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Significado de Filipenses 4:10-14
A seguir, Paulo muda completamente de assunto, abordando agora o que provavelmente tenha sido a razão para escrevê-la. Ele afirma: Mas eu me regozijei muito no Senhor, porque agora, finalmente, revivestes sua preocupação por mim. Paulo fala aqui sobre a oferta financeira que os filipenses haviam enviado a ele por meio de Epafrodito (Filipenses 4:18). A palavra traduzida como “preocupação” é a palavra "phroneo". Paulo estava dizendo: "Vocês escolheram uma mentalidade de cuidado para comigo". Isso é algo pelo qual Paulo se alegrava. Paulo estava escolhendo uma mentalidade de alegria em relação à mentalidade de cuidado que os filipenses tinham por ele.
Paulo diz que eles “finalmente reavivaram sua preocupação por mim”. Se tomarmos esta expressão de forma isolada, ela soaria como se Paulo estivesse reclamando, não se regozijando. Porém, Paulo deixa claro que não estava lamentando, mas sim afirmando uma questão. Talvez Paulo tivesse ouvido através de Epafrodito que eles estavam preocupados antes, mas lhes faltaram oportunidades para ajudá-lo. Paulo não explica por que os filipenses não haviam tido oportunidade de fornecer apoio financeiro a ele. Isso pode ter ocorrido por uma série de razões, incluindo sua incapacidade de enviar um mensageiro até Paulo. Eles poderiam não saber de seu paradeiro, por exemplo.
Ao dizer que sua preocupação com ele havia sido reavivada por meio daquele apoio financeiro, Paulo deixa claro que eles o haviam apoiado antes. Ele nos diz no versículo 15 que eles haviam sido seus únicos apoiadores financeiros por um tempo. Levando em consideração as modernas técnicas de arrecadação de fundos, Paulo teria falhado miseravelmente com sua próxima declaração. Ele diz: Não digo isso por causa da necessidade, pois aprendi a me contentar em quaisquer circunstâncias. Paulo não havia pedido apoio antes e não estava pedindo agora. Lemos em 1 Coríntios 9 que Paulo havia decidido se autossustentar trabalhando com suas próprias mãos. Por isso, não ele tinha expectativa ou necessidade de ser apoiado. No entanto, os filipenses o haviam apoiado por sua própria decisão e iniciativa. Isso certamente explicava parte da razão pela qual Paulo expressa tanto carinho por eles.
Paulo aprendeu a se contentar. O fato de Paulo ter aprendido a se contentar nos diz que o descontentamento é o cenário normal dos seres humanos. O contentamento é algo que precisa ser aprendido. Paulo registra a principal lição que havia aprendido: confiar na força de Deus. Ele escolheu a mentalidade de que a mão de Deus estaria sempre sobre ele, trabalhando através dele e fazendo o que era melhor, em quaisquer circunstâncias.
Lemos em outras cartas de Paulo sobre as circunstâncias difíceis pelas quais ele passou e aprendeu a suportar.
Paulo fornece uma lista parcial em 2 Coríntios 11:23-28:
Porém, Paulo diz que, em todas essas coisas, havia aprendido a se contentar. Suas experiências revelam que sua afirmação sobre “qualquer circunstância” era algo abrangente. Ele morreria como mártir e consideraria isso como um privilégio. Isso tudo se deve à mentalidade ("phroneo") que Paulo havia escolhido. Ele expõe a lição de contentamento que havia aprendido, dizendo: Sei conviver com meios humildes e também sei viver em prosperidade. Paulo teve que aprender a se contentar em circunstâncias de prosperidade e em situações humildes. Isso deixa claro que o contentamento não depende das circunstâncias. É, sim, uma mentalidade ("phroneo") a ser escolhida.
Paulo reitera a natureza abrangente de sua afirmação, dizendo que em toda e qualquer circunstância aprendi o segredo de estar alimentado e passar fome, ter abundância e sofrer necessidade. Paulo é categórico em dizer que a lição de contentamento que havia aprendido se aplicava a toda e qualquer circunstância, incluindo o mais escuro dos vales, o mais alto dos cumes ou as circunstâncias mais comuns à sua rotina diária.
