Significado de Provérbios 1:20-23

Aqui somos apresentados à sabedoria personificada no feminino. A Senhora Sabedoria é uma personagem consistente ao longo de Provérbios. Ela é altamente respeitada: uma cuidadora e guia, uma disciplinadora, uma juíza e um caminho para o sucesso. Salomão também usa um substantivo feminino para personificar a loucura em Eclesiastes 7:23-26; ele falará em Provérbios sobre a mulher adúltera (Provérbios 5:3). Portanto, Salomão está usando esses dois arquétipos (ambos personificados no feminino) para destacar a escolha entre sabedoria e o mal. Esses jovens podem escolher entre a loucura e a sabedoria para ser sua companheira constante.

A palavra para "provérbio" é a mesma palavra hebraica para "parábola" (ver Provérbios 1:1-6), então faz sentido para Salomão personificar a sabedoria. Ele faz isso ao longo do livro, principalmente no Capítulo 8. Isso ajuda a dar vida às características da sabedoria, nos permite vê-la no contexto da atividade humana e nos convida a lidar com suas complexidades da maneira como somente uma parábola pode fazer.

Senhora Sabedoria é uma autoridade forte e poderosa nestes versículos. Ela se faz difícil de ignorar. A Sabedoria grita nas ruas, nas praças levanta a sua voz; clama no lugar mais concorrido, à entrada das portas, e na cidade profere as suas palavras. Ela é vocal e visível. Ela está nas ruas, na praça da cidade e à entrada das portas. Deus colocou a sabedoria em toda a Sua criação. Toda a criação fala de Deus, então ela também fala de sabedoria. Como afirma o Salmo 19:

“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia profere palavras a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite.”

(Salmos 19:1-2)

Tudo isso é feito de forma clara e pública, ao contrário dos negócios sussurrados dos pecadores na seção anterior (veja notas sobre Provérbios 1:16-19). Os gritos de Senhora Sabedoria são tão altos que se elevam acima do murmúrio ao seu redor - na nas praças levanta a sua voz; clama no lugar mais concorrido. Suas advertências são dominantes. À entrada dos portões da cidade, ela profere suas palavras. Os portões da cidade seriam semelhantes à praça central de uma cidade moderna com um tribunal de justiça - o centro da vida cívica. A sabedoria torna suas realidades conhecidas de maneira alta e clara, "na nossa cara".

A sabedoria está incorporada em cada relação de causa e efeito observável, se for percebida de maneira verdadeira. Salomão nos deu um exemplo com os pecadores que pretendiam usar de violência contra os outros, mas na verdade a estavam preparando para si mesmos.

Salomão diz, você certamente não pode perder o chamado da sabedoria. Você pode, com grande esforço, ignorá-lo, mas não pode afirmar que é difícil de encontra tal chamado.

Isso é o que a Sabedoria está proclamando aos jovens ou ingênuos (o público direto do Livro de Provérbios) e a todos nós: Até quando, ó estúpidos, amareis a estupidez? Até quando se deleitarão no escárnio os escarnecedores e aborrecerão os loucos o conhecimento? Até quando seguiremos a orientação de vozes inferiores, que nos levam à destruição? A Senhora Sabedoria está se fazendo conhecida; se a ignorarmos, a culpa será nossa por tomarmos uma má decisão. Não haverá a desculpa de que o conhecimento estava escondido.

A Sabedoria pergunta: Até quando vocês amarão ser simplórios? E até quando os zombadores se deleitarão com zombarias? Até quando os tolos odiarão o conhecimento? A pergunta até quando feita com lamento e anseio, abrange todas as três cláusulas do versículo 22. Até quando (literalmente "de quando a quando") isso continuará? Isso deixa claro que esses tolos recusam a sabedoria porque amam ser tolos. Além disso, a Sabedoria observa que esses ingênuos não apenas suportam seu raciocínio infantil, mas se apegam a ele com carinho. Eles se deleitam em zombar. Um zombador é alguém que zomba ou ridiculariza, alguém cheio de escárnio e desprezo pela verdade.

E talvez a pergunta mais severa feita pela Sabedoria: Até quando, ó estúpidos, amareis a estupidez? A palavra para conhecimento é a mesma usada no versículo 7 em relação ao temor do Senhor - um conhecimento que abrange fatos, interpretação, sabedoria e aplicação. Ver e aplicar a realidade como ela realmente é. Não podemos alegar indiferença passiva como desculpa para nos afastarmos da Sabedoria. Pelo contrário, o tolo que rejeita o conhecimento está fazendo isso porque o odeia. Salomão mais uma vez deixa claro que há uma escolha a ser feita: sabedoria ou tolice. Aqueles que escolhem a tolice o fazem deliberadamente e são tolos.

Nos termos mais fortes possíveis, a Sabedoria chama ao arrependimento. Ela implora aos tolos de mente simples que deixem de lado sua ingenuidade, tolice e zombaria, advertindo a se converter pela minha repreensão. A palavra converter (shuwb) no versículo 23 é melhor traduzida como "retornem". Fomos feitos para a sabedoria, criados à imagem dela, e nos desviamos. A repreensão da sabedoria nos mostra onde nos desviamos; é uma correção que nos fará voltar ao nosso caminho correto. Esse encorajamento para “voltar” está conectada à primeira parte do capítulo, quando Salomão exortou o estudante a "receber instrução" (Provérbios 1:3). Para se afastar da tolice e escolher a sabedoria, é necessário abraçar a repreensão.

A Senhora Sabedoria manda uma promessa para aqueles que se converteram pela minha repreensão. Eis que vos exporei o meu pensamento e vos farei conhecer as minhas palavras. Ela está gritando para toda a cidade. A mensagem é clara: a sabedoria está disponível. Ela está aqui e pronta para compartilhá-la plenamente. Nada será retido daqueles dispostos a ouvir, a receber instrução. A sabedoria derramará seu espírito sobre qualquer um que escolha receber. Além disso, Senhora Sabedoria fará conhecer suas palavras a qualquer um disposto a ouvir e abraçar a instrução. A disposição e o compromisso de seguir os passos da sabedoria parecem garantir o sucesso em sua busca. É hora de se voltar e prestar atenção à verdade de seu chamado.