AaSelect font sizeSet to dark mode
AaSelect font sizeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.
Significado de Filipenses 3:17-21
No capítulo anterior, Paulo instruiu os crentes em Filipos a fazerem a escolha intencional de adotar a mesma atitude adotada por Jesus. O apóstolo, agora, diz a seus irmãos em Filipos que se unam para seguir seu exemplo e observar aqueles que andam de acordo com o padrão que eles tinham nele. Paulo deixa claro neste capítulo que havia adotado a mesma atitude/perspectiva/mentalidade adotada por Cristo (2:5-10), considerando a todas as coisas que estivessem no caminho da obediência radical a Cristo como "lixo". Paulo instrui seus irmãos em Filipos a seguir seu exemplo. Ele está disposto a dizer: "Sigam-me, minha vida mostra como adotar a atitude que Cristo escolheu".
No momento em que escrevia esta carta, Paulo estava preso por seu testemunho do Evangelho. Ele colocara sua vida em risco e o fez de bom grado. Ele já havia suportado sofrimentos intensos, chamados por ele de "momentâneos" e "leves aflições" quando comparado ao "peso eterno da glória", esperando que aqueles que serviam a Cristo fielmente adotassem a mentalidade de Jesus (2 Coríntios 4:17). Ele estava, portanto, praticando o que pregava e dando um exemplo a ser seguido. Era de se esperar que a maioria das pessoas na prisão que aguardavam sua execução dissesse: "Eu não sou um exemplo a ser seguido". Paulo faz o contrário. Ele diz: "Sigam-me. Eu tenho a mentalidade que pode levá-los ao maior prêmio possível na vida." Isso correspondia à afirmação de Jesus de que para ser o primeiro de todos era necessário fazer a escolha de se tornar servo de todos (Marcos 9:35).
Paulo termina este capítulo contrastando seu bom exemplo e o bom exemplo de Jesus com o mau exemplo ao qual os crentes em Filipos deveriam evitar. Paulo reconhece que muitos caminham, dos quais muitas vezes vos disse, e agora vos digo mesmo chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. Esses inimigos da cruz de Cristo poderiam estar conectados com os "cães" e "maus obreiros" sobre os quais Paulo os havia advertido em Filipenses 3:2. Os maus trabalhadores podiam também ser aqueles que eram licenciosos. Tanto o legalismo quanto a licenciosidade eram formas de busca de si mesmo. São maneiras diferentes de servir-se a si mesmo.
Paulo parece ter confrontado muitas vezes os maus obreiros que alegavam a necessidade de seguir as regras religiosas para serem justos, como os que haviam desviado os irmãos da Galácia. Também podia haver maus obreiros que priorizavam entregar-se às coisas da carne. O que quer que esses inimigos da cruz estivessem fazendo, eles deixavam Paulo muito triste.
Pensar naquelas pessoas o levava às lagrimas. Para eles, a cruz de Cristo não era considerada suficiente e eles confiavam em si mesmos, em vez de confiar somente em Cristo. Tal atitude, por óbvio, não negava o poder da cruz, mas desviava os crentes do caminho de Cristo por meio da obediência e da fé. Também era possível que aqueles líderes jamais tivessem crido em Cristo. O fato é que ele haviam se tornado inimigos da cruz de Cristo. Qualquer um que conduza as pessoas para longe da cruz de Cristo, ou para longe da mentalidade de obediência a Cristo, é inimigo da cruz.
O verdadeiro caminho para o máximo benefício nesta vida está em deixar de lado a nós mesmos e entregar nossas vidas a serviço de Cristo. Por outro lado, podemos confiar em nossos próprios atos e escolher a mentalidade errada. Em vez de tomarmos a nossa cruz diariamente e seguirmos a Cristo, podemos encontrar-nos em oposição a Ele.
Confiar em si mesmo leva à busca de si mesmo. Talvez, ao invés de escolherem adotar a mentalidade de serviço, aqueles maus obreiros tenham escolhido adotar a mentalidade de priorizar ganhos terrenos, como em Filipenses 1:17. Em ambos os casos, os falsos mestres tinham um único fim: a destruição. A palavra “fim” aqui é a palavra grega "teleo", a mesma raiz da palavra traduzida anteriormente como "perfeito". É a ideia de conclusão, maturidade ou culminação de uma era. Nesse contexto, a ideia é "o resultado final de suas vidas". A palavra “destruição” também é encontrada em 1 Timóteo:
"Mas aqueles que querem enriquecer caem em tentação e cilada e em muitos desejos tolos e nocivos que mergulham os homens na ruína e na destruição” (1 Timóteo 6:9).
Paulo não registra nada a respeito da crença desses falsos mestres. Porém, isso não parecia importar muito para sua aplicação - seguir ao exemplo deles levaria as pessoas à destruição. Paulo simplesmente afirma que suas vidas seriam destruídas por causa de suas más escolhas. Ele afirma que eles eram exemplos a serem evitados, indicando que até mesmo os crentes podem fazer más escolhas, com consequências adversas.
