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Significado de Filipenses 4:1-3

Duas mulheres na igreja de Filipos, chamadas Evódia e Síntique, tinham conflito entre elas. Paulo exorta a toda a igreja e seus líderes a ajudá-las e trazê-las de volta a um relacionamento harmonioso uma com a outra.

Paulo, agora, conecta o que tem a dizer no capítulo 4 enfatizando que a cidadania primária dos crentes estava no Céu, não no Império Romano. Ele também aborda a questão do que significava vencer na vida, ou seja, vivendo em obediência radical a Cristo. Diante de tudo o que foi dito nos capítulos 1-3, Paulo agora diz: Portanto, meus amados irmãos aos quais desejo ver. Paulo estava preso. Os crentes em Filipos eram seus filhos espirituais, trazidos ao Senhor por ele juntamente com Silas e Timóteo durante sua segunda viagem missionária (Atos 16). Eles eram amados irmãos. Eles eram companheiros com ele no Evangelho (Filipenses 1:5). Ele ansiava vê-los, mas não podia, porque estava preso em Roma (Filipenses 1:12-14).

Parte da razão pela qual Paulo envia esta carta aos filipenses era para agradecê-los por apoiá-lo financeiramente, algo que veremos nos versículos 10-14 deste capítulo. Além de sua fidelidade como companheiros de trabalho no Evangelho, eles eram os parceiros de ministério mais fiéis. Eles não eram apenas irmãos amados, eles eram sua alegria e coroa. Enquanto estava na prisão, Paulo estava se preparando para enfrentar a morte, dependendo do resultado de seu julgamento. Porém, quando é informado de que os crentes em Filipos estavam vivendo fielmente, sua alegria é redobrada. Uma coroa (do grego "stephanos") representava a vitória. Paulo deixa claro em inúmeras passagens que seu objetivo na vida era ganhar o grande prêmio (Filipenses 3:14).

A palavra grega traduzida aqui como “coroa” é traduzida em 1 Coríntios 9 como "coroa de flores":

“Não sabeis que todos correm em uma corrida, mas apenas um recebe o prêmio? Corram de tal forma a ganhá-lo. Todos os que competem nos jogos exercem autocontrole em todas as coisas. Eles fazem isso para receber uma coroa de flores perecível ("stephanos"), mas nós a coroa imperecível (1 Coríntios 9:24-25).

Nesta passagem de 1 Coríntios, Paulo fala sobre ganhar uma coroa de flores ("stephanos") como recompensa por vivermos uma vida de fidelidade, uma vida de obediência radical a Cristo. Paulo usa as mesmas palavras alguns versículos antes, afirmando:

“Sigo em direção à meta para o prêmio do chamado ascendente de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:14).

Porém, aqui no capítulo 4, Paulo se refere a um tipo diferente de coroa, um tipo diferente de recompensa. No versículo 1, Paulo considera os próprios filipenses como sua coroa. Ver seu serviço a Cristo era, em si mesmo, uma recompensa para Paulo. Jesus disse a Seus discípulos que se eles abrissem mão de qualquer coisa nesta vida em serviço a Ele, eles seriam recompensados cem vezes mais, incluindo "irmãos e irmãs, mães e filhos" na era atual, bem como na próxima vida (Marcos 10:30). Como alguém pode ganhar cem mães, ou irmãos? A resposta parece ser "através do Corpo de Cristo". O vínculo que adquirimos com outros crentes, que também se comprometem com uma caminhada de obediência radical a Cristo, é um grande tesouro e uma recompensa que podemos experimentar nesta vida, bem como na era por vir. Paulo experimentava isso com seus irmãos em Filipos e considerava sua parceria e fidelidade como uma alegria e uma recompensa, ou coroa.

Paulo, agora, admoesta a seus alunos premiados, dizendo: Assim, permanecei firmes no Senhor, meus amados. Os crentes em Filipos não eram apenas a sua coroa, eles eram amados. Como Paulo tratava àqueles a quem tanto amava? Ele os admoesta a permanecerem firmes no Senhor. Como veremos em breve, Paulo é grato por sua ajuda, não tanto por si mesmo, mas por eles. Seu maior desejo era vê-los seguir seu exemplo de obediência radical até a morte (Filipenses 3:17), bem como seguir ao exemplo de obediência radical de Jesus, até a morte (Filipenses 2:8). Era assim, como Paulo havia descrito nos capítulos anteriores, que eles poderiam permanecer firmes. Para permanecerem firmes, os filipenses são advertidos a evitar os falsos mestres (Filipenses 3:2).

O principal requisito para se manter firme é escolher a mentalidade correta. Paulo desejava que eles escolhessem a mesma mentalidade ("phroneo") que Jesus havia escolhido (Filipenses 2:5). Jesus havia escolhido a mentalidade de que abrir mão do conforto pela obediência era algo que atenderia ao Seu melhor interesse, porque o Pai sempre O conduziria para o melhor. Jesus escolheu obedecer e foi altamente exaltado como resultado.

A seguir, Paulo se volta a um pedido prático, dizendo: Exorto a Evódia e a Síntique a viver em harmonia no Senhor. Esta carta provavelmente foi levada de volta a Filipos por Epafrodito, que havia trazido um presente financeiro da igreja para Paulo em Roma, quando adoeceu e quase morreu (Filipenses 2:25-30). Ao colocar Paulo a par dos acontecimentos da igreja em Filipos, Epafrodito pode ter mencionado a disputa entre Evódia e Síntique que estava afetando a igreja. Essas duas mulheres compartilharam minha luta na causa do Evangelho. Assim, elas eram conhecidas de Paulo e ele as tinha em alta consideração. Elas estavam entre seus companheiros de trabalho em Filipos e entre aqueles cujos nomes estão no livro da vida.

