Paulo. Um "apóstolo" significava um delegado, um representante. Assim, parece que Epafrodito representava a Paulo, mas não estava suficientemente equipado para se preocupar com o bem-estar dos filipenses da maneira que Paulo tinha em mente para Timóteo. Parece provável que Paulo tivesse em mente que Timóteo os encorajasse com seus ensinamentos, que deveriam gerar obediência, da mesma forma como os encoraja nesta carta, exortando-os a andar na mesma obediência radical de Jesus, esperando que tudo o que eles pudessem suportar ou perder fosse feito de forma a honrar a Seu Pai celestial.

Paulo enviou Epafrodito em parte porque seu discípulo estava com saudades de todos (os filipenses) e estava angustiado porque eles haviam ouvido que ele estivera doente. Aparentemente, Epafrodito desejava que os filipenses, que haviam se preocupado com ele, pudesse ver que ele estava bem. Havia motivos de sobra para preocupação porque, de fato, Epafrodito estava doente a ponto de morrer. Porém, ele havia se recuperado e agora queria visitar os filipenses pessoalmente, como representante de Paulo, trazendo esta carta.

Talvez Epafrodito fosse originário de Filipos. No capítulo 4, parece que Epafrodito foi enviado como mensageiro a Paulo para entregar a doação financeira que haviam coletado para ele (Filipenses 4:18). Talvez ele fosse um filipense enviado a Roma para entregar a Paulo o presente, tendo adoecido mortalmente enquanto estava em Roma. Agora, após se recuperar, ele é enviado de volta por Paulo para que os filipenses pudessem saber que ele estava vivo e ter sua comunhão restaurada com ele. Pode ser que os filipenses tivessem entendido que Epafrodito iria permanecer com Paulo e ministrar a ele, o que poderia ter sido parte do apoio financeiro que pretendiam oferecer.

A perspectiva de Paulo sobre a recuperação de Epafrodito é a de que Deus teve misericórdia dele, e não apenas dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. Paulo não via a cura de Epafrodito como uma obrigação que devesse ser exigida de Deus. Pelo contrário, ele via isso como uma questão de misericórdia. Porém, não apenas sobre seu discípulo, mas também sobre Paulo. Paulo teria tido tristeza sobre tristeza se tivesse perdido Epafrodito. Paulo não enumera as dores que tinha em mente, com certeza em grande número. No entanto, parece provável que a tristeza à qual Paulo já estava suportando incluísse a possibilidade de ser executado após sua audiência com o César, bem como ter uma escassez de bons amigos como Timóteo, a quem Paulo poderia confiar seu ministério.

Assim, por causa da doença e da recuperação de Epafrodito, Paulo afirma: Por isso, eu o enviei ainda mais ansiosamente para que, quando o virdes novamente, vos alegreis. Paulo estava ansioso de que os filipenses fossem consolados ao verem seu irmão Epafrodito vivo. Paulo os exorta a ter a atitude que Jesus teve, incluindo a alegria de morrer por Cristo. Paulo estava, no momento em que escrevia esta carta, diante da possibilidade de morte por conta de seu testemunho. Porém, o apóstolo não tinha interesse em trazer tristeza sobre si mesmo ou sobre os outros, abraçando a todas as oportunidades de experimentar a alegria do Senhor nesta vida.

O retorno de Epafrodito aos filipenses lhes traria regozijo e menos preocupação a Paulo. O apóstolo desejava que os filipenses escolhessem adotar a atitude adotada por Jesus, resultando no tipo de obediência radical que os poderia levar à morte por seu testemunho. Porém, ao longo do caminho, Paulo tenta aliviar o sofrimento sempre que possível. Paulo envia Epafrodito para seu benefício. Talvez Paulo também estivesse fazendo isso para o benefício de Epafrodito. Parece que os filipenses queriam que Epafrodito permanecesse com Paulo e ministrasse a ele por um tempo. Talvez Epafrodito tenha retornado a Filipos prematuramente. Talvez Paulo estivesse deixando claro que enviar Epafrodito de volta não deveria ser, de forma alguma, interpretado como uma rejeição ao seu serviço, nem como falta de gratidão por parte dele. Paulo estava devolvendo Epafrodito simplesmente porque os amava.

Portanto, Paulo os exorta a receber a Epafrodito no Senhor com toda alegria, e ter homens como ele em alta consideração. Epafrodito deveria ser tido em alta consideração. Paulo não o devolve a Filipos porque o discípulo lhe servisse mal. No entanto, ele não estava suficientemente equipado para cumprir o ministério aos filipenses confiado a Timóteo. Aparentemente, Timóteo estava mais equipado para ensiná-los e guiá-los no tipo de obediência radical a Cristo ensinado por Paulo. Os outros mestres que Paulo conhecia eram egoístas, procurando atrair seguidores a si mesmos, em vez de edificar os crentes e ensiná-los a seguir o exemplo de Jesus. Anteriormente, Paulo havia mencionado que muitos em Roma, onde estava preso, estavam pregando o Evangelho por "inveja e contenda" e "ambição egoísta" (Filipenses 1:15-17).

A razão específica pela qual Epafrodito deveria ser tido em alta consideração é porque ele chegou perto da morte pela obra de Cristo, arriscando sua vida para completar o que era deficiente em seu serviço a mim. A frase “completar o que foi deficiente em seu serviço a mim” provavelmente se refira à retomada do apoio financeiro que os filipenses deram à Paulo. Paulo usa frase semelhante no capítulo 4, quando diz:

"Mas regozijei-me muito no Senhor, porque agora finalmente reavivastes a vossa solicitude por mim; na verdade, antes vos preocupava, mas faltava-vos oportunidade" (Filipenses 4:10).

Como os filipenses agora desejavam enviar o apoio financeiro a Paulo, eles precisariam enviar um mensageiro para entregar a oferta. Epafrodito arriscou sua vida para completar sua generosidade e chegou perto da morte por uma doença. Por conseguinte, deveria ser tido em alta consideração. Esta mensagem é consistente com o ensinamento de Paulo sobre o Corpo de Cristo. Epafrodito era simplesmente um mensageiro, aparentemente mal equipado para ensinar. Talvez fosse um servo, um escravo que alguém havia despachado para servir à Paulo. Porém, Paulo afirma que qualquer pessoa deve ser tida em alta consideração quando se arriscasse a serviço do Evangelho, não importa o quão árdua a tarefa pudesse parecer.

Ao elevar Epafrodito, que aparentemente era apenas um mensageiro, talvez até mesmo um escravo, Paulo fornece um exemplo de aplicação de seu próprio ensinamento. Em sua carta aos Coríntios, Paulo afirma:

"...os membros do corpo que julgamos menos honrados, a estes concedemos mais abundante honra..." (1 Coríntios 12:23).

Paulo faz de tudo para honrar as pessoas que o mundo não considerava muita coisa. No Corpo de Cristo, cada membro tem grande valor. É importante fazer de tudo para honrar àqueles que normalmente não receberiam honras do mundo.

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