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Significado de Salmos 16:5-6
Davi continua a declarar sua fidelidade ao único Deus verdadeiro. Aqui, ele oferece um contraste com o que disse no versículo 4: "Não derramarei suas ofertas de sangue, nem tomarei seus nomes em meus lábios". Conforme observamos, vários sacrifícios eram feitos a outros deuses e os adoradores desses deuses traziam sacrifícios de sangue em um "cálice". Ao colocarem os lábios no cálice, chamavam pelo nome ou nomes daqueles deuses. Alguns dos deuses aos quais Davi se refere eram deuses cananeus com seus rituais de sacrifício de sangue. Agora, Davi declara que Deus e somente Deus era digno de ser louvado e adorado:
Jeová é a porção da minha herança e do meu cálice. Tu és da minha sorte o sustentáculo. As sortes me caíram em lugares amenos, linda é a minha herança.
As palavras “cálice”, “porção”, “herança” e “sorte” seriam familiares aos leitores judeus. Após a conquista da terra de Canaã pelos israelitas, a terra foi dividida de acordo com as doze tribos de Israel. Em Números 26:55 lemos: "Mas a terra será dividida por sortes. Receberão sua herança de acordo com os nomes das tribos de seus pais." Era como o rolar dos dados. A terra de Israel foi dividida por lances do acaso e o povo cria que Deus diriga os resultados.
Davi diz aqui que confiava que Deus controlava as circunstâncias sobre as quais ele não possuía controle. Ao fazer isso, Davi semeia na realidade. A Palavra nos diz que Deus apenas permite provações em nossas as quais possamos suportar (1 Coríntios 10:13). Como diz Salomão em Eclesiastes, podemos olhar para o "hebel", ou o “vapor” da vida e confiar em Deus, ou viver a ilusão de que estamos no controle. Esta ilusão pode nos levar à loucura.
Davi toma este contexto familiar e o traz para sua própria compreensão do real significado da adoração. O Senhor é a porção da minha herança e o meu cálice. Em vez de olhar apenas para a terra que lhes foi concedida como herança, Davi diz que o Senhor era “minha herança”. Davi olhava para além da herança terrena; ele via o Deus eterno como sua herança.
O apóstolo Paulo afirma algo semelhante, declarando que Deus era a herança de todos os crentes (Romanos 8:17a). Isso significa que todos os que crêem são parte da família de Deus e têm a Deus como sua herança. Paulo torna tal declaração algo incondicional: os crentes são "herdeiros de Deus".
O uso da palavra “cálice” vai além de um um copo. O próprio Deus era seu “cálice”, representando o alimento que gera vida. Provavelmente Davi tivesse em mente a imagem de que Deus era a sua fonte de vida.
Davi menciona o "cálice" no Salmo 23:5: "Preparas uma mesa na presença dos meus inimigos; unges minha cabeça com óleo, meu cálice transborda". No Salmo 23, o cálice de Davi parece representar uma abundância de vida. Aqui, no Salmo 16, Davi diz que o Senhor, o Pastor, o Deus Todo-Poderoso era seu cálice; Deus é a fonte da abundância.
Jesus usa uma imagem de "cálice" no Novo Testamento que não tem a ver com uma abundância de vida, mas com uma abundância de sofrimento. Quando Jesus estava perto da cruz e orava no jardim do Getsêmani pouco antes de ser preso, Ele disse ao Pai: "Meu Pai, se possível, passa de Mim este cálice; mas não seja como eu quero, mas como tu queres" (Mateus 26:39). Logo após, no versículo 42 do mesmo capítulo, Jesus diz: "Meu Pai, se este cálice não pode ser passado sem que eu o beba, seja feita a tua vontade".
Jesus bebeu o cálice do sofrimento para vencer a morte e trazer vida a toda a humanidade (Romanos 5:18). Isso não é peculiar apenas a Jesus. Ele diz a Seus discípulos: "Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me". É bebendo o cálice do sofrimento, como Jesus bebeu, que compartilhamos a herança de reinar com ele (Apocalipse 3:21).
"O próprio Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus, e se filhos, também herdeiros de Deus [incondicional] e co-herdeiros com Cristo, se [condicional] realmente sofrermos com Ele, para que também sejamos glorificados com Ele" (Romanos 8:16-17).