A frase “aprendi o segredo” traduz uma única palavra grega que significa "ser iniciado e totalmente instruído nos mistérios" de alguma coisa. O termo evoca a noção de ser admitido em uma sociedade secreta e ser totalmente iniciado em seus mistérios. Paulo recebeu a iniciação e agora a torna pública.
O segredo que Paulo aprendeu foi o seguinte: Posso fazer todas as coisas por meio Daquele que me fortalece. A palavra grega traduzida como “fazer” traz a idéia de "ter o poder para realizar". Paulo estava dizendo que seu poder de fazer todas as coisas vinha da força de Jesus. Paulo confiava no poder da ressurreição de Jesus fluindo através dele para fazer todas as coisas. Isso carregava a ideia de "suportar qualquer circunstância sem perder o foco na missão que Deus lhe havia dado".
Como isso se encaixaria com o que Paulo havia registrado antes? Primeiro, Paulo estava focado no maior prêmio da vida, considerando a perseguição por causa de Cristo como um grande e alto privilégio. Esta era a mentalidade ("phroneo") à qual ele havia escolhido. Ele escolheu crer na mentalidade de que, independentemente das circunstâncias, Jesus faria tudo para o seu melhor. Portanto, independentemente do que ele tivesse de suportar, aquilo seria para o seu melhor, uma oportunidade direta que Deus lhe concedia para alcançar o grande prêmio ao qual ele buscava (Filipenses 3:14). Nesta mentalidade, sua realização final como ser humano e seu maior interesse seriam melhor servidos através da tolerância diante de quaisquer circunstâncias permitidas por Deus em sua vida, enquanto continuava a servir aos outros.
Portanto, a declaração “Posso fazer todas as coisas através Daquele que me fortalece” era a aplicação prática da escolha da mentalidade que Paulo defende na carta.
Pensando nas circunstâncias adversas experimentadas por Paulo, podemos nos perguntar: Por que ele não disse: "Posso suportar todas as coisas por meio daquele que me fortalece?" Em vez disso, Paulo diz: “Posso fazer todas as coisas.” A mensagem que ele nos passa é a seguinte: "Posso continuar, focado em minha missão, inabalável em meu objetivo de agradar a Cristo, não importa que circunstâncias eu encontre pela frente". A declaração “fazer todas as coisas” enfatizava o pensamento de que Paulo não era meramente um sobrevivente, mas próspero em qualquer circunstância. Paulo prosperava e continuava em sua missão de servir ao próximo e viver de acordo com os mandamentos de Cristo.
O apóstolo incluiu a circunstância da abundância como uma das circunstâncias à qual ele precisaria aplicar a capacidade de fazer todas as coisas por meio Daquele que me fortalece. Por que Paulo precisaria de ajuda quando tinha tudo do que precisava? Considerando a mentalidade defendida por Paulo, é provável que uma circunstância de abundância fosse algo substancialmente mais difícil de navegar já que, quando temos todas as coisas físicas das quais precisamos, isso nos leva a confiar nas coisas deste mundo, em vez de nos levar a investir em nossa cidadania no Céu.
Paulo aprendeu a confiar em Jesus, mesmo quando as circunstâncias materiais eram prósperas e suas necessidades eram supridas. Paulo sabia que tudo aquilo seria passageiro. As circunstâncias materiais se desvanecem. O dinheiro é gasto, as propriedades decaem, os corpos se desgastam. Paulo escolheu a mentalidade eterna, a mesma mentalidade que Jesus escolheu e, ao fazê-lo, aprendeu a ver as circunstâncias terrenas como inferiores. Sua cidadania estava no Céu (Filipenses 3:20).
A conclusão de tudo isso é: Paulo não precisava da dádiva financeira dos filipenses, porque ele tinha o poder de Jesus e isso o faria passar por qualquer coisa. Ele devolveu o presente deles? De modo algum. Paulo já expressa profunda gratidão pela oferta. Ele afirma: Fizestes bem em compartilhar comigo a minha aflição. Paulo queria deixar claro que sua dependência estava em Cristo, não nos homens. Porém, ele era grato pela parceria e pelo carinho deles. Eles sabiam da aflição de Paulo, de sua prisão em Roma. Eles sabiam e se posicionaram a seu lado como colegas ministros. Paulo é agradecido e os elogia. Eles fizeram bem em compartilhar com Paulo em seu ministério durante seu tempo de provação.