Paulo se dirige a alguém da igreja, de fato, como verdadeiro companheiro, com o pedido de ajudar essas mulheres a se reconciliar. Ele diz especificamente: Eu lhe peço. Paulo declarara anteriormente (1:1-2 ) que o público desta carta era todo o corpo da igreja a quem ele chamava de "santos em Cristo Jesus", bem como a liderança, "bispos e diáconos". Ele não altera seu público ao longo da carta. Portanto, parece mais provável aqui que Paulo estivesse se dirigindo a todos os leitores da carta como verdadeiros companheiros. Ele estava chamando cada verdadeiro companheiro dentro do corpo da igreja para assumir a responsabilidade de ajudar àquelas duas mulheres a chegarem à unidade.

Da mesma forma, ele faz de tudo para pedir que cada uma das mulheres envolvidas na disputa assumisse a responsabilidade de resolver o conflito. Ele afirma: Eu exorto a Evódia. Em seguida, ele repete a ênfase e diz: Eu exorto a Síntique. Ao fazer isso, Paulo cria um padrão de liderança a ser seguido. Escolher a mentalidade de Cristo e andar em obediência radical aos Seus caminhos envolve assumirmos a responsabilidade de tomar ações por coisas a cujos resultados não conseguimos controlar. Síntique não podia forçar Evódia a se reconciliar, mas poderia assumir a responsabilidade de se reconciliar, na medida do que dependesse dela. O mesmo valia para Evódia.

Nenhum companheiro verdadeiro de Paulo que andasse fielmente nos caminhos do Evangelho de Cristo poderia forçar qualquer uma dessas mulheres a escolher se reconciliar. Porém, os irmãos deveriam assumir a responsabilidade de fazer o que pudessem para ajudar a conduzi-las à unidade.

Paulo não apenas chama a todos os verdadeiros companheiros a se engajar na ajuda a suas irmãs em Cristo, mas ele também as exorta a trabalharem junto com Clemente, possivelmente um dos bispos da igreja, bem como o resto dos meus companheiros de trabalho, cujos nomes estão no livro da vida. O quadro que emerge aqui é que Paulo estava pedindo a todos os crentes que assumissem sobre si a responsabilidade de servir ao melhor interesse dos outros, em plena cooperação e colaboração uns com os outros.

Todos estavam no livro da vida, por isso deveriam trabalhar pela unidade. O livro da vida aqui provavelmente se refira ao registro mantido no Céu referente a todos os que creram em Jesus pela fé (João 3:14-16). O livro da vida também pode conter os feitos dos crentes. Parece que todas as obras de todas as pessoas são guardadas em livros no Céu e serão referidas no grande julgamento (Apocalipse 20:12).

Ao compartilhar este exemplo específico de resolução de disputas entre Evódia e Síntique, Paulo fornece uma ilustração tangível para uma aplicação prática da prática da obediência radical a Cristo. Cada um deveria assumir a responsabilidade de servir; as pessoas não deveriam ficar reclamando das outras para a liderança. A liderança não deveria dominar sobre o povo para obter benefícios para si mesma. Pelo contrário, cada pessoa deveria assumir a responsabilidade de se envolver umas com as outras a fim de gerar união e benefício, mesmo em coisas desconfortáveis.

Este é o retrato de uma organização autônoma, unida por uma missão comum, pessoas que atacam os conflitos, ao invés de fugirem deles. Por quê? Porque colocam a unidade acima do seu próprio conforto. Elas não se engajam para buscar controle, mas para servir. Jesus deixou de lado Seu conforto para buscar a obediência e, ao fazê-lo, salvou o mundo (Filipenses 2:5-10). Paulo fornece um pequeno exemplo aqui de um grupo que deveria deixar de lado o conforto para se envolver e ajudar essas duas mulheres a chegarem à unidade como um exemplo específico de como aplicar a atitude de Jesus à vida cotidiana.

O objetivo específico que Paulo tinha para essas duas mulheres era que elas vivessem em harmonia no Senhor. A expressão traduzida como "viver em harmonia" usa as palavras gregas "autos phroneo", que significa "mesma mentalidade". A palavra grega "phroneo" aparece dez vezes nesta pequena carta e parece ser o tema principal da mesma. Todos nós precisamos de ajuda para escolher uma perspectiva, uma mentalidade, isso é verdade. Evódia e Síntique são representativas de todos nós. Sua mentalidade havia saído da base e elas precisavam que seus companheiros de viagem na jornada da vida, que se importavam o suficiente com seu bem-estar, se envolvessem na tarefa (desconfortável) de ajudá-las a chegar a uma mentalidade de unidade no Senhor.

Este episódio destaca o tema "escolher a mentalidade certa" e o aplica de forma muito prática. Escolher a mesma "mentalidade" ou "atitude" que Jesus escolheu (Filipenses 2:5-10) significa deixar de lado o conforto e se engajar em ajudar as pessoas a escolher uma mentalidade verdadeira que esteja centrada "no Senhor". Este é o nono uso de "phroneo"; há mais um por vir, no versículo 10.

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