Ao lermos sobre a tomada de Canaã pelos israelitas, Deus traça as “sorte” ou as linhas de fronteira, de acordo com a linhagem de cada tribo. Davi, como rei, talvez estivesse pensando em algo para além daquelas linhas fronteiriças, pois ele era o governante de um reino terreno. Seria tentador, como rei terreno, tentar traçar as linhas de acordo com suas próprias realizações ou triunfos contra outras nações.
Davi reconhece que Deus, o Deus verdadeiro e vivo, fornecia refúgio e proteção, bem como direcionamento quanto aos parâmetros de seu reino terreno ou de sua “sorte”. Ao reconhecer que não tinha nenhum bem além de Deus, Davi declara: “As sortes me caíram em lugares amenos”. Davi poderia facilmente ver que qualquer triunfo sobre outras nações resultaria na conquista de lugares agradáveis; porém, tomando este Salmo como um todo, parece que as linhas se tornariam lugares agradáveis porque eram designadas por Deus.
Mesmo que não pudesse ver a forma terrena de lugares agradáveis, Davi sabia, pela fé no único Deus verdadeiro, que os lugares seriam agradáveis, de acordo com o propósito e o plano de Deus. Davi, no entanto, via além do simples desenho das linhas de fronteira para sua própria relação com Deus, e assim proclama: Linda é a minha herança. A palavra “herança” pode ter o mesmo uso do termo no versículo 5. Tudo o que Deus designasse para Davi seria o lugar do seu "refúgio" e seria agradável e lindo, porque Deus abençoava sua sorte.
Não somos reis terrenos, mas podemos pensar nas linhas de fronteira de Davi como as circunstâncias da nossa vida. Na maioria das vezes, essas linhas são moldadas pelas circunstâncias, pelo mundo e pela cultura ao nosso redor. Podem ser linhas de felicidade, riqueza, influência, poder, saúde e bem-estar geral. Davi, aqui, olha para suas declarações, suas circunstâncias e expressa gratidão. Ele as chama de “lugares lindos”. Davi escolhia a perspectiva de lidar com as circunstâncias com ação de graças. Ele recebia sua “sorte” com contentamento.
Isso corresponde ao ensino bíblico que nos exorta a decidir ser gratos em qualquer circunstância:
"Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus para vós em Cristo Jesus" (1 Tessalonicenses 5:18).
Davi parece fornecer um exemplo de como escolher uma perspectiva de gratidão por qualquer sorte que Deus nos concede. Qualquer que seja a circunstância que Deus permite que ocorra, temos a capacidade de escolher sermos gratos. Podemos ser gratos e caminhar em fidelidade a Deus, ou ficar descontentes e buscar felicidade nas circunstâncias. Quando balizamos nossa felicidade nas circunstâncias e tentamos esculpir nossas próprias linhas, passamos a correr atrás do vento (Eclesiastes 2:11).
Podemos olhar para as situações/circunstâncias e pensar que as linhas de fronteira de Deus e Sua porção ou sorte referem-se apenas a chamados ou assuntos "espirituais". No entanto, a Bíblia nos diz que, como "novas criaturas em Cristo Jesus" (2 Coríntios 5:17) "somos obras Suas, criadas em Cristo Jesus para as boas obras que Deus preparou de antemão para que andássemos nelas" (Efésios 2:10). Isso significa que Deus criou a cada um de nós para boas obras especificamente criadas por Ele. Temos um trabalho especial a fazer e esta oportunidade acontece dentro de quaisquer circunstâncias pelas quais Deu snos faça passar.
Deus sustenta a nossa sorte. Ele designa as linhas em lugares agradáveis. Podem ser linhas em nosso casamento, em nosso trabalho ou carreira, o lugar onde vivemos, ou tantas outras coisas que definem o mundo à nossa volta. Deus está tãpo interessado em nós quanto estava no rei Davi. Precisamos permitir que Deus defina o que é agradável e belo, de acordo com o Seu Reino, não de acordo com a nossa vontade. Quando aceitamos as circunstâncias como uma oportunidade de realizar o trabalho que Deus projetou para nós, nosso cálice transborda dentro do propósito e podemos operar com gratidão e prazer em nosso trabalho. Isso nos coloca na mentalidade de Davi, de que "não temos bem alguma além de Deus" (v. 2). Quando percebemos que Deus quer o melhor para nós, podemos responder obedecendo fielmente à Sua liderança em nossas vidas. Todas as coisas boas, em última análise, procedem de Deus, que sabe o que é melhor para nós. Ao segui-Lo como nosso Bem Supremo, nossas vidas assumem uma nova dimensão de alegria e realização (Tiago 1:17).