Em vez de adotar a mentalidade de Jesus e seguir em obediência radical a Cristo, eles haviam colocado sua esperança nas coisas deste mundo. Seu deus era seu apetite. Paulo desejava que os crentes em Filipos seguissem a seu exemplo e evitassem seguir aos exemplos daqueles mestres. Todos os crentes devem prestar atenção a esta advertência: se escolherem seguir a seus apetites ou luxúrias, o resultado será a destruição. Paulo dedica os capítulos 5 e 6 de sua carta aos Gálatas a este tópico.
Paulo exorta os crentes a escolherem andar em Espírito em vez de escolherem andar na carne. Andar na carne significa ter nossos apetites como nosso deus, porque nosso deus é aquele a quem servimos. Se semearmos na carne, colheremos corrupção (Gálatas 6:8), ou seja, veremos nossas obras terrenas serem queimadas no julgamento de Cristo como a madeira, feno e palha (1 Coríntios 3:12-14).
Uma das principais razões pelas quais os seres humanos são propensos a seguir a regras religiosas, como os "cães" que eram da "falsa circuncisão" provavelmente estavam fazendo (v. 2), é com o propósito de autojustificação. Os seres humanos não precisam ser treinados para se auto justificarem - isso vem naturalmente. Conforme demonstrado em toda a Escritura, é uma longa e difícil jornada abandonar a autojustificação e substituí-la pela confiança plena em Deus em nossa vida diária. É por isso que Paulo não mede esforços para descrever como adotarmos a mentalidade correta. Não é algo fácil.
Da mesma forma que Jesus havia denunciado os fariseus, aqueles falsos mestres serviam a seu apetite buscando a aprovação dos homens. Eles usavam sua observância religiosa para justificar a exploração das pessoas através de sua influência. O livro de Hebreus cita o exemplo de Esaú, que era regido por seu apetite. Ele não deu valor ao seu "direito de primogenitura" como filho mais velho para governar a família mais tarde na vida. Ele trocou o benefício futuro por uma mera panela de sopa. Ele não tinha a mentalidade ou a "atitude" ("phroneo") defendida por Paulo aqui de considerar cada ação no presente como um investimento em recompensas futuras. Segue a passagem de Hebreus que usa Esaú como exemplo:
"...que não haja pessoa imoral ou ímpia como Esaú, que vendeu seu próprio direito de primogenitura por uma única refeição. Pois sabeis que mesmo depois, quando desejava herdar a bênção, era rejeitado, pois não encontrava lugar para o arrependimento, embora o procurasse com lágrimas" (Hebreus 12:16-17).
A ideia nesta passagem de Hebreus a respeito da exigência da obediência e da "santificação" para ser "ver o Senhor" é a mesma ideia em Filipenses em relação à obediência da fé para "conhecê-Lo e o poder de Sua ressurreição". Não podemos conhecê-Lo, a menos que andemos pela fé. E esta vida será a nossa única oportunidade de O conhecermos pela fé. Parece que "conhecer" e "ver" ao Senhor pela fé proporciona uma recompensa que não vem de outra forma. Isso é tão monumental que até mesmo os anjos lutam para entendê-lo e se espantam (Efésios 3:10; 1 Pedro 1:12).
Paulo nos admoesta a seguir nosso desejo mais profundo de nos tornarmos tudo o que Deus nos criou para ser, em vez de obedecermos a meros apetites. Ele deseja que busquemos a glória de Cristo e confiemos que Deus nos exaltará no devido tempo. Ele deseja que vivamos um estilo de vida de investimento e semeemos no Espírito, em vez de seguirmos ao mau exemplo daqueles que seguem a seus apetites e buscam a glória deste mundo. Ele deseja que invistamos sabiamente agora, depositando tesouros no Céu, a fim de obtermos o benefício das grandes recompensas no futuro.
Paulo afirma: Cujo deus é seu apetite, sua glória está em sua vergonha, pois põem a sua mente nas coisas terrenas. A palavra grega "doxa" traduzida como “glória” aqui se aplica a algo ou essência de alguém que está sendo observado. Os céus declaram a glória de Deus porque exibem a essência de Deus como o Criador onipotente e sustentador de tudo (Salmo 19). Em 1 Coríntios 15, Paulo contrasta a glória ("doxa") da terra com a da lua. As glórias diferem uma da outra porque cada uma possui uma essência diferente.
No caso dos falsos mestres, eles exibiam uma essência, uma glória de mau caratismo. Seu mau caráter era a vergonha deles. Isso demonstrava que eles estabeleciam suas mentes nas coisas terrenas. Eles não adotavam a atitude de Cristo (Filipenses 2:5-10), deixando de lado os confortos e privilégios para obedecerem plenamente ao Pai. Antes, eles buscavam os confortos disponibilizados pelas coisas terrenas. Seguir a seu exemplo seria seguir ao exemplo de Esaú, pois eles estavam vendendo sua futura herança por uma proverbial tigela de sopa.
