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Significado de Provérbios 1:10-15

A Sabedoria de Deus não é a única voz competindo pela nossa perspectiva e confiança. O pecado nos chama para o caminho da insensatez, uma perversão do bem que Deus planeja para nós.

Salomão continua a tática de se dirigir à audiência na posição de um pai para um filho. Ele faz isso para enfatizar, reiterar e desenvolver ainda mais sua introdução ao Livro de Provérbios.

No trecho anterior, o jovem (filho) recebe o caminho de influência positivo - instrução e sabedoria dos pais e o temor do Senhor. Nos versículos 10-15, o jovem é alertado de que essas influências verdadeiras e positivas não são as únicas entidades competindo por sua atenção. Então ele é avisado dos perigos de ceder a essas autoridades menores, aqueles que seduzem para uma vida pecaminosa.

Os pecadores farão o seu melhor para seduzir ou persuadir os outros a se juntarem às suas práticas e perspectivas. Salomão implora ao jovem: se os pecadores te quiserem seduzir, não consintas - ou seja, não escolha voluntariamente acompanhar sua sedução. Ele deixa claro que, embora a sedução dos pecadores - assim como a instrução da sabedoria - seja uma força poderosa, a agência para a vida de cada indivíduo não é superada por ela. Somos responsáveis por nossas escolhas; cabe a nós escolher sob qual autoridade nos submeter.

As primeiras três ocorrências da palavra traduzida como pecadores na Bíblia fornecem informações sobre o seu significado. A primeira refere-se aos homens de Sodoma, que eram extremamente ímpios e incluíam a exploração sexual de estranhos para entretenimento (Gênesis 13:13). Isso é uma violação grave do segundo maior mandamento, que é tratar os outros como você gostaria de ser tratado. A segunda se refere a um episódio em que alguns sacerdotes decidiram agir por conta própria e realizar as cerimônias relacionadas à queima de incenso da maneira que desejavam, em vez de seguir as instruções de Deus (Êxodo 16:38), e consequentemente Ele os destruiu diretamente, mostrando o padrão mais elevado que Deus tem para os líderes. A terceira ocorrência de pecadores fala daqueles que desafiaram Deus e foram proibidos de entrar na Terra Prometida (Números 32:14). A essência é que os pecadores são pessoas que vivem de acordo com seus próprios apetites, se consideram suas próprias autoridades e/ou agem em rebeldia contra os mandamentos de Deus.

A estratégia dos pecadores é atacar os outros. Eles atraem com um convite: Vem conosco, ponhamo-nos em emboscada para derramar sangue, espreitemos sem motivo o inocente; como o Sheol, traguemo-los vivos e inteiros. Eles não se importam com o benefício dos outros, apenas consigo mesmos. Estão procurando prejudicar os outros para obter ganho pessoal. Isso revela uma estratégia-chave do mal: destruir, perverter e roubar pessoas boas e produtivas, a fim de derrubar os inocentes e tomar o que possuem. Esse tipo de comportamento leva a uma sociedade cheia de violência e pobreza. É o oposto do comportamento de autogoverno que Deus instruiu Israel a seguir em Sua aliança (Êxodo e Deuteronômio).

O plano deles é emboscar o inocente sem motivo. Sua intenção é como o Sheol, traguemo-los vivos e inteiros, como os que baixam à cova. Sheol é o lugar dos mortos. Dependendo do contexto, pode se referir à vida após a morte ou à sepultura. Assim como a morte consome completamente uma pessoa, privando de toda a vida e sustento, esses pecadores pretendem consumir suas presas. Eles pretendem engolir suas vítimas inteiras, como a cova. A mesma palavra é usada para o poço em que José foi lançado por seus irmãos (Gênesis 37). A ideia parece ser tornar suas vítimas impotentes e completamente sob seu controle.

Obter esse controle permitirá que os pecadores alcancem seu resultado planejado, que é encontrar toda sorte de bens preciosos e pegar para si. Eles planejam encher suas casas com os despojos de seu roubo. Os pecadores acreditam que, se puderem roubar, matar e destruir aqueles que ganharam riqueza por meio de seu trabalho, ficarão com a riqueza e os despojos. Os pecadores miram nos que têm posses e pretendem tirar deles e tomar tudo para si. Ao fazer isso, eles estão destruindo a própria estrutura de uma sociedade autocontrolada, que é a disciplina de conter os próprios apetites e servir ao melhor interesse dos outros.

O apelo dos pecadores é uma promessa de união. Começa com um convite para se juntar: Lança conosco a tua sorte. Os ladrões prometem então que todos compartilharão uma bolsa. Ser sábio requer enxergar a realidade como ela é. E está claro que este convite tem seu apelo. Há uma oportunidade de se juntar a um grupo, de pertencer. Lança conosco a tua sorte, teremos todos nós uma só bolsa.

Há também a promessa de riqueza, neste caso, a promessa de "ganho fácil" por tirar dos outros. É importante reconhecer o apelo da oferta para poder existir o incentivo de evitá-la. Este apelo para estarem juntos e compartilharem uma única bolsa lembra muito a famosa descrição da igreja primitiva em Atos 2. Os pecadores estão tentando atrair os jovens para um caminho perverso, um caminho que distorce a verdadeira natureza do plano de Deus - que inclui comunidade e compartilhamento - e o remodela de uma forma que eles possam controlar, um que serve às suas próprias vontades da carne em vez de confiar em Deus.

Esses pecadores que roubam e abusam dos outros para seu próprio ganho fazem uma promessa de benevolência comunitária ao conspirador convidado, uma promessa de compartilhar o saque. Mas é claro que essa será uma promessa vazia. Violência gera violência. Essa é uma das muitas razões pelas quais Salomão instiga o jovem estudante a entender 1) que você tem uma escolha e 2) que sua melhor escolha é não consentir em se juntar aos pecadores que pretendem explorar os outros. Salomão exorta o jovem: Não dê seu consentimento quando for tentado a se juntar ao grupo centrado em roubo, violência e perversão.

Mais tarde, a Sabedoria gritará das ruas, proclamando publicamente para que todos vejam. Isso, por outro lado, se parece com um acordo sombrio feito em salas escuras. É um convite para se afastar da união do bem público (que inclui o indivíduo) e voltar-se para esse desejo interno e perverso de ganho pessoal às custas do bem-estar dos outros.

No versículo 15, Salomão alude ao lado prático da sabedoria, dizendo: Filho meu, não os acompanhes no caminho, guarda da sua vereda os teus pés. Em outras palavras, não faça o que eles fazem. Não vá aonde eles vão. Faça a escolha sábia e não tenha nada a ver com eles. A sabedoria é um caminho, mas a loucura também é. O Livro de Provérbios busca estabelecer os limites de cada um e capacitar os jovens a seguir o verdadeiro caminho em vez da cópia perversa do pecado.

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