A frase “colocam suas mentes nas coisas terrenas” contém a palavra grega "phreneo", que significa "adotar uma mentalidade". A palavra "phreneo" aparece dez vezes em Filipenses. Neste caso, alguns crentes haviam optado por adotar uma mentalidade mundana. A mentalidade do mundo é acreditar que a busca dos apetites é algo do nosso melhor interesse, incluindo os apetites pelos prazeres terrenos. Isto é o oposto da mentalidade que Paulo exorta os crentes a adotar, ou seja, a mentalidade/atitude de Jesus, que deixou o conforto do Céu a fim de fazer a vontade de Seu Pai e vir à terra como ser humano para morrer pela raça humana (Filipenses 2:5-10).
A Bíblia diz que Deus nos dá ricamente todas as coisas (1 Timóteo 6:17). Deus deseja que aproveitemos a vida. Porém, Deus não deseja que sejamos governados por nossos apetites, como ocorria com essas pessoas que haviam adotado uma mentalidade mundana ("phreneo") falsa. Eles haviam adotado a falsa mentalidade dos interesses próprios promovida pelo mundo. Se tivermos a mentalidade de Cristo (Filipenses 2:5-10) poderemos nos alegrar em todas as coisas, em todos os momentos (Filipenses 3:1).
É claro que temos uma escolha binária diante de nós, ou seja, escolher a mentalidade que Cristo escolheu, que nos levará à obediência radical, ou escolher a mentalidade promovida pelo mundo. O resultado é gritante. Escolher os caminhos do mundo nos leva a um tipo de glória que se transforma em vergonha. Isso nos leva a servir a um deus: nossos apetites. Alternativamente, a escolha dos caminhos de Deus nos leva ao prêmio do nosso chamado em Cristo Jesus (Filipenses 3:14).
Esses inimigos da cruz apontados por Paulo como maus exemplos a não serem seguidos tinham suas raízes na busca de glória nas coisas da terra e não nas coisas do céu. Isso era contraproducente. Paulo observa que a atitude adequada é considerar que nossa cidadania está no céu. Devemos buscar a glória que dura, já que tudo nesta terra será destruído (2 Pedro 3:12). Devemos nos concentrar nas coisas que podemos levar conosco para a eternidade.
Além disso, devemos viver na realidade de que Jesus está agora no Céu, do qual também esperamos ansiosamente por um Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Esta terra não permanecerá para sempre. Jesus Cristo é o Salvador. Quando lemos a palavra "salvar" já sabemos que algo ou alguém está sendo liberto de algo ou de alguém. O que será salvo do que depende do contexto. Neste contexto, Paulo e os filipenses já haviam sido salvos do pecado e feitos justos aos olhos de Deus (Filipenses 1:1). Porém, ainda vivemos num mundo decaído e estamos esperando que Jesus volte à terra para nos salvar da presença do pecado e do mal. Ele reconstruirá a terra e levantará um Reino no qual a justiça habita e onde o mal não terá mais lugar (2 Pedro 3:13). Ele nos livrará deste mundo caído e desses corpos mortais.
Quando Jesus voltar, Ele transformará o corpo de nosso estado humilde em conformidade com o corpo de Sua glória. Cada crente receberá um corpo ressuscitado em conformidade com o corpo de Sua glória (1 Tessalonicenses 4:15-18; 1 Coríntios 15:42-44). Teremos um estado glorioso, em vez de um estado caído, em conformidade com o corpo de Sua glória. Esta é a nossa bendita esperança: todas as coisas serão renovadas e receberemos um novo corpo, que não terá mais uma carne pecaminosa.
Quando Jesus vier para restaurar todas as coisas isso será feito pelo exercício do poder que Ele tem até mesmo para submeter todas as coisas a Si mesmo. Toda autoridade já foi concedida a Jesus (Mateus 28:18). No entanto, Jesus ainda não possui totalmente Sua autoridade sobre a Terra. Ele tomou Seu lugar legítimo como Rei. Pedro nos diz que Ele ainda não o fez por causa de Sua misericórdia (2 Pedro 3:3-9).
"O Senhor não é lento em relação à Sua promessa, como alguns contam lentidão, mas é paciente para convosco, não desejando que nenhum pereça, mas que todos venham ao arrependimento" (2 Pedro 3:9).
A perspectiva que Paulo nos oferece em Filipenses é que esta vida é uma oportunidade única para os crentes em Cristo passarem pelos mesmos sofrimentos de Cristo, adotando Sua atitude de obediência radical ao Pai para, assim, alcançarem as recompensas de conhecer a Cristo pela fé e agradar a Deus com suas vidas.